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07. O passado b**e à porta

A voz familiar fez o coração de Elena pular uma batida. Ela virou-se lentamente, tentando esconder o pânico em seus olhos.

"Elena, é você?" A irmã se aproximava, a preocupação estampada em seu rosto.

"Oi, Clara," respondeu Elena, sua voz tremendo levemente. "O que você está fazendo aqui?"

"Cheguei na cidade hoje," respondeu Clara, seus olhos rapidamente analisando o estado de Elena. "Você está bem? Parece... diferente."

"Estou bem."

Mas o rubor nas bochechas de Elena denunciava que não, ela não estava exatamente bem.

Mordendo o lábio para conter as emoções e sensações avassaladoras que tomavam conta de seu corpo, a mascote dos Lobos perguntou à irmã:

"Aconteceu alguma coisa? Pensei que nunca mais voltaria a morar aqui."

A fisionomia de Clara mudou de apreensão para algo bem mais triste, mas ela sutilmente tentou disfarçar.

"Bom, sobre isso..."

"O quê?"

Parecendo um tanto quanto constrangida, Clara começou a brincar com as madeixas de seus longos cabelos castanhos-escuros.

"Será que podemos conversar em outro lugar?"

"O que aconteceu?", insistiu Elena.

"Não quero falar disso aqui, no meio da rua."

No celular de Elena, a voz de Evan soou novamente:

"Você deveria ver o que ela quer, doçura."

"E então?", perguntou Clara.

Antes que Elena pudesse responder à irmã, Evan comunicou:

"Você tem permissão de tirar o seu brinquedinho no banheiro, se essa é a sua preocupação em falar com sua irmãzinha."

Um ato de bondade inesperado? Ou apenas mais uma forma de confundi-la e brincar com seus sentimentos? Elena não sabia o que sentir diante daquilo, mas aproveitou a brecha e comunicou à Clara:

"Claro. Porque não vamos num café?"

"Certo. Você decide qual."

Elena guiou Clara até um pequeno café próximo, sentindo a pressão do olhar atento de Evan e James, que provavelmente estavam monitorando cada passo seu. Entraram no estabelecimento e se sentaram em uma mesa nos fundos, longe dos outros clientes. Elena estava consciente de cada movimento, tentando manter a compostura apesar da situação desesperadora.

"Vou ao banheiro rapidinho, ok?", disse Elena, tentando soar casual.

Clara assentiu, olhando ao redor, ainda preocupada.

"Claro, vou pedir um café para nós."

Elena foi ao banheiro e, depois de entrar em uma das cabines reservadas, com mãos trêmulas, removeu o vibrador sentindo um alívio imediato, embora soubesse que a verdadeira tensão ainda estava por vir.

Olhando para o próprio reflexo no espelho do estabelecimento, a moça se perguntou o que era tão grave a ponto de Clara precisar falar pessoalmente com ela, ao invés de dar a notícia por telefone. Logo ela, que anos antes, havia dito com todas as letras que iria embora daquela "cidade de fracassados" e encontrar um lugar "de verdade" para morar.

Ela lavou o rosto, respirou fundo e guardou o apetrecho dentro de um dos bolsos do short minúsculo e voltou para a mesa, tentando parecer mais controlada.

Ao vê-la de volta, Clara não conseguiu conter um comentário irônico:

"Nunca pensei que um dia iria te ver usando esse tipo de roupa."

Tentando em vão não se sentir ofendida, afinal estava mesmo parecendo bem à vontade com aquele modelito, Elena sentou-se à mesa.

"Pedi seu favorito", comunicou a irmã, apontando para a xícara fumegante.

Elena encarou o café com leite, baunilha e canela e tentou agradecer pela gentileza, mas sua frustração com o constante monitoramento dos bilionários em seu cangote, além da aparição totalmente surpresa de Clara, a impediu.

Depois de dar um gole no café, a jornalista perguntou:

"E então? O que houve?'

Clara suspirou profundamente, seus olhos enchendo-se de lágrimas enquanto tentava encontrar as palavras certas. Elena sentiu um aperto no coração, uma sensação de que algo terrível estava por vir.

"Nossa mãe está doente, Elena," disse Clara, sua voz embargada. "Ela está internada no hospital."

Elena sentiu um choque percorrer seu corpo. Definitivamente, de todas as coisas que ela poderia ter falado, aquela não era uma das opções esperadas...

"O quê? Doente como? O que aconteceu?"

Clara enxugou uma lágrima que escorria pelo rosto. "Ela começou a se sentir mal há algumas semanas. Estava cansada, sem apetite, e com dores que não passavam. Fomos ao médico e, depois de vários exames, descobriram que é algo sério. Ainda não sabem exatamente o que é, mas é grave."

O mundo de Elena parecia desmoronar ao seu redor.

"Por que você não me contou antes? Eu teria voltado imediatamente."

"Eu não queria te preocupar sem ter certeza," explicou Clara, segurando a mão de Elena. "Mas agora as coisas pioraram, e eu precisava que você soubesse. Precisamos estar juntas, por ela."

Os olhos de Elena se encheram de lágrimas. As lembranças de sua mãe, que nunca foi exatamente amorosa ou protetora com ela, passaram por sua mente como um pequeno filme. Mesmo que houvessem se distanciado, mesmo que Clara sempre tenha sido a filha favorita... Ela não poderia abandoná-la.

"Preciso que venha comigo pra Silverbook. Eu... Nós duas preicsamos da sua ajuda."

O celular estava desligado. Isso queria dizer que nem Evan nem James estavam escutando a confissão de sua irmã. Será que ela deveria arriscar contar parte da verdade pra ela?

"Eu...  Não posso, Clara."

"O quê? Porque não?"

Nervosa, Elena olhou ao redor, tentando notar qualquer sinal dos Lobos. É claro que eles estavam perto e observando de algum lugar, mas...

... não havia nenhum sinal visível deles. O café estava movimentado, mas ninguém parecia prestando atenção demais nas duas.

"Elena, por favor," Clara insistiu, com um misto de confusão e desespero em sua voz. "O que está acontecendo? Por que você não pode?"

Elena respirou fundo, tentando encontrar uma maneira de explicar sem expor tudo.

"Clara, eu... estou em uma situação complicada agora. Não é seguro para mim sair daqui. Pelo menos, não por enquanto."

Clara olhou para ela, incrédula.

"Complicada? Do que você está falando? Isso é mais importante do que qualquer coisa. Nossa mãe precisa de nós."

Era agora ou nunca. Enquanto estava temporariamente longe da vigília absurda dos bilionários, ela deveria contar tudo, ou pelo menos tudo aquilo que realmente importava.

Ajeitando-se na cadeira e inclinando-se para mais perto da irmã, Elena abriu a boca, pronta para falar tudo, mas...

Uma mão macia e calejada ao mesmo tempo encostou no seu ombro exposto. A jornalista sentiu um arrepio se espalhando por todo o seu corpo ao olhar para quem estava ali atrás dela.

Os cabelos negros de James oscilaram levemente quando ele inclinou o pescoço para o lado, como um gato prestes a encurralar um rato.

"Elena. Que bom vê-la."

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