Sarah
Acordo cedo e vou me arrumar, em seguida arrumo todas as minhas coisas na mala novamente. Faço check-out no hotel antes de sair. Vou fazer a mudança antes de ir trabalhar, para ter o privilégio de chegar em um lar depois do trabalho e descansar. Um lugar que realmente parecesse um lar, e não um hotel, onde tinha estranhos circulando os corredores, e pouco espaço no quarto para respirar. Meus chefes disseram que escolheram especialmente para mim, imaginei que seria perto da casa da minha família, mas não, para minha sorte era um apartamento próximo ao trabalho, o que iria me poupar tempo. Subo com as malas após pegar a chave com o porteiro do prédio. É um lugar bonito, tem apenas uma torre, o que significa que são menos vizinhos para circular no hall do prédio, e o meu apartamento fica no 12° andar. — Lar doce lar — digo ao abrir a porta. O apartamento está todo mobiliado, e a decoração é igual a da minha casa em Aracaju. Fico surpresa. Mais aconchegante que isso, só estendo em Sergipe mesmo. Sorri ao perceber que eles decoraram pensando nisso, me fazer se sentir em casa. Percebo que tinha um bilhete na mesa de jantar. "Espero que se sinta em casa. Com amor, Antony." Sorri com aquilo. Guardo aquele papel com a informação impressa, e agradeço a ele por tudo isso por mensagem. Já disse que tenho o melhor amigo do mundo? Mas infelizmente não posso passar muito tempo, então já deixo as minhas malas e tenho que sair para o trabalho. Quando estou saindo, ouço vozes no apartamento vizinho e olho involuntariamente para a porta do mesmo, onde percebo que a conversa acontecia do lado de fora. — Mamãe, porque o papai não vai me levar para escola? — a garotinha que estava no meu trabalho ontem conversa com uma mulher, que parece, na verdade, suponho que seja a sua mãe. — Já te disse Laura, seu pai está muito ocupado — a mulher diz, parece está bem cansada e triste. — Tia! — a pequena Laurinha parece me ver e vem correndo me abraçar. — Laura, o que já disse sobre falar com estranhos? — a mãe dela fala irritada com a menina. — Mas ela não é estranha, mamãe. — Bom dia — me aproximo mais delas e as cumprimento — Me chamo Sarah, ontem ela estava no meu trabalho e viramos amigas — digo para a mãe e menina sorri. — Então você é a tia que a Laurinha tanto fala — a moça diz, agora com um sorriso mais gentil. — Culpada! — ri fraco. — E ela tinha razão, você é muito bonita. Minhas bochechas ficam rosadas. — Que isso, a sua filha é uma graça, posso ver que a beleza puxou da senhora — digo. — Nada de senhora, se é amiga da Laurinha, também é minha — ela sorri. — Me chamo Mônica. Sorri em cumprimento. — Bem, temos que ir, mas podemos conversar mais depois? — ela pergunta com expectativa. — Claro, estou morando aqui agora, pode bater na minha porta quando quiserem — sorri para ela. — E também estou indo na verdade, acabei de me mudar e só vim deixar as malas. — Que ótimo — Mônica fala. — Fico feliz em ter uma vizinha gentil como você — sorri para ela. Descemos juntas em uma conversa empolgante sobre a vida dela, ela me contou que tem outra filha, a Liz, e que todas elas estão morando temporariamente aqui. Não consegui conversa tanto com ela porque a Laurinha também queria falar, então tive que intercalar a atenção nelas. Foi uma conversa rápida, já que só durou até a porta do prédio. Me despeço delas e vou para o trabalho. --♡-- — Viram que a chefe chegou tarde hoje? Já deu o mal exemplo — ouço a Britney falar quando passo pelo seu setor. — Bom dia — decido ir cumprimenta-lá. — Já que tem tempo de conversar, Britney, peço que passe na recepção e pegue uns casos novos que tem lá. Quero o relatório até o final do dia. Dito isso, saio e vou para os demais setores. Sem me importar com a cara dela enfurecida. Estou tentando entender a logística da empresa para depois ver quais as mudanças devemos tomar. Passo no setor do Jonathan e no da Rebeca, apesar dos processos estarem atrasados e lentos, pude ver que o que sai de lá está perfeito, sem nenhum erro. Continuo para o setor do Philip, o cara grosso de ontem. Respiro fundo já prevendo meu stress em dividir o mesmo ambiente que ele. — Olha quem veio nos da o ar da graça — ele fala debochado quando me vê entrar na sala. Ele não tem limites mesmo. Cumprimento a todos os olhares e sorrisos na sala, menos o Philip, para ele dei apenas um sorriso falso. — A que devo a honra da sua visita? — Philip pergunta. — Vim conhecer o setor — digo e continuo a percorrer. — O que fazem agora? — Cálculo — ele responde simplesmente, sem dar muitos detalhes. — Estamos fazendo a planta de um edifício, senhora — um outro rapaz fala. — Quero dizer, senhorita? Não vejo aliança em seus dedos — ele dá um sorriso galanteador. — Obrigada — sorri pela resposta. — Pode me mostrar um pouco? — ignoro a pergunta dele. O rapaz assenti e o Philip revira os olhos. — Marcos, eu mostro para ela, pode voltar ao trabalho — ele diz autoritário. O tal Marcos assente, mas não parece ter gostado nada disso. Depois que ele sai o Philip se aproxima. — Então a educação não é só comigo, ou melhor, a falta dela? — digo sarcástica. — Olha princesa, o Marcos é o maior puxa saco e seduz muitas mulheres, só estava te protegendo de um babaca — ele diz como se eu realmente precisasse disso. — Por que acha que preciso de proteção? Ainda mais sua, você também não é um babaca prepotente que acha que é o centro do universo? — pergunto irônica. Quem ele pensa que é para achar que iria cair na lábia dele, ou pior, quem disse que ele pode julgar os outros dessa forma. — Posso até ser, mas não machuco corações de inocentes estagiárias — ele diz como se soubesse onde me afeta. — Está falando da Dani? — pergunto com estranheza. — Ele fez algo com ela? — Acho melhor falar com ela sobre isso, princesa — ele diz sério. — Ela não merece passar por nenhum sofrimento, é uma pessoa incrível. Assinto apenas e continuo vendo o que ele me mostrava, mesmo não entendendo nada de arquitetura e engenharia. Ele até que é um supervisor muito prestativo já que ajuda até nas áreas diferentes da sua. Depois do tour, volto a minha sala e chamo a Dani. — Me chamou? — ela diz ao entrar. — Sim, não é sobre trabalho, pode se sentar —peço é ela faz. — Não gosto de me meter na vida pessoal dos funcionários, mas gostei de você assim que a vi, algo chegou aos meus ouvidos e queria saber se pode e quer me esclarecer. — Está me deixando nervosa senhora, fiz algo de errado? — ela parece apreensiva. Nego com a cabeça. — Hoje conheci o Marcos, da arquitetura — ela parece ficar tensa quando houve o nome dele. — Me disseram que a fama dele não é muito boa. — Sarah, não gosto desse assunto — ela diz desconfortável. — Já superei o que ele me fez. — Dani, estou aqui com você, sou sua amiga — digo me aproximando dela. — Se ele fez algo deve ser punido. — Eu vou te contar, na hora certa — ela diz. — Não estou preparada. Assinto respeitando sua vontade. Não vou tirar os meus olhos dele, de um jeito ou de outro vou descobrir o que ele fez. Um tempo depois ela sai da sala e volto ao trabalho. Só de pensar que ainda tenho uma mudança para terminar e não tenho nada na minha cozinha para comer, me dá um desânimo. Tenho que passar no mercado ainda depois daqui. Não lembrava como mudanças davam trabalho. Saio dos meus pensamentos e volto ao meu trabalho. Continua... - - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - - Beijos, Larissa.Sarah O dia passou bem lento hoje, apesar de ter trabalhado muito. Esbarrei algumas vezes com o Philip e todas as vezes são desagradáveis, apesar de ser um colírio para os meus olhos. Saio do trabalho indo ao mercado fazer compras, e claro que não vou comprar muitas coisas, já que não sei cozinhar. Escolho algumas comidas congeladas e produtos industrializados, é com isso que irei me virar nos próximos dias.Ando mais um pouco pelo mercado, e chego na sessão de doce, fico olhando para a lata de leite condensado. Eu e a minha irmã amávamos comer brigadeiro de colher e assistir filmes juntas. Sorri com a lembrança.Penso em pegar a lata, mas recuo como se aquela lata fosse a Savana. Não falo com a minha irmã desde que sai de casa para morar em Aracaju. Depois da briga com meu pai ela ficou do lado dele, tentou me ligar algumas vezes, mas depois de uns meses nunca mais tive contato. Apesar de ter acontecido há anos, ainda me afeta.Me desfaço dessas lembranças e vou pagar os itens qu
Ele me olha e depois para as meninas, a Liz estava no sofá, que agora estava limpo, e brincava com o seu mordedor. Claro que rodeada de almofadas para não cair. A Laura estava a minha frente, em pé onde decidíamos o que iríamos fazer agora.— Devo ter entrado na casa errada — ele diz virando para sair. — Não seja bobo — Laurinha diz. Me admiro pela forma que ela fala com o pai. — O que está acontecendo aqui? — ele pergunta voltando a olhar para nós.— A Mônica, mãe das meninas, teve que sair e pediu para ficar com elas — respondi como se fosse óbvio. — Mas no meu apartamento? — ele aponta para si com a mão.— Ela ficou com medo do irmão dela chegar e não as ver aqui — digo. — Só esqueceu de avisar que o pai também era surtado - sussurro a última parte para apenas eu escutar.— Olha, arrumamos a casa — Laurinha fala quebrando o clima ruim que estava ali. — Falta a cozinha.Ele parece finalmente voltar a si.— Ficou muito boa — ele diz para a pequena. — A cozinha pode deixar comigo —
SarahFiquei com as meninas brincando na sala até o Philip voltar do banho.Seu perfume chegou invadindo todo o ambiente me deixando um pouco zonza. — Não ac... — espirro. — Acha que... — espirro novamente. — Está tudo bem? — ele pergunta preocupado.— Tá, é que... — mais uma onda de espirro. — Não parece bem, me deixe te ajudar — ele diz e se aproxima de mim.O cheiro do seu perfume ficou ainda mais forte quando ele se aproximou. Comecei a espirrar sem parar. — Foi a água que te deixou assim, não é? Acho melhor você trocar de roupa — ele diz.— Não... — espirro. — Seu perfume...— Você é alérgica? Não sabia — ele diz dando uns passos para trás. — Vou tomar banho de novo. — Não precisa — digo finalmente começando a respirar de novo. — É só ficar longe, o excesso vai já embora.Depois de falar isso, sinto que seu rosto muda de expressão, não estava mais preocupado, mas sim desapontado. — Ele ama perfume tia, a mamãe diz que ele exagera — Laurinha fala. — Acho que sua mãe tem raz
SarahEu voltei a cortar a salada e eles a fazer a parte difícil. O macarrão já estava no fogo e o Philip estava fazendo o molho caseiro. Tenho que admitir?, até que estava divertido fazer isso com eles.— Deixa eu experimentar — Laurinha diz se referindo ao molho que o Philip fez. Ela pega o seu banquinho e leva para perto do fogão, fica em pé sobre o banco e espera seu tio te oferecer. — Só um pouquinho — ele diz dando a colher para ela experimentar. Ela abre a boca para provar o molho e faz uma expressão contente ao provar. — Igual o da vovó — ela diz. — Quer experimentar, tia? — Obrigada, meu amor — agradeço e nego com a cabeça. Ele pega a colher de madeira e enche de molho e vem até mim.— Não precisa ficar vermelha — ele diz sorrindo fraco. — Pode experimentar. Abri a boca e ele despeja o líquido da colher. E nossa, que molho maravilhoso.Fecho os olhos para saborear. Assim que abro meus olhos, tem lindos olhos castanhos me olhando, eles estão me fitando de tal maneira
Philip Essa morena não sai da minha cabeça, além do mais, meus amigos não param de falar da Sarah, porque a Sarah fez isso, porque ela é linda, porque é muito inteligente. Ouço e vejo aquele rosto perfeito todos os dias, mas não esperava ver ela aqui no prédio. Não basta ser minha chefe, ainda mora no mesmo prédio, ou pior, ao lado do meu apartamento?Só pode ser uma piada. Aproveito que é final de semana e que não trabalhamos para correr um pouco, mas o que era para espairecer e me livrar desse mulher, teve efeito contrário, já que não parava de pensar nela. Ao invés de desocupar a mente, percebi que o melhor a se fazer é ocupar a mente com outras coisas diferentes dela.Quando cheguei em casa e vi a Sarah na minha sala com minhas sobrinhas quase que enlouqueço, só poderia está delirando, mas era ela.Percebi o rosto de alívio ao saber que eu era o tio da Laurinha e não o pai, me questiono o porquê, mas logo ela disfarçou. E coincidentemente, ela era a tal tia legal que a Laura nã
PhilipPenso no que dizer, não poderia contar a ela que penso nela quando estou sozinho, com pessoas, com a mente vazia, ou até com a mente cheia.— É... bem... — começo a gaguejar. Ela cruza os braços na altura do peito e fica me encarando. Do nada ouço um barulho, estranho e busco o lugar de onde veio, mas percebo que era ela assim que ela põe uma das mãos na barriga alisando. — Ainda não almocei — ela diz sem graça. — Ainda tem um pouco da lasanha da vovó — digo dando de ombros. — Vamos entrar que te sirvo.Digo e abro a porta do meu apartamento dando espaço para que ela entre. Ela parece relutante com a ideia, mas sua barriga ronca de novo a fazendo entrar. — Não quero incomodar — ela diz sem graça.— Está tudo bem, afinal, você também ajudou a fazer — pisco para ela, o que a deixa vermelha. Ela me segue para cozinha e senta na bancada.Coloco a lasanha que sobrou no microondas para ela. Ficou um silêncio constrangedor enquanto esperamos esquentar, mas logo ela o quebra. — S
Sarah Caminho até o restaurante com a barriga clamando por um pouco de comida, mas assim que entro no estabelecimento e vejo a minha tia, a fome some, e só penso em uma coisa: tenho que sair daqui.Logo eu dou meia volta tentando sair antes que ela me visse, mas já era tarde demais.— Oh, Sarah? — ela me vê e parece surpresa, mas não tão surpresa. Ela vem até a porta do restaurante, onde eu ainda estava.— Tia Safira — dou um meio sorriso tentando parecer surpresa em vê-la ali. Na verdade eu até que estava surpresa, mas uma parte de mim sabia que mais cedo ou mais tarde esse encontro iria acontecer.— Não faz essa cara comigo — ela diz e revira os olhos. — Você me lembra tanto a sua mãe, vem cá — diz ela me puxando para um abraço, ignorando totalmente o quão estranho era nos ver depois de tantos anos.A tia Safira sempre foi muito próxima da família, ela era irmã da minha mãe e depois que nossa mãe faleceu, a tia Safira se tornou o exemplo mais próximo de mulher para mim.— Por que
SarahPassar a tarde com o Philip foi surpreendente bom, até que ele não é o gaúcho grosseiro que pensei, é até adorável. Acho até que ficar com meus vizinhos hoje foi o ponto alto do meu dia.Volto para casa assim que a Mônica volta, ela não parecia muito bem e não quero me intrometer na vida deles. Assim que consigo sair, venho para o meu apartamento.Olho ao redor e entristeço em perceber que estou sozinha de novo.Ligo a TV e nada está passando na TV aberta, nenhuma programação me interessa. Pego um livro para ler, mas passa um mosquito e logo me perco nos pensamentos de novo. Resolvo ligar para o Antony, falar com eles sempre é a melhor opção a se fazer.Ligação on.— Lembrou que tem família? — fala Antony ao atender o telefone.— E você lembra de mim quando? — questiono ao perceber que ele pouco me liga.— Vocês dois são uns desnaturados. Se não sou eu para ligar, a gente nunca se fala — Sami entra na conversa.— Oi Sami.— Oi Sarah, me conta as novidades do seu amigo bonitão d