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Capítulo 03

Philip

Acordo com uma gritaria no andar de baixo, e sei que as crianças já estão acordadas.

Desço para ver o estrago da casa.

Desde que a minha irmã e minhas sobrinhas vieram para cá, a casa de manhã cedo é uma zona, como esperando, havia comida espalhada pela cozinha e vários brinquedos no chão.

É difícil estar acostumado a viver sozinho e na paz do meu apartamento, e agora ter três bagunceiras para desorganizar tudo.

Mas as amo, e sempre ajudo quando precisam.

Respiro fundo depois da minha pequena reflexão e vou até elas.

— Bom dia, dorminhoco — diz a minha irmã segurando a bebê Liz. — Quando voltar arrumo tudo, vou deixar a Liz na creche, pode levar a Laurinha para a escola?

— Claro — falo depois de ser bombardeado com tanta informação. — E bom dia.

Me despeço da minha irmã e depois vou até minha sobrinha que já espera sentada no sofá.

— Vou só tomar um banho, pequena — aviso antes de me retirar. — Quando voltar não quero um brinquedo no chão.

Subo as escadas até o meu banheiro.

A minha irmã está passando uns dias por aqui, ela e meu cunhado sempre tem essas brigas onde ela ou ele saem de casa, mas dessa vez esse "tempo" que eles deram já está longo demais.

Amo minhas sobrinhas e a minha irmã, mas gosto da minha privacidade e da minha casa organizada e silenciosa.

A Laura é a minha sobrinha mais velha, e tem bastante energia, passo mais tempo com ela do que com a Liz, até porque a Liz ainda é um bebê.

Desço as escadas e vejo que a Laura já pegou tudo do chão como pedido, agora a bagunça está encima dos móveis. Reviro os olhos.

Já prevejo um dia caótico.

Hoje a nova gestora vai chegar e tenho como certeza que já vem mandando e mudando tudo. Detesto mudanças.

— Tio Phil — a Laurinha fala enquanto a coloco na cadeirinha do carro. — A mamãe falou que você nunca namorou, é verdade.

— Mais ou menos isso — digo assim que termino de colocar o cinto nela. — Onde quer chegar com isso?

— Na escola, ue — ela revira olhos como se fosse óbvio.

— Estou me referindo a sua pergunta — sorri para ela.

— Ah! Quero saber como você vai me dá um priminho se nem namorada consegue arrumar.

— A senhorita está bem ousada, não acha? — era uma pergunta retórica, mas ela balança a cabeça negando.

Dou a volta no carro e sento no banco do motorista, ligo o rádio e ela vai o caminho todo entretida com a música.

Deixo ela na escola e corro para o trabalho, já estava atrasado.

Entro praticamente correndo e esbarro em alguém.

Me assusto quando sinto um líquido em mim, olho para mão da morena que segurava um copo de café, que por sorte, já estava no final.

Ela pede desculpas e tenta limpar a sujeira, mas não consegui me concentrar no que ela fala, só consigo olha-lá, nunca a vi por aqui, ela tem os cabelos castanhos, assim como seus olhos, sua pele parece ter pegado bastante sol recentemente, mas não é um bronze exagerado.

Saio do transe quando ouço ela falar.

— Desculpa, sinto muito — ela diz desesperada.

— Esquece — apenas digo. — Da próxima vê se enxerga por onde anda e não sai derramando líquido em ninguém.

Ela olha para cima para poder me encarar. Meus olhos se enchem de raiva ao sentir finalmente, o líquido quente na minha barriga.

— Tenho mais o que fazer do que perder tempo com você — eu digo.

Apenas corro para o elevador e subo para minha sala, onde eu tinha outra camisa limpa.

Me troco, sabendo que me atrasaria para reunião com a nova gestora.

Entro na sala e me sento no lugar de sempre, quando olho para a pessoa a minha frente tive uma reação involuntária.

— Você? — sorri. Quando percebo o que fiz, mudo o semblante.

Para Philip, ela é sua chefe e você a odeia, nada de se apaixonar por esse rostinho bonito, afinal, ela deve te odiar também.

--♡--

Depois da reunião vou direto para minha sala. Tento não pensar muito na reunião, pois já me deixa irritado. Que ela pensa que é para já chegar mudando tudo. Ainda por cima é grossa.

Ouço o meu telefone tocar e o atendo de imediato.

Ligação on.

— Phil — minha irmã fala do outro lado da linha.

— Oi Mônica

— Aconteceu um acidente na escola, não posso ir buscar a Laurinha, será que você...

— Já estou indo buscá-la, quando chegar lá te dou notícias.

Ligação off.

Saio desesperado até a escola e nem me lembro de avisar sobre a minha saída, mas sei que não terá problema, porque tenho bastante horas no banco de horas da empresa.

Entro quase que correndo na escola atrás da minha pequena.

— Sou o tio da Laura, ligaram para minha irmã, ela sofreu um assistente?

— Calma senhor, a Laurinha está bem, só uma dor de barriga repentina e uns arranhões no joelho.

Ele fala me levando até ela. Estava no lado de fora da diretoria.

— Seu tio chegou Laurinha — a professora fala. — Depois diz para sua mãe vim aqui na escola, está bem?

Ela concorda e agradeço a professora.

— O que aconteceu?

— Cai no pátio e ralei o joelho, e também acho que tomei leite estragado, minha biga tá doendo tio.

— Vou te levar comigo e vamos cuidar disso, tudo bem?

Ela balança a cabeça afirmando.

Ligo para minha irmã, que fica mais tranquila ao saber que não foi algo tão grave, estava a caminho de casa quando ouço meu telefone tocar. Estaciono o carro e atendo a ligação.

Era do trabalho, precisam de mim na empresa e não posso tirar o dia de folga.

— O tio vai ter que trabalhar, promete se comportar, juro que não vou demorar — ela concorda.

Volto o caminho em direção a empresa, quando chegamos, tiro ela da cadeira, pego na sua mão e adentramos no prédio que trabalho.

Levo até minha sala, mas tinha outra reunião agora, então tive que deixá-la sozinha.

Deixei ela brincando no meu tablete e fui para sala de reuniões.

--♡--

Acabei nem podendo sair mais cedo hoje, e a Dani, uma das estagiárias da empresa, ficou com a minha sobrinha o dia todo.

Quando pego a Laurinha, ela não estava mais com sua farda, ela estava vestida em um blazer, que com alguns ajustes coube bem nela.

— Tio, seu trabalho é muito legal.

— Fez o que hoje?

— Pintei, a tia nova me ajudou no dever e ajudei ela no trabalho também, ela cuidou de mim e me deu o casaco dela, porque vomitei na minha farda.

— A Dani fez isso tudo? — perguntei. Não sabia que a Dani sabia cuidar tão bem de criança.

— Não né tio, a tia Dani foi embora e fiquei com a outra tia.

— De quem está falando?

— Da tia — ela para por um instante. — Esqueci o nome dela.

Sorri com aquilo.

— Tudo bem, outro dia você pergunta.

Quando estávamos saindo, uma das meninas da recepção nos entrega a farda da Laurinha, e vi que estava limpa.

— Acabou de chegar da lavanderia — ela diz percebendo minha estranheza.

Fico um pouco confuso. Quem era a mulher que cuidou da minha sobrinha hoje?

Continua...

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Beijos, Larissa.

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