Minha Última Escolha
Minha Última Escolha
Por: L.G.Coelho
Prólogo

"Hoje sorri.

Amanhã sorrirei.

Talvez um dia nem me lembre

Que chorei."

✅✅♛✅✅

"Diogo Wolker"

Faz vários meses que o caos se instalou em Molrens, tentamos chegar em alguma conclusão sobre os últimos fatos que descobrimos, mas não há nada tão relevante.

Olho os papéis de anotações em cima da mesa e fico com raiva por não conseguir descobrir mais nada.

Ainda mais agora que Laura está no hospital entre a vida e a morte, tudo graças a minha incompetência em ser rápido ao ver aquelas ameaças. Bato forte na mesa e alguns papéis caem no chão, começo a juntar eles e vejo algumas coisas que não havia notado antes.

Levanto e passo as mãos pelo cabelo nervoso, já são seis meses sem respostas, nesse tempo já tínhamos perdido muita gente, além disso nunca tínhamos visto essas conhecidencias.

Temos que fazer algo agora, Sebastian não está bem emocionalmente, por isso estou no comando de tudo, mas não consigo ficar sentado vendo os outros fazendo as coisas erradas de propósito.

Está decidido, vou voltar tudo desde o início, vou a Roma, depois em Atenas onde mataram muitos dos nossos homens que irriam fazer uma entrega, depois seguirei procurando por coisas que deixamos passar, isso só pode significar duas coisas, uma que esse tempo todo estávamos andando em círculos e outra que tem um traidor entre nós, assim que pegar esse desgraçado.

Pego meu celular para ligar para o meu pai, com toda certeza ele vai querer saber isso, depois de dois toques ele atende.

-Pai preciso que me disponibilize os irmãos, quero fazer uma viajem a Roma hoje ainda, sem data prévia de volta. -digo assim que escuto sua voz.

-Qual o motivo de querer ir a Roma logo agora, sabe que não podemos dar mancada. Qualquer passo em falso você pode parar numa cova. -sua voz sai com certa dor.

Sei que está mau depois de ter perdido o irmão. Tio Enzo foi morto quando foi ver uma de suas pacientes no hospital, mas só foi encontrado morto horas depois no dia do casamento de Laura e Sebastian, papai estava tão mau que Sebastian assumiu seu posto, então Laura foi hospitalizada junto com Jinger.

Como meu pai só tem eu e Seb como filhos homens pelo menos os de sangue, já que os adotados aumentam essa conta para uns cinco, assumi o posto de Seb e tomei o comando da famiglia.

-Pai, por favor, sei que ainda não está em condições de liderar. Está tudo bem, estou no comando, preciso que mande os gêmeos pra ca, sei que eles são úteis ai mas preciso deles no momento. -digo firme e o escuto suspirar cansado.

-Tudo bem, mandarei eles. Tome cuidado nessa sua viajem, não aguentaria perder você também. -com essas palavras ele finaliza a ligação.

Olho a porta, pego minhas armas, meu casaco e saio para o clube de stripper. Vejo várias meninas dançando nuas, se esfregando em homens e isso não me atinge, não mais, passo por eles alheio a tudo.

Vou em direção ao carro e aperto o botão do alarme faltando alguns metros ainda para chegar ao carro, então de repente tem uma grande explosão, olho e vejo meu carro em chamas.

"Merda, já sabem quem esta no comando, agora querem me atingir, filhos da p***".

Vejo várias pessoas saindo para ver o que ocorreu e tenho uma ideia, pego meu telefone e procuro o número de alguém que me ajudará em meu plano.

-George, preciso de um corpo que tenha minhas características. Pra agora mesmo. -termino de falar e desligo.

"Eles querem uma morte, eles teram uma morte, isso me ajudará na investigação."

Sorri, com o rosto para baixo passo pela multidão ninguém pode me reconhecer, ou meu plano vai por água abaixo. Tenho que passar despercebido.

Agora que começa meu novo plano. Mas primeiro vamos faze-los entrar nele e dançar conforme a música.

                                   ..............

Entro em uma barbearia perto da onde a explosão de ontem aconteceu, George fez tudo que pedi por debaixo dos panos, ele é o único que confio para cuidar disso.

-Oi, quero que corte e pinte pra mim. -digo pro barbeiro que me olha indiferente e aponta a cadeira.

-Qual a cor? -questiona enquanto masca um chiclete.

-Preto, corte baixo. -digo e pego meu celular mandando uma mensagem para um conhecido meu em Roma.

Enquanto espero o corte e a pintura terminar ligo para George d peço que me encontre no Aeroporto com minha nova identidade e passaporte.

-Prontinho senhor, ficou doze. -pego uma nota de cinquenta e entrego pra ele.

-Você nunca me viu aqui, entendeu? -olho para ele que só confirma pegando o dinheiro extra sem questionar.

Pego meu boné e óculos os colocando antes de sair na Rua movimentada, os jornais já mostram a grande notícia do momento.

' Diogo Wolker, segundo filho de Adrian e Sara Wolker morre em grande explosão de carro, a família alega que pode ter sido um ataque terrorista. '

Esses abutres não cansam de ficar enchendo o saco, pego a moto que havia deixado no beco atrás da boate vizinha a que estava ontem e coloco o capacete.

A partir de agora Diogo Wolker está morto, enquanto não conseguir desvendar os últimos acontecimentos e pegar o traidor terei que viver sob outra identidade, longe de minha família e amigos.

Nem que eu tenha que ir até o inferno, mas vou descobrir quem foi o desgraçado que fez tudo aquilo com minha família, eles que me aguardem. Terei minha vingança.

                               ✔✅✔

"Emanuelly Silva"

-Acorda vadia, quero você arrumada daqui a alguns minutos, se chegar aqui e não estiver pronta, já sabe o que acontecerá. -abro meus olhos encarando a pessoa que deveria chamar de mãe, mas que não passar de uma estranha para mim.

-Onde vamos dessa vez? -digo desanimada.

Já não aguento mais essa vida, depois que tia Mel foi embora pra Roma não há mais quem segure minha mãe, passei a ter que ir em eventos cheios de homens que passam a mão em mim me agarram e minha mãe não diz nada, mas sei que ela ganha dinheiro com isso, o corpo bonito da sua filha.

-Só se arrume que iremos em um lugar muito bom. -diz com deboche.

Suspiro me levantando da cama, vou ao banheiro tomo banho, escovo os dentes, seco o cabelo com a toalha e visto o vestido vermelho, a mulher que diz ser minha mãe falou que quando fôssemos sair, independente de para onde, sempre devo usar esse vestido, ai de mim desobedecer.

O vestido é bonito, mas isso só me deixa mais atraente para os homens, como ela fala, é porque ele é justo no corpo que os homens se atraem por mim.

Ele deixa as costas nuas, onde meu cabelo cacheado caí em cascata, passo um batom clarinho para irritar, porque quando vou sair tenho que passar vermelho, mas não gosto dessas invenções dela.

Assim que estou pronta calço o salto dourado, me lembrando de quando Vivian me ensinou a usar, fiquei feliz por ela estar querendo me ensinar algo, só não sabia que era por esse motivo, na época ainda achava que ela me amava, mas agora sei que é só interesse em ganhar dinheiro vendendo meu corpo.

Quando pronta espero sentada na cama, simplesmente porque Vivian me tranca no quarto desde quando tentei fugir a uns dois anos atrás, ela só abre para me entregar comida ou quando vamos sair, depois de algum tempo sentada ali a porta abre e ela entra, dessa vez está bem mais vestida que o usual.

-Que bom, estamos evoluindo, esse batom não está tão ruim para o que vamos fazer hoje. Vamos Emanuelly, o caminho será bem longo. -sai na frente, o barulho que seus saltos fazem me agonia, suspiro seguindo ela, chegamos do lado de fora e vejo uma limusine preta parada na porta, algo me diz que dessa vez será algo diferente mesmo, para que venha uma limusine nos buscar.

Enquanto fazíamos o caminho pude observar a rua o bairro, é tudo muito caro, da vez que vim pra cá me sedaram, então não tinha visto o caminho. A casa onde estamos é bem grande, isso explica o quarto com banheiro e closet, com certeza isso tem algo a ver com o cara que iríamos ver hoje.

Fui observando cada rua, casa, esquina, se quisesse fugir iria ser hoje, talvez quando Vivian se distraísse um pouco. Mas quando a limusine para minhas esperanças foram por água a baixo, é uma mansão bem vigiada, tanto que tem muitos seguranças, liberam a passagem para que possamos entrar e fico de queixo caído.

Na porta vejo Dênis, o homem que devia ser meu pai, ele está acompanhado de um outro homem, esse alto com os cabelos meio grisalhos, olhar duro e usando um terno bonito e bem cortado. Quando desço do carro e o olhar dele pousa sobre meu corpo senti um arrepio subir pela espinha.

Minha mãe empurra minhas costas me forçando a andar, subo as escadas devagar o olhar do homem sobre meu corpo me causa medo, repulsa.

Quando chego perto dele ele me olha como se eu estivesse me avaliando. Então ele abre um sorriso e pega a mão de meu pai em um cumprimento.

-Trato feito. Rubens traga o dinheiro. -um homem alto e musculoso vem com uma mala grande e entregou a Dênis, ele pega a mala e sorri de orelha a orelha.

-Muito obrigada senhor Ruan Luiz, mas acho que irá se arrepender. Mas agora temos uma festa para participar. -a mala some de sua mão rapidamente e então o senhor se aproxima de mim colocando a mão em minha cintura, tento me afastar dois passos mas ele me prende forte e susssura em meu ouvido.

-Bem-vinda ao seu novo lar querida. Você vai gostar daqui. -seguimos por onde Vivian e Dênis foram e dou de cara com uma festa, várias meninas e rapazes dançando, alguns seminus, outros completamente pelados, passamos por eles e seguimos para outro salão onde esta mais calmo, há mesas e pessoa bem vestidas por todos os lados.

-Venha te levarei ao seu quarto, não ficará com essas pessoas, você é muito preciosa pra isso. -diz pegando em minha mão e me puxando rumo a uma escada.

Quando subimos ele chama uma moça loira e muito bonita, é alta, magra, olhos azuis, está vestida em um lindo vestido lilás bem simples e tem um sorriso forçado no rosto.

-Olivia minha doce menina, leve Manuelly até o quarto que foi preparado para ela. -a moça sorri e ele vai até ela lhe dando um tapa na bunda, sussurrando algo em seu ouvido para que eu não possa ouvir, isso me causava um tremendo nojo.

-Vamos querida. -ela me chama e seu semblante não é um dos melhores.

Sigo ela e quando passo pelo velho ele pega em minha bunda também, não faço nada só continuo andando por medo de seu olhar frio e medonho.

Quando chegamos no fim do corredor viramos e ela entra em uma porta suspirando pesadamente, como se o ar fora do quarto estivesse contaminado.

-Sabe que foi vendida, que sofrerá aqui, por favor diga que não quer isso.- ela diz assim que entramos, tranca a porta me olhando com os olhos suplicantes.

-Acabei de descobrir. - não me aguento e começo a chorar, ela vendo meu desespero vem até mim me ajudando a chegar na cama e me ajudando a sentar.

-Vou ajudá-la a sair daqui. Quando você sair não fique no país, ele vai te procurar. -ela abaixa e pega a mala que o homem tinha entregado a Dênis.

-Aqui tem exatamente trinta mil dólares. Você vai pegar esse dinheiro e vai embora daqui. Sem olhar para trás. -diz e começa a mexer em um armário grande que tem no canto do quarto.

-Porque vai me ajudar? Quem é você? -pergunto parando de chorar aos poucos.

-Meu nome é Olivia Sentyl e sou filha daquele senhor ou pelo menos eu achava que ele era meu pai. Vou te ajudar porque não quero ver ninguém sofrendo nas mãos dele. Aquele homem é um monstro, vivi meus piores terrores com ele, mas não posso sair daqui agora, irei mata-lo, ou morrer tentando. -diz e me lança um sorriso. Vem ate mim com uma capa e algumas peças de roupas.

-Vista isso, você vai sair pelo portão lateral tem um amigo meu lá que irá me ajudar. -depois pega uma mochila dentro do mesmo armário enquanto tiro a roupa para vestir a que ela me deu.

-Aqui nessa bolsa tem tudo que você precisa, documentos falsos, água, duas mudas de roupa, alguns sanduíches e outras coisas que achei útil. -diz me entregando a mochila, agora estou vestida com um short jeans, uma camiseta branca e uma jaqueta grande e preta mais parecida com um sobre tudo e um tênis de corrida.

-Quando sair daqui livre-se dessa mala, compre alguma bolsa e coloque o dinheiro, essa mala tem rastreador, então tem que se livrar dela o mais rápido possível. -me explica com o rosto sério.

-Agora vamos, vou te passar no portão e voltarei para lá como se nada tivesse ocorrido. -diz abrindo a porta do quarto e olhando pelo corredor.

Quando saímos do quarto, ela vira em um corredor um pouco menor que tem uma escada, descemos por ela saindo na cozinha, tem muitas pessoas trabalhando aqui, mas ninguém olha para mim ou para ela, depois de atravessar a cozinha estamos saindo em uma porta que da no jardim.

Ela me pega pelo braço me guiando pelo local até um certo ponto no muro, depois de mais algum tempo chegamos em um tipo de portão e posso ver um homem parado encostado na parede mexendo em um celular.

-Está atrasada Olivia. -diz sem nos olhar.

-Sabe como é o velho, quis avaliar o conteúdo. Ela já esta aqui, abre e deixe ela ir como combinado. -diz e então ele levanta a cabeça.

-Saia correndo quando abrir o portão, abrirei somente um pouco para não chamar atenção das sentinelas, siga pela rua e irá parar na avenida, depois é só pegar um táxi. -fiz que entendi e quando ele abre o portão eu só começo a correr.

Meus pulmões ardem, mas corri cada vez mais, para encontrar o que sempre busquei, minha liberdade.

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