Eu me choquei com a fala da pequena e segurei a mão de Marcos. — Quem te disse isso? — Gente já sabe. — ela disse comendo as palavras, mas parecendo uma pessoa adulta já, até chegou a erguer o queixinho rechonchudo. — Leva meu imão. — Oh! — exclamei surpresa, a menininha era mais inteligente e ousada do que qualquer um que eu tinha visto. Todas as outras crianças continuavam em seus lugares, algumas já tinham parado de brincar ao notarem que estávamos ali, mas nenhuma chegou até nós. — E porque não você? — foi Marcos que fez a pergunta, já se abaixando e ficando na altura dela. — Eu sou neném, poxo fica aqui, ele não. — era tão fofo ouvi-la falando que quase me perdi no que ela falava. — E onde ele está? — Lá. — ela apontou o campo onde jogavam bola. — O de peto. — não foi muito esclarecedor sobre quem era ele, já que havia mais de um garoto usando preto ali. Marcos e eu não tínhamos pensado nem tocado no assunto sobre idade, na minha cabeça estávamos indo adotar uma criança,
Marcos lançou a pergunta no ar enquanto ele nos encarava, de um para o outro, parecendo incrédulo que aquilo estivesse mesmo acontecendo. — Não estou entendendo. O que querem dizer com isso? Ele estava mesmo sem acreditar no que estávamos perguntando, imagino que a esperança dele no último ano deve ter sido tão massacrada que ele se quer conseguia acreditar que aquilo era possível. — Nós estamos te perguntando se você quer ser adotado por nós, Henrique? Você e seus irmãos juntos conosco. Seu olhar se desviou para os irmãos que continuavam a nos espionar, achando que estavam escondidos. — Isso é verdade? Estão falando sério sobre adotar nós três? Eu não consegui conter o sorriso e acenei afirmando para ele e chamando a atenção dos pequenos, que correram em nossa direção. — Acho que seus irmãos podem te ajudar a entender mais rápido. — Lisa pulou no colo do irmão mais velho e Rafa ficou ao lado, parecendo desconfiado. Eu estava começando a ter uma ideia de como seria essa adapta
Antes do final de semana eu já tinha mobiliado a casa toda para os meninos, podiam até chamar de precipitado, mas eu tinha comprado camas, guarda roupas, brinquedos, tudo o que as crianças iam precisar na nossa casa. Não consegui dormir na sexta a noite e no sábado já estava de pé com as galinhas, correndo para todos os lados querendo que tudo estivesse perfeito. — Você já conferiu todas as coisas ao menos um milhão de vezes. — Marcos falou me dando um beijo no cabelo e me puxando para fora do carro. — Vai dar tudo certo, amor. Sim eu tinha fé que ia, com ele ao meu lado tudo ia dar certo e com as crianças iria ser perfeito. — Bom dia! — exclamei vendo as crianças ali paradas esperando por nós, Rick com Lisa no colo e Rafa ao lado, Clarice estava ali com eles também, exibindo um sorriso largo. — Bom dia, Emy! — Lisa foi a única que me respondeu, Rick era mais calado e Rafa parecia ainda desconfiado. — Prontos para conhecer a futura casa de vocês? — Marcos perguntou se juntando a
Helen & FernandoAssim que me virei lá estava ele, na penumbra da cozinha, vestido apenas com uma calça de moletom, com a luz parcial do quintal iluminando sua pele nua. O peito subindo e descendo com antecipação, os olhos ávidos na espera por alguma reação minha, e eu tinha certeza de que se pressionasse minhas mãos em seu peito seu coração estaria batendo tão rápido quanto o meu. Não tinha dúvidas porque era assim desde que o conheci. Fernando não disse nada, apenas ficou ali do outro lado do balcão me encarando. Eu fui a primeira a desviar o olhar me concentrando no micro-ondas como a covarde que era, torcia para que ele fizesse logo o que foi fazer ali e fosse embora. Mas o infeliz sabia bem como mexer comigo, não demorou para que eu sentisse o calor do seu corpo perto do meu. Seus braços me envolveram em um casulo quando ele agarrou o balcão a minha frente me deixando presa entre o granito frio e seu peito quente. Senti quando ele esfregou o nariz em meus cabelos, descendo até
EMILY Eu estava indo para nunca mais voltar! Estava farta de olhar para pessoas que fingiram ser meus amigos enquanto sabiam que Marcos, só estava brincando comigo. Era isso que ele queria então ele ia ter! Meu maior arrependimento foi ter me deixado levar por seu papo e seus olhos verdes bonitos e me entregar aquele babaca! Filho da mãe desgraçado.Eu me entreguei a ele, de corpo e alma, meus últimos anos foram totalmente sobre ele e agora ali estava eu sendo a otaria, sendo a outra, na verdade segundo ele nunca tinha deixado o mar de garotas, sempre tinha tido outra em seus braços além de mim.Sentia pena de Bianca, que tinha que aguentar esse traste como irmão. Não me despedi dela, nem de Bete, minhas melhores amigas não saberiam que eu estava fugindo da cidade no meio da noite.Empacotava minhas malas enquanto chorava de raiva por ter me apaixonado por Marcos Almeida! Nem sei onde estava com a cabeça quando comecei a me envolver com ele.— Está pronta querida? — minha mãe pergun
Depois que eu saí dessa cidade, há cinco anos, não esperava voltar. Claro que no começo eu quis voltar, quis voltar para os meus pais, minhas amigas, quis muito ter minha vida de volta. Mas a vida tratou de enterrar esses sentimentos dentro de mim de um jeito muito doloroso. A ideia de voltar logo nessas circunstâncias só piorava tudo, mas meu pai precisava de mim então eu ia ser forte e encarar, ia enfrentar o que fosse preciso, engolir meus fantasmas e pesadelos por ele. Meu irmão tinha acabado de descobrir que Helen, sua mulher, estava grávida e eu não podia estragar a comemoração deles porque papai estava tendo problemas com a bebida de novo.Na verdade, ele já vinha dando trabalho há muito tempo, desde que mamãe morreu, nós só não tínhamos ideia de que estava piorando. Então assim que Janice, me ligou dizendo que ele tinha ido parar no hospital depois de beber horrores e se machucar, eu soube que precisava intervir. Ainda mais quando ele decidiu despedi-la, a mulher que trabalh
Eu vaguei pelos corredores do supermercado me certificando que tinha pegado tudo das duas listas. Bruno era responsável por pegar todas as coisas de Carla, mas ele falava tanto que sempre esquecia alguma coisa.— Cara que calor dos infernos, como aquela maluca está aguentando? — ele apontou para uma mulher no fim do corredor, usando uma calça jeans e moletom com o capuz cobrindo o rosto. — Vamos logo passar no caixa, quero poder chegar em casa a tempo de ver o jogo.Por um momento meu coração palpitou no peito, quase como um aviso, mas assim que a criança parou ao lado dela conversando eu esqueci tudo. Não era minha garota, nunca seria. Minha garota estava em São Paulo, feliz com o namorado advogado, curtindo a vida de cidade grande.— Mais alguma coisa? — Kelly, a atendente perguntou me trazendo de volta a realidade.— Cara, o leite! — gritei quando a menina correu me fazendo lembrar de Felipe. — Carla me mataria se eu esquecesse.Corri atravessando o corredor e ainda olhei de relanc
Eu já não devia me sentir tão afetada assim por ele, mas ali estava eu na entrada de casa, trancada no carro chorando e socando o volante. — Vamos lá Emily! Você tem que tomar as rédeas disso. — gritei comigo mesma e saí do carro decidida a esquecer tudo aquilo, a tentar com mais afinco tirar meu pai dessa cidade, só tinha chegado a algumas horas, não podia né desesperar e chorar. Peguei rapidamente as sacolas no porta-malas, antes que algum dos vizinhos viesse me abordar. — Então foi você quem me tirou do chão! — a voz do meu pai chamou minha atenção assim que fechei a porta da frente de casa. — O que está fazendo aqui? — Eu vim lhe visitar e nós precisamos conversar. — comecei tentando parecer decidida. — Não me venha com essa, tenho certeza que Janice já abriu aquela boca grande e é só por isso que você está aqui! — ele resmungou, sem me olhar diretamente nenhuma vez. Mas eu não podia culpá-lo quando eu fazia o mesmo. — Eu só vou conversar com você depois que tomar um banho e