Capítulo 03

Maria Eduarda

Que homem era esse?

E, que voz!

Vamos Duda, você precisa reagir – pensei comigo mesma.

Então, me lembrei das suas últimas palavras.

— Como você prefere, em temperatura ambiente ou gelada? — É a única frase que consegui falar. Meu Deus, Duda, como você era burra.

— Pode ser gelada. — Ofereci água gelada sem saber se tinha. Fui até a geladeira e, para minha surpresa, tinha uma garrafa com água.

Comecei a procurar por um copo, ainda não sabia em qual lugar a minha mãe os havia guardado.

— Desculpe, é que ainda não sei onde minha mãe guardou as coisas — falei, e não olhei para trás, continuei olhando pelos armários. — Achei! — disse e me virei, percebendo que ele deu um meio sorriso, e que sorriso, hein!

Ele se aproximou e pegou o copo da minha mão, fiquei sem reação, não sabia o que fazer. Ele ficou parado me observando, os olhos azuis não pararam de me fitar.

— Água? — perguntei, sustentando o seu olhar.

— Claro. — Ele esticou o copo em minha direção, abri a garrafa e enchi o seu copo.

Ele levou-o até sua boca e começou a beber a água sem tirar os olhos dos meus.

— Vejo que já se conheceram. — Meu pai entrou na cozinha com tudo.

Não sabia se agradecia ou se ficava furiosa com ele.

— Ainda não nos apresentamos — o bonitão falou, me olhando novamente. Deixou o copo em cima da ilha e foi em direção ao meu pai.

— Caleb, essa é a minha pequena Duda. — Meu pai me apresentou com orgulho. —  Minha Maria Eduarda.

— Prazer, Duda. — Caleb veio em minha direção e esticou sua mão, retribui o comprimento, sentindo um arrepio passar pelo meu corpo quando toquei sua mão.

— Ele é o meu chefe, filha. — O homem parecia ser bem mais novo do que o meu pai.

Ele tinha cara de ser um desses playboys, CEO, esses homens bilionários e possessivos, só pelo seu jeito de andar e falar. Deveria ter, no mínimo, 1,90 de altura, moreno, olhos azuis, cabelo curto, todo penteado para trás, e usava uma camiseta branca, calça jeans preta que marcava muito bem suas coxas e o volume na frente da sua calça, não consegui deixar de reparar, pois era muito grande.

— Já está pronto? — Minha mãe entrou na cozinha, perguntando sobre o bolo e o café. — Oi, Caleb! — ela falou em seguida.

— Oi, de novo, Melissa. 

— Que isso, Caleb, pode me chamar apenas de Mel — falou e deu um beijo no meu pai. — Já podemos tomar café, Duda?

— Sim — falei enquanto me voltei para o forno, tirando o bolo. — Só vou preparar a calda.

— Nossa, que cheiro maravilhoso — meu pai falou.

— Sim, o cheiro realmente está maravilhoso. — Caleb concordou, mas senti que ele não estava se referindo ao bolo.

“Pare com isso Duda, um homem como ele nunca iria olhar para uma menina como você”, meu subconsciente me repreendeu.

Eles começaram a conversar enquanto preparava a calda do bolo e assim que a terminei fiz o café, e toda vez que olhava para Caleb, seus olhos estavam cravados aos meus, ele sempre me dava um sorriso de canto.

Fui para sala de estar e preparei a mesa para tomarmos o café.

— Está pronto — gritei, enquanto terminava de arrumar tudo.

Logo em seguida, os três entraram na sala e Caleb continuou sem tirar os olhos de mim. Todos nos sentamos à mesa, minha mãe ao lado do meu pai e eu de frente para o seu chefe.

Servimo-nos e começamos a comer.

Nesse momento, o meu celular tocou, recebi uma mensagem de um número desconhecido.

[Desconhecido]: Oi, Duda, tudo bem? Aqui é o Andrés, a Elisa me disse que você está por aqui.

[você]: Oi, estou sim.

[Andrés]: Se você quiser, posso te mostrar a cidade. O que acha?

[você]: Claro que quero. 

[Andrés]: Me envie o seu endereço. Em dez minutos estarei aí. 

[você]: Ok.

— Posso saber o motivo desse sorriso? — minha mãe perguntou, toda curiosa.

— É o Andrés.

— Seu namorado? — Caleb perguntou.

— Não, é só o irmão da minha melhor amiga. — Ele fez uma careta.

— O que ele queria? — meu pai perguntou.

— Ele se ofereceu para me mostrar Nova Iorque. 

— Eu também posso fazer isso! — Caleb falou, eu o olhei assustada e meus pais não pareceram ligar.

— Não quero incomodá-lo.

— Claro que não é nenhum incômodo.

— Sim, filha, Caleb já é um homem bem mais maduro e de confiança — minha mãe falou.

— Andrés já está a caminho, preciso me trocar — concluí e já saí da mesa, subindo para o meu quarto.

Troquei de roupa, vesti um shorts jeans preto de cós alto, um cropped amarelo com detalhes em renda, e uma rasteirinha, queria aproveitar os poucos dias de sol de Nova Iorque.

Ouvi alguém tocando a campainha, então, desci as escadas correndo. Quando cheguei à sala, meu pai já tinha atendido a porta.

— Aqui está você — senhor Roger falou quando me viu, já Caleb me lançou um olhar atravessado. — Andrés acabou de chegar.

— Duda! — ele falou e veio ao meu encontro, meu pai e Caleb me deram passagem para que eu passasse.

— Andrés, quanto tempo. — Nos abraçamos.

— Quem está aí? — Minha mãe surgiu do nada. — Andrés! Nossa, menino, como você cresceu.

Andrés deveria ter mais de 1,80 de altura, eu ficava uma anã ao seu lado, já que tenho 1,65m.

Ele era moreno, olhos castanhos claros e estava com a barba por fazer. Só de pensar que eu já fui apaixonada por ele me fez ficar com as bochechas coradas..

— Vamos? — falei e comecei a puxá-lo pelo braço, antes que começassem a fazer muitas perguntas.

— Comportem-se! — meu pai grita, conforme ficou na porta com Caleb.

Andrés veio de carro e abriu a porta para que eu entrasse, coloquei o cinto, olhei para a porta da minha casa e Caleb não parava de me encarar.

— Vocês têm alguma coisa? — Andrés me tirou dos meus pensamentos.

— Não. — Tentei disfarçar. — Ele é o chefe do meu pai, nos conhecemos hoje.

Realmente, a atitude de Caleb era muito estranha.

— Hmmm. — Andrés não pareceu convencido, mas o que eu havia dito era verdade. — Vamos! — E então, arrancou com o carro.

Ele me levou para conhecer o Museu de Artes e o Central Park. Eu gostei muito desses lugares.

— O que achou? — me perguntou, assim que saímos do Museu.

— É lindo!

— Achei que, com o tempo, você deixaria de gostar dessas coisas — falou e sorriu.

— Tem algumas coisas que nunca deixamos de amar. — Eu amava museus, literatura e tudo o que se relacionava a isso.

— Tudo bem, senhorita Maria Eduarda.

— O que anda fazendo por aqui, e a faculdade?

— Estou no primeiro ano de Direito. — disse — Estou com 21 anos — falou, enquanto seguíamos em direção a um carrinho de sorvetes. — E você, já sabe o que fazer depois do Ensino Médio?

— Queria ser escritora, como a minha mãe. — Ele pegou dois picolés e me entregou um de maracujá.

— E por que não tenta?

— Obrigada. — Agradeci quando peguei o picolé. — Ela demorou muito para chegar aonde chegou.

— Não custa tentar.

— Eu sei, mas…

— Mas? — me incentivou a continuar.

— Também queria fazer Direito, como meu pai.

— É uma profissão um pouco amedrontadora. — Rimos juntos.

— Assim você me assusta.

— Mas tem o seu lado bom.

— Ah é! Qual? — Nesse momento, sentamo-nos em um dos bancos que tinha por perto.

— Faça o curso e você saberá!

— Ah! Isso não vale, Andrés. — Dei um tapa no seu braço que o fez derrubar o seu picolé nas minhas pernas. — Aaah! Tá gelado.

Ele pegou o picolé com as mãos, encostando-as nas minhas pernas. Ficamos nos encarando por uma fração de segundos.

— Duda! — Reconheci a voz. — Posso ajudar? — Estendeu um lenço em nossa direção.

— Caleb? — Será que ele estava me perseguindo? Pare de pensar besteira, Duda, um homem como esse nunca iria me olhar de tal maneira - pensei.

— Pegue! — Ele continuou com o lenço estendido e fuzilando Andrés com os olhos, já que ainda estava com as mãos nas minhas pernas.

Aceitei o lenço e Andrés jogou o picolé derretido na lixeira ao lado.

— Já volto, vou lavar minhas mãos — Andrés falou, não esperando pela minha resposta e entrando novamente no Museu.

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