SarahPassar a tarde com o Philip foi surpreendente bom, até que ele não é o gaúcho grosseiro que pensei, é até adorável. Acho até que ficar com meus vizinhos hoje foi o ponto alto do meu dia.Volto para casa assim que a Mônica volta, ela não parecia muito bem e não quero me intrometer na vida deles. Assim que consigo sair, venho para o meu apartamento.Olho ao redor e entristeço em perceber que estou sozinha de novo.Ligo a TV e nada está passando na TV aberta, nenhuma programação me interessa. Pego um livro para ler, mas passa um mosquito e logo me perco nos pensamentos de novo. Resolvo ligar para o Antony, falar com eles sempre é a melhor opção a se fazer.Ligação on.— Lembrou que tem família? — fala Antony ao atender o telefone.— E você lembra de mim quando? — questiono ao perceber que ele pouco me liga.— Vocês dois são uns desnaturados. Se não sou eu para ligar, a gente nunca se fala — Sami entra na conversa.— Oi Sami.— Oi Sarah, me conta as novidades do seu amigo bonitão d
SarahAssim que acabou o meu horário de expediente sai quase que correndo, para não ficar nem um segundo a mais ali. Depois de um mês intenso de trabalho, só quero minha cama, minha casa, meu cantinho para descansar.Chego em casa mais rápido que o comum, na verdade, nem sei como consegui chegar de tão cansada que estou. Chego já tirando os sapatos, casaco e a bolsa, depois vou direto para pia do banheiro e lavo as mãos, sem ao menos tomar um banho e trocar de roupa, vou direto para a cozinha.Hoje irei fazer um doce de leite, passei o dia desejando isso, ou seja, ou como esse doce hoje, ou ficarei até mesmo louca.Pego os ingredientes e começo a misturar. Não sou boa na cozinha, mas até que com doce eu sei me virar. Pelo menos, nunca me queimei ou queimei algo, quando estou fazendo meus doces.Não demorou muito para eu terminar, e quando vou colocar no recipiente para deixar descansando, ouço a campainha. Assim que ouço vou atender a porta. Sabia que iria ser um dos vizinhos, já q
SarahOuvimos um pigarreio nos tirando do transe.— Sinto que sempre os atrapalho, mas estou com fome, crianças — Mônica fala me deixando sem graça. — Tem razão maninha — ele fala um pouco chateado, e não parece está se referindo a fome. Ele sai de perto de mim e disca um número no celular, julgo ser da pizzaria. — Não disse — Mônica sussurra nos meus ouvidos. — Estão caidinhos um pelo outro.— Não exagera — reviro os olhos.— Pizza de que meninas? — Philip pergunta ainda no telefone. Passamos nossos sabores e ele faz o pedido, e logo em seguida desliga a ligação.Ele vai até Mônica e sussurra algo no ouvido da irmã, que sai em seguida avisando que vai ao apartamento buscar as bebidas. Ficamos a sós pela primeira vez, já estava constrangedor, depois da proximidade de minutos a trás, ficou ainda mais.— Ainda não tive a oportunidade de conversar com você, mas queria te dizer que nesse último mês pude perceber a evolução da empresa e além de gostar muito de você no ambiente profiss
Sarah Desperto de um sono profundo que eu realmente precisava.Trabalhar tanto e não descontrair, ou com sorte, se divertir na mesma proporção está deixando meu corpo estranho. Acho que estou acostumada a depois de um dia inteiro de trabalho ir para casa dos meus amigos e ficar jogando conversa fora, rir e até mesmo brincar com minha sobrinha, agora que estou aqui a minha rotina é apenas trabalho, trabalho, e trabalho.Então ontem foi muito bom pra mim, me sinto até melhor, mais leve. Porém, acordar ao lado de tanta gente foi um tanto estranho, estou acostumada a ir dormir e acordar sozinha todos os dias.Me levanto devagar para não acordar ninguém, logo depois vou fazer minha higiene matinal no banheiros. Precisei passar um tempo de olhos abertos para me situar. Logo saio do banheiro e sinto minha barriga roncar. Lembro que não tenho nada em casa e muito menos o que sei fazer. Então, como uma atitude desesperada, peço o café da manhã num aplicado de fast-food, porém, pedi a comida
SarahSolto o ar que nem sabia que segurava. Acho que não o conheço mesmo.— É um prazer, senhor — o cumprimento com um apertar de mãos. — Nada de senhor, se é amigo da família é minha amiga também, entrem — ele diz dando espaço. Entramos em seguida.— Achei que a Mônica viesse — ele diz e parecia querer dizer isso a tempos. Ele tinha urgência em falar dela, deu para perceber o quanto ele quer que falemos sobre a sua esposa.— Ela não pode vim, estava multi atarefada hoje, ser mãe solteira não é fácil — Philip provoca. Seguro o riso.— Mas somos casados — ele diz perdido em seus pensamentos por um tempo.Pobre Benjamim, não sabe o que sua vida vai se tornar agora com o Philip te provocando. — É, mas estão dando um tempo em casas diferentes, ela está tendo que fazer comida, levar para escola, colocar para dormir, da banho, arrumar a bagunça, trabalhar, estudar, e enfim, fazer todas as obrigações — Philip estava bem engraçado se quer saber. Falou tudo calmamente e não se abateu um mo
SarahNão sei o que deu em mim ao tomar liberdade com o Benjamim, pai das meninas, e falar aquelas coisas. Na verdade eu acho que nem pensei, acredito que nesses momentos devemos deixar que nossa consciência nos guie, afinal, ela sempre nos castiga quando fazemos algo errado, então não há nada melhor que deixar que ela mesma faça as escolhas.Mas fico feliz de ter ajudado de alguma forma, eles precisavam de um empurrãozinho.Decidimos esperar eles voltarem, dar um pouco de privacidade e torcer para que as coisas se resolvam. Mas meu plano principal era distrair à Laurinha, pois esperta como ela é, logo desconfiaria do que estava acontecendo.Então, um pouco depois do pai das meninas sair, resolvemos andar pelo no bairro, na verdade, eles decidiram e apenas eu concordei.Estava apreensiva em encontrar minha família enquanto caminhávamos, mas fomos caminhar assim como eles queriam. Afinal, não posso ficar com medo para sempre, uma hora vai acontecer, só não precisa ser agora.— Tem um p
Sarah Depois de um tempo calado, o incentivo à continuar. — Qual seria? — pergunto. — Achei que ele fosse pedir para que eu me matriculasse na faculdade, ou que arrumasse um emprego mais sério, como ele mesmo dizia — ele diz e faz uma pausa em seguida. — Mas não. Ele queria que eu meu casasse. Olho espantada para ele. — Casar? Você não aceitou, eu suponho. — Não, eu disse que não me casaria nunca. Ele ficou bravo por eu ter negado a tal pretendente. Sim, eu tinha até noiva — ele fala balançando a cabeça em negação. — E o que aconteceu? — O meu pai me expulsou de casa aquela noite, minha mãe tentou interceder por mim, como sempre tentava fazer, ela chorou. — Nunca mais falou com eles depois disso? — Com o meu pai não — digo. — A minha mãe e a minha família vivem dizendo que eu tenho que seguir em frente e esquecer o passado, mas... — Mas eles não entendem. — Tem coisas que não dá para explicar, então eu parei de tocar, terminei a faculdade fazendo outros trabalhos, e nunc
Philip Ainda nem acredito que me abri para ela, alguém que conheço tão pouco, que é tão misteriosa com o passado e reservada com o presente que acaba nem deixando as pessoas entrarem, acho que isso fez com que minha ferida se sentisse em casa, em uma pessoa com tantas cicatrizes como a minha. Ela me entendeu como ninguém nunca entendeu. Quando a gente é adulto, nossa visão do mundo muda, e quando nos tornamos pais ou ficamos próximos a pessoas com filhos, passamos a entender melhor a visão dos nossos pais, os defendemos e justificamos todas as feridas causadas pelo tempo, no fundo sempre soubemos que eles fizeram o melhor, mesmo não sendo o que achamos melhor para nós, foi o melhor que ele conseguiram ser. E por essa visão justificativa dos erros, as pessoas não conseguiam entender a minha decisão de não falar com meus pais, e por isso deixei de tocar no assunto, muitos nem sabem que meus pais estão vivos e moram perto, eu prefiro não tocar no assunto e pela primeira vez el