SarahNão sei o que deu em mim ao tomar liberdade com o Benjamim, pai das meninas, e falar aquelas coisas. Na verdade eu acho que nem pensei, acredito que nesses momentos devemos deixar que nossa consciência nos guie, afinal, ela sempre nos castiga quando fazemos algo errado, então não há nada melhor que deixar que ela mesma faça as escolhas.Mas fico feliz de ter ajudado de alguma forma, eles precisavam de um empurrãozinho.Decidimos esperar eles voltarem, dar um pouco de privacidade e torcer para que as coisas se resolvam. Mas meu plano principal era distrair à Laurinha, pois esperta como ela é, logo desconfiaria do que estava acontecendo.Então, um pouco depois do pai das meninas sair, resolvemos andar pelo no bairro, na verdade, eles decidiram e apenas eu concordei.Estava apreensiva em encontrar minha família enquanto caminhávamos, mas fomos caminhar assim como eles queriam. Afinal, não posso ficar com medo para sempre, uma hora vai acontecer, só não precisa ser agora.— Tem um p
Sarah Depois de um tempo calado, o incentivo à continuar. — Qual seria? — pergunto. — Achei que ele fosse pedir para que eu me matriculasse na faculdade, ou que arrumasse um emprego mais sério, como ele mesmo dizia — ele diz e faz uma pausa em seguida. — Mas não. Ele queria que eu meu casasse. Olho espantada para ele. — Casar? Você não aceitou, eu suponho. — Não, eu disse que não me casaria nunca. Ele ficou bravo por eu ter negado a tal pretendente. Sim, eu tinha até noiva — ele fala balançando a cabeça em negação. — E o que aconteceu? — O meu pai me expulsou de casa aquela noite, minha mãe tentou interceder por mim, como sempre tentava fazer, ela chorou. — Nunca mais falou com eles depois disso? — Com o meu pai não — digo. — A minha mãe e a minha família vivem dizendo que eu tenho que seguir em frente e esquecer o passado, mas... — Mas eles não entendem. — Tem coisas que não dá para explicar, então eu parei de tocar, terminei a faculdade fazendo outros trabalhos, e nunc
Philip Ainda nem acredito que me abri para ela, alguém que conheço tão pouco, que é tão misteriosa com o passado e reservada com o presente que acaba nem deixando as pessoas entrarem, acho que isso fez com que minha ferida se sentisse em casa, em uma pessoa com tantas cicatrizes como a minha. Ela me entendeu como ninguém nunca entendeu. Quando a gente é adulto, nossa visão do mundo muda, e quando nos tornamos pais ou ficamos próximos a pessoas com filhos, passamos a entender melhor a visão dos nossos pais, os defendemos e justificamos todas as feridas causadas pelo tempo, no fundo sempre soubemos que eles fizeram o melhor, mesmo não sendo o que achamos melhor para nós, foi o melhor que ele conseguiram ser. E por essa visão justificativa dos erros, as pessoas não conseguiam entender a minha decisão de não falar com meus pais, e por isso deixei de tocar no assunto, muitos nem sabem que meus pais estão vivos e moram perto, eu prefiro não tocar no assunto e pela primeira vez el
Philip Falo pela primeira vez desde que começamos a viagem de volta para casa. A Sarah estava calada presa em seus pensamentos, estava respeitando isso. E como as meninas dormiram, a viagem foi feita em um longo silêncio. — A Mônica mandou mensagem — digo depois de estacionar o carro. — O que ela disse? — ela pergunta com expectativa. — Devemos ter esperanças ou esperar o pior? — Pelo que entendi, ainda há esperança para esses dois — digo e ela sorri aliviada. Aviso a Sarah da mensagem e ela me ajuda a acordar às meninas. Foi uma tarefa difícil, mas conseguimos. — Tio Phil, tia Sarah — Laurinha resmungar se levantando. — Queremos dormir — ela diz com voz de dengo. — Me pega no colo. Ainda sonolentas, levamos elas no braço até nosso andar, eu com a Laurinha e a Sarah com a Liz. — Acordem princesas, a mamãe tem uma surpresa para vocês — Sarah tenta mais uma vez. — Que surpresa? — Laura parece finalmente despertar. — Se eu contar não será mais surpresa — Sarah diz. — Confia
Philip Mais duas semanas se passaram, as coisas aqui no escritório começaram a mudar, na verdade, o que mudou mesmo foi a forma de trabalhar, está mais fácil a comunicação, o trabalho em equipe, e a convivência com as pessoas, tirando o Marcos, babaca que machucou o coração da Dani, e a Britney que não larga do meu pé. Mas nem tudo são flores não é mesmo? Desde que comecei aqui acabo atraindo olhares, alguns bons e outros nem tanto, mas costumo ser educados com todos e dificilmente grosso, claro que sempre tem suas exceções, como no dia que conheci a Sarah. Quando a Britney entrou aqui ela não parava de dar encima de mim, se insinuar e acaba com todas as garotas que tentam chegar em mim, inclusive, aquelas que só querem amizade ou ser gentil, creio que seja por isso que ela não suporta a Sarah. Mas o que ela não sabe é que agora é diferente, Sarah é alguém que eu quero ter por perto e não vai ser as provocações da Britney que vão afastar ela de mim. Eu não vou desistir de lutar
Philip Percebo que estou a tempo demais ouvindo a conversa dos outros, e é sobre a Britney mesmo que vim falar, então crio coragem e bato de leve na porta, que já estava um pouco aberta, então não fiz cerimônia ao entrar logo depois de três batidinhas rápidas. Ela sorri assim que me vê e fico perdido naquele sorriso. Ouvimos um pigarreio do outro lado da tela, era uma chama de vídeo. — Deixa eu adivinhar, é o Philip? — o tal Anthony falou. — Phil, quer conhecer os meus amigos? — ela pergunta e nem esperei ela mudar de idéia. Fui até mais perto dela, o suficiente para ver todos e que todos me visssem. — Olá, me chamo Philip e trabalho aqui com a Sarah — me apresento. — O famoso Philip — Sami fala. — Prazer, me chamo Samara, mas a Sarah me acha de Sami, tenho que falar que você é exatamente como imaginei, e totalmente contrário ao que foi descrito. Vejo que a Sarah está corada, mesmo não entendendo o que acontecia, está com um sorriso estampado que não conseguia tirar. —
Sarah Já se foram quase dois meses do meu período aqui no Rio Grande do Sul, e basicamente nada saiu como o planejado. Não falo apenas do trabalho, mas sim da minha vida pessoal. Eu literalmente fiz uma lista do que deveria fazer e não fazer aqui em Rio Grande do Sul, no avião não tinha muito o que fazer, costumo fazer uma lista de pros e contra de tudo, mas essa foi uma atitude impulsiva, então tive que partir para outro plano, uma lista do que evitar para que não haja contra. Lista de como a Sarah sair a salvo do Rio Grande do Sul: (Sim, falo de mim na terceira pessoa) 1° Não encontrar ninguém da família, principalmente seu pai. 2° Não se apaixonar. Essa regra é fundamental para que nada a impeça de voltar para Sergipe. 3° Não se envolver emocionalmente com ninguém. Nenhum tipo de vínculo com os gaúchos. 4° Evitar amizades no trabalho. 5° Não se apegar a casa nova ou aos vizinhos. 6° Se lembrar todos os dias de como você ama Aracaju, porque se não lembrar com
Sarah Ainda no final do dia a Britney passou na minha sala para se "despedir" e dizer que me esperava no tal barzinho, quem não a conhece diria que foi uma gentileza esse convite, mas para mim, isso tá cheirando a encrenca. Onde fui me meter. Reviro os olhos só de imaginar. Depois do expediente de trabalho, arrumo minhas coisas para ir direto para casa, mas resolvo passar numa loja antes, na verdade, em uma padaria que havia naquele bairro. — Olá — cumprimento a moça que iria me atender. — Boa noite, seja bem vinda — ela diz sorridente. — O que vai querer? Olho para o balcão repleto de comida e fico perdida, tinha doces, salgados, bolos e tortas, pão de diversos tipos. Minha barriga ronca mostrando que estou faminta. A moça ri assim que me vê colocar a mão na barriga, mostrando que o som que ela ouviu saiu de lá. — Vejo que está indecisa, gostaria de um tempo para pensar? — ela diz gentil. — Não, obrigada — sorri. — estou com um pouco de pressa, poderia colocar esses doces