CAPÍTULO 2

Durante a tarde tudo ocorreu bem, Clara realizou todas as tarefas acumuladas e ainda adiantou alguns trabalhos para o dia seguinte. Já estava quase dando a sua hora de sair e quando já aprontava a bolsa ela escuta passos

“-Será que é ele ?”- pensou ela , e ao se virar para sair , se esbarra em alguém. “-Sim é ele.”- Clara queria sair antes que ele chegasse , pois estava com medo de justamente topar de frente com o Sr. Alberto.

-Você já está saindo? - Alberto perguntou

Ela respondeu diretamente.

-Sim Senhor, como o senhor ficou o dia todo fora em reunião, pensei que não voltaria para a empresa mais.- disse ela arrumando a sua mesa e pegando a bolsa e colocando no ombro. sem olhar para ele e continuou- Olha deixei todas as pastas , e as cópias revisadas na mesa do senhor. Tenha uma boa noite e até amanhã. Com licença , por favor.

Ao ver que Clara parecia tensa e querendo ir embora o mais rápido possível, evitando contato visual , Alberto não se moveu do lugar e não deu passagem pra ela.

“Mas o que significa isso?” Ela pensou

-Olha Clara , eu queria me desculpar com você, não tinha necessidade a forma que te tratei. Por favor me desculpe.- Ele realmente estava sendo sincero.

Uma coisa é que Alberto sempre foi educado e profissional com os seus funcionários. Tratava todos com cordialidade e educação. Mas depois da desavença com Tomaz , ele andou descontando a sua frustração nos outros, em especial em Fernando, seu sócio, em Valéria sua assistente, em Clara e em Samanta. E se tornou um tremendo de um carrasco.

Então finalmente Clara o olhou nos olhos de Alberto.

-Tudo bem, Sr.Alberto eu entendo, não é novidade, sei que o senhor está passando por problemas em relação a gestão da empresa, não se preocupe. O senhor pode me dar licença. - Clara sorriu e saiu.

Alberto não tinha nenhuma expressão, e moveu-se para que Clara pudesse passar. Realmente ele andava atordoado, ele não queria comprir a tal cláusula de reiniciar o projeto de arquitetura MiranteMar, ele não queria mudar nada no projeto vigente, não queria perder esse tempo , pois o projeto tinha prazo de entrega, e se demorasse para ser entregue, significaria prejuízo, e ao mesmo tempo, se não reiniciasse alterando toda a estrutura interna do projeto , ele teria que pagar uma multa milionária, o que do mesmo jeito ele ficaria no prejuízo.

Não queria perder esse projeto para o seu concorrente e meio-irmão Tomaz, um arrogante e trapaceiro.

Antes do falecimento de seu pai, Sr. Ernesto Aranttes, deixando a companhia para que os dois a gerenciassem, os dois irmãos já tinham desavença desde muito jovens.

Alberto, como era o filho mais velho e da primeira esposa de Sr.Enesto tinha prioridade para assumir a presidência e Tomaz, seu filho mais novo com a esposa atual, a viúva Tânia ,teria um papel de vice. Porém acontece que Tomaz sempre invejou Alberto. E sempre almejou tudo só pra ele, porque em sua mente sempre acreditou que o seu pai tinha uma preferência pelo filho da primeira esposa, o Alberto.

…. .....

Depois de assistir Clara entrar no elevador e as portas se fecharem, Alberto seguiu para a sala de Fernando. E Fernando ainda estava lá:

-Achei que você não fosse voltar mais para a empresa hoje. E aí o que aconteceu?- Fernando que estava sentado em sua cadeira digitando em computador. Levantou a cabeça para observar Alberto.- E aí , como foi a reunião com o sr.Cortesi?

Alberto que estava parado na porta, entrou, fechou a porta e se aproximou da mesa de Fernando, puxando a cadeira para si. E sentou. Deu uma suspirada.

–Eles querem que alteremos toda a estrutura do projeto.- Respondeu ele.

-Mas ele ficou louco? Como vamos fazer isso, se esse projeto já em está em construção?-Fernando, ainda estava indignado.- Realmente acredita que tem dedo do Tomaz até nisso?

-E você tem dúvidas? -Alberto pronunciou em um tom seco e frio.- Isso tem dedo dele.

-É realmente, eu estava pensando aqui.. - Fernando fez uma pausa - E se… - fez outra pausa, e olhou fixo para tentar decifrar qual seria a reação de Alberto. Ele continuou. - … e se você se casasse?

Alberto ao escutar essa última palavra, caiu em gargalhada.

Seu riso foi tão espontâneo que dava vontade de rir junto.

A reunião com o Sr Cortesi tinha sido desgastante e frustrada e por um momento ele se esqueceu do dia tenso que teve.

Mas Fernando não estava achando graça.

-Alberto.. eu estou falando sério. -Disse ele com seriedade.

Alberto ainda em um tom zombeteiro.

-Ficou maluco Fernando? Você realmente precisa parar de beber em serviço, a bebida está afetando os seus neurônios . - ele fez uma breve pausa para se recompor do ataque de riso - O que isso tem a ver? Em que um casamento iria resolver esse problema?

Fernando, vendo que seu amigo já tinha retomado a postura, tratou de explicar.

-Meu caro, esse projeto já está quase no final e pronto vai ser entregue, e você acha mesmo que temos recursos para refazer tudo? - Fernando se levantou da cadeira - Você acha que temos verbas para pagar a uma multa de 12 milhões para os Cortesi? -Ele já notando o semblante confuso e ao mesmo tempo nervoso de Alberto.

-É eu sei não temos como fazer isso, até porque temos outros projetos em andamento , só que ainda não ent…..

Fernando o interrompeu apressadamente.

-Supondo que se você pagasse a multa , você obviamente teria que parar o andamento dos outros.-olhou para Alberto e viu o amigo concordar com a cabeça, e continuou.- e isso implicaria em mais prejuízo. -novamente Alberto concordou com a cabeça - E você teria que deixar os outros projetos de lado e isso sem contar que todos tem prazo de validade.

-Sim.. eu sei , e já olhei com o advog…

-Se você se casasse, você poderia criar uma nova empresa, com um nome novo, passava todos os recursos pra essa nova empresa, pelo menos você ganharia tempo , antes de os Cortesi nos processarem.

-Mas a justiça de todas as formas , iria bloquear o meu patrimônio e o da minha “esposa”- Alberto deu uma ênfase irônica na última palavra e continuou.- e tudo iria dar na mesma,e pior minha “esposinha” ainda iria querer a parte dela ou você acha que uma mulher vai fazer isso só porque simplesmente quer ajudar?

-Sim eu sei. - Fernando já tinha pensado em tudo - Por isso eu pensei que você poderia abrir uma offshore em algum paraíso fiscal, colocasse em nome da sua esposa, e transferisse toda a verba para a conta dela..

Alberto pensou que realmente Fernando estaria ficando maluco.

-Isso seria crime, é lavagem de dinheiro. Mesmo assim iriam investigar. Meu amigo, você parece que não está vendo que eu estou com a corda no pescoço e atado e você está querendo me meter em mais um problema?

-Isso não é crime, Alberto, é uma manobra completamente legal em nosso país, muitos empresários fazem isso para protegerem os seus bens.- Fernando respondeu- Você pode consultar isso com o nosso advogado o doutor Marcelo.- Fernando já estava começando a ficar inquieto, e foi até a sua adega para pegar uma bebida. -Ao menos você ganha tempo… um tempo para terminar os outros projetos, e se os Cortesi quiserem processar que nos processem, é só declararmos um estado de falência, eles teriam que esperar, a justiça é bem lenta, mas ao menos você não perderia todo o seu patrimônio, teria ainda recursos para pagar a folha dos funcionários e ainda entregar os projetos - Fernando deu uma golada no Whisky - Ao menos até resolvermos essa sujeira a qual Tomaz nos enfiou. - Fernando andava de um lado para o outro com a bebida na mão analisando a expressão de Alberto.

Mesmo assim Alberto não estava convencido. E pior, cogitar a ideia de se casar. Que loucura. Esse meu amigo, além de um bêbado é um maluco.

-É porque não casa você? - Alberto perguntou sério.

-Você confiaria a sua empresa no nome da minha esposa?- Brincou Fernando.

-Tudo bem Fernando! -Suspirou e pausou - Agora me diz uma coisa, já que você calculou todo esse plano “perfeito” me diga. Que mulher de “confiança” aceitaria fazer parte de uma coisa dessas?

…..

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo