Uma Grande Guerreira

Dia Seguinte...

Petra se levanta da cama e não vê seu marido. Mas onde teria ido tão cedo? Ela veste sua roupa de treinamentos. Na arena, estavam presentes algumas mulheres jovens treinando para proteger o reino juntamente com ela na ausência dos homens.

 Sua presença é logo notada. Algumas comentam entra sí sobre seu relacionamento confuso com o Rei. Os boatos correm solto que ela não gosta de deitar-se com o Rei, não se sabe o motivo. Petra não se dá por vencida e resolve tomar uma atitude. Então fala em voz alta para que todos possam escutar.

—Para quem finge me ignorar, sou Petra de Áxteron, casada com Rei Leif de Áxteron. Guerreira Nórdica das terras do Rei Ásbjorn, meu pai.  Há quatro anos estou aqui e poucas são as que me dirigem a palavra. Se algumas de vocês se deita com meu marido é por que assim desejam. Não sou mulher de guerrear por aventuras,  e sim, por causas justas e  necessárias. Para os que me chamam de bruxa, saibam que não vôo em Vassouras. Sou filha de Elim, a última Elfa do reino de Hem. Portanto respeitem minha ancestralidade. Estarei aqui nessa arena quantas vezes for necessário e exijo que me tratem como esposa do Rei. Não precisam gostar de mim, apenas respeitem minha presença, porque toda ausência por si mesma já é atrevida.

As guerreiras se entreolham e reverenciam a esposa do Rei. Irsa vê tudo da porta de entrada, sai às pressas indo ao encontro de sua irmã na floresta. Ninguém sabe  da sua existência, todos acham que ela visita sua mãe que tem grave doença de pele.

Irsa E Sua Irmã Discutem...

—Você falhou! Como pôde ter sido tão irresponsável, Frida?

— O que queria ? Não tive culpa dela ser quase uma imortal. Pensa que foi fácil esperar por dias, até que estivesse sozinha para atacá-la? Não podia adivinhar que o Rei estivesse tão próximo; ela mal reagiu aos ataques, não entendi porque permitiu ser golpeada tantas vezes?!

—Devia ter usado as flechas ou uma espada sua imbecil. Se descobrem que somos irmãs estaremos mortas!!

 —Ninguém sabe da minha existência sábia irmã. A poção que bebi diante do Rei foi justamente o da invisibilidade. Ao virem buscar-me para jogar meu corpo no vale dos ossos, saí pela porta sem que notassem.  Aqueles imbecis nunca saberão como fugi.

—Não poderá continuar aqui Frida . Eles podem vir revistar essa casa . Até quando direi que minha mãe vive? Precisa partir o quanto antes. Eu tenho um plano.

—Seus planos sempre me colocam em perigo irmã.

—Quero que vá para o reino da Normandia. Enfeitice o rei Ásbjorn com seus encantos. Não será tarefa difícil com a beleza que possui. Direi que minha mãe se foi. Sairá daqui envolta a panos por causa da suposta doença. Eu mesma irei acompanhar a saída do corpo para fora das redondezas e o vou incinerar distante da cidade. Chegando ao monte Hereu, você estará livre para seguir viagem à cavalo. Mude seu nome, seja convivente, peça ajuda ao rei e o mate assim que puder.

—Isso é extremamente perigoso. Vou matar um rei e sair ilesa dos seus portões?

—Ele já deve ter perdido as forças pelo que andei escutando. Matará Ásbjorn com uma poção. Não terá dificuldade. Faça de um jeito que pareça um acidente. Mas seja cautelosa e sem pressa.

—E depois que ele se for, para onde irei?

—Terá recursos o suficiente para viajar a Inglaterra. Lá terá uma vida nova e descanso merecido.

—Mas até lá... Serei como uma morta.

—Seja sensata Frida. O que você tem feito da sua vida?

— Não vamos discutir minha irmã,sei o quanto deseja este trono. Seria bem mais fácil se seduzisse ao jovem Rei. Assim pouparia menos trabalho.

—Sabe que não posso seduzi-lo. Sou velha demais para ele. Não sei até quando conseguirei manter minha aparência agradável assim.

—Enquanto houver corações de perdizes para nutrir sua vitalidade, assim será eternamente jovem.

—Estão escassos, a cada dia mais caros para garantir que cheguem vivos a mim, com a desculpa que são para os rituais.

 — Minha irmã, logo essa farsa terá um fim. Busque uma solução nova.

—Preocupe-se com a sua parte, da minha beleza, cuido eu.

Irsa sai da velha casa voltando aos portões da cidade. Ela levará o plano de dizer que sua mãe está morta. Assim livrará Frida da morte na forca. No caminho até o templo encontra Petra que voltava de seu treino...

—Sacerdotiza , não sabia que tinha o hábito de sair fora dos portões da fortaleza?

—Ao contrário de você que praticamente é uma prisioneira, eu vou aonde quiser.- Frida a olha com desprezo.- Com licença esposa real, preciso ir!

[...]

Leif  vem ao seu encontro carregando nas costas um pesado animal que recebera de um aliado do reino.

—Qual a finalidade de matar por matar, Rei Leif?-Petra pergunta indignada ao ver o javali sangrando .

—Quando se mata um animal para comer, estamos alimentando nossos corpos. Não mato por diversão, se é o que deseja saber.

— Mas alguém o matou por diversão numa caça absurda e desonesta.

—Petra, não é obrigada a comer o javali. Temos galinhas, perdizes, legumes, raízes...

—E não comerei mesmo!

—A mim não fará diferença se comer ou não. Há quem se delicie com esta carne. Agora com licença que o animal pesa muito!- Leif segue em direção as servas que vão preparar o animal para o banquete logo mais a noite.

Rendi se aproxima...

—Petra, que bom vê-la logo cedo. Tem um tempo para conversarmos?

—Sim. Vamos sentar aqui, estou observando como se movimentam as mulheres. Vejo que andam para lá e para cá como se buscassem algo, mas não fazem nada em específico. Estão perdidas!

—Está começando sua jornada como esposa real? Isso é muito bom. Sua função é por ordem para que mulheres e crianças não fiquem perambulando pela cidade. É seu dever cuidar para que não fiquem ociosas.

—Sim, acho que terei muito trabalho a fazer por aqui. Algumas dessas mulheres estão por toda parte nas esquinas conversando, enquanto outras trabalham na confecção de roupas, objetos. Precisa haver função para cada uma delas, dividir as tarefas, concorda Rendi?

—Concordo plenamente. Acho até que poderia mandar limpar aquele estábulo que não se usa mais e fazer dali um lugar para encontros com essas mulheres. Mostrar a elas um dever a ser cumprido. Seu marido ficará orgulhoso.

—Não estou me importando com Leif, estou preocupada em ocupar meu tempo com algo útil. Por falar nisso, sua pele está bem melhor. Usou a receita de ervas que te ensinei?

—Sim. Não há abertura de novas fístulas. Minha pele está regenerando e parece que cicatriza rápido. Mas sei também que não estão melhorando pelas ervas simplesmente. Está usando um artifício para evitar rumores de magia, bruxaria não é mesmo?

—Você realmente me entende Rendi. Eu venho da Normandia, sou filha de uma Elfa, já fui perseguida na infância e adolescência por bruxaria pelos monges, isso custou vidas. Não quero arrumar mais confusão.

—Está mais madura Petra. Isso ajudará a vencer aos poucos a resistência do nosso povo. Você é uma estranha aos olhos deles. Mas vai conseguir – Leif vê os dois conversando e se aproxima.

—Amigo Rendi, vejo que Petra gosta da sua companhia, ou já o teria deixado falando sozinho como faz comigo.- risos.

—Ora,pra se não é meu melhor amigo: Rei Leif  sujo de sangue -risos- andou matando alguém logo cedo?

—Não. Estava carregando um javali nas costas, um amigo me mandou de presente.

—Algum amigo em especial? – pergunta Rendi.

—Um vizinho que acaba de chegar de uma caçada. Me trouxe de presente para o jantar logo mais a noite. Não quer juntar-se a nós?

—Melhor não. Ainda minha aparência não é tão agradável para sentar-me à mesa. Em outra oportunidade. Obrigado!

—Eu sinto muito amigo. Mas noto uma ligeira melhora no seu rosto e pescoço. Está fazendo algum tratamento?

—Sua esposa mandou preparar umas ervas e está fazendo milagres.

—Minha esposa se preocupa com o bem estar de todos por aqui não é mesmo Petra?

—Já que falou nisso, quero pedir-lhe permissão para desocupar o antigo estábulo. Preciso de um local para comversar com as mulheres e crianças. Devo fazer mudanças.

—Que tipo de mudanças? Não se esqueça que o Rei aqui sou eu!

—Como sua esposa, devo cuidar daquilo que me compete. Verá que estou no caminho certo.

—Vou lhe dar o voto de confiança. Pode mandar limpar tudo. Agora me dêem licença, vou tirar esse sangue do corpo.

—Rendi, me desculpe. Mas vou ajudar ao meu marido a se limpar. Falamos em outra ocasião.- Leif fica surpreso com sua atitude.

—Até mais meus amigos. Volto para meus estudos.

—Petra, é impressão minha ou quis livrar-se do Rendi?

—Não é isso. Realmente queria está a sós com o senhor. Agradecer por ontem a noite.-Leif sente um arrepio só em caminhar ao lado dela.

—Ah, não fiz mais que minha obrigação. Afinal eu lhe molhei com água fria. Poderia morrer do jeito que tremia -risos-.

—Eu não morreria, que bobagem- risos

Eles caminhavam e riam juntos; os demais observam sua cumplicidade e cochichavam sobre o casal. Finalmente esse casamento parecia está dando certo.

—O que todos estão olhando senhor?

—Me chame de Leif . Sou seu marido e não seu dono.

—Pode demorar um pouco até me acostumar.- ela o olha displicente e ri.

—Vai se acostumar. Serei paciente.-Leif a encara cheio de encantamento, nem parece mais um homem tão rude.

—Meu Rei, matou quantos inimigos nesta manhã? Está coberto de sangue.- Irsa os vê na entrada da casa Real.—Mandarei as servas lhe ajudarem com o banho.

—Sacerdotiza, isso não será necessário. Eu mesma cuidarei do banho do Rei.- Irsa a olha com frieza e assente.

—Vamos, Leif. -Petra entra na casa sabendo que deixou um rastro de inveja por onde passou.

[...]

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