Capítulo 1 Passado

"Ser perfeito toma muito tempo, deveríamos nos preocupar em apenas ser nós mesmos..."

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"Manu"

Já estou sentada dentro do avião, minhas mãos suam e tento passar o mais despercebida possível, me desfiz da mala trocando por uma mala menor e uma de mão, as duas estão acima do meu acento, estou tão ansiosa que mau consigo me manter sentada, nunca tinha entrado em um avião e a primeira vez é para fugir do país.

Respiro fundo pela boca e solto o ar pelo nariz, escuto um som baixo de riso, viro a cabeça na direção do som, um par de olhos cor de mel me encaram, em seus lábios há um sorrisinho travesso.

-Você não parece nada bem. -senta ao meu lado, evito olhar ou responder.

-Primeira vez né, não precisa se preocupar, apenas um por cento dos aviões acabam caindo após alçar voo. -arregalo os olhos em desespero e se esse avião caísse, pelo menos não iria morrer nas mãos dos meus pais.

Ergo os olhos e ele me encarra curioso, tenho certeza que estou ficando com o rosto vermelho, abaixo os olhos de novo, respiro fundo e respondo.

-Morrer agora não é uma opção, mas espero que esse avião não caia comigo dentro. -ele ri se ajeitando ao meu lado.

-Prazer Kaio Robério. -estendeu a mão.

-Luiza Bonny. -apertl sua mão após dizer meu nome falso, abri um sorriso ao perceber que talvez nem todos fossem como meus pais ou aqueles pervertidos que conheci antes de fugir.

-Luiza combina com você. Dica para você, quando chegar em Roma passe na cidade de Veneza, vai adorar as coisas que tem por lá. -diz e embarcamos em uma conversa sobre Roma e seus pontos turísticos.

Descobri que ele está indo estudar e reencontrar os avós, o fato de não falar muito bem o inglês e nem saber falar italiano o deixou surpreso, o voo seria bem longo mas conversando nem vi a hora passar, quando já é bem tarde acabo adormecendo.

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Agora em território italiano estou totalmente perdida por onde começar a procurar minha tia, suspiro frustrada por achar que seria fácil foi o primeiro lugar que pensei em procurar minha tia, mas é praticamente impossível achar ela em um lugar como tão grande e agitado quanto Roma.

-Luiza, que tal te indicar uma pousada, vou ficar lá também. -viro encontrando Kaio e seu sorriso travesso.

-Seria ótimo, mas achei que ficaria na casa dos seus avós ou no Campos da Universidade. -digo e ele vem ate mim pegando minha mochila mesmo estando carregando sua mala.

-Mudei de ideia, posso ir ao Campos depois que começar as aulas, tenho que apresentar Roma a uma certa pessoa. -enlaça seu braço em meu pescoço, aquele contato com ele não me deixou acanhada e sorri, acho que agora estou totalmente livre.

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"Três meses depois, ao mesmo tempo em que Laura encontra Caleb e Charlote pela primeira vez."

Grávida. Realmente eu estou grávida. Não posso estar grávida. Mas depois de cinco testes de farmácia, não posso mais negar o fato de estar grávida.

Caio ao lado da pia do banheiro, o que vou fazer meu Deus, nem mesmo sei onde o Kaio se meteu, já faz mais de uma semana que não o vejo, nem na casa dos avós eu encontrei ele.

Estou grávida e sozinha, meu dinheiro já está quase no fim, depois de comprar uma casinha, roupas, móveis e mantimentos durante um mês, não é mais que esperado que o dinheiro já esta pouco, agora mais essa. Estou grávida e não faço ideia de onde o pai dessa criança está.

Começo a chorar, minha vida estava indo tão bem até semana passada quando Kaio sumiu sem deixar rastros. Desde que cheguei a Roma estive ao lado de Kaio, começamos um relacionamento e ele estava me ajudando a aprender melhor o inglês e o italiano que ele fala perfeitamente, mas a exatamente uma semana ele saiu para a faculdade e não voltou pra casa, esperei ele por três dias, mas nada, procurei na casa dos avós, nada também, a exatos dois dias comecei a sentir um mau estar e uma colega que fiz enquanto procurava emprego me jogou a possibilidade de gravidez, agora estou aqui chorando feito uma boba e sem saber o que fazer a respeito.

Levanto do chão, vou até a pia do banheiro abrindo a torneira para jogar uma água no rosto, essa é minha realidade, grávida e sozinha, tenho que arranjar um emprego, marcar uma consulta para ver de quanto tempo estou e principalmente, tenho que achar o Kaio.

Saio do banheiro indo atrás da minha bolsa e uma roupa para trocar, tenho que fazer algo agora e não ficar me lamentando pelo que já aconteceu, se estou realmente grávida tenho que me preparar para ganhar essas crianças.

Pego as chaves de casa, a bolsa e saio para ir atrás de um hospital, assim que saio no portão avisto seu Leopoldo e dona Etelvina o casal de idosos que moram em frente de casa, sorrio e aceno para eles, então começo a andar até onde sei que tem uma clínica médica, não fica muito longe e eu gosto de caminhar para sentir minha liberdade.

Depois de alguns minutos estou em frente a clínica obstétrica, me demoro olhando a fachada, entro vendo a recepção vazia e algumas mulheres grávidas sentadas na sala de espera ao lado.

-Oi bom dia, em que posso ajudar? -me viro e vejo ser uma moça vestida de branco, deve ser a recepcionista ou enfermeira.

-Oi bom dia. Eu queria marcar... uma consulta... e bem... queria saber... umas coisas -não consego falar, a maioria das grávidas ali me olham em dúvida.

-Você está grávida? -pergunta se colocando atrás do balcão da recepção, olho para ela, não sei se afirmo ou só vou embora.

-há-a, sim... -respondo com vergonha e medo.

-Não fique com vergonha querida, muitas aqui também são mães de primeira viagem. -me lança um sorriso. -Me diga seu nome, idade, telefone, endereço, vamos fazer uma ficha pra você. -mexeu em uns papéis e tirou um, sentou atrás da mesa e dei todas as informações que ela precisava ela disse que lançaria no computador e o médico iria lançar o acompanhamento ali também, me explicou tudo que perguntei e agora estou aqui esperando junto de mais umas três grávidas para dar uma olhada na saúde do bebê e descobrir com quantas semanas estou de gestação.

-Luiza Bonny... -escuto me chamarem pelo nome que uso agora e levanto, vejo um homem de jaleco e óculos, ele aparentemente deve ser bem novo e meu nervosismo aumenta, ando até ele que me lança um sorriso simpático.

-Olá... Não precisa ficar nervosa, minha assistente vai tirar um pouco de sangue para fazer alguns exames para saber as suas condições, aí vamos fazer uma ultrassonografia Tudo bem para você? -pergunta sorrindo e afirmo com a cabeça.

Uma enfermeira se aproxima com os materiais e coleta meu sangue saindo em seguida. O médico que tinha ido tomar um café, para que eu não ficasse mais desconfortável, volta e começa a preparar os aparelhos para minha primeira ultrassonografia enquanto estou deitada olhando o teto branco sem reação.

-Preparada?? -me olha.

-Nem um pouco... Mas vamos lá. -respondo, tentando soar brincalhona.

-Levante a blusa até embaixo dos seios, vou passar esse gel, é bem gelado no começo mas depois passa. -faço o que ele pede, então quando ele passa o aparelho em minha barriga meu coração dispara.

As imagens começam a surgir no aparelho e meus olhos se nublam pelas lágrimas, já não consigo me conter.

-Olhe bem aqui... -aponta na pequena tela. -Esse é o seu bebê. Ainda é bem pequeno, mas já da dá para ver, parece que ele não esta sozinho, vê bem aqui... -aponta em outra área, são dois pontinhos, sorri, mas ainda estou chorando. -Acho que temos gêmeos, parabéns.

O doutor fala me parabenizando, suspiro de desespero e recomeço a chorar de novo. Agora sou responsável por duas vidas além da minha olho para o teto branco enquanto as lágrimas caem pelo meu rosto.

Pelo menos eu sei que não vou ser uma mãe como a minha foi pra mim, vou cuidar deles, mimar eles, viver por eles. Esse vai ser meu objetivo daqui pra frente.


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