Sarah
Terminamos de comer e eu peço a conta. Após pagar por nosso almoço, voltamos para o escritório. Ela estava super tagarela, brincamos, cantamos e conversamos o caminho inteiro. Acha que é cedo demais para me apaixonar por essa criança? Ela me lembra a minha afilhada, tão esperta quanto ela. Que saudade dela. Assim que chegamos ao escritório ela olha para mim com uma cara de dor. — Tia, minha biga tá doendo — ela fala alisando a barriga. — Vamos ao banheiro — digo pegando sua mão. Quando chegamos ao banheiro ela vomita tudo o que comeu. Seguro seu cabelo e a ajudo a se limpar depois. — Não deveria ter te dado macarrão, a Dani falou que você tinha passado mal na escola. — Acho que tomei leite estragado no café da manhã — ela resmunga enquanto a limpo. Coloco ela sentada no mármore da pia e limpo a sua farda que havia sujado de vômito. — Acho melhor trocar de roupa — digo vendo que o cheiro da roupa não está nada bem. — Só tenho essa roupa, tia. — Tudo bem, vamos dar um jeito. Sorri para ela, que me dá um sorriso amarelo. Olhando para ela enquanto a limpo reparo que seu joelho está sangrando, tento tocar, mas ela puxa a perna com rapidez. — O que foi isso? — Cai na escola — ela diz dando de ombros como se não fosse nada. — Vem, vamos para minha sala. A coloco no chão novamente e fomos juntas para minha sala. Peço para alguém vim buscar a roupa da Laurinha e levar a lavanderia. Também peço o kit de primeiro socorros e limpo a ferida. — A senhora é uma ótima mamãe — ela diz assim que dou um beijo no joelho. — A minha mãe me ensinou que dá beijo onde dói faz sarar mais rápido a ferida. Ela sorri e a visto com meu blazer. — Ficou um pouco grande, mas é o melhor que consegui fazer. — Tá lindo, tia — ela sorri agradecida. — Obrigada. Sorri em retribuição. Ela ficou comigo o resto da tarde, confesso que ela é uma ótima compainha. No fim do dia a levo para o andar de baixo, mas não pude esperar seu pai aparecer, tinha bastante trabalho ainda. — Tchau anjinho — dou um beijo no topo da sua cabeça — Tchau tia — ela diz. Logo depois volto para minha sala. Engraçado como apenas uma menininha conseguiu mudar o meu dia totalmente. Meus planos de revisar todos os papéis antigos foram por água abaixo. Agora terei mais trabalho acumulado que antes, mas em compensação, tive um dia leve com uma garotinha fofa. Depois de mais algumas horas saio do escritório a caminho de casa, ou pelo menos, o que eu tinha no momento. Assim que chego na minha casa, iremos chamar assim, ligo para o serviço de quarto. Benefícios de morar num hotel. Peço meu jantar e vou direto para o banho. — Dia longo — digo enquanto estou sentada na banheira. Apesar do dia leve no trabalho, sei que a partir de amanhã as coisas irão se complicar. Percebi que terei alguns desafios, mas não tantos quanto a Britany e o cara grosso dos olhos penetrantes. Tento não pensar nisso e curto meus últimos minutos na banheira, pois logo o meu jantar chegaria. Saio do banho procurando uma roupa para vestir. Não desfiz as malas, ainda não estou a vontade com a ideia de morar em um hotel. Tirei apenas alguns itens e roupas, pois uso bastante, mas meu guarda-roupa inteiro estava na mala ainda. Pego meu jantar e como, deliciando cada mordida. Que saudades de um cuscuz. Não pude conter esse pensamento ao reparar que só aquela comida não me sustentaria. Antes de dormir, ouço meu telefone tocar, e sei que é uma ligação da minha amiga. Ligação on. — Como foi o primeiro dia? — não demoro a atender, e ela já começa a falar. — Oi para você também, Sam. — Oi, Sarah. Como foi o primeiro dia? — Péssimo, já posso voltar? — faço drama. Se não fosse pela Laurinha, realmente, minhas palavras teriam mais verdade. — Sabe que se fosse por mim nunca teria ido, mas já que aceitou, vai até o fim, e isso é o que você sempre faz. — Bom saber que alguém tem esperança ainda, eu já estou desistindo. Eles me odeiam, sabem qual o meu apelido? — Você já tem apelido? — ela diz segurando o riso. — Medusa, é assim que eles me chamam. Ela começa a rir, e não parece que não vai parar tão cedo. — Samara! — Tá, parei. Mas conta mais — ela diz ainda com lágrimas nos olhos de tanto da risada. Respiro fundo e conto tudo que aconteceu hoje, até do pequeno anjinho que conheci. — Pelo menos você já fez uma amiga — sorri. — Ela é o mais perto de uma amiga que tenho no momento. — Mas logo logo isso vai mudar, porque eles vão conhecer a Sarah que conhecemos, e vão pedir para que nunca mais vá embora. — Não vamos exagerar — digo a fazendo rir. — Eu vou dormir que amanhã terei mais um dia longo. Obrigada por ligar. — Te amamos, aguenta firme. — Também amo vocês. Ligação off. Desligo a ligação e vou para cama. Pelo menos amanhã já irei para casa onde ficarei hospedada, espero que consiga me sentir com a sensação de estar em “casa” lá. Fico pensando no meu dia e nas coisas que aconteceram nesses dois dias. Além do Philip e da Laurinha, os dias tem sido normais e tranquilos, apenas trabalho, que é o que vim fazer aqui. Espero que esses 5 meses passem voando, não vejo a hora de voltar para casa, que saudade dos meus amigos e da minha afilhada, depois de um dia cansativo sempre ia para casa deles, isso me ajudava a relaxar. Com esses pensamentos acabo adormecendo Continua... - - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - - Beijos, Larissa.SarahAcordo cedo e vou me arrumar, em seguida arrumo todas as minhas coisas na mala novamente. Faço check-out no hotel antes de sair.Vou fazer a mudança antes de ir trabalhar, para ter o privilégio de chegar em um lar depois do trabalho e descansar. Um lugar que realmente parecesse um lar, e não um hotel, onde tinha estranhos circulando os corredores, e pouco espaço no quarto para respirar.Meus chefes disseram que escolheram especialmente para mim, imaginei que seria perto da casa da minha família, mas não, para minha sorte era um apartamento próximo ao trabalho, o que iria me poupar tempo.Subo com as malas após pegar a chave com o porteiro do prédio. É um lugar bonito, tem apenas uma torre, o que significa que são menos vizinhos para circular no hall do prédio, e o meu apartamento fica no 12° andar. — Lar doce lar — digo ao abrir a porta. O apartamento está todo mobiliado, e a decoração é igual a da minha casa em Aracaju. Fico surpresa. Mais aconchegante que isso, só estendo
Sarah O dia passou bem lento hoje, apesar de ter trabalhado muito. Esbarrei algumas vezes com o Philip e todas as vezes são desagradáveis, apesar de ser um colírio para os meus olhos. Saio do trabalho indo ao mercado fazer compras, e claro que não vou comprar muitas coisas, já que não sei cozinhar. Escolho algumas comidas congeladas e produtos industrializados, é com isso que irei me virar nos próximos dias.Ando mais um pouco pelo mercado, e chego na sessão de doce, fico olhando para a lata de leite condensado. Eu e a minha irmã amávamos comer brigadeiro de colher e assistir filmes juntas. Sorri com a lembrança.Penso em pegar a lata, mas recuo como se aquela lata fosse a Savana. Não falo com a minha irmã desde que sai de casa para morar em Aracaju. Depois da briga com meu pai ela ficou do lado dele, tentou me ligar algumas vezes, mas depois de uns meses nunca mais tive contato. Apesar de ter acontecido há anos, ainda me afeta.Me desfaço dessas lembranças e vou pagar os itens qu
Ele me olha e depois para as meninas, a Liz estava no sofá, que agora estava limpo, e brincava com o seu mordedor. Claro que rodeada de almofadas para não cair. A Laura estava a minha frente, em pé onde decidíamos o que iríamos fazer agora.— Devo ter entrado na casa errada — ele diz virando para sair. — Não seja bobo — Laurinha diz. Me admiro pela forma que ela fala com o pai. — O que está acontecendo aqui? — ele pergunta voltando a olhar para nós.— A Mônica, mãe das meninas, teve que sair e pediu para ficar com elas — respondi como se fosse óbvio. — Mas no meu apartamento? — ele aponta para si com a mão.— Ela ficou com medo do irmão dela chegar e não as ver aqui — digo. — Só esqueceu de avisar que o pai também era surtado - sussurro a última parte para apenas eu escutar.— Olha, arrumamos a casa — Laurinha fala quebrando o clima ruim que estava ali. — Falta a cozinha.Ele parece finalmente voltar a si.— Ficou muito boa — ele diz para a pequena. — A cozinha pode deixar comigo —
SarahFiquei com as meninas brincando na sala até o Philip voltar do banho.Seu perfume chegou invadindo todo o ambiente me deixando um pouco zonza. — Não ac... — espirro. — Acha que... — espirro novamente. — Está tudo bem? — ele pergunta preocupado.— Tá, é que... — mais uma onda de espirro. — Não parece bem, me deixe te ajudar — ele diz e se aproxima de mim.O cheiro do seu perfume ficou ainda mais forte quando ele se aproximou. Comecei a espirrar sem parar. — Foi a água que te deixou assim, não é? Acho melhor você trocar de roupa — ele diz.— Não... — espirro. — Seu perfume...— Você é alérgica? Não sabia — ele diz dando uns passos para trás. — Vou tomar banho de novo. — Não precisa — digo finalmente começando a respirar de novo. — É só ficar longe, o excesso vai já embora.Depois de falar isso, sinto que seu rosto muda de expressão, não estava mais preocupado, mas sim desapontado. — Ele ama perfume tia, a mamãe diz que ele exagera — Laurinha fala. — Acho que sua mãe tem raz
SarahEu voltei a cortar a salada e eles a fazer a parte difícil. O macarrão já estava no fogo e o Philip estava fazendo o molho caseiro. Tenho que admitir?, até que estava divertido fazer isso com eles.— Deixa eu experimentar — Laurinha diz se referindo ao molho que o Philip fez. Ela pega o seu banquinho e leva para perto do fogão, fica em pé sobre o banco e espera seu tio te oferecer. — Só um pouquinho — ele diz dando a colher para ela experimentar. Ela abre a boca para provar o molho e faz uma expressão contente ao provar. — Igual o da vovó — ela diz. — Quer experimentar, tia? — Obrigada, meu amor — agradeço e nego com a cabeça. Ele pega a colher de madeira e enche de molho e vem até mim.— Não precisa ficar vermelha — ele diz sorrindo fraco. — Pode experimentar. Abri a boca e ele despeja o líquido da colher. E nossa, que molho maravilhoso.Fecho os olhos para saborear. Assim que abro meus olhos, tem lindos olhos castanhos me olhando, eles estão me fitando de tal maneira
Philip Essa morena não sai da minha cabeça, além do mais, meus amigos não param de falar da Sarah, porque a Sarah fez isso, porque ela é linda, porque é muito inteligente. Ouço e vejo aquele rosto perfeito todos os dias, mas não esperava ver ela aqui no prédio. Não basta ser minha chefe, ainda mora no mesmo prédio, ou pior, ao lado do meu apartamento?Só pode ser uma piada. Aproveito que é final de semana e que não trabalhamos para correr um pouco, mas o que era para espairecer e me livrar desse mulher, teve efeito contrário, já que não parava de pensar nela. Ao invés de desocupar a mente, percebi que o melhor a se fazer é ocupar a mente com outras coisas diferentes dela.Quando cheguei em casa e vi a Sarah na minha sala com minhas sobrinhas quase que enlouqueço, só poderia está delirando, mas era ela.Percebi o rosto de alívio ao saber que eu era o tio da Laurinha e não o pai, me questiono o porquê, mas logo ela disfarçou. E coincidentemente, ela era a tal tia legal que a Laura nã
PhilipPenso no que dizer, não poderia contar a ela que penso nela quando estou sozinho, com pessoas, com a mente vazia, ou até com a mente cheia.— É... bem... — começo a gaguejar. Ela cruza os braços na altura do peito e fica me encarando. Do nada ouço um barulho, estranho e busco o lugar de onde veio, mas percebo que era ela assim que ela põe uma das mãos na barriga alisando. — Ainda não almocei — ela diz sem graça. — Ainda tem um pouco da lasanha da vovó — digo dando de ombros. — Vamos entrar que te sirvo.Digo e abro a porta do meu apartamento dando espaço para que ela entre. Ela parece relutante com a ideia, mas sua barriga ronca de novo a fazendo entrar. — Não quero incomodar — ela diz sem graça.— Está tudo bem, afinal, você também ajudou a fazer — pisco para ela, o que a deixa vermelha. Ela me segue para cozinha e senta na bancada.Coloco a lasanha que sobrou no microondas para ela. Ficou um silêncio constrangedor enquanto esperamos esquentar, mas logo ela o quebra. — S
Sarah Caminho até o restaurante com a barriga clamando por um pouco de comida, mas assim que entro no estabelecimento e vejo a minha tia, a fome some, e só penso em uma coisa: tenho que sair daqui.Logo eu dou meia volta tentando sair antes que ela me visse, mas já era tarde demais.— Oh, Sarah? — ela me vê e parece surpresa, mas não tão surpresa. Ela vem até a porta do restaurante, onde eu ainda estava.— Tia Safira — dou um meio sorriso tentando parecer surpresa em vê-la ali. Na verdade eu até que estava surpresa, mas uma parte de mim sabia que mais cedo ou mais tarde esse encontro iria acontecer.— Não faz essa cara comigo — ela diz e revira os olhos. — Você me lembra tanto a sua mãe, vem cá — diz ela me puxando para um abraço, ignorando totalmente o quão estranho era nos ver depois de tantos anos.A tia Safira sempre foi muito próxima da família, ela era irmã da minha mãe e depois que nossa mãe faleceu, a tia Safira se tornou o exemplo mais próximo de mulher para mim.— Por que