As mãos de Elena tremiam violentamente, fazendo a corrente que forçava seus braços para trás tilintar de forma irritante. James sorri.
“Que bom que entendeu como as coisas funcionam, garota.”
Ela tenta não cuspir na cara do bilionário, franzindo os lábios antes de encará-los mais uma vez.
"O que vocês querem que eu faça?", Elena pergunta, tentando controlar o tremor em sua voz.
James se aproxima dela, e Evan guarda o canivete. A tensão no ambiente é palpável.
Os dois homens olham mais uma vez um para o outro, como se estivessem conversando mentalmente. Finalmente, vem a conclusão. Eles seriam diretos em sua proposta.
A resposta de James vem em um tom grave e calculado:
"Nós temos inimigos, pessoas que querem nos derrubar. Nós precisamos de alguém como você, com suas habilidades jornalísticas e sua determinação, para nos ajudar a nos proteger e a garantir que nossos segredos permaneçam enterrados."
“Então querem que eu seja uma espiã?”
O homem de cabelo louro como mel esclarece:
“Espiões são caros e habilidosos. Eu duvido muito que você consiga destrancar uma porta com um alfinete, ou manejar armas. O que nós queremos é que você diga exatamente o que todos dentro do seu jornalzinho sujo e fajuto sabe.”
“Você fará com eles exatamente o que tentou fazer aqui. E para você ver o quão disposto estamos a ter essas informações, vamos até mesmo fornecer falsas notícias para você levar ao seu jornal. Você sabe, para que ganhe mais credibilidade.”
Os lábios de Elena estão secos quando ela tenta argumentar:
“Mas… Se me derem notícias falsas, eu vou me tornar popular por causa de mentiras. Isso é a maior afronta que se pode fazer com um jornalista.”
“Isso não é problema nosso, querida”, diz James. “E afinal de contas, não foi você quem nos disse que faria o que quiséssemos?”
“Sim, mas-”
“Não tem ‘mas’, querida. É a sua vida que está sendo negociada aqui.”
Os olhos da moça se enchem de lágrimas.
“Antes que responda, no entanto, acreditamos que podemos oferecer algo a mais.”
Confusa, a moça apenas espera o que eles têm a dizer.
Um verdadeiro sorriso sádico toma conta do rosto de ambos, mas é em Evan que o brilho doentio e repleto de luxúria permanece por mais tempo. E também é ele que pergunta num tom sussurrante:
“Diga-me: o que você sabia sobre nós antes de vir para cá?”
Ela olha para baixo e responde sinceramente:
“Sabia que muitos milionários e bilionários vinham aqui se encontrar. Que havia uma forte suspeita de esquemas ilegais, ligação com a máfia, corrupção política… Muita coisa.”
“E mandaram você nesse ninho de cobras, de todas as pessoas que podiam vir? Talvez um policial? Uma equipe inteira?”
“Eu me voluntariei.”
Ambos fazem uma expressão de surpresa genuína. Elena continua:
“Eu trabalho naquele lugar há quase cinco anos e ninguém sequer olha pra mim. Queria fazer a diferença na redação; queria ser notada, reconhecida. Mas… Mas estou aqui.”
James cruza os braços e solta uma gargalhada irônica.
“Que discurso derrotista, mocinha. Você acabou de tirar a sorte grande!”
“Sim, eu tenho sorte por estar viva e obrigada por me pouparem”, ela murmura, totalmente desanimada.
“Não apenas viva, mas como vai ganhar uma promoção no trabalho e ter contato direto com os Lobos Negros.”
“Lobos Negros?”
Evan revira os olhos.
“Sim. Eu e James.”
“Vocês são os líderes de tudo isso, não são?”
O silêncio deles é o confirmação o suficiente. Elena apenas suspira e volta a olhar para baixo.
“O bônus adicional, querida, é que como trabalhará diretamente para gente, será extremamente vigiada e controlada de perto. Precisaremos saber exatamente onde você está e o que está fazendo.”
Antes que a mulher possa falar qualquer coisa, James prossegue:
“Isso significa que haverá uma mudança radical em sua vida. Tudo deve mudar, e isso inclui seu endereço, os lugares que vai, seu vestuário.”
“Mas… Eu não entendo.”
“Então permita-me ser claro. Qual é o seu nome, garota?”
“Elena.”
Ambos repetem em uníssono, como se aquilo tudo fosse uma espécie de ritual bizarro:
“Elena…”
A moça franze as sobrancelhas. Evan volta a falar;
“Elena, você irá pertencer a nós. Sua vida, sua existência, seu corpo… Tudo isso será nosso.”
O jeito que ele fala aquilo, a certeza em cada palavra…
“Ainda não entendo o que querem dizer”, ela responde, olhando de um para o outro.
Evan se aproxima lentamente de Elena, seus olhos percorrendo cada detalhe dela com um olhar faminto. Ela sente um arrepio percorrer sua espinha, uma sensação de inquietação tomando conta de seu corpo. O sorriso sádico do bilionário se amplia enquanto ele continua a falar, sua voz agora ainda mais carregada de luxúria e dominação.
"Querida Elena, você será nossa submissa. Irá se entregar completamente a nós, obedecendo a cada ordem que lhe dermos. Seu corpo será nosso playground, e faremos com ele o que bem entendermos."
Os olhos de Elena se arregalam em choque e horror.
"Vocês são loucos! Isso é inaceitável! Eu não sou um objeto que vocês podem controlar!", protesta ela, tentando resistir à ideia aterradora que lhe é apresentada.
James ri.
"Você não tem escolha, querida. Já está encurralada, e agora deve decidir se quer fazer isso do jeito difícil ou se prefere ser uma boa garota e cooperar."
"Isso é repugnante! Vocês são monstruosos!", exclama Elena, com lágrimas de indignação em seus olhos.
"Monstruosos? Talvez. Mas nós somos os monstros que comandam esse mundo, e você não tem outra opção senão se curvar diante de nós", diz James com um olhar frio e implacável.
Evan se aproxima ainda mais, tocando o rosto de Elena com uma expressão predatória.
"Você não tem ideia do que está perdendo, querida. Será uma experiência única e prazerosa para todos nós. Não percebe o que estamos oferecendo? Esta noite você não passaria de um mero cadáver morto, jogado em um lugar tão escuro que nem mesmo a luz do sol conseguiria te alcançar. Mas agora… Agora você tem tudo. Tudo o que quiser a um simples alcance da mão.”
Elena sente uma mistura de medo e nojo, mas também percebe que está diante de uma escolha impossível. Se recusar, eles podem matá-la ali mesmo, ou a manter em cativeiro indefinidamente. E se concordar, sua vida estará completamente nas mãos desses predadores.
Ela fecha os olhos por um momento, lutando consigo mesma, mas sabe que não tem escolha. A sobrevivência é uma necessidade básica, e ela fará o que for preciso para sobreviver.
"Está bem", murmura ela, com a voz trêmula. "Eu... Eu vou cooperar."
A voz grave e ao mesmo tempo rouca de James está repleta de orgulho e felicidade.
“Uma sábia decisão.”
Um assobio agudo soa no cômodo quando James segura os próprios lábios. Era um sinal.
Segundos depois, Valentina ressurge de onde é que estivesse. Provavelmente estava a par de toda a conversa, mas não tinha permissão para participar.
“Traga os documentos agora. Mudança de planos”, ordena Evan.
Enquanto isso, o homem de cabelos escuros dá meia volta e começa a retirar as correntes que prendem os braços de Elena. Assim que acaba, ela não consegue segurar o alívio de sentir novamente os membros livres, gemendo.
“Que belo som, Elena”, ele diz em seu ouvido, causando-lhe arrepios. “Imagino o que mais poderei fazer com você quando tudo isso estiver finalmente resolvido.”
Valentina volta com uma prancheta e uma caneta em uma das mãos.
Evan e James, ainda de pé, sorriem para ela.
Elena não diz nada, apenas continua os encarando, totalmente derrotada… E curiosa.
É o bilionário de olhos azuis que diz, então:
“Vamos redigir o seu contrato, nossa pequena mascote.”
O chefe gordo e bonachão de Elena, o editor-chefe do jornal, pareceu ligeiramente assustado ao ver Elena em sua sala sem o gravador, sem a bolsa e sem nada que pudesse evidenciar os crimes que testemunhara no covil dos Lobos Negros."E então?", perguntou ele, impaciente.Desconfortável, Elena pensou na conveniente desculpa da qual foi instruída por Evan e James.Ela engoliu em seco, forçando-se a parecer natural, mesmo que seu coração batesse freneticamente em seu peito. Olhou diretamente nos olhos de seu editor-chefe, lutando para manter a compostura."Foi uma noite e tanto, senhor Gomes," começou Elena, tentando manter a voz firme. "Mas acho que tenho uma pista a seguir."Antes que o homem indagasse, ela prosseguiu com sua mentira:"Os senhores Evan Hawthorne e James Blackwood não têm qualquer envolvimento com a máfia ou recursos ilegais. No entanto, sei de alguém que pode ser de fato perigoso."Elena sentiu as mãos suando. Ela não sabia quem era aquele que estava prestes a receber
Encolhida contra à parede, vestindo o que poderiam ser as roupas de uma prosituta, Elena abraçou com força os joelhos enquanto os Lobos Negros a observavam."Essa não parece a expressão de alguém que está prestes a ser recompensada", comentou em tom irônico o de cabelos negros.Evan completou:"Não mesmo. Parece que está prestes a ir para a forca."Emudecida, a mulher apenas abraçou com mais força as próprias pernas. Ela se recusava a olhar diretamente para eles."O que há de errado? Nós lhe demos a informação falsa, comprovamos que nosso bode expiatório era perigoso e agora as pessoas sabem de toda a verdade.""De toda a verdade?", debochou Elena. "Ou a verdade que vocês plantaram?""E isso importa, querida?", retrucou James. "Você teve aquilo o que merecia. Seu reconhecimento dentro da empresa."Ela chegou a respirar antes de replicar o Lobo, mas foi interrompida com um severo olhar de ambos; o olhar de quem a puniria se pasasse demais dos limites.Elena desistiu de tentar discutir.
A voz familiar fez o coração de Elena pular uma batida. Ela virou-se lentamente, tentando esconder o pânico em seus olhos."Elena, é você?" A irmã se aproximava, a preocupação estampada em seu rosto."Oi, Clara," respondeu Elena, sua voz tremendo levemente. "O que você está fazendo aqui?""Cheguei na cidade hoje," respondeu Clara, seus olhos rapidamente analisando o estado de Elena. "Você está bem? Parece... diferente.""Estou bem."Mas o rubor nas bochechas de Elena denunciava que não, ela não estava exatamente bem.Mordendo o lábio para conter as emoções e sensações avassaladoras que tomavam conta de seu corpo, a mascote dos Lobos perguntou à irmã:"Aconteceu alguma coisa? Pensei que nunca mais voltaria a morar aqui."A fisionomia de Clara mudou de apreensão para algo bem mais triste, mas ela sutilmente tentou disfarçar."Bom, sobre isso...""O quê?"Parecendo um tanto quanto constrangida, Clara começou a brincar com as madeixas de seus longos cabelos castanhos-escuros."Será que po
O coração de Elena disparou. O pânico que ela tentava esconder agora estava à vista de todos."James," ela conseguiu dizer, tentando manter a voz firme.Clara olhou para o homem com desconfiança, seus olhos se estreitando."Quem é ele, Elena?"James sorriu, mas seus olhos permaneciam frios."Um amigo. Estava passando por aqui e vi você. Pensei em dar um oi."Os olhos claros do homem, no entanto, estavam frios como gelo. A mascote dos Lobos podia ver detalhadamente cada pensamento obscuro que se passava em sua mente. Punida. Elena seria punida por ter tentado traí-los. A ideia de ser torturada novamente a atingiu em cheio, deixando-na tão apavorada que era impossível disfarçar."Amigo?" Clara perguntou, sua voz cheia de dúvida.Elena sabia que não tinha como sair dessa facilmente."Sim, Clara, ele é... um amigo."James olhou para Clara, a análise e o leve deboche evidente em seus olhos."E você deve ser a irmã dela. Clara, certo? Elena fala muito de você."A mulher de longas madeixas
Em casa, enquanto arrumava as próprias malas, Elena tentou não tremer diante da presença de Evan. James havia se encarregado pessoalmente de explicar ao chefe da moça o porque ela se ausentaria.Ela não sabia os detalhes, muito menos se James iria mesmo até o escritório da revista local, mas resolveu não fazer perguntas. Quanto menos impertinente fosse, mais chances tinha de aproveitar aquela brecha de gentileza inesperada da dupla implacável de Lobos."Mascote." A voz de Evan soou no ambiente.Elena o olhou de soslaio enquanto continuava a arrumar as próprias roupas. O homem de cabelos escuros estava sentado no pufe preto ao lado da cama, bebericando o chá que ele havia ordenado que a jornalista fizesse assim que chegaram no apartamento."Sim?"Evan cruzou as pernas, observando-a com um olhar calculista e penetrante."Você entende a seriedade da situação, não entende? James está fazendo um grande favor a você."Elena engoliu em seco e assentiu."Eu entendo. Agradeço a ambos por isso.
O coração de Elena parou por um instante, e seu estômago revirou. Ela olhou para Evan, esperando que ele estivesse brincando, mas o olhar impassível e frio no rosto dele deixava claro que não havia espaço para dúvidas ou questionamentos. Cada fibra do seu ser gritava para que ela se rebelasse, para que lutasse contra aquela humilhação, mas sabia que não havia saída. Não naquela situação.Com mãos trêmulas, ela começou a desabotoar a camisa, os olhos fixos no chão. A tensão no ambiente era palpável, e a respiração dela parecia ecoar em seus próprios ouvidos.Evan permaneceu em silêncio, observando-a como um predador prestes a atacar. Cada movimento dela era analisado com precisão cirúrgica, cada hesitação anotada mentalmente.Elena tirou a camisa e começou a desabotoar as calças, sentindo-se despida de qualquer dignidade, não apenas fisicamente, mas emocionalmente também. Era como se estivesse despindo todas as suas defesas, todas as suas resistências, e se entregando completamente ao
Silverbook era uma cidade linda.Bem diferente da que havia deixado para trás, pensou Elena, dentro do luxuoso carro de Evan. Era ele que ficaria de olho na mulher enquanto a mesma ficasse hospedada na casa de Clara.As ruas de Silverbook eram adornadas com árvores frondosas e flores coloridas que contrastavam vivamente com os edifícios de arquitetura antiga, mas bem conservada. O sol da manhã iluminava a cidade de uma maneira que parecia tirada de um cartão postal, e por um breve momento, Elena conseguiu esquecer a tensão e o medo que a acompanhavam desde sua última... conversa com Evan.O carro parou suavemente em frente a uma casa elegante e imponente, cercada por um jardim bem cuidado."Você não mencionou que sua irmã morava numa casa tão bela", comentou o Lobo, a primeira frase que havia dito durante a viagem inteira."Eu não sabia. Mas provavelmente conseguiu porque algum homem rico bancou ela", respondeu a mulher, olhando para ele. "E porque você não deixou que ela mesmo me tro
Ela olhou em volta, mas a praça estava deserta, apenas a brisa noturna balançando as folhas das árvores. Talvez fosse só paranoia, ou talvez realmente estivesse sendo vigiada. De qualquer forma, não podia se dar ao luxo de hesitar.Elena entrou no hotel e foi recebida por um recepcionista simpático que prontamente fez o check-in. Após pegar a chave do quarto, subiu pelo elevador antigo, que rangeu ao subir, até o terceiro andar. O quarto era pequeno, mas confortável, com uma janela que dava vista para a rua principal.Ela jogou a bolsa na poltrona e se jogou na cama, encarando o teto. As últimas horas haviam sido uma montanha-russa emocional, e agora ela precisava de um plano. Evan havia prometido cuidar das despesas do tratamento de sua mãe, mas o preço era alto demais.Pensou no documento que ele mencionara. Silverbook era uma cidade pequena, e isso significava que havia poucos lugares onde algo tão importante pudesse estar guardado. Suspeitava que precisaria se infiltrar em alguma