Antes do final de semana eu já tinha mobiliado a casa toda para os meninos, podiam até chamar de precipitado, mas eu tinha comprado camas, guarda roupas, brinquedos, tudo o que as crianças iam precisar na nossa casa. Não consegui dormir na sexta a noite e no sábado já estava de pé com as galinhas, correndo para todos os lados querendo que tudo estivesse perfeito. — Você já conferiu todas as coisas ao menos um milhão de vezes. — Marcos falou me dando um beijo no cabelo e me puxando para fora do carro. — Vai dar tudo certo, amor. Sim eu tinha fé que ia, com ele ao meu lado tudo ia dar certo e com as crianças iria ser perfeito. — Bom dia! — exclamei vendo as crianças ali paradas esperando por nós, Rick com Lisa no colo e Rafa ao lado, Clarice estava ali com eles também, exibindo um sorriso largo. — Bom dia, Emy! — Lisa foi a única que me respondeu, Rick era mais calado e Rafa parecia ainda desconfiado. — Prontos para conhecer a futura casa de vocês? — Marcos perguntou se juntando a
Helen & FernandoAssim que me virei lá estava ele, na penumbra da cozinha, vestido apenas com uma calça de moletom, com a luz parcial do quintal iluminando sua pele nua. O peito subindo e descendo com antecipação, os olhos ávidos na espera por alguma reação minha, e eu tinha certeza de que se pressionasse minhas mãos em seu peito seu coração estaria batendo tão rápido quanto o meu. Não tinha dúvidas porque era assim desde que o conheci. Fernando não disse nada, apenas ficou ali do outro lado do balcão me encarando. Eu fui a primeira a desviar o olhar me concentrando no micro-ondas como a covarde que era, torcia para que ele fizesse logo o que foi fazer ali e fosse embora. Mas o infeliz sabia bem como mexer comigo, não demorou para que eu sentisse o calor do seu corpo perto do meu. Seus braços me envolveram em um casulo quando ele agarrou o balcão a minha frente me deixando presa entre o granito frio e seu peito quente. Senti quando ele esfregou o nariz em meus cabelos, descendo até
EMILY Eu estava indo para nunca mais voltar! Estava farta de olhar para pessoas que fingiram ser meus amigos enquanto sabiam que Marcos, só estava brincando comigo. Era isso que ele queria então ele ia ter! Meu maior arrependimento foi ter me deixado levar por seu papo e seus olhos verdes bonitos e me entregar aquele babaca! Filho da mãe desgraçado.Eu me entreguei a ele, de corpo e alma, meus últimos anos foram totalmente sobre ele e agora ali estava eu sendo a otaria, sendo a outra, na verdade segundo ele nunca tinha deixado o mar de garotas, sempre tinha tido outra em seus braços além de mim.Sentia pena de Bianca, que tinha que aguentar esse traste como irmão. Não me despedi dela, nem de Bete, minhas melhores amigas não saberiam que eu estava fugindo da cidade no meio da noite.Empacotava minhas malas enquanto chorava de raiva por ter me apaixonado por Marcos Almeida! Nem sei onde estava com a cabeça quando comecei a me envolver com ele.— Está pronta querida? — minha mãe pergun
Depois que eu saí dessa cidade, há cinco anos, não esperava voltar. Claro que no começo eu quis voltar, quis voltar para os meus pais, minhas amigas, quis muito ter minha vida de volta. Mas a vida tratou de enterrar esses sentimentos dentro de mim de um jeito muito doloroso. A ideia de voltar logo nessas circunstâncias só piorava tudo, mas meu pai precisava de mim então eu ia ser forte e encarar, ia enfrentar o que fosse preciso, engolir meus fantasmas e pesadelos por ele. Meu irmão tinha acabado de descobrir que Helen, sua mulher, estava grávida e eu não podia estragar a comemoração deles porque papai estava tendo problemas com a bebida de novo.Na verdade, ele já vinha dando trabalho há muito tempo, desde que mamãe morreu, nós só não tínhamos ideia de que estava piorando. Então assim que Janice, me ligou dizendo que ele tinha ido parar no hospital depois de beber horrores e se machucar, eu soube que precisava intervir. Ainda mais quando ele decidiu despedi-la, a mulher que trabalh
Eu vaguei pelos corredores do supermercado me certificando que tinha pegado tudo das duas listas. Bruno era responsável por pegar todas as coisas de Carla, mas ele falava tanto que sempre esquecia alguma coisa.— Cara que calor dos infernos, como aquela maluca está aguentando? — ele apontou para uma mulher no fim do corredor, usando uma calça jeans e moletom com o capuz cobrindo o rosto. — Vamos logo passar no caixa, quero poder chegar em casa a tempo de ver o jogo.Por um momento meu coração palpitou no peito, quase como um aviso, mas assim que a criança parou ao lado dela conversando eu esqueci tudo. Não era minha garota, nunca seria. Minha garota estava em São Paulo, feliz com o namorado advogado, curtindo a vida de cidade grande.— Mais alguma coisa? — Kelly, a atendente perguntou me trazendo de volta a realidade.— Cara, o leite! — gritei quando a menina correu me fazendo lembrar de Felipe. — Carla me mataria se eu esquecesse.Corri atravessando o corredor e ainda olhei de relanc
Eu já não devia me sentir tão afetada assim por ele, mas ali estava eu na entrada de casa, trancada no carro chorando e socando o volante. — Vamos lá Emily! Você tem que tomar as rédeas disso. — gritei comigo mesma e saí do carro decidida a esquecer tudo aquilo, a tentar com mais afinco tirar meu pai dessa cidade, só tinha chegado a algumas horas, não podia né desesperar e chorar. Peguei rapidamente as sacolas no porta-malas, antes que algum dos vizinhos viesse me abordar. — Então foi você quem me tirou do chão! — a voz do meu pai chamou minha atenção assim que fechei a porta da frente de casa. — O que está fazendo aqui? — Eu vim lhe visitar e nós precisamos conversar. — comecei tentando parecer decidida. — Não me venha com essa, tenho certeza que Janice já abriu aquela boca grande e é só por isso que você está aqui! — ele resmungou, sem me olhar diretamente nenhuma vez. Mas eu não podia culpá-lo quando eu fazia o mesmo. — Eu só vou conversar com você depois que tomar um banho e
Acordei sem a menor vontade de me levantar, era quase impossível continuar dormindo nessa cidade por muito tempo depois do nascer do sol, pois os pássaros e o calor acordam qualquer um, mesmo assim me mantive na cama por mais uma hora depois que acordei. A porta do quarto do meu pai ainda estava fechada, e eu ia dar a ele o tempo necessário até que estivesse pronto para finalmente conversarmos. Então encarei a cozinha: "Você não estava aqui!" as palavras dele rodavam em minha cabeça e voltavam para me acertar como um tapa na cara. "Não finja que se importa!". Era mais difícil encarar a verdade de frente do que eu pensei, mas antes que eu me entregasse aos pensamentos errôneos e depressivos a campainha tocou. Janice não iria bater, ela tinha a chave e havia me prometido não contar a ninguém que eu estava aqui. Então quem diabos poderia ser? Fiquei parada na porta esperando que batessem de novo e bateram, mais forte dessa vez. — Emily Carvalho, eu sei que você está aí dentro e não v
ANOS ATRÁSTempo... era tudo o que precisava ultimamente e o que não estava tendo.As aulas do cursinho, junto com o começo das aulas na escola e todo estresse de "o que eu vou cursar na faculdade", estavam acabando comigo. Então me desculpem todos, mas eu iria ter um bom momento esse final de semana.Há meses eu não ia a uma festa, mas hoje tinha decidido ir. Com meus pais fora da cidade e Fernando na faculdade tudo ficava mais fácil. Eu estava no último ano da escola finalmente e merecia um pouco de diversão.Eu estava dançando no meio da sala na casa de John, tentando extravasar toda a energia acumulada e acabar com todo o estresse que vinha me consumindo.— Olha só, eu vou ficar com Maicon essa noite, então o Vitor é todo seu. — Bete gritou, para ser ouvida por cima da música alta me pegando de surpresa.Os meninos vinham trazendo bebidas e olhando para Vitor ele não era alguém que me chamava a atenção, mas não era de se jogar fora. Eu ainda estava obcecada com o deus grego v