A voz familiar fez o coração de Elena pular uma batida. Ela virou-se lentamente, tentando esconder o pânico em seus olhos.
"Elena, é você?" A irmã se aproximava, a preocupação estampada em seu rosto.
"Oi, Clara," respondeu Elena, sua voz tremendo levemente. "O que você está fazendo aqui?"
"Cheguei na cidade hoje," respondeu Clara, seus olhos rapidamente analisando o estado de Elena. "Você está bem? Parece... diferente."
"Estou bem."
Mas o rubor nas bochechas de Elena denunciava que não, ela não estava exatamente bem.
Mordendo o lábio para conter as emoções e sensações avassaladoras que tomavam conta de seu corpo, a mascote dos Lobos perguntou à irmã:
"Aconteceu alguma coisa? Pensei que nunca mais voltaria a morar aqui."
A fisionomia de Clara mudou de apreensão para algo bem mais triste, mas ela sutilmente tentou disfarçar.
"Bom, sobre isso..."
"O quê?"
Parecendo um tanto quanto constrangida, Clara começou a brincar com as madeixas de seus longos cabelos castanhos-escuros.
"Será que podemos conversar em outro lugar?"
"O que aconteceu?", insistiu Elena.
"Não quero falar disso aqui, no meio da rua."
No celular de Elena, a voz de Evan soou novamente:
"Você deveria ver o que ela quer, doçura."
"E então?", perguntou Clara.
Antes que Elena pudesse responder à irmã, Evan comunicou:
"Você tem permissão de tirar o seu brinquedinho no banheiro, se essa é a sua preocupação em falar com sua irmãzinha."
Um ato de bondade inesperado? Ou apenas mais uma forma de confundi-la e brincar com seus sentimentos? Elena não sabia o que sentir diante daquilo, mas aproveitou a brecha e comunicou à Clara:
"Claro. Porque não vamos num café?"
"Certo. Você decide qual."
Elena guiou Clara até um pequeno café próximo, sentindo a pressão do olhar atento de Evan e James, que provavelmente estavam monitorando cada passo seu. Entraram no estabelecimento e se sentaram em uma mesa nos fundos, longe dos outros clientes. Elena estava consciente de cada movimento, tentando manter a compostura apesar da situação desesperadora.
"Vou ao banheiro rapidinho, ok?", disse Elena, tentando soar casual.
Clara assentiu, olhando ao redor, ainda preocupada.
"Claro, vou pedir um café para nós."
Elena foi ao banheiro e, depois de entrar em uma das cabines reservadas, com mãos trêmulas, removeu o vibrador sentindo um alívio imediato, embora soubesse que a verdadeira tensão ainda estava por vir.
Olhando para o próprio reflexo no espelho do estabelecimento, a moça se perguntou o que era tão grave a ponto de Clara precisar falar pessoalmente com ela, ao invés de dar a notícia por telefone. Logo ela, que anos antes, havia dito com todas as letras que iria embora daquela "cidade de fracassados" e encontrar um lugar "de verdade" para morar.
Ela lavou o rosto, respirou fundo e guardou o apetrecho dentro de um dos bolsos do short minúsculo e voltou para a mesa, tentando parecer mais controlada.
Ao vê-la de volta, Clara não conseguiu conter um comentário irônico:
"Nunca pensei que um dia iria te ver usando esse tipo de roupa."
Tentando em vão não se sentir ofendida, afinal estava mesmo parecendo bem à vontade com aquele modelito, Elena sentou-se à mesa.
"Pedi seu favorito", comunicou a irmã, apontando para a xícara fumegante.
Elena encarou o café com leite, baunilha e canela e tentou agradecer pela gentileza, mas sua frustração com o constante monitoramento dos bilionários em seu cangote, além da aparição totalmente surpresa de Clara, a impediu.
Depois de dar um gole no café, a jornalista perguntou:
"E então? O que houve?'
Clara suspirou profundamente, seus olhos enchendo-se de lágrimas enquanto tentava encontrar as palavras certas. Elena sentiu um aperto no coração, uma sensação de que algo terrível estava por vir.
"Nossa mãe está doente, Elena," disse Clara, sua voz embargada. "Ela está internada no hospital."
Elena sentiu um choque percorrer seu corpo. Definitivamente, de todas as coisas que ela poderia ter falado, aquela não era uma das opções esperadas...
"O quê? Doente como? O que aconteceu?"
Clara enxugou uma lágrima que escorria pelo rosto. "Ela começou a se sentir mal há algumas semanas. Estava cansada, sem apetite, e com dores que não passavam. Fomos ao médico e, depois de vários exames, descobriram que é algo sério. Ainda não sabem exatamente o que é, mas é grave."
O mundo de Elena parecia desmoronar ao seu redor.
"Por que você não me contou antes? Eu teria voltado imediatamente."
"Eu não queria te preocupar sem ter certeza," explicou Clara, segurando a mão de Elena. "Mas agora as coisas pioraram, e eu precisava que você soubesse. Precisamos estar juntas, por ela."
Os olhos de Elena se encheram de lágrimas. As lembranças de sua mãe, que nunca foi exatamente amorosa ou protetora com ela, passaram por sua mente como um pequeno filme. Mesmo que houvessem se distanciado, mesmo que Clara sempre tenha sido a filha favorita... Ela não poderia abandoná-la.
"Preciso que venha comigo pra Silverbook. Eu... Nós duas preicsamos da sua ajuda."
O celular estava desligado. Isso queria dizer que nem Evan nem James estavam escutando a confissão de sua irmã. Será que ela deveria arriscar contar parte da verdade pra ela?
"Eu... Não posso, Clara."
"O quê? Porque não?"
Nervosa, Elena olhou ao redor, tentando notar qualquer sinal dos Lobos. É claro que eles estavam perto e observando de algum lugar, mas...
... não havia nenhum sinal visível deles. O café estava movimentado, mas ninguém parecia prestando atenção demais nas duas.
"Elena, por favor," Clara insistiu, com um misto de confusão e desespero em sua voz. "O que está acontecendo? Por que você não pode?"
Elena respirou fundo, tentando encontrar uma maneira de explicar sem expor tudo.
"Clara, eu... estou em uma situação complicada agora. Não é seguro para mim sair daqui. Pelo menos, não por enquanto."
Clara olhou para ela, incrédula.
"Complicada? Do que você está falando? Isso é mais importante do que qualquer coisa. Nossa mãe precisa de nós."
Era agora ou nunca. Enquanto estava temporariamente longe da vigília absurda dos bilionários, ela deveria contar tudo, ou pelo menos tudo aquilo que realmente importava.
Ajeitando-se na cadeira e inclinando-se para mais perto da irmã, Elena abriu a boca, pronta para falar tudo, mas...
Uma mão macia e calejada ao mesmo tempo encostou no seu ombro exposto. A jornalista sentiu um arrepio se espalhando por todo o seu corpo ao olhar para quem estava ali atrás dela.
Os cabelos negros de James oscilaram levemente quando ele inclinou o pescoço para o lado, como um gato prestes a encurralar um rato.
"Elena. Que bom vê-la."
O coração de Elena disparou. O pânico que ela tentava esconder agora estava à vista de todos."James," ela conseguiu dizer, tentando manter a voz firme.Clara olhou para o homem com desconfiança, seus olhos se estreitando."Quem é ele, Elena?"James sorriu, mas seus olhos permaneciam frios."Um amigo. Estava passando por aqui e vi você. Pensei em dar um oi."Os olhos claros do homem, no entanto, estavam frios como gelo. A mascote dos Lobos podia ver detalhadamente cada pensamento obscuro que se passava em sua mente. Punida. Elena seria punida por ter tentado traí-los. A ideia de ser torturada novamente a atingiu em cheio, deixando-na tão apavorada que era impossível disfarçar."Amigo?" Clara perguntou, sua voz cheia de dúvida.Elena sabia que não tinha como sair dessa facilmente."Sim, Clara, ele é... um amigo."James olhou para Clara, a análise e o leve deboche evidente em seus olhos."E você deve ser a irmã dela. Clara, certo? Elena fala muito de você."A mulher de longas madeixas
Em casa, enquanto arrumava as próprias malas, Elena tentou não tremer diante da presença de Evan. James havia se encarregado pessoalmente de explicar ao chefe da moça o porque ela se ausentaria.Ela não sabia os detalhes, muito menos se James iria mesmo até o escritório da revista local, mas resolveu não fazer perguntas. Quanto menos impertinente fosse, mais chances tinha de aproveitar aquela brecha de gentileza inesperada da dupla implacável de Lobos."Mascote." A voz de Evan soou no ambiente.Elena o olhou de soslaio enquanto continuava a arrumar as próprias roupas. O homem de cabelos escuros estava sentado no pufe preto ao lado da cama, bebericando o chá que ele havia ordenado que a jornalista fizesse assim que chegaram no apartamento."Sim?"Evan cruzou as pernas, observando-a com um olhar calculista e penetrante."Você entende a seriedade da situação, não entende? James está fazendo um grande favor a você."Elena engoliu em seco e assentiu."Eu entendo. Agradeço a ambos por isso.
O coração de Elena parou por um instante, e seu estômago revirou. Ela olhou para Evan, esperando que ele estivesse brincando, mas o olhar impassível e frio no rosto dele deixava claro que não havia espaço para dúvidas ou questionamentos. Cada fibra do seu ser gritava para que ela se rebelasse, para que lutasse contra aquela humilhação, mas sabia que não havia saída. Não naquela situação.Com mãos trêmulas, ela começou a desabotoar a camisa, os olhos fixos no chão. A tensão no ambiente era palpável, e a respiração dela parecia ecoar em seus próprios ouvidos.Evan permaneceu em silêncio, observando-a como um predador prestes a atacar. Cada movimento dela era analisado com precisão cirúrgica, cada hesitação anotada mentalmente.Elena tirou a camisa e começou a desabotoar as calças, sentindo-se despida de qualquer dignidade, não apenas fisicamente, mas emocionalmente também. Era como se estivesse despindo todas as suas defesas, todas as suas resistências, e se entregando completamente ao
Silverbook era uma cidade linda.Bem diferente da que havia deixado para trás, pensou Elena, dentro do luxuoso carro de Evan. Era ele que ficaria de olho na mulher enquanto a mesma ficasse hospedada na casa de Clara.As ruas de Silverbook eram adornadas com árvores frondosas e flores coloridas que contrastavam vivamente com os edifícios de arquitetura antiga, mas bem conservada. O sol da manhã iluminava a cidade de uma maneira que parecia tirada de um cartão postal, e por um breve momento, Elena conseguiu esquecer a tensão e o medo que a acompanhavam desde sua última... conversa com Evan.O carro parou suavemente em frente a uma casa elegante e imponente, cercada por um jardim bem cuidado."Você não mencionou que sua irmã morava numa casa tão bela", comentou o Lobo, a primeira frase que havia dito durante a viagem inteira."Eu não sabia. Mas provavelmente conseguiu porque algum homem rico bancou ela", respondeu a mulher, olhando para ele. "E porque você não deixou que ela mesmo me tro
Ela olhou em volta, mas a praça estava deserta, apenas a brisa noturna balançando as folhas das árvores. Talvez fosse só paranoia, ou talvez realmente estivesse sendo vigiada. De qualquer forma, não podia se dar ao luxo de hesitar.Elena entrou no hotel e foi recebida por um recepcionista simpático que prontamente fez o check-in. Após pegar a chave do quarto, subiu pelo elevador antigo, que rangeu ao subir, até o terceiro andar. O quarto era pequeno, mas confortável, com uma janela que dava vista para a rua principal.Ela jogou a bolsa na poltrona e se jogou na cama, encarando o teto. As últimas horas haviam sido uma montanha-russa emocional, e agora ela precisava de um plano. Evan havia prometido cuidar das despesas do tratamento de sua mãe, mas o preço era alto demais.Pensou no documento que ele mencionara. Silverbook era uma cidade pequena, e isso significava que havia poucos lugares onde algo tão importante pudesse estar guardado. Suspeitava que precisaria se infiltrar em alguma
Uma semana havia se passado desde aquela noite. Silverbook seguia seu ritmo lento, mas para Elena, os dias tinham sido uma mistura de ansiedade e tensão. Ela havia visitado sua mãe diariamente no hospital, onde o tratamento finalmente estava em andamento. A cada visita, via a melhora gradual de sua mãe, mas também sentia o peso crescente do que havia feito para chegar até ali.Ela e Clara não se falaram mais desde então. Não que Elena realmente quisesse se reaproximar da irmã. Ela havia sido totalmente descortês e rude ao jogar toda a responsabilidade financeira em cima da jornalista, ainda mais ao dizer coisas tão vis como aquela.Batidas se fizeram ouvir na porta do quarto do hotel. Bufando, Elena respondeu que não queria serviço de quarto, mas houve insistência de quem quer que fosse."Já disse que não quero serviço de quarto", reclamou Elena novamente.A porta se abriu mesmo assim.Um belo homem de cabelos claros e olhos azuis adentrou o cômodo, vestindo roupas sociais sofitiscada
...um refúgio inesperado em meio ao caos de sua vida. Os toques de Evan e James eram simultaneamente delicados e ardentes, cada carícia carregando um significado profundo. Era como se, por um momento, todas as suas preocupações e responsabilidades fossem deixadas de lado, permitindo-lhe ser apenas Elena.O quarto parecia envolver os três em um casulo de calor e intimidade. As luzes suaves lançavam sombras dançantes nas paredes, e o som do vinho sendo despejado nas taças misturava-se aos sussurros e risos suaves. Elena sentia-se envolta em um véu de segurança e desejo, algo que há muito não experimentava.Evan a puxou gentilmente para seu colo, continuando a beijá-la com uma paixão controlada, enquanto suas mãos exploravam a curva de suas costas. James, do outro lado, a mantinha perto, murmurando palavras de carinho em seu ouvido, seus lábios traçando um caminho de fogo por seu pescoço e ombros.Cada toque, cada beijo parecia dissipar um pouco mais da tensão que Elena carregava em seus
Evan e James estavam em uma sala escura e repleta de tecnologia avançada, seus rostos iluminados apenas pelo brilho das telas dos computadores. A tensão no ambiente era palpável, e ambos estavam claramente nervosos com a situação que se desenrolava."O rastreador diz que ela está no limiar da cidade," Evan murmurou, sua voz grave e cheia de preocupação. Seus dedos deslizavam rapidamente sobre o teclado, tentando rastrear o sinal.James estava ao seu lado, com o olhar fixo na tela e a mandíbula tensa. Ele se levantou e começou a andar de um lado para o outro, as mãos entrelaçadas atrás das costas."Por que não conseguimos encontrar mais informações sobre quem a pegou?" James perguntou, sua voz carregada de frustração. "Todas as câmeras estão offline e nada aponta para uma identidade clara.""É como se eles soubessem exatamente como se manter fora do radar," Evan respondeu, sua expressão concentrada. "Preciso descobrir onde exatamente ela está. Se eu conseguir um ponto de referência, po