Capítulo 02

Sarah

Estou tão cansada com essa mudança, que nem sai de casa, na verdade, nem sei se posso chamar isso de casa.

Estou em um hotel, isso mesmo, um hotel!

A empresa disse que não conseguiu nenhum apartamento para alugar por apenas 5 meses, como foi uma mudança rápida eles não conseguiram fazer tudo no período curto de tempo, e agora eu tenho que morar no hotel até eles resolverem este problema.

Eu nem desfiz as minhas malas, não consigo me acostumar a morar em um hotel, é tão impessoal.

Hoje é meu primeiro dia no trabalho e não posso me atrasar, por isso, assim que me arrumo, pego minha bolsa e chamo um carro pelo aplicativo.

Ele não demora a chegar e seguimos até o escritório.

Assim que paro de frente ao prédio fico parada do lado de fora admitindo. Depois de tanto tempo, e pensar que foi aqui que as coisas começaram a mudar.

Me vieram várias lembranças a mente, o passado aqui é tão presente.

Decido afastar esses pensamentos e entrar na empresa.

Foco Sarah!

— Bom dia, sou nova aqui e preciso encontrar uma sala, pode me ajudar? — pergunto ao porteiro após cumprimenta-ló.

Ele me olha com olhar gentil e me ajuda, logo depois que me identifico, e subo para meu novo local de trabalho.

Entro com a chave que o senhor Gomes havia me entregue.

Não havia ninguém ainda, sinal de que havia chegado muito cedo.

Ainda tenho que me acostumar com muita coisa, é tudo novo e estranho.

Como ainda não havia ninguém, penso em sair para comer algo, pois saiu antes do café ser servido no hotel.

Decido ir a cafeteria que tinha visto próximo ao prédio onde estava, achei bem bonito e um ótimo lugar, pelo menos era o que dava para se dizer olhando por fora.

Desço e vou a pé até o local, já que era muito próximo.

Assim que entro na cafeteria vou direto ao balcão fazer meu pedido.

— Quero um café expresso, por gentileza — peço e aguardo ele me entregar.

Observo o lugar, estava bem movimentado, mas reparei em um pequeno grupo que estavam sentados em uma mesa próximo ao balcão.

— Dizem que ela é a própria medusa, tem olhos em toda parte e consegue pensar em várias coisas, como se tivesse várias cabeças — a garota falou.

— Ela nem pense que vai mudar as coisas por aqui, quem ela pensa que é para querer ser nossa chefe? — uma outra garota falou, parecia bem irritada.

— A gente nem a conheceu ainda, Britney — o garoto fala. — E boatos podem ser apenas boatos — o sensato do grupo.

Coitada da novata, pelo visto, não vai fazer muitas amizades com esses aí.

— Não viaja Jonathan, nem queira defender a medusa — a garota que acho que se chama Britney diz.

— Concordo com o John, a chefe pode não ser tão ruim.

— Até você Rebeca? Já está querendo puxar o saco da cobra? — Britney bufa irritada. — Está olhando o que? — ela pergunta para mim. Só aí percebo que estava os encarando.

Pego meu café e paro de prestar atenção neles.

Que pessoal irritado, tenho pena da garota nova, penso comigo mesma.

Perdi a fome, pego apenas o café mesmo e saio dali.

Sigo para o escritório, assim que chego, já reservo a sala de reunião.

Quando estou indo para o elevador esbarro em alguém, e derramei um pouco café nele, sorte que já estava terminando, então não ficou tão sujo. Penso após analisar o estrago.

— Desculpa, sinto muito — me desespero. Tento amenizar a sujeira, mas de nada adiantava.

— Esquece — ele diz com uma voz grossa. — Da próxima vez, vê se enxerga por onde anda e não sai derramando líquido em ninguém.

Olhei para cima para poder encara-lo. Meus olhos estavam cheios de raiva. Quem esse cara pensa que é?

Quando consigo finalmente o olhar, eu não consigo fazer mais nada, apenas admirar tamanha beleza.

— Tenho mais o que fazer do que perder tempo com você — ele diz grosso sem nem ao menos olhar nos meus olhos.

Realmente ele é bonito, mas quando abre a boca tenho vontade de fazer ele fecha-lá.

Ele sai andando em direção ao elevador. Saio do transe imediatamente.

— Segura o elevador — grito assim que o vejo entrando nele.

Corro para alcançar, mas aí percebo que ele simplesmente me ignorou.

Respiro fundo e chamo outro elevador.

Mais alguns minutos e ja estou na minha sala.

— Oito horas da manhã e meu dia já está péssimo — bufo.

Pego as minhas coisas com pressa e vou para a sala de reuniões, espero que esse dia passe rápido.

Chego na sala e todos já estão sentados, ouço bastante conversa, talvez estejam se questionando a respeito da reunião repentina.

— Bom dia — digo ao entrar na sala.

Todos ficam em silêncio e me observam.

— Me chamo Sarah — me apresento.

Todos os rapazes se levantam e sentamos juntos.

— Prazer, me chamo Jonathan — quando o olho percebo o desconforto. Ele é o mesmo garoto da cafeteira de mais cedo. — Essas são Britney e Rebeca, falta apenas o Phil, mas teve um imprevisto.

— Bom, devemos o esperar para a reunião, é o mais certo a se fazer — digo. — E é um prazer conhecê-los. 

Dou um meio sorriso e eles retribuem.

— Desculpe o atraso — alguém diz entrando na sala.

Ele senta ao lado esquerdo da mesa ao lado do Jonathan. Quando o olho não posso acreditar quem seja.

— Oh não — digo e olho para baixo.

— Você? — ele diz e sorri de canto, mas quando percebe fica sério de novo.

— Era ele que faltava? — o ignoro e falo diretamente com a Rebeca.

Ela assente e todos permanecem em silêncio.

— Podemos prosseguir então — digo e abro meu caderno.

Começo a pontuar os assuntos importantes. Percebo o olhar do cara grosso o tempo todo, mas ignoro.

Não demoro muito, só achei importante apontar as coisas que precisam ser mudadas.

No final da reunião deixo um espaço para eles falem.

— Achei tudo muito bonito, mas não acho viável tantas mudanças agora ao final do trimestre — o cara grosso fala.

— Que bom que não é você quem decide o que vai ou não ser feito — dou um sorriso forçado. — Se as coisas estivessem dando certo eu não estaria aqui, e não pensem que pedi para estar aqui, só estou fazendo meu trabalho e espero que façam o mesmo.

Todos me olham espantados e percebo que fui muito rude.

Esse cara já está me tirando do sério.

— Qualquer conselho construtivo será bem vindo, minha sala fica no final do corredor, fiquem à vontade para irem lá — digo. — Estão dispensados.

Não espero eles se levantarem e saio da sala de reunião.

— Calma, Sarah, respira — digo a mim mesma. — Você consegue.

— Sarah! — ouço alguém me chamar e viro para olha-lá. — Sou a Danielle, prazer.

Sorri em forma de cumprimento.

— Sou estagiária, e minha função agora é te ajudar no que for preciso.

— Prazer Danielle — digo. — O que acha se começarmos me mostrando onde ficar cada setor aqui?

Ela sorri.

— Vamos por aqui — ela aponta e começo a segui-lá.

— Trabalha aqui a muito tempo? — pergunto enquanto andamos.

— Já tem uns meses, eu meio que faço de tudo por aqui.

— Não me diz que eles te exploravam? Esta aqui para aprender e não deixem que te encham de trabalho.

— Obrigada, senhora.

— Nada de senhora, temos quase a mesma idade — ri descontraída. Ela sorri com isso.

— A senhora, digo, você — ela se corrige. — É diferente do que imaginávamos.

Eu ia responder quando a loira do café, e também uma das minhas novas colegas de trabalho, vem até nós. Os amigos dela estavam um pouco atrás.

— Oi — ela vem toda de nariz empinado e ignora a existência da Danielle. — Sou a Britney e posso te mostrar tudo por aqui se quiser.

Ótimo, uma puxa saco, e muito da falsa.

— Já nos conhecemos, Britney — digo em cumprimento. — Me chamo Sarah, mas também conhecida como Medusa.

Ela fica sem graça com meu comentário, e não fala mais nada. Seus amigos seguram o riso.

— E não precisa se incomodar, a Danielle já está me mostrando tudo — digo. — Com licença — nos retiramos do ambiente.

Andamos mais um pouco e percebo que a Danielle não para de me olhar.

— Quer perguntar alguma coisa?

— Desculpa, é que nunca vi ninguém falar com a senhora Britney assim.

— Mas deveriam, esse tipo é bem comum nos livros e filmes, sempre tem a garota má tentando arruinar o trabalho da novata.

— Você é bem diferente — ela ri. — Mas gosto do que vejo — sorri para ela.

— O que disseram de mim por aí?

— Bem, acho que você já descobriu o seu apelido — ela fala sem graça.

— Ouvi no café hoje cedo, ela estava me detonando mesmo sem me conhecer.

— Ela é assim mesmo, não me importo mais.

— Todas as vezes que ela te tratar mal ou te fizer sentir interior quero que me diga, não permitirei esse tipo de comportamento dentro desta empresa.

Ela sorri e concorda.

— Agora me leva de volta pra sala que já estou perdida — rimos e ela foi me explicando o caminho.

Continua...

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Beijos, Larissa.

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