SarahOuvimos um pigarreio nos tirando do transe.— Sinto que sempre os atrapalho, mas estou com fome, crianças — Mônica fala me deixando sem graça. — Tem razão maninha — ele fala um pouco chateado, e não parece está se referindo a fome. Ele sai de perto de mim e disca um número no celular, julgo ser da pizzaria. — Não disse — Mônica sussurra nos meus ouvidos. — Estão caidinhos um pelo outro.— Não exagera — reviro os olhos.— Pizza de que meninas? — Philip pergunta ainda no telefone. Passamos nossos sabores e ele faz o pedido, e logo em seguida desliga a ligação.Ele vai até Mônica e sussurra algo no ouvido da irmã, que sai em seguida avisando que vai ao apartamento buscar as bebidas. Ficamos a sós pela primeira vez, já estava constrangedor, depois da proximidade de minutos a trás, ficou ainda mais.— Ainda não tive a oportunidade de conversar com você, mas queria te dizer que nesse último mês pude perceber a evolução da empresa e além de gostar muito de você no ambiente profiss
Sarah Desperto de um sono profundo que eu realmente precisava.Trabalhar tanto e não descontrair, ou com sorte, se divertir na mesma proporção está deixando meu corpo estranho. Acho que estou acostumada a depois de um dia inteiro de trabalho ir para casa dos meus amigos e ficar jogando conversa fora, rir e até mesmo brincar com minha sobrinha, agora que estou aqui a minha rotina é apenas trabalho, trabalho, e trabalho.Então ontem foi muito bom pra mim, me sinto até melhor, mais leve. Porém, acordar ao lado de tanta gente foi um tanto estranho, estou acostumada a ir dormir e acordar sozinha todos os dias.Me levanto devagar para não acordar ninguém, logo depois vou fazer minha higiene matinal no banheiros. Precisei passar um tempo de olhos abertos para me situar. Logo saio do banheiro e sinto minha barriga roncar. Lembro que não tenho nada em casa e muito menos o que sei fazer. Então, como uma atitude desesperada, peço o café da manhã num aplicado de fast-food, porém, pedi a comida
SarahSolto o ar que nem sabia que segurava. Acho que não o conheço mesmo.— É um prazer, senhor — o cumprimento com um apertar de mãos. — Nada de senhor, se é amigo da família é minha amiga também, entrem — ele diz dando espaço. Entramos em seguida.— Achei que a Mônica viesse — ele diz e parecia querer dizer isso a tempos. Ele tinha urgência em falar dela, deu para perceber o quanto ele quer que falemos sobre a sua esposa.— Ela não pode vim, estava multi atarefada hoje, ser mãe solteira não é fácil — Philip provoca. Seguro o riso.— Mas somos casados — ele diz perdido em seus pensamentos por um tempo.Pobre Benjamim, não sabe o que sua vida vai se tornar agora com o Philip te provocando. — É, mas estão dando um tempo em casas diferentes, ela está tendo que fazer comida, levar para escola, colocar para dormir, da banho, arrumar a bagunça, trabalhar, estudar, e enfim, fazer todas as obrigações — Philip estava bem engraçado se quer saber. Falou tudo calmamente e não se abateu um mo
SarahNão sei o que deu em mim ao tomar liberdade com o Benjamim, pai das meninas, e falar aquelas coisas. Na verdade eu acho que nem pensei, acredito que nesses momentos devemos deixar que nossa consciência nos guie, afinal, ela sempre nos castiga quando fazemos algo errado, então não há nada melhor que deixar que ela mesma faça as escolhas.Mas fico feliz de ter ajudado de alguma forma, eles precisavam de um empurrãozinho.Decidimos esperar eles voltarem, dar um pouco de privacidade e torcer para que as coisas se resolvam. Mas meu plano principal era distrair à Laurinha, pois esperta como ela é, logo desconfiaria do que estava acontecendo.Então, um pouco depois do pai das meninas sair, resolvemos andar pelo no bairro, na verdade, eles decidiram e apenas eu concordei.Estava apreensiva em encontrar minha família enquanto caminhávamos, mas fomos caminhar assim como eles queriam. Afinal, não posso ficar com medo para sempre, uma hora vai acontecer, só não precisa ser agora.— Tem um p
Sarah Depois de um tempo calado, o incentivo à continuar. — Qual seria? — pergunto. — Achei que ele fosse pedir para que eu me matriculasse na faculdade, ou que arrumasse um emprego mais sério, como ele mesmo dizia — ele diz e faz uma pausa em seguida. — Mas não. Ele queria que eu meu casasse. Olho espantada para ele. — Casar? Você não aceitou, eu suponho. — Não, eu disse que não me casaria nunca. Ele ficou bravo por eu ter negado a tal pretendente. Sim, eu tinha até noiva — ele fala balançando a cabeça em negação. — E o que aconteceu? — O meu pai me expulsou de casa aquela noite, minha mãe tentou interceder por mim, como sempre tentava fazer, ela chorou. — Nunca mais falou com eles depois disso? — Com o meu pai não — digo. — A minha mãe e a minha família vivem dizendo que eu tenho que seguir em frente e esquecer o passado, mas... — Mas eles não entendem. — Tem coisas que não dá para explicar, então eu parei de tocar, terminei a faculdade fazendo outros trabalhos, e nunc
Philip Ainda nem acredito que me abri para ela, alguém que conheço tão pouco, que é tão misteriosa com o passado e reservada com o presente que acaba nem deixando as pessoas entrarem, acho que isso fez com que minha ferida se sentisse em casa, em uma pessoa com tantas cicatrizes como a minha. Ela me entendeu como ninguém nunca entendeu. Quando a gente é adulto, nossa visão do mundo muda, e quando nos tornamos pais ou ficamos próximos a pessoas com filhos, passamos a entender melhor a visão dos nossos pais, os defendemos e justificamos todas as feridas causadas pelo tempo, no fundo sempre soubemos que eles fizeram o melhor, mesmo não sendo o que achamos melhor para nós, foi o melhor que ele conseguiram ser. E por essa visão justificativa dos erros, as pessoas não conseguiam entender a minha decisão de não falar com meus pais, e por isso deixei de tocar no assunto, muitos nem sabem que meus pais estão vivos e moram perto, eu prefiro não tocar no assunto e pela primeira vez el
Philip Falo pela primeira vez desde que começamos a viagem de volta para casa. A Sarah estava calada presa em seus pensamentos, estava respeitando isso. E como as meninas dormiram, a viagem foi feita em um longo silêncio. — A Mônica mandou mensagem — digo depois de estacionar o carro. — O que ela disse? — ela pergunta com expectativa. — Devemos ter esperanças ou esperar o pior? — Pelo que entendi, ainda há esperança para esses dois — digo e ela sorri aliviada. Aviso a Sarah da mensagem e ela me ajuda a acordar às meninas. Foi uma tarefa difícil, mas conseguimos. — Tio Phil, tia Sarah — Laurinha resmungar se levantando. — Queremos dormir — ela diz com voz de dengo. — Me pega no colo. Ainda sonolentas, levamos elas no braço até nosso andar, eu com a Laurinha e a Sarah com a Liz. — Acordem princesas, a mamãe tem uma surpresa para vocês — Sarah tenta mais uma vez. — Que surpresa? — Laura parece finalmente despertar. — Se eu contar não será mais surpresa — Sarah diz. — Confia
Philip Mais duas semanas se passaram, as coisas aqui no escritório começaram a mudar, na verdade, o que mudou mesmo foi a forma de trabalhar, está mais fácil a comunicação, o trabalho em equipe, e a convivência com as pessoas, tirando o Marcos, babaca que machucou o coração da Dani, e a Britney que não larga do meu pé. Mas nem tudo são flores não é mesmo? Desde que comecei aqui acabo atraindo olhares, alguns bons e outros nem tanto, mas costumo ser educados com todos e dificilmente grosso, claro que sempre tem suas exceções, como no dia que conheci a Sarah. Quando a Britney entrou aqui ela não parava de dar encima de mim, se insinuar e acaba com todas as garotas que tentam chegar em mim, inclusive, aquelas que só querem amizade ou ser gentil, creio que seja por isso que ela não suporta a Sarah. Mas o que ela não sabe é que agora é diferente, Sarah é alguém que eu quero ter por perto e não vai ser as provocações da Britney que vão afastar ela de mim. Eu não vou desistir de lutar