A madrugada de inverno é fria.Um mês se passou desde que Emanuele viu a irmã morrer. Um mês, e mesmo assim, a lembrança continuava latente e terrível.A moça já tinha ido à terapia, mas os pesadelos continuavam atormentando-a. Joshua não sabia mais o que fazer, já que todas as noites, às duas da manhã, os gritos de terror da garota o acordava.O professor se levantou da própria cama em meio à penumbra. O relógio do celular dizia que eram uma hora e cinquenta minutos, ou seja, dez minutos antes dos pesadelos acontecerem.Pé ante pé, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho excessivo, Joshua abriu a porta de seu quarto, indo em direção à porta de Emanuele.Mas a porta estava aberta.Franzindo a testa, o homem se aproxima do cômodo. A cama dela está vazia.Ainda sem tomar decisões precipitadas, Joshua vai até a sala, igualmente vazia. O coração dele só desacelera quando ele vê a garota sentada à mesa, bebendo um copo de água. Ela o observa sem dizer nada, então volta a sorver o lí
Assim que fecha a porta, Joshua dá beijos quentes e suaves na pele sensível do pescoço de Emanuele. O homem suspira, quase que embriagado de paixão, e murmura:“Eu amo o seu cheiro.”Com toda a delicadeza e romantismo do mundo, Joshua apoia o tronco da ruiva na cama, deixando as pernas e pés tocando o chão. Ele a acaricia por cima da roupa. Emanuele geme.“Da última vez em que estivemos juntos assim, fiz apenas uma demonstração do que poderia vir a seguir. Lembra-se?”Ele a estimula mais com a ponta do polegar, em movimentos circulares sutis e suaves. “Aquelas foram as palavras de um homem tomado de desejo, e até luxúria, se eu estiver disposto a admitir. Hoje talvez eu esteja novamente com esses sentimentos em meu corpo, mas… Há uma diferença. Agora tenho certeza de que te amo.”Ainda com o polegar no clitóris de Emanuele, Joshua a beija com vontade; o movimento da língua é suave e quente. Murmúrios saem de sua garganta, como se o professor estivesse se deliciando com aquele momento
Por alguns segundos, tudo o que Emanuele consegue fazer é encarar fixamente Joshua. Os dois ainda estão nus, e a distância entre seus corpos é a mínima possível. “O quê?” Ela pergunta, baixinho. Será que tinha escutado direito? Suas emoções a deixaram atordoada o suficiente para que ela ouvisse tal pedido?Ele dá uma risada discreta, então abre um sorriso confiante e sentimental.“Você quer se casar comigo?”A moça imediatamente se senta, encostando-se na cabeceira da cama. Ela cobre a própria nudez com o cobertor, ainda olhando para o homem, que também se senta.“Eu…”Várias coisas passam pela sua cabeça.A primeira era de que não, ela não poderia se casar. Nem naquela vida nem nunca. Todas as desgraças que lhe aconteceram, todos os traumas horríveis e infelizmente marcantes que estavam gravados na sua pele; tudo aquilo fazia do casamento em si uma ideia terrível.De acordo com os livros que a jovem lia, principalmente durante a adolescência, casamento era a união de duas pessoas. T
Convencer Crimson a entrar no banco de dados da polícia para achar o endereço do pai dela não foi tão difícil.Na verdade, Emanuele ficou bem surpresa quando teve que usar apenas um dos seis argumentos ensaiados. O velho deu de ombros e disse que, àquela altura, não valia mais a pena tentar fingir que não agia extraoficialmente de vez em quando.O que realmente exigiu muita lábia da ruiva foi convencer Joshua a não ir com ela. A garota sabia que ele só queria protegê-la, mas Emanuele foi bastante assertiva em seus argumentos. Ela precisava fazer aquilo sozinha, enfrentar aquela parte de seu passado, e ver se havia alguma possibilidade de fixá-la em seu futuro.Sarah havia dito que ele se encontrava numa espiral depressiva, e que quando a viu, não conseguiu reagir adequadamente, e que aquilo havia a magoado.Emanuele então se preparou emocionalmente. Ela não se decepcionaria ou ficaria ressentida se, por um acaso, o homem que em algum momento lhe ensinou uma linda canção de ninar não s
O velho cai de joelhos no mesmo instante. Emanuele corre até ele e o abraça apertado, mas Joseph não corresponde. Ao invés disso, ele parece estar fazendo o possível para não gritar o mais alto que consegue.“Pai!” A garota diz.“Adriele morreu? Eu tive duas filhas, e uma delas morreu? É isso?! É isso o que você está me dizendo?!’Emanuele tenta conter os soluços, mas não consegue. Ao invés disso, ela diz:“Sim, pai. Eu sinto, sinto muito mesmo. Foi tudo tão rápido! Eu perdi minha mãe, minha irmã e agora… Agora você é tudo o que me resta. É literalmente tudo o que eu tenho como família!”Joseph não consegue falar nada durante um tempo, apenas chorar. Os dois estão tremendo muito. Sarah, quando viva, disse que Morgan não conseguiu ter a reação adequada, que estava quebrado demais por dentro. Mas agora ele parecia bastante emotivo. O que será que tinha acontecido?O cheiro do pai, que envolve as narinas de Emanuele, é calmante e familiar. Num estalo, ela se lembra que o mesmo aroma a e
. . . . . . . . CINCO MESES DEPOIS . . . . . . . .Emanuele olhou-se no enorme espelho de corpo inteiro. A moça mal sabia para onde olhar, para qual detalhe se importar primeiro.Não sabia se olhava para o lindo penteado no cabelo agora castanho escuro; a cor natural.Não sabia se reparava na maquiagem impecável de seu rosto, que a deixava ainda mais bonita e radiante do que estava se sentindo.E também não sabia se olhava para o lindo vestido branco, de corte simples, enfeitado com pequenas madrepérolas. Apesar da simplicidade da roupa, era inegável dizer que a noiva estava divina naquele dia.Sorrindo, ela deu uma volta diante do próprio reflexo. Seu coração retumbava de felicidade, e ela sentiu as estrelas do céu noturno lá fora desejando-na boa sorte. A cortina de trás da porta se abriu. Uma moça baixinha e rechonchuda sorriu simpaticamente ao entrar no cômodo, admirando-a abertamente.“Senhorita Parker, está linda!”Emanuele sorriu.“Obrigada! Mas em breve deixarei de ser a se
Olhando para o belo mar diante deles em meio à madrugada escura, Emanuele disse para Joshua, que estava deitado nu ao seu lado:“Eu nunca tinha feito isso antes.”O homem ergue uma das sobrancelhas ao olhar para ela:“Sexo na praia?”“Ter uma noite de lua de mel.”Ele ri.“Bom, dependendo da frequência, perde a graça.”Ela também o acompanha na risada, também nua, e se encosta mais no corpo quente dele. Aquele lugar era um paraíso sem igual. Uma bela praia deserta numa das muitas ilhas do Caribe. Naquela época do ano, era bom que ficassem ao relento daquele jeito, já que o calor não ia embora mesmo quando o sol sumia. Ela tinha amado aquele lugar.Mas o que ela realmente amou foi quando Joshua a tomou nas areias quentes, fazendo-a gritar e chamar o nome dele, como sempre foi, desde que tiveram a primeira noite de amor. Por mais que a frequência tivesse aumentado, cada uma das transas era tão ou mais intensa quanto a última. Parecia mágico. A jovem escritora suspirou e então se sento
Cada passo que Emanuele dava pelo enorme corredor no quarto andar do apartamento era doloroso, cansativo e absolutamente infernal.A chuva torrencial lá fora também não ajudava. A pesada mala que ela arrastava estava encharcada, assim como a própria Emanuele, e já passava das onze horas da noite. Ela havia alugado um quarto naquele prédio, e a proprietária devia estar dormindo. A garota tentou ligar para o celular de Alexandra, mas aparentemente ele estava desligado.O cabelo tingido de vermelho da garota estava grudado em seu rosto, misturado não apenas com as gotas de chuva, mas também com suor. Quase rosnando de frustração, morrendo de vergonha, frio e irritação, a garota de pele bronzeada tocou a campainha. Um estrondo de trovão soou. Será que a proprietária ficaria irritada por ela ter chegado àquela hora?Alguns segundos se passaram. Bem, não seria nada surpreendente se ela estivesse dormindo. As mãos de Emanuele estavam tremendo de cansaço, fome e apreensão. As últimas horas tin