Eu estava aérea naquele sábado. O restaurante da minha avó estava tendo um movimento razoável, o que de certo modo era bom. A coisa ruim era que eu não tinha sequer cabeça para agir como uma gerente decente. Pobres clientes, pobre Nonna.Eu estava torcendo um pano de prato por horas, pelo que parecia, e só havia me dado conta naquele momento. Enfiei o pano no bolso dianteiro do meu avental, deixando a ponta pendurar de uma maneira nada graciosa. A mão no meu ombro chamou minha atenção, então me virei.— O que está acontecendo? — Perguntou Shay, arqueando uma sobrancelha escura.Shay era minha melhor amiga desde o primeiro dia em que passou pela porta do Russo’s, o restaurante de comida italiana que vó Lulu havia aberto, dois anos atrás. Como eu só poderia segurar as pontas aos feriados e fins de semana por conta da faculdade e, futuramente, o trabalho, foi Shay quem auxiliou vovó Lulu em tudo desde o começo. Ela era boa em manter os clientes satisfeitos e uma ótima ouvinte. Nonna a ha
— Quando você me deu aquele fora na saída da boate na última noite, você estava me dando um fora do tipo “Apenas irei tornar as coisas mais difíceis pra você” ou do tipo “Foda-se você e toda sua merda, seu babaca, eu nunca vou fazer isso”?Eu tive que me sentar novamente quando senti meu estômago se revirar.— Hum... eu não sei. Talvez um pouco dos dois? — Um sorriso bobo já espreitava em meu rosto. Eu era um caso perdido. — E só para constar, aquilo não foi um fora.Senti que ele também sorria do outro lado da linha. Meu coração praticamente rompeu o peito quando sua voz finalmente veio:— Você acabou de me fazer um homem mais feliz, Rupi. É muito estranho que eu não consiga parar de pensar em você? — Antes que eu pudesse formular uma resposta para aquele baque, ele emendou: — Oh, e eu pedi o seu número a Erika, a propósito. Espero que não fique brava com ela por isso.Com toda certeza, eu estava dando a mínima para o fato de ele ter pedido o meu número a Erika Martin, porque a minha
Por mais que eu já estivesse acostumado com a atenção, ter dezenas de olhos apontadas em sua direção, quando você simplesmente quer fazer algo rotineiro e normal, é extremamente desconfortável.Mesmo com o boné e os óculos, eu não estava conseguindo me sair muito bem em me esconder. Dobrei meu braço em frente ao meu corpo, fingindo estar conferindo a hora no relógio de pulso enquanto aproveitava a deixa para abaixar a cabeça. Uma mão pequena cutucou meu ombro, e eu amaldiçoei internamente.— C-com licença... — Eu me virei para a menina que havia acabado de me abordar. Ela estava acompanhada de uma amiga, ambas parecendo não ter mais que quinze anos. Seus olhos pareciam pratos de tão amplos e elas me encaravam como se eu fosse a reencarnação de Jesus Cristo. Aquilo fez eu me sentir mal por preferir me esconder dos fãs.Por mais que eu estivesse no meu direito de não querer ser importunado fora do trabalho, aquelas pessoas me admiravam, acompanhavam cada parte da minha carreira e me imp
— Jesus, Shay! — ela ralhou para a amiga. — Você pode controlar a sua boca por um momento?A mulher levantou as mãos na defensiva.— Ei, tudo bem. Vou voltar ao trabalho. — Virando-se para mim, ela me cutucou. — Sei que isso é chato, mas você pode me dar um autógrafo depois, certo? A minha noiva é sua fã.Abri um sorriso para ela.— Claro. Quantos você quiser.— Certo! — Ela me enviou um sorriso largo. — Oh, garoto. A Jenny não vai acreditar! — Quando notou o olhar feio de Rupi, ergueu as mãos novamente. — Uh... ok. Estou de saída!Depois que Shay já estava fora de vista, eu me virei para Rupi. Suas bochechas estavam coradas, e eu só não sabia se era de chateação ou vergonha.— Desculpe por ter vindo assim. Espero não ter chegado em um momento ruim — falei. — O restaurante ficou bem cheio de repente.Ela cruzou os braços sobre o peito.— A minha avó vai surtar quando vir a quantidade de gente que há aqui, mas não posso reclamar se eles consumirem. Você gostaria de conversar comigo, su
Seus dedos nervosos se retorceram outra vez. O tom de voz uma nota mais baixa quando ela finalmente disse.— Bem, ok. A Shay basicamente me incitou a... fazer coisas com você.A sugestão tímida em seu tom de voz não deixava muito para a imaginação, mas se tratando de Rupi e sua amiga, a minha mente navegou em algo entre a tortura e o assassinato.— Fazer... coisas?— Sim — ela confirmou. — Coisas sujas.Puta merda. Eu gostaria de fazer coisas sujas com ela.Inclinei minha boca em um meio sorriso, sentindo-me divertido.— Ela fez, hein?Rupi deu uma risada nervosa.— Pois é, o que é uma coisa sem sentido, não é? Eu não seria louca de ir pra cama com você.Ela era boa em destruir um ego.— Sim. Totalmente sem sentido — fiz o meu melhor em disfarçar o incômodo. — Mas isso... nunca passou pela sua cabeça?— O quê? — Seus olhos estavam tão amplos, os ombros rígidos. Ela deu outra risadinha, essa mais alta e mais estridente — Humpf! Não. Eu já disse que superei você, Zac. Sem chance!Falemo
PrólogoRUPISe algum dia me dissessem que durante a adolescência eu não viveria um episódio aleatório de Gossip Girl, com toda certeza eu nem sequer teria me dado ao trabalho de ansiar por isso. A dura realidade é que os primeiros anos da adolescência nem sempre são glamourosos. Há as espinhas inflamadas, a menstruação lhe dando as boas-vindas; há os dramas amorosos que parecem se intensificar a cada momento — principalmente se você for uma garota sofrendo por um amor platônico e que não sabe controlar os próprios sentimentos, como eu.No meu caso, eu havia adquirido o pacote completo do Adolescente Esquisito e Vítima da Puberdade que costumamos ver nos filmes. Minha arcada dentária era torta, a maioria dos meninos não me achava atraente, e talvez eu assustasse boa parte deles quando reconheciam que eu tinha uns dez centímetros a mais de altura. Alguns até me chamavam de Rupi Bambu, o que me fez parar na detenção umas quatro vezes por conta das brigas em que me envolvi.Eu não gostav
RUPIAjeitei meus cabelos nervosamente e aproveitei para relancear um olhar na direção de Hillary Morgan. Ela não parecia nada feliz com aquilo. Eu achava que ela tinha uma queda por Zac, assim como eu. Ela era a garota mais bonita do seu grupo de amigos, e a que mais dava em cima dele também. Os dois combinavam, mas apenas o pensamento de vê-los tendo algo fazia meu estômago se retorcer.Depois de muitos segundos, que para mim pareceram uma eternidade, senti a mão de Zachary em meu pulso, me incitando a me levantar com ele. Eu me ergui imediatamente para evitar que ele pensasse que eu não queria ir. Eu queria. Queria muito. Aquela seria a minha chance de dar o meu primeiro beijo. O primeiro beijo com o garoto de quem eu gostava. O meu melhor amigo e minha pessoa favorita no mundo inteiro.Entramos no pequeno galpão que era destinado apenas para guardar algumas máquinas e ferramentas que o jardineiro da mansão usava. Não era um lugar tão sujo, mas também não era limpo. Eu não estava n
ZACDias atuaisOs lençóis de seda embaralhavam-se entre os dedos de Alyssa. A forte ascendência de seu peito era notória, conforme Edgar se posicionava entre suas pernas. O beijo foi faminto, as mãos urgentes do homem passeando pelo vestido longo de sua amada. — Você deve ser tão doce aqui embaixo, querida. Estou louco para prová-la, tal como provaria uma rosada e madura fruta suculenta. — Deus, aquela provavelmente era a frase mais brega que um cara já havia dito durante as preliminares. As pessoas realmente chamavam vaginas de frutas maduras no século 19? Insano. — Você é tão requintada, Alyssa. Diga-me. Diga-me o que você gostaria que eu fizesse com sua delicada fruta. Os olhos de Alyssa o encaravam com desejo e... diversão?Oh, não. Não faça isso, Ashley. Antes que eu pudesse lhe ajudar, Ashley Deacon, atriz premiada e colega de trabalho mais recente, explodiu em uma gargalhada.— Corta! — Malcom, o diretor, ordenou.Eu saí de cima dela, agradecendo quando a assistente de ceno