Se algum dia me dissessem que durante a adolescência eu não viveria um episódio aleatório de Gossip Girl, com toda certeza eu nem sequer teria me dado ao trabalho de ansiar por isso. A dura realidade é que os primeiros anos da adolescência nem sempre são glamourosos. Há as espinhas inflamadas, a menstruação lhe dando as boas-vindas; há os dramas amorosos que parecem se intensificar a cada momento — principalmente se você for uma garota sofrendo por um amor platônico e que não sabe controlar os próprios sentimentos, como eu.
No meu caso, eu havia adquirido o pacote completo do Adolescente Esquisito e Vítima da Puberdade que costumamos ver nos filmes. Minha arcada dentária era torta, a maioria dos meninos não me achava atraente, e talvez eu assustasse boa parte deles quando reconheciam que eu tinha uns dez centímetros a mais de altura. Alguns até me chamavam de Rupi Bambu, o que me fez parar na detenção umas quatro vezes por conta das brigas em que me envolvi.
Eu não gostava deles. Não gostava dos amigos de Zac também, no entanto eu estava disposta a fazer diferente naquela noite. Não havia pulado a janela do meu quarto e me enfiado em um carro com Zachary — o carro que ele acabara de ganhar, inclusive — para ficar apenas ali, imaginado o que aconteceria se eu desse um tapa naquela cara irritante de Josh Denver, ou se eu falasse para Hillary Morgan que também odiava o seu corte de cabelo, então ela deveria parar de criticar o meu. Eu estava ali para algo muito maior e mais importante. Algo que seria um marco na minha adolescência.
O dia do meu primeiro beijo.
Passei a mão por baixo do meu queixo, certificando-me de que não havia baba nele, porque eu havia acabado de colocar o aparelho nos dentes e estava tentando lidar com aquele monte de metal dentro da minha boca. O sutiã por baixo da minha blusa não fazia muita diferença, uma vez que meus seios eram do tamanho de limões modestos, mas havia enchimento neles, e eu queria estar diferente do meu habitual naquela noite. Havia muitas garotas bonitas sentadas no círculo de adolescentes ao redor da mesa de madeira no porão da casa da família Yin. A sra. Jessica Yin — a supermodelo que parecia ser dez anos mais jovem — era realmente muito educada e carinhosa com os amigos de Zachary. Ela era o tipo de mãe liberal que incentivava festas e que o filho saísse com os amigos. Desde que Zac não se envolvesse com drogas ilícitas ou uma DST, estava bom brincar de jogos sem sentido com um bando de adolescentes insuportáveis enquanto ela fingia não saber que eles bebiam cerveja escondida dentro das garrafas de refrigerante.
Aqueles filhinhos de papai crescidos nos maiores bairros de LA não eram exatamente o epítome de bom exemplo fora das vistas dos pais. Erika Martin não me deixava mentir enquanto enfiava sua língua de forma habilidosamente nojenta dentro da boca do garoto ao seu lado. Aquela brincadeira estava ficando curiosa, e eu me perguntava o que aconteceria quando fosse a vez dele.
Antes que eu pudesse pensar muito sobre o assunto, Zachary girou a garrava, e como a sorte estava a meu favor naquela noite, a boca do objeto parou bem em minha direção. Senti meu coração palpitar desenfreadamente. Aquilo só possuía um significado.
— Huh, Rupi, você se deu bem! — Erika apontou maliciosamente. Em seguida, se virou na direção de Zachary. — Então... você pode escolher entre beijar Rupi aqui na frente de todo mundo ou...
— Eu escolho o depósito — Zac foi rápido em sua resposta.
RUPIAjeitei meus cabelos nervosamente e aproveitei para relancear um olhar na direção de Hillary Morgan. Ela não parecia nada feliz com aquilo. Eu achava que ela tinha uma queda por Zac, assim como eu. Ela era a garota mais bonita do seu grupo de amigos, e a que mais dava em cima dele também. Os dois combinavam, mas apenas o pensamento de vê-los tendo algo fazia meu estômago se retorcer.Depois de muitos segundos, que para mim pareceram uma eternidade, senti a mão de Zachary em meu pulso, me incitando a me levantar com ele. Eu me ergui imediatamente para evitar que ele pensasse que eu não queria ir. Eu queria. Queria muito. Aquela seria a minha chance de dar o meu primeiro beijo. O primeiro beijo com o garoto de quem eu gostava. O meu melhor amigo e minha pessoa favorita no mundo inteiro.Entramos no pequeno galpão que era destinado apenas para guardar algumas máquinas e ferramentas que o jardineiro da mansão usava. Não era um lugar tão sujo, mas também não era limpo. Eu não estava n
ZACDias atuaisOs lençóis de seda embaralhavam-se entre os dedos de Alyssa. A forte ascendência de seu peito era notória, conforme Edgar se posicionava entre suas pernas. O beijo foi faminto, as mãos urgentes do homem passeando pelo vestido longo de sua amada. — Você deve ser tão doce aqui embaixo, querida. Estou louco para prová-la, tal como provaria uma rosada e madura fruta suculenta. — Deus, aquela provavelmente era a frase mais brega que um cara já havia dito durante as preliminares. As pessoas realmente chamavam vaginas de frutas maduras no século 19? Insano. — Você é tão requintada, Alyssa. Diga-me. Diga-me o que você gostaria que eu fizesse com sua delicada fruta. Os olhos de Alyssa o encaravam com desejo e... diversão?Oh, não. Não faça isso, Ashley. Antes que eu pudesse lhe ajudar, Ashley Deacon, atriz premiada e colega de trabalho mais recente, explodiu em uma gargalhada.— Corta! — Malcom, o diretor, ordenou.Eu saí de cima dela, agradecendo quando a assistente de ceno
Minha colega de trabalho revirou os olhos.— Eu achei, por um momento, que não conseguiria levar em frente a gravação — disse. — Eu amo esse livro, e realmente acho o Malcom e o Sid profissionais incríveis, mas eles modificaram quase tudo da história original. Há coisas neste roteiro que eu não consigo concordar. — Então ela fez uma careta, se aproximando mais para cochichar: — Fruta rosada e delicada? Olhe só pra mim, pareço ter uma vagina rosada? Aliás, que tipo de pessoa hoje em dia consegue manter sua boceta como a de uma boneca?Se fosse qualquer outra pessoa ali, eu teria certeza de que cuspiria o gole de água que acabara de tomar, mas era com Ashley que eu estava lidando, então meio que já estava acostumado. Ela era o tipo de celebridade que tinha muita gente amando e odiando ao mesmo tempo. Ela podia ser um pouco assustadora se você não a conhecesse bem, mas eu já estava acostumado à sua boca suja e falta de filtro em alguns momentos.Nos tornamos amigos ainda na faculdade, qu
É realmente ruim ter todos os holofotes em cima de você vinte e quatro horas, então às vezes é mais fácil dançar conforme a música daqueles que têm o poder de nos derrubar.No andar de cima, adentrei minha suíte de proporções gigantescas e tomei um banho longo debaixo do chuveiro chique que eu só tinha porque, como havia mencionado antes, minha vida solitária ficava menos merda quando eu comprava coisas caras.A roupa que eu usaria na festa de casamento já havia sido separada, e estava muito bem passada em cima da minha cama. Eu me perguntava qual a maldita necessidade de se usar terno, uma vez que a festa seria em uma boate, mas não discuti as recomendações de Hillary. Ela era a anfitriã, no fim das contas.Eu já havia me vestido pela metade e estava colocando minha camisa quando a campainha tocou. De má vontade, desci as escadas e abri a porta. Não foi uma surpresa quando avistei a pessoa do outro lado, afinal já esperava por aquilo:Lindsay.Era incrível como, mesmo depois de termi
RUPI— Você está tão bonita!Sorri para a minha avó ao ouvir seu elogio, mas no fundo eu não estava tão animada para aquela noite quanto gostaria. O único motivo de eu estar me empenhando tanto para parecer apresentável na festa de casamento da minha rival de adolescência, a ponto de gastar meu único vestido de festa em uma cerimônia como aquela, era que eu era uma mulher orgulhosa, e recusar o convite de Hillary seria espelhar a menina medrosa e covarde que um dia eu fui.Hillary Morgan era, naquele momento, uma das maiores empresárias no ramo de joias da atualidade, e dado ao fato de que ela conseguiu encontrar meu perfil no Facebook e me convencer a ir à sua festa depois de dez anos, eu reconhecia que seu poder de influência era bem admirável.“Quero que todos os meus amigos de infância estejam no momento mais importante da minha vida”, ela disse quando lhe perguntei por que diabos estava me convidando. Eu cheguei a rir um pouco enquanto fitava a tela do meu notebook, tentando deci
A boate em que estava acontecendo a festa era imensa, mas relatar isso chega a ser ridículo. É óbvio que Hillary Morgan não planejaria um evento em um lugar que não tivesse, pelo menos, centenas de metros quadrados de puro vidro e luzes estroboscópicas. Havia muitos lugares como aquele em Los Angeles — eu mesma já havia visitado alguns, mas aquele era especial, de certa maneira. Ouvi boatos de que o noivo de Hillary era um figurão do ramo empresarial, e um dos sócios do lugar. Ambos haviam se conhecido em uma noite de comemoração alguns anos atrás, naquele mesmo local, e agora decidiram dar um próximo passo no relacionamento. Certamente uma história fofa para se expor nas colunas sociais de alguma revista chique californiana.Admirando ao redor, reconheci que Hillary havia pensado em tudo. E ela parecia estar atenta a tudo também, dado ao fato de que não demorou nem cinco minutos para perceber minha presença ali. Mesmo em meio ao barulho da música pop tocando, foi praticamente impossí
— Realmente, você foi uma cretina. — Bom, ser passivo-agressiva talvez fosse o máximo que eu conseguiria. — Mas já passou, e nós estamos bem agora.Ela me lançou um sorriso desconfortável.— Certo, isso é ótimo. Eu a convidei hoje porque gostaria de apagar isso. Somos mulheres maduras agora, podemos lidar com isso.Abrindo meu melhor sorriso, balancei a cabeça.— Claro. Podemos lidar. Totalmente.— Ótimo! — ela comemorou. — Bem, curta a festa, então. Coma e beba o quanto quiser. Eu vou cumprimentar o restante do pessoal.Depois que ela e seu noivo já estavam fora de vista, eu decidi que precisava de uma bebida. Minha mente ainda estava meio confusa com a revelação. Quer dizer, eu sei que aquilo havia acontecido dez anos atrás, e quem liga se ela havia feito aquela coisa ridícula de seduzir Zac de propósito? Ele nem gostava de mim da maneira que eu esperava, então não faria diferença alguma se Hillary interferisse no meu sonho bobo de me casar com Zachary e ter os seus bebês, certo? No
RUPIEu encarava seus olhos escuros como uma pateta. Eu sempre agi de maneira ridícula quando estava perto dele, mas aos quinze anos de idade há uma justificativa plausível para isso. Aos vinte e cinco? Eu apenas me tornava uma mulher patética.Zachary ainda era muito bonito para o desgosto da minha sanidade. Ele tinha aquela aura de garoto sexy e legal além da conta. Seus cabelos escuros ainda eram os mesmos, agora um pouco maiores devido ao trabalho mais recente. O rosto de maxilar quadrado, lábios levemente cheios e a covinha discreta no queixo me deixavam de garganta seca. Ele estava grande. Realmente grande, comparado ao garoto que um dia conheci. Músculos bem definidos por todos os lados, mas não tão grande a ponto de fazê-lo parecer um gigante de pedra. Sem palavras melhores para usar, eu poderia dizer que ele estava no ponto certo — Deus, isso soou tão sexista. Eu gostaria de me enterrar em um buraco agora.— Morder a sua bunda, hein? — ele parecia divertido ao dizer aquilo. —