Ofegante e assustada, Elena mal conseguiu entender o que estava acontecendo. Ainda no chão, a mulher tenta se levantar, mas é segurada fortemente pelo pescoço.
“Patrocinada exclusivamente por Stuart Álvarez, não é?”, pergunta sarcasticamente o homem de cabelos cor de mel.
“Você foi bem longe, temos que admitir”, comenta Valentina. “Mas suas fontes, por mais que sejam boas, não são exatamente perfeitas.
Elena ouve a porta se fechando com um leve estrondo. As luzes se acendem.
Não é um cômodo comum. Não é nem mesmo um escritório. Ao invés de lâmpadas convencionais, todo o ambiente está iluminado por uma fraca luz roxa. Ao invés de cadeiras e mesas, há uma enorme cama bem no centro. Nas paredes, há uma espécie de suporte com o que parecem ser correntes.
A jornalista não tem tempo de fazer perguntas ou sequer entender aonde está.
“Faça essa cretina ficar de pé, Evan”, ordena o homem de cabelos escuros.
Evan rudemente a levanta do chão, ainda segurando-a com força pelo pescoço.
“Olhem só para o rostinho dela. Coitadinha.”
A risada que sai da garganta dele, no entanto, não denota nenhuma piedade. O bilionário de olhos claros continua:
“O que devemos fazer com ela, James?”
“Essa é uma excelente pergunta.”
“Por favor, esperem”, implora Elena. “Não façam nada, por favor.”
“Já começaram os suplícios e os pedidos de misericórdia?”, debocha Valentina. “Foi bem mais rápido que a última vez.”
“Última vez?”, murmura Helena.
James se aproxima do rosto da garota e segura com força no queixo dela.
“Acha que é a primeira que tenta entrar aqui? Acha que nós não sabemos exatamente quem passa pela nossa porta?”
“Eu-”
“Apenas para você saber, garota, Stuart Álvarez foi formalmente expulso da nossa corporação há quase um ano. Ele tentou medir poder conosco, e teve sua devida punição.”
Os dedos de Evan se afrouxam quando ele solta o pescoço de Elena, empurrando-a mais uma vez. Trôpega, ela não cai, mas se encolhe ao se virar para os dois homens que a encurralam como um coelho. Ela segura com força a bolsa.
“Vamos fazer isso do jeito fácil. Passe essa porcaria pra cá”, diz o homem de cabelos claros.
“E nem pense em resistir. Não há mais saída pra você.”
Elena, desesperada e sem muitas opções, decide entregar a bolsa contendo o gravador e o celular. Com lágrimas nos olhos, ela tenta negociar:
"Por favor, não façam nada comigo. Eu prometo que não vou divulgar nada sobre vocês, eu juro! Só me deixem ir embora, por favor!"
Valentina e os homens riem de forma debochada, parecendo se divertir com o medo da jornalista.
“Então é isso? A imprensa quer saber de nós?”
“Eu só estou fazendo o meu trabalho. Não tenho nada contra vocês! Eu juro!”
“Talvez você não tenha de fato nada contra nós”, diz James. “Mas no que isso exatamente implica? Que seus superiores querem nos constranger? Que eles querem nos ver ferrados e com nossas devidas imagens manchadas?”
Evan, abrindo a bolsa da mulher e jogando todo o seu conteúdo no chão como se esvaziasse uma bolsa de lixo, prossegue:
“Seus superiores nos querem numa bandeja de prata, mas são covardes demais para ir atrás de nós. Então… O que eles fazem?”
Diante do silêncio amedrontado da garota, o bilionário prossegue:
“Eles mandam a cachorrinha fiel ávida por um lugar ao sol. Deixe-me adivinhar. A vida toda você foi só uma menininha medíocre que cresceu com uma irmã mais velha mais bonita e sexy que você. Então, para compensar, resolveu investir na sua carreira e provar aos outros que é melhor do que ela?”
Elena bufa de frustração, e pelas quase verdades que Evan diz, mas engole em seco e tenta não perder a cabeça. Ao invés disso, ela fala num tom mais firme do que o anterior:
“Se me deixarem sair, se me pouparem, prometo que peço demissão. Digo que não encontrei nada, que nem consegui entrar aqui. E eu sumo! Sumo de verdade! Da vida de vocês e desta cidade. Mas não me façam mal, por favor.”
"Oh, querida, você não entendeu ainda?", diz Valentina, se aproximando de Elena com um olhar ameaçador. "Você já sabe demais, e agora é tarde para voltar atrás. Nós não podemos deixar testemunhas vivas."
Elena sente seu coração afundar ao ouvir aquelas palavras. Ela percebe que não há esperança de escapar daquela situação. Sem alternativas, decide tentar uma última cartada.
"Se vocês me matarem, a polícia vai investigar e encontrar todos vocês! Isso vai ser o fim do seu clube secreto!"
Os dois homens soltam gargalhadas baixas e ameaçadoras. Valentina nem mesmo se abala com a ameaça, erguendo uma das sobrancelhas ao invés disso. Por fim, ela sorri com desdém.
"Acha mesmo que a polícia pode fazer alguma coisa contra nós? Nós temos poder e influência suficiente para que nenhuma investigação vá para frente. Além disso, já tivemos nosso acordo com a polícia em várias ocasiões. Ninguém vai nos deter."
Elena se sente ainda mais acuada. Ela percebe que não há saída e que seu destino está selado. Seu corpo treme de medo e ela sente as lágrimas escorrerem por seu rosto.
"Por favor, eu tenho uma família, pessoas que me amam. Vocês não podem fazer isso comigo", suplica ela, com a voz trêmula.
James e Evan parecem se divertir ainda mais com o desespero da mulher. O homem de cabelos claros se aproxima dela e coloca uma mão em seu rosto.
"Sabe, querida, é uma pena que as coisas tenham acabado assim para você. Mas você entendeu demais, e agora não podemos correr riscos.”
“Não!”
“Resistir é inútil.”
“Por favor, eu imploro!”
“Seu pedido de socorro não nos comove, mulher tola, ainda não percebeu?!”
Elena estava em um pesadelo vivo, encurralada por indivíduos que não tinham escrúpulos. As palavras frias e impiedosas dos sequestradores ecoavam em seus ouvidos, enquanto sua mente trabalhava freneticamente em busca de uma saída.
Ela sentia seu corpo tremer de medo e suas lágrimas continuavam a fluir livremente. No entanto, apesar de todo o terror que estava vivenciando, uma centelha de determinação brilhava em seus olhos.
"Por favor, não faça isso", ela sussurra com voz trêmula. "Há outra maneira. Podemos encontrar um acordo."
Valentina solta uma risada mordaz.
"Um acordo? Você acha que pode negociar conosco? Pare de bancar a idiota."
Num arrombo de força e coragem genuinamente assustadores, a mulher de cabelos castanhos dá um soco com toda a força no rosto do bilionário de olhos azuis.
Ao mesmo tempo, ela corre em direção à porta que, para seu total e completo alívio, não estava trancada.
Trôpega devido à adrenalina e aos saltos altos que ameaçavam se romper em contato com o chão, a jornalista sabe que tem muito a percorrer antes de chegar à saída. O som de seus passos ecoando pelas paredes, juntamente com o ruído da música de fundo, soa como um pesadelo psicodélico.
A garganta de Elena dói enquanto ela respira ofegantemente, e o barulho da música fica um pouco mais alto. Ela sabe que deve parar de correr para não chamar a atenção dos outros, mas em contraponto terá que andar rápido o suficiente para não ser pega.
Ao virar uma esquina, a música está muito mais estridente. Era a hora de parar com a corrida desenfreada e andar tranquilamente, ou o mais tranquilamente que conseguisse, até a saída.
Mas uma dor lancinante a atinge pelo lado esquerdo das costas; uma picada de agulha.
Não, não uma agulha.
Os olhos arregalados de Elena só conseguem notar parcialmente o que a atingiu. E então, tudo fica escuro.
Pois ela havia sido atingida por um dardo tranquilizante.
Com a visão turva e o corpo enfraquecido, Elena luta para se mexer, mas não consegue.Seus sentidos parecem distantes, e suas pernas se recusam a obedecer aos comandos de seu cérebro. O som alto da música ecoa em seus ouvidos, misturando-se com as risadas zombeteiras dos dois homens sádicos que a observam."Não…", ela balbucia, tentando desesperadamente resistir à sedação que toma conta de seu corpo.James e Evan se aproximam dela novamente, com sorrisos satisfeitos estampados em seus rostos. Valentina se junta a eles com uma pequena arma nas mãos, observando a cena com prazer. A jornalista lutava para manter os olhos abertos e focados, mas seu corpo estava cedendo rapidamente à ação do tranquilizante.O chão frio em contato com a sua pele não é nada se comparado ao gelo do tom de voz do homem de cabelos escuros."É uma pena que você tenha decidido fazer isso da maneira mais difícil", diz James, observando a mulher estatelada. "Mas, de qualquer forma, você já sabia que não sairia daqu
As mãos de Elena tremiam violentamente, fazendo a corrente que forçava seus braços para trás tilintar de forma irritante. James sorri.“Que bom que entendeu como as coisas funcionam, garota.”Ela tenta não cuspir na cara do bilionário, franzindo os lábios antes de encará-los mais uma vez."O que vocês querem que eu faça?", Elena pergunta, tentando controlar o tremor em sua voz.James se aproxima dela, e Evan guarda o canivete. A tensão no ambiente é palpável.Os dois homens olham mais uma vez um para o outro, como se estivessem conversando mentalmente. Finalmente, vem a conclusão. Eles seriam diretos em sua proposta.A resposta de James vem em um tom grave e calculado:"Nós temos inimigos, pessoas que querem nos derrubar. Nós precisamos de alguém como você, com suas habilidades jornalísticas e sua determinação, para nos ajudar a nos proteger e a garantir que nossos segredos permaneçam enterrados."“Então querem que eu seja uma espiã?”O homem de cabelo louro como mel esclarece:“Espiõ
O chefe gordo e bonachão de Elena, o editor-chefe do jornal, pareceu ligeiramente assustado ao ver Elena em sua sala sem o gravador, sem a bolsa e sem nada que pudesse evidenciar os crimes que testemunhara no covil dos Lobos Negros."E então?", perguntou ele, impaciente.Desconfortável, Elena pensou na conveniente desculpa da qual foi instruída por Evan e James.Ela engoliu em seco, forçando-se a parecer natural, mesmo que seu coração batesse freneticamente em seu peito. Olhou diretamente nos olhos de seu editor-chefe, lutando para manter a compostura."Foi uma noite e tanto, senhor Gomes," começou Elena, tentando manter a voz firme. "Mas acho que tenho uma pista a seguir."Antes que o homem indagasse, ela prosseguiu com sua mentira:"Os senhores Evan Hawthorne e James Blackwood não têm qualquer envolvimento com a máfia ou recursos ilegais. No entanto, sei de alguém que pode ser de fato perigoso."Elena sentiu as mãos suando. Ela não sabia quem era aquele que estava prestes a receber
Encolhida contra à parede, vestindo o que poderiam ser as roupas de uma prosituta, Elena abraçou com força os joelhos enquanto os Lobos Negros a observavam."Essa não parece a expressão de alguém que está prestes a ser recompensada", comentou em tom irônico o de cabelos negros.Evan completou:"Não mesmo. Parece que está prestes a ir para a forca."Emudecida, a mulher apenas abraçou com mais força as próprias pernas. Ela se recusava a olhar diretamente para eles."O que há de errado? Nós lhe demos a informação falsa, comprovamos que nosso bode expiatório era perigoso e agora as pessoas sabem de toda a verdade.""De toda a verdade?", debochou Elena. "Ou a verdade que vocês plantaram?""E isso importa, querida?", retrucou James. "Você teve aquilo o que merecia. Seu reconhecimento dentro da empresa."Ela chegou a respirar antes de replicar o Lobo, mas foi interrompida com um severo olhar de ambos; o olhar de quem a puniria se pasasse demais dos limites.Elena desistiu de tentar discutir.
A voz familiar fez o coração de Elena pular uma batida. Ela virou-se lentamente, tentando esconder o pânico em seus olhos."Elena, é você?" A irmã se aproximava, a preocupação estampada em seu rosto."Oi, Clara," respondeu Elena, sua voz tremendo levemente. "O que você está fazendo aqui?""Cheguei na cidade hoje," respondeu Clara, seus olhos rapidamente analisando o estado de Elena. "Você está bem? Parece... diferente.""Estou bem."Mas o rubor nas bochechas de Elena denunciava que não, ela não estava exatamente bem.Mordendo o lábio para conter as emoções e sensações avassaladoras que tomavam conta de seu corpo, a mascote dos Lobos perguntou à irmã:"Aconteceu alguma coisa? Pensei que nunca mais voltaria a morar aqui."A fisionomia de Clara mudou de apreensão para algo bem mais triste, mas ela sutilmente tentou disfarçar."Bom, sobre isso...""O quê?"Parecendo um tanto quanto constrangida, Clara começou a brincar com as madeixas de seus longos cabelos castanhos-escuros."Será que po
O coração de Elena disparou. O pânico que ela tentava esconder agora estava à vista de todos."James," ela conseguiu dizer, tentando manter a voz firme.Clara olhou para o homem com desconfiança, seus olhos se estreitando."Quem é ele, Elena?"James sorriu, mas seus olhos permaneciam frios."Um amigo. Estava passando por aqui e vi você. Pensei em dar um oi."Os olhos claros do homem, no entanto, estavam frios como gelo. A mascote dos Lobos podia ver detalhadamente cada pensamento obscuro que se passava em sua mente. Punida. Elena seria punida por ter tentado traí-los. A ideia de ser torturada novamente a atingiu em cheio, deixando-na tão apavorada que era impossível disfarçar."Amigo?" Clara perguntou, sua voz cheia de dúvida.Elena sabia que não tinha como sair dessa facilmente."Sim, Clara, ele é... um amigo."James olhou para Clara, a análise e o leve deboche evidente em seus olhos."E você deve ser a irmã dela. Clara, certo? Elena fala muito de você."A mulher de longas madeixas
Em casa, enquanto arrumava as próprias malas, Elena tentou não tremer diante da presença de Evan. James havia se encarregado pessoalmente de explicar ao chefe da moça o porque ela se ausentaria.Ela não sabia os detalhes, muito menos se James iria mesmo até o escritório da revista local, mas resolveu não fazer perguntas. Quanto menos impertinente fosse, mais chances tinha de aproveitar aquela brecha de gentileza inesperada da dupla implacável de Lobos."Mascote." A voz de Evan soou no ambiente.Elena o olhou de soslaio enquanto continuava a arrumar as próprias roupas. O homem de cabelos escuros estava sentado no pufe preto ao lado da cama, bebericando o chá que ele havia ordenado que a jornalista fizesse assim que chegaram no apartamento."Sim?"Evan cruzou as pernas, observando-a com um olhar calculista e penetrante."Você entende a seriedade da situação, não entende? James está fazendo um grande favor a você."Elena engoliu em seco e assentiu."Eu entendo. Agradeço a ambos por isso.
O coração de Elena parou por um instante, e seu estômago revirou. Ela olhou para Evan, esperando que ele estivesse brincando, mas o olhar impassível e frio no rosto dele deixava claro que não havia espaço para dúvidas ou questionamentos. Cada fibra do seu ser gritava para que ela se rebelasse, para que lutasse contra aquela humilhação, mas sabia que não havia saída. Não naquela situação.Com mãos trêmulas, ela começou a desabotoar a camisa, os olhos fixos no chão. A tensão no ambiente era palpável, e a respiração dela parecia ecoar em seus próprios ouvidos.Evan permaneceu em silêncio, observando-a como um predador prestes a atacar. Cada movimento dela era analisado com precisão cirúrgica, cada hesitação anotada mentalmente.Elena tirou a camisa e começou a desabotoar as calças, sentindo-se despida de qualquer dignidade, não apenas fisicamente, mas emocionalmente também. Era como se estivesse despindo todas as suas defesas, todas as suas resistências, e se entregando completamente ao