Sentimentos Ocultos

Algumas horas depois  a morte da condenada, Rei Leif  recebe a notícia por seus soldados de que ela havia sumido misteriosamente da prisão.

—Bando de inúteis! – Leif b**e na mesa com força com ambas as mãos encarando os soldados. —Onde estavam quando isso aconteceu? Quero nomes dos guardiões do calabouço.

—Senhor, eu mesmo estava fazendo a guarda juntamente com mais três homens.- Dízia um dos chefes de turno— Acreditamos que sua fuga misteriosa ocorreu duas horas após sua saída de lá.

—Não pode ser! Alguém abriu a porta facilitando sua fuga.

—Meu senhor, eu sou devotado a vossa alteza e nunca falhei com prisioneiros mais perversos e perigosos. Como não veria uma mulher frágil sair pela porta da frente?

—Então me dê uma explicação, estou esperando!- Leif não suporta falhas, ele vira-se de costas em sinal de indignação.

—Não tenho senhor, me perdoe. Mas aquela mulher demoníaca não morreu com o veneno, só pode ter virado  fumaça saindo pelas frestas .

—Ela é uma assassina! Veio aqui na intenção de matar a esposa do Rei. Alguém a mandou. Vasculhem a floresta. Ela não pode ter ido longe a pé.

—Sim, senhor.

—Antes disso, chame a Sacerdotisa.

—Prontamente, rei Leif.

 

Alguns minutos depois...

—Irsa, se aproxime!

—Que houve senhor?

—Me diga se haveria a possibilidade de uma pessoa se transformar em vento, poeira... pássaro??

—Se forem seres trevosos da escuridão, sim. Eles podem se transformar no que desejarem. São os chamados CHALENGER, como se pudesse mudar de forma. Mas, por que a pergunta?

—Porque eu vi com meus próprios olhos, quando a condenada bebeu uma porção de veneno do seu anel, morrendo logo em seguida. Mas ela não está mais no calabouço, desapareceu!

—Truques meu senhor. São ardilosas, usam de artifício para enganar aos olhos e ganham tempo. Fingindo estar morta, poderá sair ilesa algum tempo depois.

—Até aí eu entendo. Mas, como ela saiu? Não haveria possibilidade de sair por buracos que mal passaria um rato.

—Se ninguém facilitou sua fuga, só pode ser algum ser metamorfo. Ela se transformou  em algo possível de enganar aos olhos.

—Não acredito nisso. Ainda penso que algum dos meus homens foi enganado por ela e a livrou.

—Mas não tem como saber qual deles o traiu. Vai torturar um a um?  Lembre-se que a fortaleza é um dos locais mais difíceis de sair. Ela pode está entre nós, camuflada.

—Se alguém facilitou sua fuga já tinha em mente o plano desde o princípio. Ela já deve está fora dos nossos portões. Não tenho provas, são muitos homens para perder por causa de uma suspeita. Prefiro aguardar eles terminarem as buscas.

—Está muito complacente meu senhor. Deveria se livrar de todos que fizeram o turno do dia e da noite. Bando de inúteis.

—Está louca! Como posso perder mais de sete soldados numa suposta traição sem provas? Posso ser rude, mas não um tirano. Nunca falharam comigo. Há de ter outra explicação!

—Sendo assim meu senhor, aguarde notícias. E me desculpe, só pensei na sua segurança.

—Está desculpada. Agora pode ir. Preciso ficar sozinho.

Leif estava amargurado. Não podia conceber a idéia de um plano sórdido para eliminar sua esposa vindo de dentro dos seus portões. A traição era o que seu  seu pai mais temia. Durante anos ele conviveu ao lado de fortes aliados. Mas agora que estava sozinho, temia perder a força perante um inimigo oculto. 

Alguns Dias Depois...

—Óoo pequeno pássaro, por que está tão parado na grama, está com suas asas doloridas? -Petra pega a pequena ave e olha suas penas—Ah, está machucada. Mas logo estará pronto para voar. —Ela o envolve em suas mãos por alguns segundos e o solta fazendo voar.

—O pássaro estava doente Petra? – Leif estava observando tudo.—Meu senhor, estava aí há muito tempo?- ela encurva-se em sinal de reverência.

—Está preocupada que tivesse visto sua bruxaria?

—Não sou uma bruxa. Se é esse o pensamento a meu respeito, não entendo porque casou-se comigo!?

—Casei-me pra insultar o seu pai que  perdeu sua esposa e filha. Para um guerreiro Viking isso é desolação. Mas não me preocupo com sua vida.

—Então, se tivesse morrido, não se importaria. Vejo que minha vida nada vale pro senhor, nem pro meu pai.- Leit se aproxima dela e a olha profundamente, seus lábios a deseja mas ele se detém.

—Não me importo com sua vida. Mas não posso deixá-la morrer; ou meu jogo com seu pai perde a graça. Ele virá buscá-la algum dia. Eu o manterei como escravo.

—Por que não o mata? Seria mais rápido . Isso é sadismo?

—Está insinuando que seu senhor maltrata por prazer?

—Eu é que lhe pergunto meu rei, me mantém presa no seu reino há quatro anos só por diversão? Mas sequer se diverte comigo.

—É isso que gostaria Petra?- Petra o olha de maneira suave— Tem desejos que  lhe toque, lhe faça minha esposa como deveria ser de fato?

—O Senhor é meu marido. Pode fazer o que bem intender. Isso não significa que é tenha  sentimentos.

—Realmente, está mais que na hora de calar esse falatório na Vila Real. Vou providenciar que more dentro da casa grande. A partir de hoje, dormirá nos meus aposentos. -Petra arrepende-se de ter aberto a boca .— Mas, antes que pense que vou lhe tocar a força, saiba que não me interessa em nada como mulher. É tão...sem atributos!-Petra o encara firme.

—Sim senhor. Farei como pede – Petra lê nos seus olhos que mente, ele a deseja.

—Quero que se apresente a Irsa amanhã. Ela lhe iniciará nos rituais da lua sagrada. Precisará passar por uma iniciação. Ela lhe explicará.

—Senhor, por favor. Não desejaria mudar minha essência com iniciações desconhecidas às da minha ancestralidade.

—Vai me desobedecer? Eu ordeno que a procure amanhã. Ela saberá o que é melhor pra você a partir de agora. Não a quero fazendo curas pelo meu reino, ou os monges virão lhe cassar pra queimar viva.

— Com a vida que levo, não seria má idéia. Já nada mais me importa, meu pai me odeia e meu marido me enoja.-Petra fala enquanto lágrimas rolam. Leif se aproxima, sua respiração está forte o suficiente para Petra perceber seu desconforto. Ele a quer possuir. Ela pode sentir isso.—Petra, não quero lhe ferir, não vou lhe fazer mal. Mas preciso proteger meu povo. Você não pode continuar operando milagres por aí.

—Mas não sou eu. É mais forte que minha vontade meu senhor. A dor humana e dos animais me consome se nada fizer.

—Então tenha mais cuidado. Poderá ser útil mais tarde numa grande necessidade. Em tempos de guerra suas habilidades serão úteis.

—Eu sei senhor. Farei o possível para não lhe importunar. Se permitir, deixe-me visitar a grande biblioteca real. A que está dentro da casa.

—Ouvi dizer que consumiu todos os livros da biblioteca geral da vila, isso é verdade?

—Em quatro anos vivendo em total solidão sem amigos por perto, só me restaram os livros.

—Como aprendeu ? Não é comum que mulheres saibam ler e escrever, quem lhe ensinou!?

—Minha mãe contava histórias do nosso povo. Mas meu pai não queria que eu aprendesse a ler para não me corromper como os homens, mas ela me ensinou desde os  sete anos.

—Aqui no Reino, somente a Sacerdotisa além de você,  têm o conhecimento escrito; e eu. Espero que não use contra mim.

—Não sou uma traidora meu senhor.

—Não posso confiar mais em ninguém. A mulher que lhe feriu, não morreu. Fugiu misteriosamente pelo calabouço.

—Como isso foi possível?

—Ainda não sabemos. Como bruxa deveria me ajudar a esclarecer.

—Não sou uma bruxa, sou sensível a diversas manifestações, mas não faria mal a ninguém. Ela pode ser uma espécie de polimorfo.

—Então conhece do assunto!

—Sou filha de uma Elfa. Minha mãe quando se foi já havia atingido graus de poderes extraordinários. Um deles é a transfiguração. Mas nada voltado para o mal.

—Se era tão poderosa, como não livrou-se de uma simples flecha?

— Meu senhor, talvez não compreenda agora, mas tudo está escrito. Minha mãe precisava partir em algum momento por ter desistido de sua imortalidade. Ela preferiu proteger o grande amor da sua vida. Sua família. Mas minha mãe continua comigo.

—Você desistiria da sua imortalidade por um grande amor?

—Como vou saber se nunca amei nem fui amada? – Leif sentiu um forte arrepio ao ouvir essas palavras. Não esperava ouvir Petra dizer que não o amava.

—Você é uma mulher fria e insensível. Todo esse tempo não despertou o amor dentro do seu coração. Nunca será amada assim!

—Eu amo a natureza, os animais e ao meu pai mesmo estando ausente. Para ser amado precisa-se merecer e conquistar esse amor.

Seu pai praticamente lhe trocou por umas terras e um rebanho de ovelhas. Sua vida e seu amor pra ele não vale nada!

—Vale sim meu senhor. Eu tive uma infância muito feliz ao lado dele. Foi o melhor pai do mundo. Me ensinou a ser quem sou. Não importa o presente. Sei que ele sofre.

—Você é uma ingrata Petra De Ásbjorn. – Ele a segura pelo braço com força enquanto olha nos seus olhos.

—Por que está me machucando? Não consegue ter um gesto de carinho com sua esposa, veja quem é frio e insensível !

 Leif  aproxima seu rosto muito perto, Petra sente sua respiração ofegante. Ele a deseja com todas as suas forças, mas não vai se render pela filha de seu inimigo.

—Rei Leif , está apertando meu braço. Quer me dizer algo mais?- ela olha para sua boca enquanto fala.

—Não. Nada mais tenho a lhe dizer. Arrume suas coisas e leve para meu quarto. Chega de passar vergonha como um rei sem esposa. Quero que todos pensem de hoje em diante que somos felizes, mesmo sendo uma farsa.

—Não se preocupe. Saberei fingir muito bem. Agora se me permite irei buscar meus pertences, senhor meu marido.

—Amanhã terei um jantar com alguns dos representantes de reinos vizinhos. Vou precisar de sua insignificante presença ao meu lado. Seja discreta, evite levantar os olhos à mesa.

—Sim senhor, com licença!

Leif não entendi o que está sentindo por Petra. Desejaria cortar sua cabeça e mandar para seu pai como prova do seu ódio. Mas algo nela dissolve cada pensamento de vingança. Ela tem um poder de pacificar o coração dele. Leif terá uma árdua batalha ao dividir o mesmo aposento.

[...]

 

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo