Caleb
— Pode entrar — avisei, na segunda batida.
— Bom dia, querido — Jenny falou, assim que terminou de abrir a porta e adentrou minha sala. — Como você está? — perguntou com sorriso largo no rosto.
— Bom dia! — Fiz uma pausa, joguei os papéis em cima da minha mesa e afrouxei a minha gravata. — Tudo bem. Como está?
— Estou bem e tenho novidades. — disse, se sentando em uma das cadeiras em frente à minha mesa.
— Me diga que conseguiu meu novo gerente, por favor! — implorei.
— Sim.
Soltei o ar, que estava preso em meus pulmões, quando ouvi a palavra “SIM”.
— Jenny, você é maravilhosa! — disse sorrindo. — Só não me caso com você…
— Porque me considera uma mãe. — afirmou e rimos.
— Quando ele começa? — Me encostei na cadeira, esperando por mais notícias.
— Ele consegue vir na próxima semana.
— Isso era tudo o que precisava ouvir. — Massageei minhas têmporas. — Ele está ciente de que terá que viajar para Toronto algumas vezes?
— Sim, Roger está ciente de tudo isso — afirmou.
— Eles já têm lugar para ficar?
— Sim, serão nossos vizinhos.
— Perfeito, Jenny. — Me aproximei novamente dos papéis que estavam me dando dor de cabeça. — Não vejo a hora de alguém me ajudar com essas coisas.
— Até lhe ajudaria, mas preciso finalizar o contrato com a minha nova sócia. — O sorriso apareceu novamente em seu rosto.
— Sócia? — Arqueei uma das minhas sobrancelhas, pois ela não tinha me dito nada.
— Sim, Melissa é esposa do Roger e será minha nova sócia, não foi tão difícil convencê-los a se mudarem para cá.
— Matamos dois coelhos com uma cajadada só. — Rimos.
Jenny me ajudava com tudo o que eu precisava. Às vezes, deixava sua editora e vinha correndo me ajudar, e isso se tornou algo comum, pois o que precisava naquele momento, era de um gerente.
Ela se ofereceu para me ajudar, recebemos vários currículos, mas nenhum tão qualificado, por sorte, ela conhecia alguém que aceitou a vaga de bom grado.
Ser o CEO não era fácil, vivia em reuniões e viagens. Eu amava o que fazia, mas isso estava me deixando cansado, precisava descansar, mal me lembro da última vez que tive férias ou que viajei à lazer.
Jenny era amiga da minha mãe, as duas se conheceram na faculdade, eram quase como irmãs; quando minha mãe faleceu, Jenny se tornou minha segunda mãe.
Sempre que podia, ela vinha para Nova Iorque, já que meu pai vivia enfiado no trabalho e não me dava atenção, apenas me instruía nos estudos, pois queria que eu assumisse seu lugar na empresa. Foi assim que aconteceu, quando me formei, ele simplesmente deixou tudo em minhas mãos e foi aproveitar sua velhice, mas antes, avisou que me tornaria dono de tudo isso, assim que me casasse.
Era muito raro nos vermos, pois o fato de ele sempre trocar de namorada me incomodava. Eu sabia que não passavam de interesseiras, ainda mais por serem mais novas do que eu.
Enfim, meu pai era dono do seu próprio nariz e sabia o que fazia da sua vida.
***
A semana passou rapidamente e em alguns minutos meus novos vizinhos chegariam, olhei no meu relógio de pulso e já eram quase 15h.
Quando decidi ir até a cozinha para preparar meu café, ouvi um barulho de caminhão, me aproximei da janela da sala e vi o veículo parado na casa ao lado, deduzi ser do meu novo gerente e vizinho. Decidi desejar-lhe boas-vindas, apenas saindo de casa e caminhando para casa ao lado.
Ouvi o riso da Jenny, é claro que estaria ali para recepcionar seus amigos.
— Caleb — me chamou, assim que me aproximei. — Venha, vou apresentá-los. — Ela me puxou pelo braço como se eu fosse uma criança. — Roger Kunt, esse é o seu novo chefe — falou, com um sorriso enorme nos lábios.
— Muito prazer em conhecê-lo, senhor — o homem, que era um pouco mais velho do que eu, falou.
Roger era loiro, algumas marcas de expressão, usava óculos de grau e o seu bigode.
— O prazer é todo meu, mas pode me chamar apenas de Caleb, ok? — pedi.
— Claro — disse, soltando minha mão.
— Essa é a Melissa Kunt. — Jenny nos apresentou.
— Sua nova sócia? — pergunto.
— Sim, somos grandes amigas — disse com ternura.
— É um grande prazer, Caleb — Mel falou, com um sorriso no rosto.
— Queria tanto que você conhecesse a Duda — Jenny mencionou olhando para dentro da casa. — Mas ela deve estar descansando. — ponderou.
— Duda?
— Roger e Melissa têm uma linda filha. — contou.
— Garanto que não faltarão oportunidades. — afirmei. — Roger, podemos ir até minha casa para que você possa assinar o contrato? — perguntei.
— Claro que sim.
Caminhamos até minha casa, abri a porta, coloquei o celular em cima da bancada e segui em direção ao escritório.
— Quais são suas expectativas com relação à Nova Iorque? — perguntei, indicando a cadeira para que ele se sentasse.
— Crescimento, espero ser tão útil quanto fui à empresa anterior — falou enquanto eu abria a gaveta da mesa e pegava uma pasta.
— Sim, a única pessoa afetada com a nossa mudança foi minha pequena.
— Jenny comentou que vocês têm uma filha — comentei.
— Sim, Duda é o nosso milagre — disse com um sorriso enorme nos lábios. — Você é casado?
Encostei-me na mesa e pensei em Mandy, minha foda fixa, digamos que ela quisesse se casar, mas isso não era para mim, ainda não havia encontrado ninguém que me tocasse de maneira que não fosse apenas sexo.
— Não, isso não é para mim — confessei.
— É aí que você se engana, meu caro.
— Quem sabe, algum dia — fiz o possível para não ser rude e mudarmos de assunto. — Esse é o nosso contrato, Jenny falou sobre as viagens, certo?
— Sim, quanto a isso, não vejo problema.
— Perfeito! — disse.
— Que tal, irmos à minha casa tomar um café? — Roger se pôs de pé.
— Preciso resolver algumas coisas…
— Que isso, Caleb, vamos, quero lhe apresentar a Duda. — Sem esperar por minha resposta, Roger caminhou em direção à porta. — Você vai amá-la.
— Certo. — Não tinha nada a perder mesmo, por que não ir? — Você venceu.
Roger começou a falar sobre sua vida e falava pelos cotovelos.
— Deseja tomar alguma coisa? — perguntou, assim que passamos pela porta de entrada.
— Um copo de água — disse quando senti o cheiro de bolo invadir minhas narinas.
— Sinta-se em casa, a cozinha fica logo ali, eu acho. — Ele riu. — Vou guardar esses documentos no escritório e já volto.
— Claro.
— Duda deve estar na cozinha — falou, inalando o aroma do ar. — Ela está fazendo bolo. Já volto.
Apenas balancei minha cabeça, concordando.
Roger sumiu do meu ponto de visão e caminhei em direção à cozinha, como as casas eram praticamente iguais, não era difícil saber onde ficavam as coisas.
Quando estava chegando à porta do cômodo, ouvi alguém cantando, me aproximei a passos lentos para não assustar a dona da doce voz.
Recostei-me na soleira da porta e fiquei ali, apreciando a dona das belas curvas tentando dançar, o seu vestido se movia conforme seus movimentos.
Sorri para mim mesmo e me perguntei quem deveria ser essa bela donzela.
Quando me dei conta, ela já estava de frente para mim, com a mão sobre o seu peito, o que me fez olhar diretamente para seu decote e notar que os olhos verdes pareciam assustados com minha presença.
— Me desculpe. — Tentei quebrar o silêncio. — É que o Roger disse que eu poderia pegar um copo d'água, ele está no escritório — disse, observando cada detalhe seu.
Maria EduardaQue homem era esse?E, que voz!Vamos Duda, você precisa reagir – pensei comigo mesma.Então, me lembrei das suas últimas palavras.— Como você prefere, em temperatura ambiente ou gelada? — É a única frase que consegui falar. Meu Deus, Duda, como você era burra.— Pode ser gelada. — Ofereci água gelada sem saber se tinha. Fui até a geladeira e, para minha surpresa, tinha uma garrafa com água.Comecei a procurar por um copo, ainda não sabia em qual lugar a minha mãe os havia guardado.— Desculpe, é que ainda não sei onde minha mãe guardou as coisas — falei, e não olhei para trás, continuei olhando pelos armários. — Achei! — disse e me virei, percebendo que ele deu um meio sorriso, e que sorriso, hein!Ele se aproximou e pegou o copo da minha mão, fiquei sem reação, não sabia o que fazer. Ele ficou parado me observando, os olhos azuis não pararam de me fitar.— Água? — perguntei, sustentando o seu olhar.— Claro. — Ele esticou o copo em minha direção, abri a garrafa e ench
Maria Eduarda— O que você faz aqui? — questionei, assim que Andrés desapareceu do meu campo de visão.— Meu local de trabalho! — falou, apontando para o prédio da frente.— É seu?— Sim! — Arqueou uma de suas sobrancelhas. — Pensou que eu estava te seguindo?— Claro que não.— Vamos? — Andrés voltou.— Claro. — Olho para Caleb. — Até. Não esperei por sua resposta e saí com Andrés.— Tem certeza de que você não tem nada com esse cara? — Senti o meu rosto corar. — Fica linda assim! — Paramos um de frente para o outro, ainda conseguia ver Caleb nos observando. Andrés colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e encostou seus lábios aos meus.Fiquei parada e não me movi.— Desculpe! — falou, assim que percebeu que não tive reação.— Podemos ir devagar? — pedi.— É claro. — Ele sorriu e me abraçou, Caleb já não estava mais no mesmo lugar.Passei a tarde toda com Andrés.Assim que paramos em frente à minha casa, percebi termos visita.— Até! — Andrés falou e encostou seus lábio
Maria Eduarda— Você é muito madura para sua idade. — Ela sorriu e só então, percebi os seus traços, ela deveria ter, no mínimo, uns 25 anos, era bem loira, seu cabelo era curto, na altura dos ombros, seus olhos eram azuis, mas não tão lindos quanto os de Caleb. Ela usava uma camisa de manga longa na cor branca.— Obrigada. — Dei um sorriso sem graça.— Desculpe, ainda não me apresentei — falou, sorrindo para mim. — Sou a Geórgia.— Maria Eduarda. — Tentei retribuir o sorriso. — Vocês são namorados? — perguntei, olhando de um para outro.— Quase. — Geórgia respondeu toda empolgada. — Só falta o pedido.Caleb não me olhou, mas ficou incomodado com a minha pergunta. Ele apenas dirigiu a palavra para os meus pais, a Jenny e a Geórgia. Assim que terminamos o jantar, eles continuaram conversando.— Vamos à varanda — minha mãe convidou. — Venha, filha! — me chamou quando percebeu que não me movi.— Vou organizar as coisas por aqui.— Não precisa, amanhã eu te arrumo.— Claro que não, mamãe,
CalebMaria Eduarda, esse era o nome da minha mais nova perdição.Quando a vi sorrindo daquela maneira para o garoto, algo dentro de mim não gostou do que estava acontecendo, ainda mais quando descobri que ele era um amigo e que apenas queria lhe mostrar a cidade.É claro que seus pais prefeririam que eu lhe mostrasse a cidade e não um moleque.Duda saiu com o garoto mesmo assim e, em seguida, recebi uma mensagem da Jenny dizendo precisar de ajuda com um contrato. Então, marquei de encontrá-la em meu escritório, e enquanto me despedia de Mel e Roger, recebi um convite para jantar com eles. É claro que o aceitei, pois queria ver sua filha novamente.Sem ao menos me trocar, fui direto para o meu carro. Enquanto dirigia, meu celular começou a tocar, olhei no visor e contatei ser Geórgia. Já fazia alguns dias que a estava evitando e assim permaneceria.Parei em frente ao edifício da empresa, entreguei as chaves para o manobrista e antes de entrar, olhei para trás e vi Duda com o seu amigu
CalebNa mesa de jantar, me surpreendi quando Duda disse que tinha apenas 17 anos.Que porra foi aquela? Nos beijamos! Eu poderia ser preso.Apesar do susto, tentei não demonstrar como isso me abalou, mas foi em vão, a cada segundo Duda me olhava, sei que ela percebeu o que estava acontecendo.Eu teria que esperar por seis meses para poder tocá-la da maneira que desejava.Merda! Merda!***Estávamos no meu escritório e o expediente já estava terminando.— Não se preocupe, pode ir tranquilo. — Jenny tentou me confortar. — Vou ajudar Roger com tudo o que ele precisar.— O que seria de mim sem você? — Pare com isso, menino. — Ela se levantou e deu a volta em minha mesa, me puxando para um abraço. — Sabe que sempre estarei aqui para ajudá-lo.— Obrigado — agradeci, me envolvendo em seu abraço. Definitivamente, ela era como uma mãe para mim. — Posso lhe pedir um favor?— Claro.Saí dos seus braços.— Preciso do número da Duda. — confessei, um pouco sem jeito.— Maria Eduarda? — Arqueou um
Maria EduardaNão o respondi, apenas fiquei pensando se deveria ou não ir até sua casa. Por fim, coloquei uma blusa preta de capuz por cima do meu baby-doll e desci as escadas às pressas, decidindo sair pela porta dos fundos, já que era noite e com certeza Jenny estaria em casa, eu não podia correr o risco de ela me ver, por mais que a minha casa ficasse entre as duas.Saí ao mesmo tempo que começaram a cair algumas gotas de chuva, então, apertei o passo e, em alguns metros, estava parada à porta da casa dele. Percebi que ela só estava encostada, a luz da cozinha estava apagada, mas pude ver a luz da sala acesa. Respirei fundo e empurrei a porta.— Caleb? — chamei por ele. — Caleb?— Estou aqui. — Ouvi sua voz.Andei até a sala e lá estava ele, sentado no sofá, com as pernas cruzadas e mexendo no seu MacBook. Ele usava uma camiseta branca e um calção cinza de pano, seu cabelo estava todo bagunçado, o que me tirou o fôlego. E para piorar, usava óculos, meu Deus, que charme.— Achei
Maria Eduarda— Duda? — Minha mãe me chamou.— Estou aqui na varanda.— O que está fazendo aqui, meu amor. — Ela saiu e me abraçou.— Ouvi um gatinho miando. — Foi a única coisa em que consegui pensar.— Não estou ouvindo nada. — Acho que me confundi. — Dei um beijo em sua bochecha. — Como foi o jantar?— Foi perfeito, seu pai conseguiu mais uns investidores para a empresa.— Que bom, Caleb deve ficar feliz com a notícia.— Tenho certeza que sim.Entramos e meu pai veio todo feliz me contar a novidade. Ficamos algum tempo sentados na sala, conversando e, em alguns momentos, me peguei pensando no que teria acontecido se meus pais não tivessem chegado.***Era sexta-feira e Elisa viria passar o fim de semana em nossa casa, estava morrendo de saudade dela. Ainda não havia contado para ela sobre o Caleb.A preguiça de me levantar da cama era maior do que eu.— Bom dia, meu amor — minha mãe falou enquanto entrava no meu quarto.— Bom dia, mamãe.— Animada? — perguntou, conform
Maria EduardaAndrés morava em um apartamento pequeno, na verdade, ele dividia o apê com um colega da faculdade, uma vez, ele me contou sobre isso, mas nunca dei muita atenção.— Elisa — falei, assim que entrei na cozinha. — Como eu estava com saudades de você — disse enquanto a abraçava.— Duda. — Ela retribuiu o meu abraço.— Que cheiro gostoso — Andrés disse. — Comida de verdade.— Cansado de fast food, irmãozinho? — Elisa me soltou e coloco minha bolsa no chão, próximo à mesa.— Nem me fale.— Falta pouco.— Vou tomar uma ducha enquanto isso. — Andrés falou e já começou a tirar a camiseta.— Ok. — disse apenas, enquanto Andrés saía da sala. — E aí? Vocês estão juntos? — perguntou toda empolgada.— É claro que não.— Mas o Andrés me disse que vocês estão saindo. — Elisa pareceu decepcionada.— Sim, mas não é nada de mais, pelo menos, não da minha parte.— Então, tá.— Aliás, tenho novidades — falei, toda empolgada. — Você precisa conhecer o chefe do meu pai.— Ui, ele