A noite estava pesada, carregada de um silêncio incomum para a floresta. Ethan sentia o ar denso ao seu redor, o cheiro de folhas úmidas e terra misturando-se com algo que ele não identificava, mas que lhe causava um incômodo profundo. Ele avançava devagar, seus sentidos alertas, cada passo ressoando no vazio do bosque como uma ameaça latente.
Por mais que tivesse tentado se afastar dos corredores e rituais do conselho, a convocação daquela noite foi estranha e urgente. E Lucian, seu irmão, nunca se mostrou tão interessado nos costumes da alcatéia antes... Até agora. Mesmo assim, Ethan não poderia ignorar o chamado. Ele era o filho do alfa, o próximo líder, e sua ausência seria notada.
Ao atravessar a clareira, ele encontrou o círculo reunido em silêncio absoluto. Lucian estava à frente, a expressão sombria e os olhos fixos em algo que os demais tentavam evitar olhar diretamente: o corpo de um dos anciões, caído e imóvel no centro do círculo, como uma sentença pronunciada antes mesmo de ser lida.
— Ethan... — Lucian sussurrou, dando um passo à frente, a voz carregada de um veneno que apenas Ethan parecia perceber. — Você chegou atrasado.
O olhar dos outros membros se voltou para ele, cada um carregado de acusações e desconfiança. E então, como um movimento ensaiado, todos abriram espaço, deixando-o sozinho no centro da clareira. Ethan sentiu o peso da culpa que eles já haviam decidido sobre ele, um julgamento não pronunciado, mas que se espalhava pelo ar denso como um fogo lento.
Tudo aconteceu tão rápido. Declarações, evidências forjadas, palavras envenenadas de Lucian que desenhavam uma narrativa perfeita — uma narrativa onde Ethan se tornava o traidor, o assassino, aquele que havia rompido os juramentos antigos. Em poucos minutos, Ethan foi sentenciado a um exílio que significava morte, um castigo reservado para os traidores. E tudo o que ele podia ouvir, mesmo enquanto seus próprios gritos de negação eram ignorados, era o sussurro de Lucian em meio à multidão:
"Você nunca deveria ter nascido para liderar."
Ethan não conseguia acreditar que seu irmão mais novo achava que era realmente sua culpa. Ele sabia que Lucian nunca gostou de se envolver com os assuntos da alcateia. Então porque Lucian quis tomar a frente disso tudo?
O pai deles, o grande alfa, ficaria mais do que decepcionado ao ver os dois, um contra o outro. E Ethan amava demais Lucian, havia o treinado desde pequeno para ser seu braço direito, o beta da alcateia. Mesmo com sua atitude rebelde, e seu irmão nunca obedecendo e cumprindo suas ordens.
A dor latente estava em seu peito, e com desejo dele se transformar para fugir de tudo o que havia acontecido, de toda aquela cena horrenda. Mas, por conta de todas as emoções que Ethan sentia no momento. Se ele o fizesse, perderia totalmente o seu controle. Ele não queria machucar nenhum inocente.
Na sua cabeça passava muitas perguntas. E se foi ele que fez mesmo aquilo? Se por aqueles dia, ele se transformou e se deixou levar? Se matou mesmo aquele ancião? Ele sabia que seu lobo é impulsivo, sem medo e totalmente agressivo.
Mas, no fundo ele sentia que não poderia ter feito algo tão grave. Porém, ele não tinha capacidade de saber todas as respostas agora. Ele precisava fugir, o mais rápido possível, sabendo que ele feriu alguém inocente e que era uma decepção para seu irmão.
(Ethan)Aquelas palavras ressoavam em minha cabeça mais do que poderia imaginar. Eu me sentia tão confuso com tudo a minha volta, sentindo-me tão vulnerável, é como se meu animal interior tivesse medo, algo no qual jamais idealizei imaginar. Papai morreu a tanto pouco tempo, o ritual era na próxima lua vermelha. Como primogénito eu andei ao seu lado, preparando-me para me transformar no próximo alfa.Alcancei uma bagagem de mão e soquei violentamente um montante de dólares dentro dela. Eu não tinha muito tempo, o conselho já havia se decidido sobre meu exílio e até aquele momento eu não entendia como tudo aconteceu tão rápido.Passos se faziam presentes junto há um aroma inconfundível de frescor. Eu já sabia que se tratava de Dália. Ela entrou rapidamente e fechou a porta atrás de si. O olhar dela é de espanto e eu pude ouvir seus batimentos acelerados.— Amor eu não consegui chegar na reunião a tempo. O que seu irmão disse é verdade? — Ela choramingou e abraçou-me apertado.— Sim, Dá
(Ella)Eu sentia um frio horrendo e acordo assustada. Ainda está escuro lá fora e me lembrei que ainda estava no trailer do Jared. Ele tinha puxado a coberta toda para ele e estava deitado de costas para mim e o seu ronco não me deixava nem ao menos pensar direito.Rolei na cama e tentei puxar um pedaço da coberta para me aquecer, mas foi em vão, ele puxa novamente para si e resmunga algo aleatório. Me levanto e apanho uma blusa de frio, visto-a e me deito para tentar descansar um pouco.Não são nem seis horas e meu alarme desperta me fazendo dar um sobressalto da cama. Jared se levanta enraivecido e me fuzila com olhos ameaçadores.— Desliga essa merda, Ella. Toda vez que vem pra cá, essa porra me acorda antes da hora. — Ele se deita novamente e me encara.— Se quiser eu não venho mais. Foi você que me pediu para passar a noite com você. — Tiro a sua blusa de frio e começo a trocar minhas roupas.— Não foi isso que eu quis dizer. — Ele se aproxima e olha fixamente para meu corpo some
(Ella)Ao entrar para o hospital, o médico que está cuidado do quadro do meu pai, já está a minha espera no consultório. O Dr. Carter é um ótimo médico, mesmo eu atrasando alguns pagamentos, ele sempre soube compreender a minha situação.Entro no consultório, com o peso da ansiedade em cada passo. O cheiro de desinfetante me deixa levemente tonta e mesmo com a blusa de frio de Jared, ainda sinto o ar gelado do ar condicionado. A frieza do ambiente só aumenta a sensação de desesperança. O Dr. me recebe com um olhar grave e gesticula para eu me sentar. O que virá com certeza não será nada bom.— Então, Ella, fizemos os todos os exames necessários. O diagnóstico não é bom... — O doutor começa, tirando os óculos e olhando para mim olhar sério. Ele não precisa falar muito, eu já sei que são péssimas notícias.— O que ele tem doutor? — A ansiedade da minha voz é evidente. O médico hesita por um momento, antes de soltar as palavras que eu tanto temia.— Ele tem câncer nos pâncreas, Ella. Est
(Ethan)A noite estava fria, mas o ar estava limpo. Eu não costumava andar por aquele lado da cidade. Sempre havia evitado os bares do centro, o cheiro de álcool misturado ao perfume barato das mulheres e à fumaça de cigarro. Mas algo me fez parar naquela noite. O instinto, talvez. Ou a sensação de que algo estava prestes a acontecer, como se o universo estivesse preparando uma tempestade.Eu estava caminhando por uma rua vazia, os passos pesados, quando passei em frente ao bar. A porta estava entreaberta, e o som abafado de conversas e risadas escapava de dentro. Algo me puxou para lá. Não sabia o que exatamente, mas parecia certo, como se estivesse sendo guiado por algo além de mim mesmo.Eu posso ouvir tudo — até os passos ecoando contra o chão de madeira do bar, sua respiração irregular, o som suave da sua pulseira batendo contra o braço. Cada detalhe parece mais nítido, mais real. Sua voz, a maneira como ela responde ao patrão… é como se eu estivesse no centro de seu mundo, ouvin
(Ella) A noite estava quieta, mas minha mente fervilhava. Fechei os olhos tentando relaxar, e, de repente, senti o calor de mãos firmes e protetoras segurando minha cintura. Era estranho, quase impossível, mas eu sentia cada detalhe: a respiração dele próxima à minha orelha, o toque de seus dedos, o peso do seu corpo junto ao meu. Ethan. Mesmo sem entender, eu sabia que era ele.Meu coração disparava, e, sem conseguir resistir, entreguei-me ao sonho, permitindo-me desfrutar daquela sensação proibida. Ele murmurava algo que eu não compreendia completamente, mas sua voz era como um eco, reverberando de maneira profunda e sedutora. De repente, seus lábios estavam nos meus, e um arrepio me percorreu inteira, deixando-me vulnerável e entregue.Era como se eu pudesse vê-lo na minha frente, sua presença dominante e marcante. Seu porte físico é forte, resultado de muito esforço e treinamento na academia. Ele é alto, parece ter 1,90 de altura, e facilmente ele me pegou no colo, colocando-me s
(Ella)O choque se transformou em raiva. Cruzei o salão rapidamente, ignorando o olhar surpreso da garota e o sorriso debochado dele— Poxa, gata. Vamos lá em cima rapidinho. Tenho certeza que você vai amar. — Ele beijou castamente os lábios da garota, que pareceu não se incomodar.— Então, é assim, Jared? Me faz vir aqui só pra ver você com outra? — Minhas palavras saíram firmes, ainda que eu sentisse o coração martelar no peito.Ele deu de ombros, nem um pouco arrependido.— Relaxa, Ella. Você sabia que não ia durar. — Ele não me olhou, traçou um dedo no rosto da garota, me ignorando completamente.— Quem é ela? Sua namorada? — A garota se afastou, incomodada.— Não, ela é só uma vagabunda que eu comia de vez em quando.Aquelas palavras foram a gota d’água. Não esperei mais nada. Levantei minha mão e espalmei fortemente na cara dele. Arranquei sua blusa de frio e joguei nos braços da garota. Eu estava com ódio por ter vindo nessa merda de festa. Virei as costas e comecei a andar em
(Ethan)Eu me sentia inteiramente agitado, e por pouco eu quase perdi o controle na frente de Ella e aqueles humanos desprezíveis. Se eu me transformasse, eu não ia conseguir me conter e acabaria com todos eles e eu não saberia como lidar com essa mulher que mexe tanto comigo.O toque da sua mão na minha é como descarga elétrica, ela tremia deliberadamente pela adrenalina e pelo medo. Eu conseguia sentir o aroma doce que ela emana, o seu medo tem um cheiro adocicado. É como um convite que só os lobos poderiam entender: doce e tentador, uma mistura de mel silvestre com uma pitada de baunilha, envolto em algo floral, talvez lilás, mas era único. Cada vez que ele se aproximava, o aroma crescia, se intensificava, e o lobo dentro de mim se sente enredado, atraído por uma força que parecia mais antiga que o próprio tempo. É um perfume que nenhum humano seria capaz de captar, mas para mim, é inebriante e sedutor, impossível de ignorar.Eu odiei sentir o cheiro de outro macho nela, parece q
(Ethan)Ao sair da casa mais tarde, sabendo que ela estava em segurança, o desejo ainda queimava em mim. Eu sabia que aquela noite mudaria tudo.Depois de garantir que Ella estava segura e descansando na cabana, senti o peso da transformação tomar conta de mim. Eu precisava da caçada, do ar livre, do frescor da noite para aliviar o calor crescente, a tensão insuportável que eu sentia desde que a vi sob a luz do bar.Saí para a escuridão, deixando a cabana para trás. Cada músculo do meu corpo parecia vibrar com a necessidade de liberdade, de extravasar a energia que Ella, sem saber, alimentava. Sob a luz pálida da lua, me permiti soltar as rédeas, transformando-me no lobo que eu realmente era.A transição foi rápida e poderosa; em segundos, minhas garras tocaram o chão frio da floresta, meu olfato ampliado captando tudo ao meu re