CAPÍTULO 6

Em vários momentos seus olhares se cruzaram.

Ela não pode evitar de se questionar.

“O que será que ele tá pensando? Porque está me olhando desse jeito?”

Mas rapidamente tratou de tirar esses tipos de pensamentos

“Deve ser coisa da minha cabeça.”

Clara pode observar mais de perto o quanto ele era bonito, mesmo ele estando com um semblante cansado, ainda assim ele era muito atraente e charmoso.

“É, tão lindo, mas sou eu conheço essa fera aí nos piores dias”.

-Então, vocês concordam que vai ser necessário mais mão de obra e mais máquinas para agilizar a finalização do projeto? - Alberto falava.

-Sim , eu concordo, de todas as formas é um recurso que devemos investir, não adianta só mão de obra, os tratores e escavadeiras também são importantes para agilizar o trabalho. -Um dos acionistas falou.

-Então tudo certo. A assistente Clara irá formular e avaliar o contrato e assim que ele estiver pronto, vamos assinar. - Alberto tomou uma xícara de café. - Então agora se vocês me permitem eu finalizo a reunião por enquanto, qualquer dúvida ou sugestão estarei a disposição, se me derem licença tenho outra reunião marcada.

Assim que todos já iam saindo , Alberto chamou Fernando.

-Venha comigo para a minha sala, preciso falar com você.

E saíram os dois da sala indo em direção a presidência.

-Esta tudo bem? - Fernando

-Não, não está tudo bem não. - Alberto trancou a porta e se virou para encarar Fernando - Isso é um jogo sujo, e essa moça é decente e honesta, ela jamais vai concordar com isso.

-Oh então você cogitou a ideia?

-Claro que não. - Alberto respondeu

-Então porque o receio por Clara? -Fernando estava intrigado

-Cala a boca, fala baixo, ela está na sala ao lado e pode ouvir.

-E então? .. - Fernando com cautela- Você sabe que não temos muita opções e nem muito tempo. Devemos pensar rápido. Enquanto a Clara , a gente pode contar com ela , ela vai nos ajudar. - Fernando sentía que estava pisando em ovos.- É só você oferecer um bom dinheiro para ela..

-O quê você disse ?- Alberto parecia não acreditar nas palavras de Fernando.

-Tenho certeza que vai ser um valor menor que 12 milhões, pode acreditar.

Ao ouvir essas palavras, Alberto baixou a bola.

A ideia de perder 12 milhões, fez com que uma pequena chama de desespero começasse em seu interior. Ele não queria perder a sua empresa.

-É mas ela não vai aceitar?

-Ela vai aceitar, e tudo isso depende só de você?- Fernando deu dois tapinhas no ombro de Alberto.

-De mim?- Indagou ele confuso.

-Éh de você.

-Mas será que não seria melhor pedir a ajuda dela, sem precisar de um casamento? Se ela é confiável e pode ajudar, então não precisamos nos relacionarmos.- Alberto na tentativa de escapar desse plano.

-É aí que você se engana, meu caro, pense comigo, se você não tiver uma relação com ela , mais precisamente vinculado a ela,futuramente pode ser que você tenha problemas para recuperar o seu dinheiro depois.

-Você acha que ela seria capaz?- Alberto indagou curioso.

-Hoje eu não acho, mas não sei, vai que Tomaz inventa algum plano e acaba virando o jogo e Clara passa para o lado de lá.

-É realmente…- Alberto começava a entender o jogo.

-Pois então, você precisa se garantir ou você é quem não se acha capaz de fazer uma pessoa como ela se apaixonar por você?- Fernando foi certeiro.

A provocação começou a surtir efeito, pois Alberto inexplicavelmente se sentiu desconfortável. Como assim Clara não se apaixonaria por ele?

Qualquer mulher ficaria com ele, se ele estalasse os dedos.

O seu Ego fora atingido?

-Como não?! Mulheres é que não falta, eu consigo amarrar uma mulher a mim, sem nem precisar assumir ela se eu quiser.

-Então, sorte é que não vai te faltar, o resto é com você.- Fernando zombava.

-Você me mete nessa e quer sair fora?- Alberto estava indignado e ao mesmo tempo receoso.

-Eu não quero entrar no relacionamento amoroso de vocês, um triângulo amoroso tiraria o totalmente o foco do nosso objetivo.- Fernando continuava zombando.

-Então se for dessa forma, não vai ser difícil para mim, hoje mesmo eu começo esse desafio.

Para Alberto a palavra casamento era um terror. Desde o seu primeiro noivado onde cancelara o seu casamento com Mara por não se sentir preparado para formar uma família e amargar vivendo uma rotina, aturando o ciúme doentio dela ,ele não quis mais saber de comprometimento. Mas sabendo que o que ele mais amava estava em jogo, todo o seu patrimônio, e de entregar de bandeja toda o triunfo para Tomaz , ele começou a considerar a ideia absurda de Fernando.

Para ele, o ato de casar-se para salvar a sua empresa era como ter o seu orgulho pisoteado.

Alberto e Fernando gostavam de Clara , mas como funcionária , ela tinha um trabalho excelente, era muito competente e habilidosa em tudo o que fazia.

Alberto já cogitava dispensar Valéria justamente por ela não ser tão eficiente como Clara. Mas olhar ela como mulher para se relacionar, Alberto nunca quis, ele não queria misturar as coisas e nem perder a excelente funcionária, ele sempre temeu isso, e agora o que ele sempre temeu, aconteceu.

Ele intencionalmente não queria ver Clara com outros olhos. Por isso nunca deu em cima dela, apesar dela ser muito bonita e inteligente.

Mas agora, as circunstâncias eram outras, ele precisava da ajuda dela e ela teria que colaborar de qualquer maneira.

….

DUAS HORAS DEPOIS

Depois de finalizar a outra reunião, Alberto chega novamente ao escritório e vai entrando direto na sala de Fernando, e então ele desabafa.

-Aceito essa solução, com uma condição.

-E qual é?- Fernando, que estava escrevendo, levantou a cabeça e olhou fixamente para Alberto parado ali na sua frente.

-Eu não quero me envolver emocionalmente e amorosamente com Clara.

-Tudo bem, você quem decide.

Fernando imaginava que Alberto diria isso.

Um mulherengo com uma moça decente?

Por Deus.

O que ele não imaginava é que seu amigo iria se arrepender amargamente por isso.

...

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