. . . . . . . . CINCO MESES DEPOIS . . . . . . . .Emanuele olhou-se no enorme espelho de corpo inteiro. A moça mal sabia para onde olhar, para qual detalhe se importar primeiro.Não sabia se olhava para o lindo penteado no cabelo agora castanho escuro; a cor natural.Não sabia se reparava na maquiagem impecável de seu rosto, que a deixava ainda mais bonita e radiante do que estava se sentindo.E também não sabia se olhava para o lindo vestido branco, de corte simples, enfeitado com pequenas madrepérolas. Apesar da simplicidade da roupa, era inegável dizer que a noiva estava divina naquele dia.Sorrindo, ela deu uma volta diante do próprio reflexo. Seu coração retumbava de felicidade, e ela sentiu as estrelas do céu noturno lá fora desejando-na boa sorte. A cortina de trás da porta se abriu. Uma moça baixinha e rechonchuda sorriu simpaticamente ao entrar no cômodo, admirando-a abertamente.“Senhorita Parker, está linda!”Emanuele sorriu.“Obrigada! Mas em breve deixarei de ser a se
Olhando para o belo mar diante deles em meio à madrugada escura, Emanuele disse para Joshua, que estava deitado nu ao seu lado:“Eu nunca tinha feito isso antes.”O homem ergue uma das sobrancelhas ao olhar para ela:“Sexo na praia?”“Ter uma noite de lua de mel.”Ele ri.“Bom, dependendo da frequência, perde a graça.”Ela também o acompanha na risada, também nua, e se encosta mais no corpo quente dele. Aquele lugar era um paraíso sem igual. Uma bela praia deserta numa das muitas ilhas do Caribe. Naquela época do ano, era bom que ficassem ao relento daquele jeito, já que o calor não ia embora mesmo quando o sol sumia. Ela tinha amado aquele lugar.Mas o que ela realmente amou foi quando Joshua a tomou nas areias quentes, fazendo-a gritar e chamar o nome dele, como sempre foi, desde que tiveram a primeira noite de amor. Por mais que a frequência tivesse aumentado, cada uma das transas era tão ou mais intensa quanto a última. Parecia mágico. A jovem escritora suspirou e então se sento
Cada passo que Emanuele dava pelo enorme corredor no quarto andar do apartamento era doloroso, cansativo e absolutamente infernal.A chuva torrencial lá fora também não ajudava. A pesada mala que ela arrastava estava encharcada, assim como a própria Emanuele, e já passava das onze horas da noite. Ela havia alugado um quarto naquele prédio, e a proprietária devia estar dormindo. A garota tentou ligar para o celular de Alexandra, mas aparentemente ele estava desligado.O cabelo tingido de vermelho da garota estava grudado em seu rosto, misturado não apenas com as gotas de chuva, mas também com suor. Quase rosnando de frustração, morrendo de vergonha, frio e irritação, a garota de pele bronzeada tocou a campainha. Um estrondo de trovão soou. Será que a proprietária ficaria irritada por ela ter chegado àquela hora?Alguns segundos se passaram. Bem, não seria nada surpreendente se ela estivesse dormindo. As mãos de Emanuele estavam tremendo de cansaço, fome e apreensão. As últimas horas tin
O coração de Emanuele parecia que ia sair pela boca. A mão que segurava a alça de sua bolsa se soltou imediatamente. Um verdadeiro pesadelo, infernal e terrível, tomou conta de sua consciência. Dentro de si, ela tentou encontrar alguma centelha de calma, de tranquilidade. Algo a que pudesse se agarrar enquanto um enorme furacão de desgraça se alastrava dentro dela. Mas, em vez disso, além da pura letargia, havia medo. Um medo gelado, escuro e vazio, como a boca de uma enorme fera prestes a devorar tudo em seu caminho. Seria esse... seria esse o dia em que ele finalmente morreria? Aqueles seriam seus últimos minutos, aqueles em que as lembranças de nossa vida passariam diante de nossos olhos como um curta-metragem? Ela não conseguia ver seu agressor, nem reconhecer sua voz. O hálito que exalava de sua boca profana era horrível, uma mistura de álcool e dentes podres. A lâmina gelada estava encostada em seu pescoço, e Emanuele sentiu uma fina gota de sangue escorrendo por seu colo. L
"Você está bem?"Emanuele continuou a olhar fixamente para o rosto de Joshua; sua respiração estava ofegante e difícil. "Você está bem?!" Ele repetiu mais uma vez, prestando atenção nos detalhes: a blusa quase aberta, o fluxo de sangue escorrendo, a jaqueta jogada (e molhada) a alguns centímetros de distância.A mulher tentou falar, mas não conseguiu. Em vez disso, um murmúrio saiu de seus lábios, misturado com o que parecia ser um lamento ou choro.Joshua imediatamente arrancou um pedaço de sua própria camisa de debaixo da jaqueta, pressionando-a contra o pescoço."Eles não vão voltar", disse Joshua. Seus olhos brilhavam com uma emoção desconhecida. "Não feridos como estão. Isso se eles sobreviverem." O homem respirou fundo e continuou: "Vou levá-la ao hospital".A ruiva finalmente conseguiu dizer alguma coisa."Não... Dormir. Hotel.""Você não vai dormir em um hotel, Emanuele."A garota solta um ruído agonizante de protesto e dor, e Joshua coloca sua mão grande e quente em seu ombr
Emanuele abre os olhos e olha para o teto. A cama é confortável e um pouco bagunçada. O ferimento em seu pescoço dói, embora não pareça grave, e a madrugada tem sido terrível por causa dos pesadelos.Na noite anterior, depois que Joshua saiu do banheiro após encurralá-la contra a parede, deixando-a com uma montanha de perguntas, ela tentou tomar um banho. Suas mãos tremiam por causa da adrenalina, e várias vezes ela teve de conter as lágrimas enquanto se limpava.Quando terminou, a garota percebeu que suas roupas ainda estavam em sua mala, que estava na sala de estar. Sem querer incomodar seu anfitrião, Emanuele se enrolou na toalha e foi para a sala de estar, agradecendo silenciosamente a Joshua por não estar lá. Aparentemente, ele havia voltado para seu próprio quarto.Isso a desestabilizou. Na verdade, mais do que ela já estava desestabilizada. Ele a salvou em um momento e, no outro, a deixou sozinha?A garota de pele escura se levantou. Apesar do grande risco que havia corrido na
"Joshua me disse que você viria hoje de manhã, e a irmã dele disse a mesma coisa. Mas você chegou tarde ontem à noite. Por quê?" O tom acusatório e a total diferença de atitude em relação ao momento anterior de Thabata causam total angústia em Emanuele, que não consegue sequer formular uma frase. Mas a loira não deixa nem que ela consiga organizar seus próprios pensamentos. Andando lentamente pela sala, Thabata continua: "Meu namorado é uma pessoa muito boa. Ele se jogaria de uma ponte para salvar uma pessoa indefesa. Mas não coloque nenhuma ideia nessa sua cabeça, está me ouvindo?" "... O quê?" "O quê?", Thabata repete debochadamente. Em seguida, ela volta ao seu semblante irritado. "Ele não vai ficar aqui por muito tempo, é só até minha cunhada voltar de viagem. E eu vou ficar de olho em você." "Mas..." "Ele é muito bonito, não é? Atraente, charmoso, corajoso.... Tudo o que uma garota como você provavelmente nunca viu na vida." Emanuele fica parada, ouvindo sem parar as ofens
As duas garotas ficam estáticas, olhando para Joshua. O homem coloca a embalagem em cima da mesa, e então pergunta mais uma vez: "O que está acontecendo?" O rosto de Thabata se modifica completamente: a hostilidade antes mostrada se transforma em contemplação, educação e preocupação. "Oi, querido. Obrigada por trazer o que eu pedi!" Ela o abraça, mas Joshua não retribui com entusiasmo. "Eu e Emanuele estávamos conversando sobre a noite horrível que ela passou ontem. Ela veio me pedir desculpas por ter se trancado no quarto." Emanuele poderia derrubar uma parede de tanto ódio, mas resolveu entrar no jogo. Tudo o que não precisava agora era ser inimiga do irmão da dona do apartamento. "Sim, eu... Vim comer algo e aproveitei para me desculpar. Mas vi que você tinha saído. Então vou te pedir desculpas agora. Foi muito indelicado da minha parte fazer o que eu fiz... Sinto muito." Joshua levanta a mão em um gesto apaziguador. "Não foi nada. Está tudo bem." Então ele se volta para Thab