Meus Dois Bilionários
Meus Dois Bilionários
Por: Karen Moon
01. A sociedade

A música ao redor é inebriante.

Luzes coloridas dançam no teto e no chão, espalhando-se pelas paredes e pelos corpos dançantes das pessoas presentes. Homens e mulheres, trajados de forma luxuosa e voluptuosa, enchem o ambiente.

Elena, fazendo o melhor que pode para passar despercebida, não consegue evitar encarar minuciosamente cada detalhe do lugar.

Naquele mesmo dia, ela tinha sido incumbida de cobrir o que poderia ser o maior furo de reportagem de sua vida; a notícia que mudaria radicalmente sua carreira e finalmente a deixaria sob os tão sonhados holofotes do jornalismo.

Os sapatos de salto alto apertavam seus pés; as jóias no pescoço e os brincos desnecessariamente ostensivos incomodavam terrivelmente a pele sensível de suas orelhas, mas ela não tinha mais nada a perder.

Seu triunfo estava inegavelmente próximo.

Ainda andando a passos lentos, contemplando a visão esplêndida que aquele lugar lhe mostrava, Elena notou que muitos dos corredores estavam escuros. Prestando mais atenção, alguns deles levavam a quartos; cômodos estritamente sigilosos.

Ela tentou, mas não conseguiu deter o sorriso que se desenhava em seu rosto. 

Afinal, ela estava no covil dos lobos. Algumas fotos, gravações em áudio e vídeos fariam aquele paraíso secreto ruir - e é claro, trazer o sucesso que ela tanto almejava.

Ela estava tão distraída que não percebeu quando uma mulher alta, loira, de olhos esplendorosamente verdes e lábios carnudos pintados de carmim parou bem na sua frente.

“Ei, você.”

Elena encarou a moça da melhor maneira que conseguiu, engolindo em seco.

“Sim? Posso ajudar?”

“Nunca vi você por aqui.” A loura j**a o cabelo para o lado e ergueu uma sobrancelha. “Nova no clube?”

“Sim”, Elena responde baixinho.

“Eu amei seu cabelo.”

O elogio pega a jornalista completamente de surpresa.

“É mesmo?”

“Evidente. É de uma cor castanha tão bonita…”

A mulher dá um passo à frente e cochicha no ouvido de Elena:

“A propósito, meu nome é Valentina.”

"Obrigada, Valentina. Meu nome é Elena."

Valentina inclinou levemente a cabeça, como se estivesse analisando Elena mais profundamente. 

"Elena... um nome interessante. Bem, seja bem-vinda ao nosso clube seleto. Tenho certeza de que você encontrará muitas coisas fascinantes aqui."

Elena concordou, mantendo-se cuidadosamente discreta sobre sua real motivação para estar ali. 

"Sim, parece ser um lugar bastante… exclusivo."

Valentina sorriu de maneira enigmática e, a passos cadenciados, começou a rodear a mulher até segurar suavemente em seus ombros. Um arrepio passou pelos braços da jornalista.

"Nossos membros têm gostos muito particulares, você sabe. Eles apreciam as coisas boas da vida e valorizam a privacidade."

Elena assentiu, tentando parecer o mais convincente possível. 

"Entendo. E, você é uma das organizadoras do evento?"

Valentina riu, um som suave e hipnotizante. 

"Digamos que tenho minha influência aqui dentro."

“Entendo.”

“Elena, me diga, apenas para satisfazer minha curiosidade… Você disse que é a sua primeira vez aqui, não é? Quem é seu patrocinador?”

O coração de Elena acelerou dentro do peito.

Como assim, patrocinador? Ali dentro também aconteciam negócios? Não era apenas uma festa com gostos muito peculiares e atividades extravagantes?

Antes que ela pudesse usar seu álibi e o convite falso que estava dentro de sua bolsa, um homem de belos olhos azuis e cabelos lisos cor de mel na altura dos ombros interrompeu a conversa das duas.

"Está tudo bem por aqui?"

Valentina respondeu com calma: 

"Está tudo bem, querido. Apenas estou conhecendo nossa nova convidada."

O homem olhou para Elena de cima a baixo.

“Espero que Valentina não esteja incomodando”, ele comenta e pisca um dos olhos, sedutor.

A jornalista apenas sorri e faz um pequeno sinal negativo com a cabeça. A loura ri e completa:

“Ela ainda está tímida. Precisamos fazê-la perder essa vergonha.”

Simultaneamente, um outro homem surge. Ao contrário do primeiro, esse é bem mais sério e não parece desperdiçar sorrisos à toa. Seus olhos e cabelos são escuros, o nariz levemente adunco e as sobrancelhas grossas. Seu queixo se ergue quase imperceptivelmente quando encara Elena.

“Um novo membro?”

“Sim”, responde Valentina.

“Quem é seu patrocinador?”

Mais uma vez, aquela pergunta m*****a. Tentando ao máximo parecer confiante, Elena começa a revirar todos os nomes dos bilionários mais influentes dos últimos meses; quem encabeçava a lista dos mais ricos e populares.

“Stuart Álvarez”, ela diz, suavemente e evitando contato visual. Suas mãos estavam frias por causa do suor.

“Álvarez?”, pergunta o homem de cabelos negros. “Inacreditável.”

“Deve ser a terceira deste mês”, comenta o de cabelos castanhos.

“Um sedutor é um sedutor”, completa Valentina. “Ele tem exclusividade sobre você? Ou é um contrato semiaberto?”

Elena não estava entendendo uma única palavra do que estava sendo dito, mas resolveu improvisar da melhor maneira que podia.

"Sim, Stuart Álvarez me patrocina exclusivamente", respondeu Elena, lutando para manter uma expressão confiante.

Os dois homens trocaram olhares significativos, enquanto Valentina parecia intrigada com a resposta. 

Tensa, a mulher esperou pacientemente pelas próximas palavras das pessoas à sua frente, embora por dentro quisesse sair correndo e abortar a missão.

"Interessante", disse o homem de cabelos negros, inclinando a cabeça levemente para o lado. "Parece que temos uma convidada especial esta noite."

Elena tentou disfarçar a confusão, embora sua mente estivesse a mil. Será que aquilo seria o suficiente para que a deixassem em paz? Ou os olhos dois dois bilionários e sua fiel escudeira iriam acompanhá-la pelo resto da noite?

"Venha, vamos te mostrar um pouco mais do nosso clube", disse o homem de cabelos castanhos, oferecendo o braço para Elena. "Tenho certeza de que você ficará encantada com o que temos a oferecer."

Se Elena pudesse, comemoraria com um soquinho no ar. O gravador dentro da bolsa já tinha detectado bastante coisa; o que será que ela descobriria mais à frente?

Logo, os quatro caminhavam pelos corredores sinuosos e escuros. Quanto mais eles andavam, mais Elena tinha a impressão de que estavam bem longe da área principal. O som da música foi ficando cada vez mais distante, até se transformar num simples ruído de fundo.

Ao chegarem numa porta vermelha com os dizeres “Entrada Restrita”, Valentina deu um passo à frente e a abriu, revelando um quarto escuro.

Antes que Elena pudesse falar qualquer coisa, ela se viu sendo atirada ao chão duro do cômodo, caindo com força.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo