— Quando você me deu aquele fora na saída da boate na última noite, você estava me dando um fora do tipo “Apenas irei tornar as coisas mais difíceis pra você” ou do tipo “Foda-se você e toda sua merda, seu babaca, eu nunca vou fazer isso”?Eu tive que me sentar novamente quando senti meu estômago se revirar.— Hum... eu não sei. Talvez um pouco dos dois? — Um sorriso bobo já espreitava em meu rosto. Eu era um caso perdido. — E só para constar, aquilo não foi um fora.Senti que ele também sorria do outro lado da linha. Meu coração praticamente rompeu o peito quando sua voz finalmente veio:— Você acabou de me fazer um homem mais feliz, Rupi. É muito estranho que eu não consiga parar de pensar em você? — Antes que eu pudesse formular uma resposta para aquele baque, ele emendou: — Oh, e eu pedi o seu número a Erika, a propósito. Espero que não fique brava com ela por isso.Com toda certeza, eu estava dando a mínima para o fato de ele ter pedido o meu número a Erika Martin, porque a minha
Por mais que eu já estivesse acostumado com a atenção, ter dezenas de olhos apontadas em sua direção, quando você simplesmente quer fazer algo rotineiro e normal, é extremamente desconfortável.Mesmo com o boné e os óculos, eu não estava conseguindo me sair muito bem em me esconder. Dobrei meu braço em frente ao meu corpo, fingindo estar conferindo a hora no relógio de pulso enquanto aproveitava a deixa para abaixar a cabeça. Uma mão pequena cutucou meu ombro, e eu amaldiçoei internamente.— C-com licença... — Eu me virei para a menina que havia acabado de me abordar. Ela estava acompanhada de uma amiga, ambas parecendo não ter mais que quinze anos. Seus olhos pareciam pratos de tão amplos e elas me encaravam como se eu fosse a reencarnação de Jesus Cristo. Aquilo fez eu me sentir mal por preferir me esconder dos fãs.Por mais que eu estivesse no meu direito de não querer ser importunado fora do trabalho, aquelas pessoas me admiravam, acompanhavam cada parte da minha carreira e me imp
— Jesus, Shay! — ela ralhou para a amiga. — Você pode controlar a sua boca por um momento?A mulher levantou as mãos na defensiva.— Ei, tudo bem. Vou voltar ao trabalho. — Virando-se para mim, ela me cutucou. — Sei que isso é chato, mas você pode me dar um autógrafo depois, certo? A minha noiva é sua fã.Abri um sorriso para ela.— Claro. Quantos você quiser.— Certo! — Ela me enviou um sorriso largo. — Oh, garoto. A Jenny não vai acreditar! — Quando notou o olhar feio de Rupi, ergueu as mãos novamente. — Uh... ok. Estou de saída!Depois que Shay já estava fora de vista, eu me virei para Rupi. Suas bochechas estavam coradas, e eu só não sabia se era de chateação ou vergonha.— Desculpe por ter vindo assim. Espero não ter chegado em um momento ruim — falei. — O restaurante ficou bem cheio de repente.Ela cruzou os braços sobre o peito.— A minha avó vai surtar quando vir a quantidade de gente que há aqui, mas não posso reclamar se eles consumirem. Você gostaria de conversar comigo, su
Seus dedos nervosos se retorceram outra vez. O tom de voz uma nota mais baixa quando ela finalmente disse.— Bem, ok. A Shay basicamente me incitou a... fazer coisas com você.A sugestão tímida em seu tom de voz não deixava muito para a imaginação, mas se tratando de Rupi e sua amiga, a minha mente navegou em algo entre a tortura e o assassinato.— Fazer... coisas?— Sim — ela confirmou. — Coisas sujas.Puta merda. Eu gostaria de fazer coisas sujas com ela.Inclinei minha boca em um meio sorriso, sentindo-me divertido.— Ela fez, hein?Rupi deu uma risada nervosa.— Pois é, o que é uma coisa sem sentido, não é? Eu não seria louca de ir pra cama com você.Ela era boa em destruir um ego.— Sim. Totalmente sem sentido — fiz o meu melhor em disfarçar o incômodo. — Mas isso... nunca passou pela sua cabeça?— O quê? — Seus olhos estavam tão amplos, os ombros rígidos. Ela deu outra risadinha, essa mais alta e mais estridente — Humpf! Não. Eu já disse que superei você, Zac. Sem chance!Falemo
Eu estava mentindo quando disse que levaria apenas dez minutos, mas também posso dizer que bati meu recorde quando me dei conta de que demorei em torno de meia hora entre tomar banho, pentear o meu cabelo e colocar alguma maquiagem. Talvez eu entrasse para o livro dos recordes como a mulher mais rápida do mundo. Ou a mais desesperada, quem sabe?— Para onde está indo assim, toda cheirosa? — minha avó perguntou, enfiando a cabeça pela abertura na porta do quarto.— Se alguém te ouvir dizendo isso vai pensar que ando por aí sem tomar banho.Ela franziu os lábios.— Claro que não, mas você não costuma usar seu perfume mais caro para andar por aí. Aonde vai?Eu soltei um suspiro longo. Não queria dizer a ela sobre Zachary ainda, afinal eu conhecia muito bem a minha avó e sabia o que se passaria pela sua cabeça, mas se eu negasse suas suspeitas ela pensaria que eu estava escondendo mais do que realmente estava. Seria ainda pior.— Estou indo para a casa de Zac.Ela fez uma pausa, analisand
Estava começando a ficar tão quente de repente. Limpei a garganta e tentei mudar de assunto:— E então... como anda o trabalho? As gravações e tudo mais.— Cansativas, mas gratificantes — respondeu. — Por mais que eu tenha algumas ressalvas a fazer, acho que esse filme vai ser um grande sucesso.Eu mordi mais um pedaço do biscoito.— Ressalvas? Você já leu Lost Memories? É uma história incrível.Ele riu.— Sim, eu li, e é por isso mesmo que digo a você: esse filme está indo por um caminho que não me agrada muito, mas quem sou eu para discordar? De qualquer forma, não posso falar muito sobre isso. É antiético e está fora do contrato.Eu entendia. Por mais que a curiosidade me fizesse ter vontade de insistir para que ele me contasse. O que eles fariam de tão ruim com Lost Memories? Era chato que eles sempre mudassem os roteiros dos livros quando transformavam em filme ou série.— De qualquer forma, eu estarei disposta a assistir no dia do lançamento. E a te aplaudir também.Ele abriu um
Eu era péssima com a bebida.Duas horas depois, eu estava entornando mais um copo de uísque. Havia uma música interessante do Justin Timberlake tocando em algum lugar da casa, e Zachary estava muito gostoso sentado no sofá ao meu lado. O sofá que eu já havia sujado quando derramei um pouco do meu uísque. Zac também bebia, mas ele parecia menos pior que eu. Huh... bom para ele.— E então eu falei: Calvin, seu babaca. Eu não quero que me ligue nunca mais! — minha língua se enrolou conforme eu narrava mais um dos meus encontros desastrosos. — Ele saiu naquela mesma noite com a garçonete do restaurante e não me ligou desde então. Isso depois de eu ter pagado a conta sozinha.Zac fez uma careta.— Minha nossa, que idiota. Você merecia coisa melhor.Eu não pude me conter. Dei uma risada de escárnio. Zachary me encarou.— Por que está rindo?— Porque você é engraçado — falei. — Você sabe... fica me dando todo esse apoio, chamando caras de idiotas por terem me rejeitado, quando fez o mesmo qu
Acordei sentindo que minha cabeça pesava uma tonelada e meia. Eu não me lembrava qual tinha sido a última vez em que bebi tanto. Talvez no dia em que assisti aos dois últimos episódios da quarta temporada de My First Life, uma série dramática da qual Zachary participou. Me recordo que seu personagem havia morrido naquele último episódio, deixando seu amado Trevor aos prantos e sofrendo com o coração partido de um luto. Era tudo tão dramático que eu nem sabia por que ainda assistia aquela série, mas talvez fosse apenas para ver Zac. Me martirizar com seu sorriso bonito e atuação marcante. Ele era um dos melhores profissionais que eu já havia visto em seu ramo, merecia o reconhecimento que tinha.No entanto, eu não deveria estar pensando em Zac justamente agora. Não depois de ter ido parar na casa dele e não me lembrar de absolutamente nada além do fato de que narrei para ele metade dos acontecimentos da minha vida amorosa — o que não eram muitos, então devo ter demorado apenas alguns m