No fim das contas, decidi seguir com Zac até a mesa de Chance, onde quem eu só pude imaginar ser Erika Martin, estava sentada, bebericando uma taça de vinho branco.— Zac Yin. Você só conseguiu ficar ainda mais bonito! — disse Erika ao cumprimentá-lo. Quando olhou para mim, ela perguntou: — E você é...— Rupi — falei. — Rupi Russo. Acho que você não se lembra mais de mim.— Oh, Rupi! — Erika abriu um sorriso largo enquanto se aproximava para me dar um abraço. Bem, o gesto foi normal, até, mas constrangedor. Confesso que fiquei surpresa. — Cristo, você está mudada. Mal te reconheci.Fiquei tentada a lançar um olhar discreto na direção de Zachary, como se dizendo: Viu só? Eu mudei, mas desisti da provocação ao notar que ele já me observava. A forma como ele me encarava me deixava quente nos lugares mais inapropriados.— Felizmente, eu cresci. — Abri um sorriso amigável para Erika enquanto ocupava um lugar ao lado de Zac. — Você também mudou um pouco.Um pouco era eufemismo. Erika provav
Eu pisquei algumas vezes, tentando me certificar de que ela não estava zoando com a minha cara, mas Erika parecia estar sendo sincera. Eu duvidava que em algum momento tivesse dinheiro para comprar um de seus modelos, mas se aquela era uma chance de fazer uma nova amizade, eu não iria recusar.— Claro. Aqui. — Puxei um bloquinho da minha bolsa e anotei meu número para ela. Erika me passou seu cartão em seguida.— E quanto a você, Rupi? — disse Chance. — O que faz da vida atualmente?— Eu sou professora.— Oh, que legal! — Erika falou, abrindo um sorriso genuíno. — Em qual colégio você leciona?— St. Mary. Eu dou aula para uma turma de crianças com deficiência auditiva.Chance franziu a testa.— Você... tipo... dá aula para crianças surdas?Não gostei do seu tom, mas decidi apenas assentir.— Minha nossa. Pelo seu histórico, eu imaginei que você se tornaria uma cientista de Harvard ou algo assim.— Eu queria algo que me permitisse trabalhar com crianças. Até pensei em cursar pediatria,
Oh, Deus, meu cérebro estava virando gelatina. Em algum lugar naquela boate imensa, um cara estava cantando Nick Jonas. Eu não sabia se gostaria de ter mais atenção do que eu já estava tendo, porque aquilo certamente aconteceria caso eu dançasse uma música romântica com o maldito Zac Yin, mas eu estava ciente de que não o veria novamente depois daquela noite, então simplesmente assenti.Ele se levantou, auxiliando-me enquanto eu fazia o mesmo. Eu senti sua mão nas minhas costas, o toque fazendo a minha pele formigar por baixo do tecido do vestido. Sua postura era elegante e jorrava confiança, o que me fez recordar do quão grande era a barreira de diferença entre nós. Seu perfume não era mais o mesmo, havia algo sutil e extremamente sensual na colônia amadeirada que ele usava. Suas roupas eram estilosas e o cabelo era uma massa escura e brilhante que me fazia ter vontade de enredar meus dedos e não soltar nunca mais. Eu estaria soando repetitiva se dissesse que ele era lindo? Desculpe
ZACA dinâmica entre os meus pais sempre foi confusa e estranha — e eu digo isso em praticamente todos os sentidos. Mesmo quando ainda eram um casal, o relacionamento de ambos era baseado em aparências ou em quem conseguia se sobressair primeiro. Ter pais famosos, porém de ramos totalmente opostos, me rendeu algumas sessões de terapia conforme eu crescia em meio ao caos de poses para fotos e busca pela perfeição. Depois do divórcio, eu achei que as coisas melhorariam, mas estava sendo nada além de um garoto ingênuo, porque tudo apenas se tornou ainda mais óbvio, e então foi assim que se iniciou a competição de pais mais estressante que eu já vi.Se minha mãe, Jessica, adquiria um carro novo, o meu pai, Raymond, adicionava um jatinho em sua lista de compras;Se meu pai decidia ter uma casa em Malibu, minha mãe decretava que seria uma boa ideia ter uma nova mansão na Europa;Se ela anunciava uma nova agência de modelos, o meu pai simplesmente decidia que era o momento certo de se aposen
ZACDepois de me despedir, aproveitei que havia recebido uma mensagem de Brian para tomar uma bebida e segui em direção ao clube do qual éramos sócios. O encontrei no bar da piscina, entornando uma minigarrafa de cerveja importada, como se sua vida dependesse disso.Era fim de semana, mas ainda estava cedo. Não era do seu feitio ter aquele tipo de comportamento às duas da tarde.— O que está acontecendo aqui? — cumprimentei meu melhor amigo, sentando-me ao lado dele no balcão do bar. — Você está bêbado, cara?Ele nem sequer se deu ao trabalho de levantar a cabeça para me encarar.— Estou louco, porra. Totalmente louco.Eu franzi a testa.— Eu estou começando a concordar com isso, mas ainda não entendi aonde está querendo chegar. Pode me explicar?Brian finalmente ergueu a cabeça.— É a Ashley... Ela simplesmente está fodendo as minhas bolas.— Bom, da última vez que você conversou sobre isso comigo, essa era uma de suas muitas qualidades. Não entendo o porquê de estar reclamando agora
ZACBrian soltou um ruído de desaprovação.— Bom, idiota. Eu entendo essa garota. Também odiaria você no lugar dela. De qualquer forma, isso deve fazer muito tempo, certo? Por que não se desculpa e tenta retomar a amizade? Se ela foi uma pessoa tão importante na sua vida, não vale a pena desperdiçar essa oportunidade agora.Ele tinha razão. Mas como eu faria aquilo? Não podia simplesmente chegar nela e dizer “Ei, Rupi. Sei que fui um babaca com você no passado, mas que tal passarmos uma borracha nisso tudo e sermos amigos novamente a partir de hoje?” Ela mandaria eu polir a minha cara de pau, com certeza. De qualquer maneira, eu queria conversar com ela. Não, eu precisava conversar com ela. Sentia que não havia dito o suficiente na noite passada.— Eu só não quero pressionar as coisas — falei. — Se ela está chateada comigo, teve motivos pra isso, então meio que fica chato se eu tentar insistir. Não é do meu feitio.— Você não estaria insistindo nem a forçando a nada. Você estaria corr
Eu estava aérea naquele sábado. O restaurante da minha avó estava tendo um movimento razoável, o que de certo modo era bom. A coisa ruim era que eu não tinha sequer cabeça para agir como uma gerente decente. Pobres clientes, pobre Nonna.Eu estava torcendo um pano de prato por horas, pelo que parecia, e só havia me dado conta naquele momento. Enfiei o pano no bolso dianteiro do meu avental, deixando a ponta pendurar de uma maneira nada graciosa. A mão no meu ombro chamou minha atenção, então me virei.— O que está acontecendo? — Perguntou Shay, arqueando uma sobrancelha escura.Shay era minha melhor amiga desde o primeiro dia em que passou pela porta do Russo’s, o restaurante de comida italiana que vó Lulu havia aberto, dois anos atrás. Como eu só poderia segurar as pontas aos feriados e fins de semana por conta da faculdade e, futuramente, o trabalho, foi Shay quem auxiliou vovó Lulu em tudo desde o começo. Ela era boa em manter os clientes satisfeitos e uma ótima ouvinte. Nonna a ha
— Quando você me deu aquele fora na saída da boate na última noite, você estava me dando um fora do tipo “Apenas irei tornar as coisas mais difíceis pra você” ou do tipo “Foda-se você e toda sua merda, seu babaca, eu nunca vou fazer isso”?Eu tive que me sentar novamente quando senti meu estômago se revirar.— Hum... eu não sei. Talvez um pouco dos dois? — Um sorriso bobo já espreitava em meu rosto. Eu era um caso perdido. — E só para constar, aquilo não foi um fora.Senti que ele também sorria do outro lado da linha. Meu coração praticamente rompeu o peito quando sua voz finalmente veio:— Você acabou de me fazer um homem mais feliz, Rupi. É muito estranho que eu não consiga parar de pensar em você? — Antes que eu pudesse formular uma resposta para aquele baque, ele emendou: — Oh, e eu pedi o seu número a Erika, a propósito. Espero que não fique brava com ela por isso.Com toda certeza, eu estava dando a mínima para o fato de ele ter pedido o meu número a Erika Martin, porque a minha