Maria Eduarda
— Você é muito madura para sua idade. — Ela sorriu e só então, percebi os seus traços, ela deveria ter, no mínimo, uns 25 anos, era bem loira, seu cabelo era curto, na altura dos ombros, seus olhos eram azuis, mas não tão lindos quanto os de Caleb. Ela usava uma camisa de manga longa na cor branca.
— Obrigada. — Dei um sorriso sem graça.
— Desculpe, ainda não me apresentei — falou, sorrindo para mim. — Sou a Geórgia.
— Maria Eduarda. — Tentei retribuir o sorriso. — Vocês são namorados? — perguntei, olhando de um para outro.
— Quase. — Geórgia respondeu toda empolgada. — Só falta o pedido.
Caleb não me olhou, mas ficou incomodado com a minha pergunta. Ele apenas dirigiu a palavra para os meus pais, a Jenny e a Geórgia. Assim que terminamos o jantar, eles continuaram conversando.
— Vamos à varanda — minha mãe convidou. — Venha, filha! — me chamou quando percebeu que não me movi.
— Vou organizar as coisas por aqui.
— Não precisa, amanhã eu te arrumo.
— Claro que não, mamãe, aproveite seus amigos.
Ela me deu um beijo na testa e foi para a varanda. Então, tirei todos os pratos da mesa e levei-os para a cozinha, depois de colocar tudo de forma organizada na pia, comecei a lavar a louça.
— Então, quer dizer que você só tem 17 anos? — Fui pega de surpresa, Caleb me segurava pela cintura quando me fez essa pergunta.
— Po… por… pouco tempo. — Gaguejei, sua aproximação e o seu cheiro estavam me deixando de pernas bambas.
— Quanto? — Ele cheirou o meu cabelo e foi descendo o nariz pelo meu pescoço, enquanto eu continuava com as mãos cheias de sabão e de costas para ele.
— 6 meses. — sussurrei.
— Porra, Duda! — falou com os dentes semicerrados, me assuntando com suas palavras.
— Qual o problema? — Pisquei algumas vezes, esperando por sua resposta.
— Sabe o que estou fazendo agora? — Olhou fixamente para mim. — Poderia me mandar para a cadeia! — Fechou seus olhos, como se estivesse absorvendo o aroma do meu perfume e depositou um beijo no meu pescoço.
— Só se fosse sem o meu consentimento.
— Mas eu não posso. — Ele se virou e colou nossos lábios. — Isso seria errado.
Depois de dizer isso, simplesmente saiu. O que esse homem tinha na cabeça?
Me recompus, terminei de limpar a cozinha e fui direto para o meu quarto. Fiquei deitada me lembrando do que havia acontecido, Caleb estava me deixando confusa. Fazia menos de 24 horas que eu havia chegado à cidade e já tinha um homem me fazendo perder o juízo.
***
Os dias foram passando, comecei a sair com mais frequência com Andrés e, como eu já sabia que ia acontecer, Elisa não gostou muito da ideia.
— Duda, meu irmão não serve para você. — Já devia ser a milésima segunda vez que ela me falava isso.
— Eu não estou levando a sério, estou apenas aproveitando — confessei.
— E não vai, além disso, eu sei que é meu irmão, mas ele é um cachorro. — afirmou. — Já perdi as contas de quantas vezes ele já machucou alguém.
— Eu sei, vou me cuidar.
— Promete? — perguntou.
— Sim. — Me dei por vencida.
— Eu não o perdoaria se te machucasse. — sussurrou.
— Obrigada, Lis. — agradeci. — Agora, eu preciso ir.
— Me liga à noite, te amo.
— Também te amo.
Eu sabia quais eram as intenções do Andrés, eu apenas sentia um carinho por ele e estava aproveitando.
**
Minhas aulas começaram, fiz amizade com Elena, que era um amorzinho e morava a duas quadras da minha casa, então começou a aparecer no lugar com uma certa frequência.
E não vi mais o Caleb depois do jantar, já que meus pais não paravam em casa e ele devia estar com a sua namorada.
***
— Duda! — minha mãe me chamou, me despertando do cochilo que estava dando no sofá.
— Hum?
— Acorda, trouxemos pizza.
— Quê?
— Venha.
Me levantei meio sonolenta e fui atrás dela. Para minha surpresa, o Caleb também estava lá, sem a Geórgia. Tentei recuperar o meu fôlego ao olhar para ele, fazia mais de duas semanas que não o via.
— O que foi? — minha mãe perguntou quando me viu parada à porta.
— Acho que vou trocar de roupa — disse um pouco envergonhada.
— Não precisa Duda, Caleb já é de casa.
Não sabia o que minha mãe tinha na cabeça, eu estava usando um baby-doll bem curto, cor de rosa com alguns detalhes em branco, e ainda estava sem sutiã. Não me julguem, eu estava em casa e não esperava que eles chegassem cedo, e muito menos, com Caleb.
— Sente-se. — Caleb puxou a cadeira para que eu me sentasse ao seu lado.
Não entendi qual era a sua intenção, já que havia sido ele que tinha dito que não podia se aproximar de mim, mas, tudo bem, se ele queria jogar, eu entraria nessa com ele.
Sentei-me ao seu lado. Ele começou a conversar com os meus pais e comecei a comer. Só quando senti o cheiro da pizza percebi estar com fome, aliás, com muita fome. Enquanto estava comendo, senti a mão de Caleb na minha perna, respirei fundo e continuei comendo, como se nada estivesse acontecendo.
— Alguém quer refrigerante? — perguntei.
— Eu pego. — meu pai falou.
— Pode deixar, eu pego, pai.
— Quê? — Ele deu risada e se levantou, pois estava em frente à geladeira, e após pegar os copos, começou a nos servir.
— Você não gosta? — perguntei quando Caleb não deixou o meu pai encher o seu copo.
— Não, prefiro coisas naturais. — Ele não disfarçou e continuou olhando diretamente para meus seios, já enrijecidos com suas palavras.
— Não tem problema, tem suco natural. — Meu pai se levantou para pega o suco para ele.
— Obrigado Roger.
Eles voltaram a conversar e alguns minutos depois senti a mão do Caleb novamente na minha perna. Ele a deslizou para cima e para baixo, subindo e descendo, e eu já estava encharcada por conta de seu toque, mas ele não me olhava enquanto fazia isso, continuou sério, conversando com os meus pais. Até que sua mão chegou à minha virilha, ele passou de leve os seus dedos pelo local, fazendo meu corpo todo ficar arrepiado.
— Você está bem, Duda? — minha mãe perguntou, quando percebeu que estava de olhos fechados.
Não, mãe, não estava bem, estava quase tendo um orgasmo apenas com o toque do meu vizinho. É claro que não podia falar aquilo.
— Estou com um pouco de dor de cabeça. — Tentei fazer uma cara de dor, se é que aquilo seria possível com a mão do Caleb em mim.
— Quer ir se deitar? — O cachorro me perguntou, na maior cara de pau.
— Talvez fosse melhor. — Quando falei isso, ele começou a passar a mão mais para cima e entre minhas coxas, ele já havia descoberto o meu ponto fraco. Foi então que me levantei com tudo, assim que senti o seu toque no lugar certo, e sem perceber, virei o copo de refrigerante que estava à minha frente, que tombou e acabou me molhando, respingando também algumas gotas nele.
— Droga! — falei, assim que vi a bagunça que ficou.
Caleb apenas me olhava com aquela cara de safado, correndo os olhos de cima a baixo e mordendo o lábio inferior, meu corpo todo se arrepiou. Olhei para o meu corpo e percebi que meu baby-doll estava quase transparente.
— Duda, tá me ouvindo?
— Oi? Mamãe.
— Você está bem? — perguntou, enquanto limpava a bagunça.
— Sim, vou me trocar.
Não esperei por sua resposta e subi as escadas às pressas. Entrei no meu quarto, fechei a porta atrás de mim e fiquei me lembrando do jeito que Caleb me olhava.
— Esse homem ainda vai me matar.
CalebMaria Eduarda, esse era o nome da minha mais nova perdição.Quando a vi sorrindo daquela maneira para o garoto, algo dentro de mim não gostou do que estava acontecendo, ainda mais quando descobri que ele era um amigo e que apenas queria lhe mostrar a cidade.É claro que seus pais prefeririam que eu lhe mostrasse a cidade e não um moleque.Duda saiu com o garoto mesmo assim e, em seguida, recebi uma mensagem da Jenny dizendo precisar de ajuda com um contrato. Então, marquei de encontrá-la em meu escritório, e enquanto me despedia de Mel e Roger, recebi um convite para jantar com eles. É claro que o aceitei, pois queria ver sua filha novamente.Sem ao menos me trocar, fui direto para o meu carro. Enquanto dirigia, meu celular começou a tocar, olhei no visor e contatei ser Geórgia. Já fazia alguns dias que a estava evitando e assim permaneceria.Parei em frente ao edifício da empresa, entreguei as chaves para o manobrista e antes de entrar, olhei para trás e vi Duda com o seu amigu
CalebNa mesa de jantar, me surpreendi quando Duda disse que tinha apenas 17 anos.Que porra foi aquela? Nos beijamos! Eu poderia ser preso.Apesar do susto, tentei não demonstrar como isso me abalou, mas foi em vão, a cada segundo Duda me olhava, sei que ela percebeu o que estava acontecendo.Eu teria que esperar por seis meses para poder tocá-la da maneira que desejava.Merda! Merda!***Estávamos no meu escritório e o expediente já estava terminando.— Não se preocupe, pode ir tranquilo. — Jenny tentou me confortar. — Vou ajudar Roger com tudo o que ele precisar.— O que seria de mim sem você? — Pare com isso, menino. — Ela se levantou e deu a volta em minha mesa, me puxando para um abraço. — Sabe que sempre estarei aqui para ajudá-lo.— Obrigado — agradeci, me envolvendo em seu abraço. Definitivamente, ela era como uma mãe para mim. — Posso lhe pedir um favor?— Claro.Saí dos seus braços.— Preciso do número da Duda. — confessei, um pouco sem jeito.— Maria Eduarda? — Arqueou um
Maria EduardaNão o respondi, apenas fiquei pensando se deveria ou não ir até sua casa. Por fim, coloquei uma blusa preta de capuz por cima do meu baby-doll e desci as escadas às pressas, decidindo sair pela porta dos fundos, já que era noite e com certeza Jenny estaria em casa, eu não podia correr o risco de ela me ver, por mais que a minha casa ficasse entre as duas.Saí ao mesmo tempo que começaram a cair algumas gotas de chuva, então, apertei o passo e, em alguns metros, estava parada à porta da casa dele. Percebi que ela só estava encostada, a luz da cozinha estava apagada, mas pude ver a luz da sala acesa. Respirei fundo e empurrei a porta.— Caleb? — chamei por ele. — Caleb?— Estou aqui. — Ouvi sua voz.Andei até a sala e lá estava ele, sentado no sofá, com as pernas cruzadas e mexendo no seu MacBook. Ele usava uma camiseta branca e um calção cinza de pano, seu cabelo estava todo bagunçado, o que me tirou o fôlego. E para piorar, usava óculos, meu Deus, que charme.— Achei
Maria Eduarda— Duda? — Minha mãe me chamou.— Estou aqui na varanda.— O que está fazendo aqui, meu amor. — Ela saiu e me abraçou.— Ouvi um gatinho miando. — Foi a única coisa em que consegui pensar.— Não estou ouvindo nada. — Acho que me confundi. — Dei um beijo em sua bochecha. — Como foi o jantar?— Foi perfeito, seu pai conseguiu mais uns investidores para a empresa.— Que bom, Caleb deve ficar feliz com a notícia.— Tenho certeza que sim.Entramos e meu pai veio todo feliz me contar a novidade. Ficamos algum tempo sentados na sala, conversando e, em alguns momentos, me peguei pensando no que teria acontecido se meus pais não tivessem chegado.***Era sexta-feira e Elisa viria passar o fim de semana em nossa casa, estava morrendo de saudade dela. Ainda não havia contado para ela sobre o Caleb.A preguiça de me levantar da cama era maior do que eu.— Bom dia, meu amor — minha mãe falou enquanto entrava no meu quarto.— Bom dia, mamãe.— Animada? — perguntou, conform
Maria EduardaAndrés morava em um apartamento pequeno, na verdade, ele dividia o apê com um colega da faculdade, uma vez, ele me contou sobre isso, mas nunca dei muita atenção.— Elisa — falei, assim que entrei na cozinha. — Como eu estava com saudades de você — disse enquanto a abraçava.— Duda. — Ela retribuiu o meu abraço.— Que cheiro gostoso — Andrés disse. — Comida de verdade.— Cansado de fast food, irmãozinho? — Elisa me soltou e coloco minha bolsa no chão, próximo à mesa.— Nem me fale.— Falta pouco.— Vou tomar uma ducha enquanto isso. — Andrés falou e já começou a tirar a camiseta.— Ok. — disse apenas, enquanto Andrés saía da sala. — E aí? Vocês estão juntos? — perguntou toda empolgada.— É claro que não.— Mas o Andrés me disse que vocês estão saindo. — Elisa pareceu decepcionada.— Sim, mas não é nada de mais, pelo menos, não da minha parte.— Então, tá.— Aliás, tenho novidades — falei, toda empolgada. — Você precisa conhecer o chefe do meu pai.— Ui, ele
CalebUsei o meu autocontrole para não quebrar a minha promessa, na noite em que Duda foi até minha casa, por um segundo, pensei que ela não aceitaria o meu pedido.Na manhã seguinte, recebi uma mensagem do Roger, me convidando para o café da manhã e é claro que aceitei.Duda foi quem atendeu à porta o gostei da maneira de como ela quis me provocar, me chamando de “Senhor”. No começo, não aceitei muito bem, mas entrei na sua.***Passei o dia no escritório ensinando algumas coisas para o Roger, pois, em alguns dias, iríamos para Toronto e ele precisava ficar a par de tudo.— No máximo, em uma semana, iremos para Toronto — avisei.Estávamos em minha sala, revisando alguns contratos e processos.— Certo, só preciso avisar a Mel — disse. — O que é isso?— Geórgia — eu disse, quando os gritos começaram a ficar cada vez mais altos.A porta se abriu com tudo, Geórgia adentrou e, em seguida, Ayza apareceu com o rosto muito contrariado.— Senhor Stone, me desculpa, ela…— Sem problemas, Ayza.
Maria EduardaAcordei com a claridade que vinha da janela e senti minha cabeça muito pesada. Inspirei, inalando um cheiro que não era meu, mas sabia muito bem de quem era.— Droga! — murmurei para mim mesma quando as cenas da noite passada começaram a passar pela minha mente como flashbacks.Definitivamente, estava na cama do Caleb. Me sentei e percebi que estava usando uma camiseta enorme.— Droga! — Me repreendi mais uma vez.Será que tínhamos transado? Mas ele disse que não iria tocar em mim. E se transamos e eu agi feito uma idiota? Ergui a camiseta e vi que ainda estava usando a mesma calcinha de ontem.Fiqui feliz e triste ao mesmo tempo.— Com licença. — Caleb entrou no quarto com uma bandeja. — Como está a sua cabeça?— Latejando — confessei.— Trouxe algumas aspirinas, um sanduíche natural e um belo suco de laranja. — Ele se sentou na beirada da cama e colocou a bandeja no meu colo.— Meu Deus, tenho que avisar à minha mãe, ela vai me matar — falei, enquanto tomava uma asp
CalebNunca estive tão perturbado em uma viagem, como foi nessa última. A todo momento, a agonia de estar longe de Nova Iorque me invadiu a todos os momentos. Acho que, por querer estar a todo momento perto da Duda e seguir os seus passos, acabei ficando daquele jeito. Eu não via a hora de chegar em casa logo.Roger estava cuidando de tudo em Nova Iorque, era para ele ter vindo junto comigo, mas, como Jenny não poderia ficar de olho na empresa essa semana, preferi que ele ficasse em Nova Iorque.***Mal pousei no hangar e segui para casa, precisava de um banho, para depois ir à empresa, pois tinha uma reunião com Roger. Assim que cheguei na nossa rua, não acreditei no que estava vendo.A Duda estava em frente à minha casa com um sujeito que eu nunca vi em toda a minha vida. Eu havia ficado tranquilo, depois que vi Andrés com Vanessa, e pensei que não teria mais ninguém no meu caminho.E no momento, havia aparecido outro marmanjo para encher a minha cabeça de paranoias? O pior de tudo,