Morro das Sombras: Amor e vingança
Morro das Sombras: Amor e vingança
Por: Leticia lima
Capítulo 1

Prólogo

Aquele olhar era de raiva dirigido a mim. Ele nem mesmo me ouviu. Quem é esse homem? Realmente me enganei ao escolhê-lo. Eu o amo demais, e cada palavra que sai da sua boca é como uma faca que perfura meu peito.

- Se você realmente acha isso de mim, quem sou para rebater? Me sentir tão ofendida depois de tudo que fiz por ele. Ele simplesmente faz isso comigo, humilhando-me na frente de todos na favela, enquanto eu via nossa casa em chamas.

-Para de ser cínica! Não caio mais nesse teu papo furado, Débora! -Ele pegou no meu queixo e depois soltou com força.

"Pensou que eu não ia saber? Sua puta!" Ele levantou a mão para mim; me assustei na hora e me abaixei com a mão na cabeça. Ele sabe do meu trauma e usou isso contra mim.

"Suma da minha frente! Não quero te ver mais. Se pudesse sumir para sempre, isso não faria diferença nenhuma para mim. Tua existência para mim é como um karma; sua desgraçada traidora. Não acredito em nenhuma palavra que sai da tua boca. Agradece à tua mãe por causa dela; eu não vou te matar." Fiquei incrédula. Aquelas palavras foram como uma faca cravada no meu peito, e apenas chorei. As palavras não saíam da minha boca. Ele me olhava sem remorso algum.

(Um Ano Antes)

Lá estava eu, após um dia de trabalho duro. Ser de família humilde e favelada não é fácil. Trabalho no supermercado, mas vou conseguir pagar minha faculdade e ajudar minha mãe. Meu nome é Débora; tenho 20 anos e moro no Morro do Dendê desde que nasci. Comecei a trabalhar cedo, aos 15 anos, para ajudar em casa.

"Deu 345, senhora!" digo para uma senhora que conversava com outra mulher. Ela me olhava de rabo de olho e voltava a conversar.

"Sem educação?" ela resmunga para outra senhora.

"Que gente que não tem um pingo de educação," digo. "A senhora é a dona do supermercado?"

"Débora, tu tá no horário de trabalho? Tá louca?" Sara, minha irmã, diz sussurrando.

"Aí, senhora! Libera a porra do caixa aí!" um homem disse lá atrás. Fiquei procurando e vi que era Pedro, o namorado de Sara.

"A festa vai ser grande, hein?" pergunto para Pedro, que estava com um carrinho cheio de cerveja e cachaça.

"Tu sabe que o chefe gosta de ostentar!" ele diz rindo.

" Por que tu não gosta dele mesmo?"

"Preciso dizer? Cara sem noção, que vive ostentando aqui no Morro, sem caráter e cheio de mulheres pela favela a fora," digo.

"Sentir um tom de ciúmes!" ele ri.

"Cruzes! Faço sinal de cruz. Vira essa boca pra lá, cara!"

"Sei!" ele paga suas bebidas e sai, mandando beijo para Sara.

"Mamãe, cheguei!" grito, entrando dentro de casa.

"Filha, que bom! Já preparei o jantar. Onde está sua irmã?"

"Tá na casa de Pedro; parece que lá vai ter uma festa," digo, me jogando no sofá.

"Ah, sim! Vamos jantar?"

"Claro! E cadê o papai?"

"Tu sabe!" ela diz cabisbaixa.

"Mãe, por que a gente não se muda? Vamos embora daqui dessa casa. Aqui no Morro tem muitas casas. Papai não vai mudar."

"Não posso deixar teu pai sozinho!"

"A senhora esqueceu o que ele fez? Ele vendeu meu irmão para pagar dívida."

"Eu sei!"

"Então, bora, mamãe!" digo, pegando na mão dela. Ela respirou fundo e disse que não podia.

Suspirei também e fui tomar banho. Nós duas jantamos,e eu fiquei mexendo no celular até meu telefone tocar.

"Fala!" disse eu.

"Vem me buscar!" Sara pediu.

"Ah, sério? Não vou não. Você brigou com Pedro?"

"Por favor, minha irmãzinha. Eu não quero ver ele agora."

"Por favor, e eu com isso? O namorado é seu, então se vira."

"Por favor! Eu estou te pedindo!"

Suspirei de raiva. "Tá bom, tá bom. Já estou indo." Digo, calçando minha chinela, coloquei as mãos nos bolsos do moleton e fui andando até chegar na casa de Wesley, ou melhor, Braadock, o dono do Morro.

Chegada à Festa.

Fiquei na porta e liguei para Sara, mas ela não atendia.

"Aê, cunhada!" Pedro saiu de dentro da casa.

"Cadê Sara?" perguntei.

"Elas tá ali dançando." Ele disse, apontando para dentro.

"Sério? Não acredito que ela me tirou cansada de casa." Digo, dando meia volta. Ele veio atrás de mim e me puxou.

"Eu não quero entrar!" digo, tentando voltar.

Ele me puxou para dentro da casa.

"Vem, irmã!" Sara me chamou, quando olhei para um canto onde a fumaça reinava, era ele, Braadock.

Encontro Inesperado.

Revirei os olhos e fui até Sara.

"Cara, nunca mais tu faz isso comigo!" digo pra ela, que me abraça.

"Só assim pra te tirar de casa, vamos curtir só um pouco, por favor." Ela diz, me dando um copo.

"Não é porque amanhã é nossa folga que vou tá enchendo minha cara de cachaça."

"Vai bebe, e tira esse moleton, doida!" ela diz, abrindo o zíper.

"Não quero! Tá fazendo frio." Digo.

"Menina, olha o tanto de gato que tem aqui." Sara diz, rindo.

"Vai tira!" Todas as meninas começaram a gritar. "Tira, tira!"

- Parem de gritar- olhei pro lado, envergonhada. Tirei o moleton e fiquei com vergonha. Eu tava com um short preto e uma blusinha curta. Todo mundo ficou me olhando. Era sinal de que academia tá dando resultados. Mas quando vi, ele, Braadock, tava me olhando.

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