06. Teste

Encolhida contra à parede, vestindo o que poderiam ser as roupas de uma prosituta, Elena abraçou com força os joelhos enquanto os Lobos Negros a observavam.

"Essa não parece a expressão de alguém que está prestes a ser recompensada", comentou em tom irônico o de cabelos negros.

Evan completou:

"Não mesmo. Parece que está prestes a ir para a forca."

Emudecida, a mulher apenas abraçou com mais força as próprias pernas. Ela se recusava a olhar diretamente para eles.

"O que há de errado? Nós lhe demos a informação falsa, comprovamos que nosso bode expiatório era perigoso e agora as pessoas sabem de toda a verdade."

"De toda a verdade?", debochou Elena. "Ou a verdade que vocês plantaram?"

"E isso importa, querida?", retrucou James. "Você teve aquilo o que merecia. Seu reconhecimento dentro da empresa."

Ela chegou a respirar antes de replicar o Lobo, mas foi interrompida com um severo olhar de ambos; o olhar de quem a puniria se pasasse demais dos limites.

Elena desistiu de tentar discutir. Afinal, eles estavam certos. Ela assinou um contrato com eles, era sua mascote e deveria obedecer sem questionar. Mas...

"Esse cara, o tal de Paul..."

"O que tem ele?", perguntou o homem de cabelos claros.

"O que ele fez a vocês para que quisessem tanto vê-lo ferrado?"

Os dois homens trocaram um olhar carregado de significado antes de se voltarem para Elena. James foi o primeiro a falar, com um tom de voz que era tanto condescendente quanto ameaçador.

"Paul Hoshiro não é apenas um empresário qualquer. Ele se intrometeu em negócios que não deveria, mexeu em vespeiros perigosos e, pior ainda, tentou nos derrubar para tomar nosso lugar."

Evan, com a expressão igualmente fria, acrescentou:

"Ele subestimou nossa capacidade de reação. Nós não apenas sobrevivemos a tentativas de sabotagem, mas também nos fortalecemos com cada ataque. Hoshiro achou que poderia nos destruir e tomar tudo o que construímos, mas ele se enganou redondamente."

Elena ouviu em silêncio, absorvendo cada palavra. Ela sabia que estava mergulhando cada vez mais fundo em um jogo perigoso, um jogo em que a verdade era moldada conforme os interesses dos poderosos. Sentiu um frio na espinha ao pensar no que poderia acontecer se ela própria se tornasse um alvo.

"Então, foi tudo por vingança?", arriscou ela, sua voz tremendo levemente. "Vocês destruíram a vida dele por vingança?"

Evan riu, um som seco e sem humor.

"Vingança é uma palavra muito simplória, Elena. O que fizemos foi assegurar nossa posição e enviar uma mensagem clara: ninguém nos desafia impunemente."

James se aproximou, seus olhos escuros fixos nos dela.

"Você está começando a entender, não está? No mundo real, não há espaço para fraqueza. As pessoas jogam sujo, e só os mais fortes sobrevivem."

"Então, o que acontece agora?", perguntou ela, tentando manter a voz firme.

"Agora nós damos a você um presentinho."

Antes que Elena pudesse formular qualquer frase, Evan ordenou:

"Levante-se."

Era uma voz de comando, autoritária, ríspida e absolutamente sem brechas para qualquer tipo de desobediência.

"Venha até nós."

Sentindo a garganta oscilar ao engolir em seco, Elena obedeceu. Foi a passos vacilantes em direção do belo homem. Apesar de canalha, ela não podia negar que ele era absurdamente atraente.

Evan olhou para James e fez um pequeno gesto afirmativo com o queixo. O comparsa e grande empresário de negócios retirou do bolso da camisa uma caixa preta de veludo. Era pequena o suficiente para que Elena cogitasse uma aliança de casamento.

"Abra."

E assim ela o fez.

Havia um objeto metálico do tamanho de uma unha dentro da caixa. Era de formato oval, e não se parecia em nada com uma joia.

"O que é isso?", perguntou Elena, intrigada.

O sorriso do Lobo de cabelos escuros pareceu bem mais assustador do que qualquer outra coisa que a mulher já havia visto.

"Um vibrador."

Elena sentiu seu rosto arder de vergonha e raiva ao mesmo tempo. Seus olhos se fixaram no pequeno objeto metálico na caixa de veludo, enquanto sua mente tentava compreender a humilhação implícita naquilo.

"Um vibrador?", repetiu, sua voz falhando.

"Sim," respondeu James com um sorriso cruel. "Mas não é um vibrador comum. Ele está equipado com um rastreador e um microfone. O que acha disso, mascote?"

Elena olhou para os dois homens, sentindo uma mistura de desespero e repulsa. Ela queria gritar, protestar, mas sabia que estava completamente à mercê deles.

"Por que estão fazendo isso?", perguntou, sua voz carregada de um medo que ela mal conseguia conter.

Evan se aproximou, colocando uma mão fria e pesada em seu ombro.

"Você é nossa, Elena," disse ele, sua voz baixa e perigosa.  "Cada movimento seu, cada palavra que você disser, estará sob nosso controle. Não se esqueça disso. Você escolheu entrar nesse jogo, e agora não há como sair."

A moça sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Sabia que não tinha escolha a não ser obedecer, mas a ideia de ser monitorada de forma tão íntima era quase insuportável.

James estendeu a mão, pegando o objeto da caixa e entregando-o a Elena.

"Vá ao banheiro e coloque isso," ordenou. "E lembre-se, estaremos ouvindo."

Elena pegou o objeto, sua mão tremendo visivelmente. Sem dizer uma palavra, ela se dirigiu ao banheiro adjacente, sentindo-se mais vulnerável e humilhada do que nunca. Ela sabia que estava presa em uma armadilha, e que qualquer tentativa de resistência só pioraria sua situação.

Fechando a porta atrás de si, ela olhou para o espelho e quase não reconheceu a mulher que via refletida. Respirou fundo, tentando acalmar seu coração acelerado. Sabia que precisava ser forte, mesmo que a situação fosse desesperadora.

Era simples: obedecer ou morrer. Morrer não parecia nada agradável, por mais que obedecer também estivesse sendo uma tortura.

Com mãos trêmulas, ela inseriu o dispositivo, sentindo uma mistura de vergonha e resignação. Quando terminou, olhou para si mesma no espelho mais uma vez, tentando encontrar um vestígio da coragem que sabia que precisaria para enfrentar o que viria a seguir.

Ao sair do banheiro, encontrou Evan e James esperando por ela, sorrisos satisfeitos em seus rostos.

"Muito bem," disse James, seu tom cheio de falsa gentileza.

"Agora precisamos que faça algo por nós."

Se pudesse, Elena bufaria.

"Claro."

"Nós notamos que suas roupas são bastante... reveladoras."

Elena se recusou a olhar para baixo, para os trajes nada modestos e voluptuosos.

"E daí?"

"E daí que achamos que um pouco de exibicionismo faria bem para você", respondeu Evan.

"Não estou entendendo."

"Porque não dá um passeio pela cidade, querida? Está fazendo um belo dia hoje."

Elena queria gritar, protestar, perguntar do que se tratava tudo aquilo. Mas ao invés disso, da forma mais recatada possível, ela abriu um sorriso falso e disse:

"Claro. Sim, senhor."

Elena sabia que estava sendo empurrada para uma nova forma de humilhação pública. A ideia de caminhar pelas ruas vestida como estava, ainda mais com o conhecimento do que carregava dentro de si, era aterrorizante. Mas o olhar de James e Evan, friamente determinado, não deixava espaço para dúvidas ou protestos.

"Mantenha seu celular ligado e na linha. Nós vamos querer conversar com você durante o passeio."

Ela respirou fundo e tentou manter a compostura enquanto saía do prédio, sem coragem de olhar mais uma vez nos olhos deles. Cada passo que dava era uma lembrança dolorosa de sua vulnerabilidade. As roupas provocantes atraíam olhares de todos os lados, e ela sentia a vergonha queimando em sua pele.

Os Lobos Negros a seguiram, mantendo uma distância respeitosa, mas suficiente para observá-la. Evan estava segurando um celular, claramente pronto para capturar qualquer momento de hesitação ou fraqueza de Elena.

"Isso é um teste, mascote," disse ele, com sua voz carregada de ironia. "Queremos ver até onde você está disposta a ir para nos agradar."

Elena engoliu em seco, lutando contra as lágrimas que ameaçavam brotar. Ela sabia que não poderia mostrar fraqueza. Continuou andando, tentando ignorar os olhares e os sussurros ao seu redor.

A moça passou por lojas, cafés e praças, cada passo parecendo uma eternidade. A sensação do vibrador dentro dela era uma constante lembrança de sua submissão. O celular, sempre encostado na orelha caso houvesse novas ordens, era também uma ameaça implícita. Quais seriam as punições se ela simplesmente saísse correndo, desesperada, para a delegacia mais próxima?

Então...

Uma sensação de tremor começou no meio de suas pernas. Elena não podia acreditar.

"Como está indo, Elena?" A voz de Evan ecoou pelo celular, um tom casual como se estivessem apenas fazendo uma verificação rotineira.

"Estou indo bem", respondeu ela, sua voz soando tensa e artificial, tentando esconder a luta interna.

Quanto mais ela caminhava, no entanto, maior a sensação do vibrador se tornava. Até que, mesmo tomada pela raiva, outra sensação começou a surgir: luxúria, desejo...

Seu corpo a traiu. Sua mente dizia que se opusesse àquilo, que lutasse, mas não havia nada que Elena pudesse fazer ao sentir os seios enrijecer, a região íntima se tornar quente e úmida, e o rubor nas bochechas aumentar.

Ela se esforçou para desviar a atenção dos olhares curiosos ao seu redor, tentando manter o foco na sua caminhada. No entanto, a sensação de calor e o crescente desejo estavam tornando cada vez mais difícil controlar sua resposta física. Ela tentava lembrar-se da sua determinação em não ceder, mas o prazer inesperado era uma força poderosa contra a qual ela estava lutando.

O celular em sua orelha continuava a emitir a voz de Evan, impiedosa e insensível.

"Você parece estar se saindo bem, Elena", disse Evan, sua voz carregada de uma satisfação maliciosa. "Acho que você está começando a se acostumar com a situação."

Elena respirou fundo, tentando manter a voz firme.

"Sim, estou bem", conseguiu ela dizer, embora a sua voz soasse tremida e incerta.

"Ótimo. Continue assim. Queremos ver até onde você pode ir."

Ela sentiu o olhar dos passantes, os murmúrios que começavam a se formar ao seu redor. Cada passo era uma tortura, e seu coração acelerava com cada minuto que passava. 

Com as mãos trêmulas, ela tentou se concentrar em continuar a caminhada, ignorando a crescente sensação de calor e desejo que tomava conta de seu corpo. Cada movimento parecia provocar uma resposta ainda mais intensa, e a sensação de vergonha estava se misturando com um desejo que ela não conseguia entender.

Quando ela estava quase no fim da rua, uma voz conhecida cortou o som da cidade. Era uma voz que ela não esperava ouvir em um momento tão crítico.

"Elena?"

Era sua irmã.

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