Com a visão turva e o corpo enfraquecido, Elena luta para se mexer, mas não consegue.
Seus sentidos parecem distantes, e suas pernas se recusam a obedecer aos comandos de seu cérebro. O som alto da música ecoa em seus ouvidos, misturando-se com as risadas zombeteiras dos dois homens sádicos que a observam.
"Não…", ela balbucia, tentando desesperadamente resistir à sedação que toma conta de seu corpo.
James e Evan se aproximam dela novamente, com sorrisos satisfeitos estampados em seus rostos. Valentina se junta a eles com uma pequena arma nas mãos, observando a cena com prazer. A jornalista lutava para manter os olhos abertos e focados, mas seu corpo estava cedendo rapidamente à ação do tranquilizante.
O chão frio em contato com a sua pele não é nada se comparado ao gelo do tom de voz do homem de cabelos escuros.
"É uma pena que você tenha decidido fazer isso da maneira mais difícil", diz James, observando a mulher estatelada. "Mas, de qualquer forma, você já sabia que não sairia daqui viva, não é?"
Elena mal sente os dedos fortes e rudes dos dois, que a seguram um de cada lado. A inconsciência a arrasta antes que, de fato, os dois conseguissem mantê-la de pé.
Quando ela acorda, a primeira coisa que nota é que seus braços estão amarrados atrás das costas. Há uma sensação parecida nas suas duas pernas também. Seus olhos não conseguem detectar nada devido à escuridão ao redor, e a boca seca está coberta por uma mordaça.
Seu senso de gravidade confuso oscila por mais um momento, e minutos depois a mulher entende que está sentada. Não havia nenhum som por perto, nem mesmo o da festa.
Isso poderia significar duas coisas: que já havia se passado tempo o suficiente para os convidados terem ido embora, ou que ela fora arrastada para um outro lugar. Um lugar mais discreto e mais seguro, onde dois bilionários com sede de sangue pudessem se divertir à vontade.
Tentando ver o quão seu corpo estava entorpecido, Elena tenta mexer um pouco dos dedos. Um tilintar leve, mas alto o suficiente para ser notado devido ao silêncio total ao seu redor, chama a sua atenção imediatamente. Acorrentada; era assim que ela se encontrava.
“Ora, ora.”
A voz de Evan soa de algum lugar. Na mesma hora ela para de se mexer.
“Finalmente a Bela Adormecida resolveu acordar? Não havia tanto sedativo assim naquele dardo.”
O coração dela parecia que iria sair do peito, disparado com urgência máxima.
“Vocês não precisam fazer isso", ela tenta falar através da mordaça, mas sua voz sai abafada e ininteligível. Ela sente a ansiedade e o medo tomando conta de seu corpo, mas também uma determinação silenciosa de sobreviver.
A luz fraca começa a se filtrar de algum lugar, revelando parcialmente a figura de Valentina parada à sua frente. A mulher tem um sorriso sádico no rosto, e Elena pode sentir a presença de James e Evan, embora não consiga ver seus rostos.
Num gesto rude e rápido da mão, a loura alta e extremamente sensual tira a venda dos olhos de Elena.
"Vocês não precisam fazer isso", ela repete em sua mente, esperando que seus olhos suplicantes possam expressar o que suas palavras não conseguem.
Valentina consegue entender o recado silencioso e ri, um som frio e desdenhoso.
"Oh, mas precisamos, minha querida. Vocês jornalistas têm o péssimo hábito de se meter onde não são chamados e causar problemas para pessoas como nós. Não podemos deixar você sair por aí espalhando histórias sobre nossos negócios sujos."
Elena sente uma onda de pânico percorrendo seu corpo. Ela sabia que os riscos de seu trabalho como jornalista investigativa eram altos, mas nunca imaginou que acabaria em uma situação como essa.
"Por favor", ela tenta novamente, sua voz falhando com o medo e parcialmente bloqueada pela mordaça.
Dessa vez é Evan que perde a paciência, arrancando o pano que amarrava os lábios trêmulos e suplicantes de Elena. Uma vez livre para verbalizar, ela dispara a falar:
"Eu não vou contar a ninguém o que descobri aqui. Nunca, eu juro! Eles não me pagam o suficiente pra isso, eu só quero ficar viva. Não me façam mal, pelo amor de Deus! Só me deixem ir embora, prometo que ninguém saberá, eu prometo, prometo, prometo!"
"Entenda, querida, que seus apelos são até agradáveis aos nossos ouvidos, mas você já sabe demais", diz Evan, se aproximando dela. "E não podemos correr riscos."
Elena luta contra as amarras, mas é inútil. Ela está completamente à mercê desses predadores. Seus olhos se enchem de lágrimas, mas ela se força a se manter firme, recusando-se a ceder ao desespero.
"Vocês não precisam fazer isso", ela repete mais uma vez, a voz perdendo força e ficando cada vez mais sussurrada e falha, desta vez olhando nos olhos de Valentina. "Eu prometo, não vou contar a ninguém. Só me deixem ir."
Valentina parece considerar suas palavras por um momento, mas então seu sorriso sádico retorna.
"Oh, minha querida, você não entende. Não é uma questão de confiar em você. É uma questão de segurança para nós."
Elena sente uma injeção de adrenalina percorrendo seu corpo quando percebe o que eles estão prestes a fazer.
"Não", ela sussurra, em um misto de súplica e desafio.
O brilho nos olhos dos três é a coisa mais assustadora que Elena já viu em toda a sua vida. Ela começa a se debater; as correntes se sacudindo violentamente, mas deixando-a completamente imóvel e inútil.
Seus sussurros agora se tornam gritos desesperados de horror. Em meio aos berros, Valentina reclama:
“Porque foi mesmo que resolvemos tirar a mordaça dessa garota?”
“Ela vai se calar logo”, responde Evan, tirando do bolso um canivete suíço bastante afiado. “Um golpe na garganta e logo o único som será do sangue dela espalhando-se no chão.”
“E se nós a amordaçarmos mais uma vez e brincarmos um pouco?”, pergunta James.
“Você e esse humor doentio. Qual é a graça em torturar alguém que já está praticamente rendida?”
“Não, não. Ouça só esses gritos. Ela obviamente quer viver.”
Elena continuava a se debater desesperadamente, vendo sua vida inteira passando diante de seus olhos. Seu coração acelerado pulsava em seus ouvidos enquanto os olhos vidrados fixavam-se na figura sinistra de Evan, segurando o canivete afiado em suas mãos.
Valentina não parecia muito feliz ao ver toda aquela cena, querendo aparentemente acabar com tudo aquilo de forma rápida. James, por sua vez, parecia se divertir com o jogo sádico que estavam prestes a realizar.
Em meios aos gritos, no entanto, Elena tenta mais uma vez apelar para qualquer traço de humanidade dentro dos bilionários.
"Por que estão fazendo isso? O que ganham com tudo isso?", Elena perguntou, a voz trêmula e assustada, mas mantendo uma determinação teimosa.
"Não é sobre ganhar. É sobre ensinar uma lição a intrometidos como você", Valentina respondeu, com um sorriso malicioso. "Vocês jornalistas pensam que podem vasculhar a vida dos outros sem consequências, mas agora é hora de você aprender que há um preço a pagar."
Evan se aproximou ainda mais, segurando o canivete a centímetros do rosto de Elena.
"Não é nada pessoal, entenda. É apenas negócio. E a parte mais importante do nosso negócio é manter segredos.”
"Por favor, eu posso esquecer tudo o que vi aqui! Posso fingir que nada aconteceu!", Elena implorou, lágrimas escorrendo por seu rosto. "Deixem-me ir embora, eu juro que nunca mais escreverei uma palavra sobre vocês!"
"Não podemos correr riscos, Elena", Valentina respondeu friamente. "Se te deixarmos partir, quem garante que você não vai mudar de ideia e contar tudo para o mundo? Não, não podemos correr esse risco."
Elena respirou fundo, buscando coragem em meio ao terror que a consumia.
"Vocês não podem fazer isso! Isso é assassinato, é crime! Vocês vão ser pegos, eu prometo que vão!"
"Você realmente acredita nisso? É sério?", disse James, com um sorriso cínico. "Somos intocáveis, temos poder e influência. Podemos moldar a narrativa como quisermos. Ninguém vai nos impedir. O que ensinavam na sua faculdade, garota?”
A própria Elena não sabia o que estava fazendo, mas sabia que precisava ficar viva a todo custo.
Ela então encara os bilionários no fundo dos olhos e diz:
“Eu… Eu faço qualquer coisa que vocês quiserem. Qualquer coisa! Eu prometo!”
E surpreendentemente, ambos piscam: o único sinal de que ficaram levemente interessados.
Os dois homens se entreolham e ficam bastante tempo em silêncio.
“E então?”, murmura Elena, sentindo o peso das correntes afundá-la totalmente.
James olha uma vez para Valentina, que silenciosamente sai andando em direção à porta dos fundos.
Evan cruza os braços.
“Você é corajosa, garota.”
James abre um sorriso.
“E quer saber? Acho que sabemos exatamente o que você pode fazer por nós.”
Trêmula, mas muito grata por estar viva, tudo o que Elena faz é abaixar a cabeça e murmurar:
“Estou ouvindo.”
As mãos de Elena tremiam violentamente, fazendo a corrente que forçava seus braços para trás tilintar de forma irritante. James sorri.“Que bom que entendeu como as coisas funcionam, garota.”Ela tenta não cuspir na cara do bilionário, franzindo os lábios antes de encará-los mais uma vez."O que vocês querem que eu faça?", Elena pergunta, tentando controlar o tremor em sua voz.James se aproxima dela, e Evan guarda o canivete. A tensão no ambiente é palpável.Os dois homens olham mais uma vez um para o outro, como se estivessem conversando mentalmente. Finalmente, vem a conclusão. Eles seriam diretos em sua proposta.A resposta de James vem em um tom grave e calculado:"Nós temos inimigos, pessoas que querem nos derrubar. Nós precisamos de alguém como você, com suas habilidades jornalísticas e sua determinação, para nos ajudar a nos proteger e a garantir que nossos segredos permaneçam enterrados."“Então querem que eu seja uma espiã?”O homem de cabelo louro como mel esclarece:“Espiõ
O chefe gordo e bonachão de Elena, o editor-chefe do jornal, pareceu ligeiramente assustado ao ver Elena em sua sala sem o gravador, sem a bolsa e sem nada que pudesse evidenciar os crimes que testemunhara no covil dos Lobos Negros."E então?", perguntou ele, impaciente.Desconfortável, Elena pensou na conveniente desculpa da qual foi instruída por Evan e James.Ela engoliu em seco, forçando-se a parecer natural, mesmo que seu coração batesse freneticamente em seu peito. Olhou diretamente nos olhos de seu editor-chefe, lutando para manter a compostura."Foi uma noite e tanto, senhor Gomes," começou Elena, tentando manter a voz firme. "Mas acho que tenho uma pista a seguir."Antes que o homem indagasse, ela prosseguiu com sua mentira:"Os senhores Evan Hawthorne e James Blackwood não têm qualquer envolvimento com a máfia ou recursos ilegais. No entanto, sei de alguém que pode ser de fato perigoso."Elena sentiu as mãos suando. Ela não sabia quem era aquele que estava prestes a receber
Encolhida contra à parede, vestindo o que poderiam ser as roupas de uma prosituta, Elena abraçou com força os joelhos enquanto os Lobos Negros a observavam."Essa não parece a expressão de alguém que está prestes a ser recompensada", comentou em tom irônico o de cabelos negros.Evan completou:"Não mesmo. Parece que está prestes a ir para a forca."Emudecida, a mulher apenas abraçou com mais força as próprias pernas. Ela se recusava a olhar diretamente para eles."O que há de errado? Nós lhe demos a informação falsa, comprovamos que nosso bode expiatório era perigoso e agora as pessoas sabem de toda a verdade.""De toda a verdade?", debochou Elena. "Ou a verdade que vocês plantaram?""E isso importa, querida?", retrucou James. "Você teve aquilo o que merecia. Seu reconhecimento dentro da empresa."Ela chegou a respirar antes de replicar o Lobo, mas foi interrompida com um severo olhar de ambos; o olhar de quem a puniria se pasasse demais dos limites.Elena desistiu de tentar discutir.
A voz familiar fez o coração de Elena pular uma batida. Ela virou-se lentamente, tentando esconder o pânico em seus olhos."Elena, é você?" A irmã se aproximava, a preocupação estampada em seu rosto."Oi, Clara," respondeu Elena, sua voz tremendo levemente. "O que você está fazendo aqui?""Cheguei na cidade hoje," respondeu Clara, seus olhos rapidamente analisando o estado de Elena. "Você está bem? Parece... diferente.""Estou bem."Mas o rubor nas bochechas de Elena denunciava que não, ela não estava exatamente bem.Mordendo o lábio para conter as emoções e sensações avassaladoras que tomavam conta de seu corpo, a mascote dos Lobos perguntou à irmã:"Aconteceu alguma coisa? Pensei que nunca mais voltaria a morar aqui."A fisionomia de Clara mudou de apreensão para algo bem mais triste, mas ela sutilmente tentou disfarçar."Bom, sobre isso...""O quê?"Parecendo um tanto quanto constrangida, Clara começou a brincar com as madeixas de seus longos cabelos castanhos-escuros."Será que po
O coração de Elena disparou. O pânico que ela tentava esconder agora estava à vista de todos."James," ela conseguiu dizer, tentando manter a voz firme.Clara olhou para o homem com desconfiança, seus olhos se estreitando."Quem é ele, Elena?"James sorriu, mas seus olhos permaneciam frios."Um amigo. Estava passando por aqui e vi você. Pensei em dar um oi."Os olhos claros do homem, no entanto, estavam frios como gelo. A mascote dos Lobos podia ver detalhadamente cada pensamento obscuro que se passava em sua mente. Punida. Elena seria punida por ter tentado traí-los. A ideia de ser torturada novamente a atingiu em cheio, deixando-na tão apavorada que era impossível disfarçar."Amigo?" Clara perguntou, sua voz cheia de dúvida.Elena sabia que não tinha como sair dessa facilmente."Sim, Clara, ele é... um amigo."James olhou para Clara, a análise e o leve deboche evidente em seus olhos."E você deve ser a irmã dela. Clara, certo? Elena fala muito de você."A mulher de longas madeixas
Em casa, enquanto arrumava as próprias malas, Elena tentou não tremer diante da presença de Evan. James havia se encarregado pessoalmente de explicar ao chefe da moça o porque ela se ausentaria.Ela não sabia os detalhes, muito menos se James iria mesmo até o escritório da revista local, mas resolveu não fazer perguntas. Quanto menos impertinente fosse, mais chances tinha de aproveitar aquela brecha de gentileza inesperada da dupla implacável de Lobos."Mascote." A voz de Evan soou no ambiente.Elena o olhou de soslaio enquanto continuava a arrumar as próprias roupas. O homem de cabelos escuros estava sentado no pufe preto ao lado da cama, bebericando o chá que ele havia ordenado que a jornalista fizesse assim que chegaram no apartamento."Sim?"Evan cruzou as pernas, observando-a com um olhar calculista e penetrante."Você entende a seriedade da situação, não entende? James está fazendo um grande favor a você."Elena engoliu em seco e assentiu."Eu entendo. Agradeço a ambos por isso.
O coração de Elena parou por um instante, e seu estômago revirou. Ela olhou para Evan, esperando que ele estivesse brincando, mas o olhar impassível e frio no rosto dele deixava claro que não havia espaço para dúvidas ou questionamentos. Cada fibra do seu ser gritava para que ela se rebelasse, para que lutasse contra aquela humilhação, mas sabia que não havia saída. Não naquela situação.Com mãos trêmulas, ela começou a desabotoar a camisa, os olhos fixos no chão. A tensão no ambiente era palpável, e a respiração dela parecia ecoar em seus próprios ouvidos.Evan permaneceu em silêncio, observando-a como um predador prestes a atacar. Cada movimento dela era analisado com precisão cirúrgica, cada hesitação anotada mentalmente.Elena tirou a camisa e começou a desabotoar as calças, sentindo-se despida de qualquer dignidade, não apenas fisicamente, mas emocionalmente também. Era como se estivesse despindo todas as suas defesas, todas as suas resistências, e se entregando completamente ao
Silverbook era uma cidade linda.Bem diferente da que havia deixado para trás, pensou Elena, dentro do luxuoso carro de Evan. Era ele que ficaria de olho na mulher enquanto a mesma ficasse hospedada na casa de Clara.As ruas de Silverbook eram adornadas com árvores frondosas e flores coloridas que contrastavam vivamente com os edifícios de arquitetura antiga, mas bem conservada. O sol da manhã iluminava a cidade de uma maneira que parecia tirada de um cartão postal, e por um breve momento, Elena conseguiu esquecer a tensão e o medo que a acompanhavam desde sua última... conversa com Evan.O carro parou suavemente em frente a uma casa elegante e imponente, cercada por um jardim bem cuidado."Você não mencionou que sua irmã morava numa casa tão bela", comentou o Lobo, a primeira frase que havia dito durante a viagem inteira."Eu não sabia. Mas provavelmente conseguiu porque algum homem rico bancou ela", respondeu a mulher, olhando para ele. "E porque você não deixou que ela mesmo me tro