ZACDepois de me despedir, aproveitei que havia recebido uma mensagem de Brian para tomar uma bebida e segui em direção ao clube do qual éramos sócios. O encontrei no bar da piscina, entornando uma minigarrafa de cerveja importada, como se sua vida dependesse disso.Era fim de semana, mas ainda estava cedo. Não era do seu feitio ter aquele tipo de comportamento às duas da tarde.— O que está acontecendo aqui? — cumprimentei meu melhor amigo, sentando-me ao lado dele no balcão do bar. — Você está bêbado, cara?Ele nem sequer se deu ao trabalho de levantar a cabeça para me encarar.— Estou louco, porra. Totalmente louco.Eu franzi a testa.— Eu estou começando a concordar com isso, mas ainda não entendi aonde está querendo chegar. Pode me explicar?Brian finalmente ergueu a cabeça.— É a Ashley... Ela simplesmente está fodendo as minhas bolas.— Bom, da última vez que você conversou sobre isso comigo, essa era uma de suas muitas qualidades. Não entendo o porquê de estar reclamando agora
ZACBrian soltou um ruído de desaprovação.— Bom, idiota. Eu entendo essa garota. Também odiaria você no lugar dela. De qualquer forma, isso deve fazer muito tempo, certo? Por que não se desculpa e tenta retomar a amizade? Se ela foi uma pessoa tão importante na sua vida, não vale a pena desperdiçar essa oportunidade agora.Ele tinha razão. Mas como eu faria aquilo? Não podia simplesmente chegar nela e dizer “Ei, Rupi. Sei que fui um babaca com você no passado, mas que tal passarmos uma borracha nisso tudo e sermos amigos novamente a partir de hoje?” Ela mandaria eu polir a minha cara de pau, com certeza. De qualquer maneira, eu queria conversar com ela. Não, eu precisava conversar com ela. Sentia que não havia dito o suficiente na noite passada.— Eu só não quero pressionar as coisas — falei. — Se ela está chateada comigo, teve motivos pra isso, então meio que fica chato se eu tentar insistir. Não é do meu feitio.— Você não estaria insistindo nem a forçando a nada. Você estaria corr
Eu estava aérea naquele sábado. O restaurante da minha avó estava tendo um movimento razoável, o que de certo modo era bom. A coisa ruim era que eu não tinha sequer cabeça para agir como uma gerente decente. Pobres clientes, pobre Nonna.Eu estava torcendo um pano de prato por horas, pelo que parecia, e só havia me dado conta naquele momento. Enfiei o pano no bolso dianteiro do meu avental, deixando a ponta pendurar de uma maneira nada graciosa. A mão no meu ombro chamou minha atenção, então me virei.— O que está acontecendo? — Perguntou Shay, arqueando uma sobrancelha escura.Shay era minha melhor amiga desde o primeiro dia em que passou pela porta do Russo’s, o restaurante de comida italiana que vó Lulu havia aberto, dois anos atrás. Como eu só poderia segurar as pontas aos feriados e fins de semana por conta da faculdade e, futuramente, o trabalho, foi Shay quem auxiliou vovó Lulu em tudo desde o começo. Ela era boa em manter os clientes satisfeitos e uma ótima ouvinte. Nonna a ha
— Quando você me deu aquele fora na saída da boate na última noite, você estava me dando um fora do tipo “Apenas irei tornar as coisas mais difíceis pra você” ou do tipo “Foda-se você e toda sua merda, seu babaca, eu nunca vou fazer isso”?Eu tive que me sentar novamente quando senti meu estômago se revirar.— Hum... eu não sei. Talvez um pouco dos dois? — Um sorriso bobo já espreitava em meu rosto. Eu era um caso perdido. — E só para constar, aquilo não foi um fora.Senti que ele também sorria do outro lado da linha. Meu coração praticamente rompeu o peito quando sua voz finalmente veio:— Você acabou de me fazer um homem mais feliz, Rupi. É muito estranho que eu não consiga parar de pensar em você? — Antes que eu pudesse formular uma resposta para aquele baque, ele emendou: — Oh, e eu pedi o seu número a Erika, a propósito. Espero que não fique brava com ela por isso.Com toda certeza, eu estava dando a mínima para o fato de ele ter pedido o meu número a Erika Martin, porque a minha
Por mais que eu já estivesse acostumado com a atenção, ter dezenas de olhos apontadas em sua direção, quando você simplesmente quer fazer algo rotineiro e normal, é extremamente desconfortável.Mesmo com o boné e os óculos, eu não estava conseguindo me sair muito bem em me esconder. Dobrei meu braço em frente ao meu corpo, fingindo estar conferindo a hora no relógio de pulso enquanto aproveitava a deixa para abaixar a cabeça. Uma mão pequena cutucou meu ombro, e eu amaldiçoei internamente.— C-com licença... — Eu me virei para a menina que havia acabado de me abordar. Ela estava acompanhada de uma amiga, ambas parecendo não ter mais que quinze anos. Seus olhos pareciam pratos de tão amplos e elas me encaravam como se eu fosse a reencarnação de Jesus Cristo. Aquilo fez eu me sentir mal por preferir me esconder dos fãs.Por mais que eu estivesse no meu direito de não querer ser importunado fora do trabalho, aquelas pessoas me admiravam, acompanhavam cada parte da minha carreira e me imp
— Jesus, Shay! — ela ralhou para a amiga. — Você pode controlar a sua boca por um momento?A mulher levantou as mãos na defensiva.— Ei, tudo bem. Vou voltar ao trabalho. — Virando-se para mim, ela me cutucou. — Sei que isso é chato, mas você pode me dar um autógrafo depois, certo? A minha noiva é sua fã.Abri um sorriso para ela.— Claro. Quantos você quiser.— Certo! — Ela me enviou um sorriso largo. — Oh, garoto. A Jenny não vai acreditar! — Quando notou o olhar feio de Rupi, ergueu as mãos novamente. — Uh... ok. Estou de saída!Depois que Shay já estava fora de vista, eu me virei para Rupi. Suas bochechas estavam coradas, e eu só não sabia se era de chateação ou vergonha.— Desculpe por ter vindo assim. Espero não ter chegado em um momento ruim — falei. — O restaurante ficou bem cheio de repente.Ela cruzou os braços sobre o peito.— A minha avó vai surtar quando vir a quantidade de gente que há aqui, mas não posso reclamar se eles consumirem. Você gostaria de conversar comigo, su
Seus dedos nervosos se retorceram outra vez. O tom de voz uma nota mais baixa quando ela finalmente disse.— Bem, ok. A Shay basicamente me incitou a... fazer coisas com você.A sugestão tímida em seu tom de voz não deixava muito para a imaginação, mas se tratando de Rupi e sua amiga, a minha mente navegou em algo entre a tortura e o assassinato.— Fazer... coisas?— Sim — ela confirmou. — Coisas sujas.Puta merda. Eu gostaria de fazer coisas sujas com ela.Inclinei minha boca em um meio sorriso, sentindo-me divertido.— Ela fez, hein?Rupi deu uma risada nervosa.— Pois é, o que é uma coisa sem sentido, não é? Eu não seria louca de ir pra cama com você.Ela era boa em destruir um ego.— Sim. Totalmente sem sentido — fiz o meu melhor em disfarçar o incômodo. — Mas isso... nunca passou pela sua cabeça?— O quê? — Seus olhos estavam tão amplos, os ombros rígidos. Ela deu outra risadinha, essa mais alta e mais estridente — Humpf! Não. Eu já disse que superei você, Zac. Sem chance!Falemo
PrólogoRUPISe algum dia me dissessem que durante a adolescência eu não viveria um episódio aleatório de Gossip Girl, com toda certeza eu nem sequer teria me dado ao trabalho de ansiar por isso. A dura realidade é que os primeiros anos da adolescência nem sempre são glamourosos. Há as espinhas inflamadas, a menstruação lhe dando as boas-vindas; há os dramas amorosos que parecem se intensificar a cada momento — principalmente se você for uma garota sofrendo por um amor platônico e que não sabe controlar os próprios sentimentos, como eu.No meu caso, eu havia adquirido o pacote completo do Adolescente Esquisito e Vítima da Puberdade que costumamos ver nos filmes. Minha arcada dentária era torta, a maioria dos meninos não me achava atraente, e talvez eu assustasse boa parte deles quando reconheciam que eu tinha uns dez centímetros a mais de altura. Alguns até me chamavam de Rupi Bambu, o que me fez parar na detenção umas quatro vezes por conta das brigas em que me envolvi.Eu não gostav