Maria Eduarda
Estava parada em frente à minha antiga casa, segurando uma caixa de papelão com alguns livros.
O dia estava nublado, acredito que era uma forma de o Universo mostrar que estava triste com a minha partida. Não estava tão animada assim para mudar de cidade, talvez morar em Nova Iorque, fosse ser bom, mas ficar longe da Elisa era o que mais me atormentava. — Vou te visitar, Duda. — Ela me abraçou de um jeito torto, devido à caixa que estava em meus braços. Meus pais estavam terminando de colocar outras caixas no caminhão. Meu pai havia recebido uma proposta de emprego melhor, em uma empresa multimilionária e, por incrível que pareça, minha mãe também, ela é editora e recebeu um convite de uma amiga sua, a Jenny. Com essa mudança, deixarei minha melhor amiga, Elisa. Temos apenas um mês de diferença de idade e, como sou filha única, sempre a considerei como uma irmã mais velha. Ela tem o Andrés, seu irmão mais velho, que é um gato, mas nunca tivemos nada demais. Há 4 anos que ele mora em Nova Iorque e pelo que minha amiga me falou, moraremos bem próximos um ao outro. — Você vai mesmo? — Fingi não acreditar na sua promessa. — É claro que vou. — Me soltou. — Aproveito para visitar o meu irmão, ainda mais que Nova Iorque fica a poucas horas daqui. — Anda, Duda! — minha mãe gritou do carro. — Quando chegar, me mande uma mensagem! — pediu. — Claro. — Eles poderiam ter aceitado a nossa proposta. Eu e Elisa choramos para que os meus pais me deixassem morar com ela, mas isso foi inútil. Saí do seu abraço, encarei o chão, respirei fundo e caminhei em direção ao carro. — Está pronta, querida? — minha mãe pergunta quando entro no carro. — Para me desligar dos meus amigos e fazer novas amizades em uma escola nova? — Respiro fundo. — Claro que não, mamãe! — Segura um pouco essa língua, dona Maria Eduarda — meu pai fala, enquanto arranca com o carro. — Desculpe, mãe! — Ela estica a sua mão e acaricia a minha perna em um sinal de que aceita as minhas desculpas. Fecho meus olhos e acabo cochilando. *** Assim que chegamos à Nova Iorque, vamos direto para a casa de Jenny. — Mel — ela fala, assim que paramos em frente à sua casa. — Jenny, estava com saudades! — minha mãe fala e a abraça. — Roger, como você está? — Jenny cumprimenta meu pai. — Meu Deus, Duda! — Ela abre os braços e me abraça. — Você já é uma mulher. — Oi, Jenny. — Retribuo o abraço. Jenny sempre está feliz, nunca a vi triste. — Venham! — Ela continua abraçada comigo e anda em direção ao portão ao lado. — Essa é a casa de vocês! — Ela começou a conversar com os meus pais, em seguida, o caminhão com a mudança chegou e Jenny entrou na casa para nos indicar onde ficavam os quartos. Eu já estava exausta, então, subi as escadas e abri a segunda porta, já sabendo que a primeira era do banheiro, fiquei feliz de imediato, pois a casa já estava mobiliada e só teríamos mesmo que decorar com o básico. O quarto não era tão diferente do meu. Coloquei minha caixa na nova cama, observei de longe, pela janela, o nosso jardim, ele era bem fofo, igual aos dos filmes, cheio de flores e algumas rosas; minha mãe amava rosas. Olhei para o jardim ao lado, o da casa da Jenny, e vi que só tinha margaridas. Do outro lado da minha casa tinha um jardim mais reservado, com uma árvore próximo à garagem. Um carro estava chegando, continuei olhando pela janela, só consegui ver um homem de relance. Nesse momento meu celular tocou, olhei no visor e era uma mensagem da Elisa.[Elisa]: Já chegou, mana?
[Você]: Sim! Acabei de chegar. [Elisa]: Já estou com saudades. [Você]: Eu também.Voltei minha atenção para a janela mais uma vez, mas não consegui ver nada além do carro.
Logo, comecei a observar o meu quarto, que era amarelo com tons de branco, em uma das paredes tinha um papel de parede com ursinhos. É claro que o trocaria, ursinhos não faziam o meu tipo. Organizei minhas coisas, tomei um banho, sequei o meu cabelo, coloquei um vestido preto de pano mole, bem decotado, e que marcava muito bem as minhas curvas e desci para me alimentar, desde que havíamos saído da nossa antiga casa, não havia comido nada. — Achei que estava dormindo — minha mãe falou, assim que terminei de descer as escadas. — Estava ajeitando as minhas coisas, cadê o papai? — Na casa do vizinho. — Mas, já? — Meu pai tinha o dom de fazer amizades. — Por incrível que pareça, o nosso vizinho é o chefe dele. — O papai não vai poder dar desculpas para não o atender. — Eu e mamãe começamos a rir, não que o meu pai não levasse o seu emprego a sério, mas nos dias de folga, ele se recusava a atender o telefone. — Vou preparar um bolo para tomarmos café. — Obrigada, querida, vou ao escritório resolver uma papelada da editora — minha mãe falou e me deu um beijo na testa. — Eu te chamo quando tudo estiver pronto. — Lá íamos nós. A cozinha não era tão pequena, nem muito grande, no meio dela havia uma ilha com banquinhos, os armários eram todos pretos e brancos, bem modernos. Peguei as coisas no armário e na geladeira e comecei a bater a massa com a ajuda de uma batedeira. Liguei o forno para pré-aquecer, coloquei o bolo na forma e depois para assar. Voltei para o meu quarto e peguei meus fones, então olhei de relance pela janela e vi o meu pai conversando com o vizinho. Ele estava de costas, mesmo assim, consegui perceber seus músculos através da camiseta branca que estava usando. Voltei para a cozinha, coloquei meus fones e comecei a ouvir uma música da Shakira, depois, passei a organizar a bagunça que havia ficado no lugar. Estava ali, toda distraída, ouvindo minha música e tentando dançar, quando levei um susto. Tinha um deus grego na cozinha da minha casa, meu Deus! De qual lugar surgiu essa maravilha?Caleb— Pode entrar — avisei, na segunda batida.— Bom dia, querido — Jenny falou, assim que terminou de abrir a porta e adentrou minha sala. — Como você está? — perguntou com sorriso largo no rosto.— Bom dia! — Fiz uma pausa, joguei os papéis em cima da minha mesa e afrouxei a minha gravata. — Tudo bem. Como está?— Estou bem e tenho novidades. — disse, se sentando em uma das cadeiras em frente à minha mesa.— Me diga que conseguiu meu novo gerente, por favor! — implorei.— Sim. Soltei o ar, que estava preso em meus pulmões, quando ouvi a palavra “SIM”.— Jenny, você é maravilhosa! — disse sorrindo. — Só não me caso com você…— Porque me considera uma mãe. — afirmou e rimos.— Quando ele começa? — Me encostei na cadeira, esperando por mais notícias.— Ele consegue vir na próxima semana.— Isso era tudo o que precisava ouvir. — Massageei minhas têmporas. — Ele está ciente de que terá que viajar para Toronto algumas vezes?— Sim, Roger está ciente de tudo isso — afirmou.— Eles já tê
Maria EduardaQue homem era esse?E, que voz!Vamos Duda, você precisa reagir – pensei comigo mesma.Então, me lembrei das suas últimas palavras.— Como você prefere, em temperatura ambiente ou gelada? — É a única frase que consegui falar. Meu Deus, Duda, como você era burra.— Pode ser gelada. — Ofereci água gelada sem saber se tinha. Fui até a geladeira e, para minha surpresa, tinha uma garrafa com água.Comecei a procurar por um copo, ainda não sabia em qual lugar a minha mãe os havia guardado.— Desculpe, é que ainda não sei onde minha mãe guardou as coisas — falei, e não olhei para trás, continuei olhando pelos armários. — Achei! — disse e me virei, percebendo que ele deu um meio sorriso, e que sorriso, hein!Ele se aproximou e pegou o copo da minha mão, fiquei sem reação, não sabia o que fazer. Ele ficou parado me observando, os olhos azuis não pararam de me fitar.— Água? — perguntei, sustentando o seu olhar.— Claro. — Ele esticou o copo em minha direção, abri a garrafa e ench
Maria Eduarda— O que você faz aqui? — questionei, assim que Andrés desapareceu do meu campo de visão.— Meu local de trabalho! — falou, apontando para o prédio da frente.— É seu?— Sim! — Arqueou uma de suas sobrancelhas. — Pensou que eu estava te seguindo?— Claro que não.— Vamos? — Andrés voltou.— Claro. — Olho para Caleb. — Até. Não esperei por sua resposta e saí com Andrés.— Tem certeza de que você não tem nada com esse cara? — Senti o meu rosto corar. — Fica linda assim! — Paramos um de frente para o outro, ainda conseguia ver Caleb nos observando. Andrés colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e encostou seus lábios aos meus.Fiquei parada e não me movi.— Desculpe! — falou, assim que percebeu que não tive reação.— Podemos ir devagar? — pedi.— É claro. — Ele sorriu e me abraçou, Caleb já não estava mais no mesmo lugar.Passei a tarde toda com Andrés.Assim que paramos em frente à minha casa, percebi termos visita.— Até! — Andrés falou e encostou seus lábio
Maria Eduarda— Você é muito madura para sua idade. — Ela sorriu e só então, percebi os seus traços, ela deveria ter, no mínimo, uns 25 anos, era bem loira, seu cabelo era curto, na altura dos ombros, seus olhos eram azuis, mas não tão lindos quanto os de Caleb. Ela usava uma camisa de manga longa na cor branca.— Obrigada. — Dei um sorriso sem graça.— Desculpe, ainda não me apresentei — falou, sorrindo para mim. — Sou a Geórgia.— Maria Eduarda. — Tentei retribuir o sorriso. — Vocês são namorados? — perguntei, olhando de um para outro.— Quase. — Geórgia respondeu toda empolgada. — Só falta o pedido.Caleb não me olhou, mas ficou incomodado com a minha pergunta. Ele apenas dirigiu a palavra para os meus pais, a Jenny e a Geórgia. Assim que terminamos o jantar, eles continuaram conversando.— Vamos à varanda — minha mãe convidou. — Venha, filha! — me chamou quando percebeu que não me movi.— Vou organizar as coisas por aqui.— Não precisa, amanhã eu te arrumo.— Claro que não, mamãe,
CalebMaria Eduarda, esse era o nome da minha mais nova perdição.Quando a vi sorrindo daquela maneira para o garoto, algo dentro de mim não gostou do que estava acontecendo, ainda mais quando descobri que ele era um amigo e que apenas queria lhe mostrar a cidade.É claro que seus pais prefeririam que eu lhe mostrasse a cidade e não um moleque.Duda saiu com o garoto mesmo assim e, em seguida, recebi uma mensagem da Jenny dizendo precisar de ajuda com um contrato. Então, marquei de encontrá-la em meu escritório, e enquanto me despedia de Mel e Roger, recebi um convite para jantar com eles. É claro que o aceitei, pois queria ver sua filha novamente.Sem ao menos me trocar, fui direto para o meu carro. Enquanto dirigia, meu celular começou a tocar, olhei no visor e contatei ser Geórgia. Já fazia alguns dias que a estava evitando e assim permaneceria.Parei em frente ao edifício da empresa, entreguei as chaves para o manobrista e antes de entrar, olhei para trás e vi Duda com o seu amigu
CalebNa mesa de jantar, me surpreendi quando Duda disse que tinha apenas 17 anos.Que porra foi aquela? Nos beijamos! Eu poderia ser preso.Apesar do susto, tentei não demonstrar como isso me abalou, mas foi em vão, a cada segundo Duda me olhava, sei que ela percebeu o que estava acontecendo.Eu teria que esperar por seis meses para poder tocá-la da maneira que desejava.Merda! Merda!***Estávamos no meu escritório e o expediente já estava terminando.— Não se preocupe, pode ir tranquilo. — Jenny tentou me confortar. — Vou ajudar Roger com tudo o que ele precisar.— O que seria de mim sem você? — Pare com isso, menino. — Ela se levantou e deu a volta em minha mesa, me puxando para um abraço. — Sabe que sempre estarei aqui para ajudá-lo.— Obrigado — agradeci, me envolvendo em seu abraço. Definitivamente, ela era como uma mãe para mim. — Posso lhe pedir um favor?— Claro.Saí dos seus braços.— Preciso do número da Duda. — confessei, um pouco sem jeito.— Maria Eduarda? — Arqueou um
Maria EduardaNão o respondi, apenas fiquei pensando se deveria ou não ir até sua casa. Por fim, coloquei uma blusa preta de capuz por cima do meu baby-doll e desci as escadas às pressas, decidindo sair pela porta dos fundos, já que era noite e com certeza Jenny estaria em casa, eu não podia correr o risco de ela me ver, por mais que a minha casa ficasse entre as duas.Saí ao mesmo tempo que começaram a cair algumas gotas de chuva, então, apertei o passo e, em alguns metros, estava parada à porta da casa dele. Percebi que ela só estava encostada, a luz da cozinha estava apagada, mas pude ver a luz da sala acesa. Respirei fundo e empurrei a porta.— Caleb? — chamei por ele. — Caleb?— Estou aqui. — Ouvi sua voz.Andei até a sala e lá estava ele, sentado no sofá, com as pernas cruzadas e mexendo no seu MacBook. Ele usava uma camiseta branca e um calção cinza de pano, seu cabelo estava todo bagunçado, o que me tirou o fôlego. E para piorar, usava óculos, meu Deus, que charme.— Achei
Maria Eduarda— Duda? — Minha mãe me chamou.— Estou aqui na varanda.— O que está fazendo aqui, meu amor. — Ela saiu e me abraçou.— Ouvi um gatinho miando. — Foi a única coisa em que consegui pensar.— Não estou ouvindo nada. — Acho que me confundi. — Dei um beijo em sua bochecha. — Como foi o jantar?— Foi perfeito, seu pai conseguiu mais uns investidores para a empresa.— Que bom, Caleb deve ficar feliz com a notícia.— Tenho certeza que sim.Entramos e meu pai veio todo feliz me contar a novidade. Ficamos algum tempo sentados na sala, conversando e, em alguns momentos, me peguei pensando no que teria acontecido se meus pais não tivessem chegado.***Era sexta-feira e Elisa viria passar o fim de semana em nossa casa, estava morrendo de saudade dela. Ainda não havia contado para ela sobre o Caleb.A preguiça de me levantar da cama era maior do que eu.— Bom dia, meu amor — minha mãe falou enquanto entrava no meu quarto.— Bom dia, mamãe.— Animada? — perguntou, conform