(Ella)
O choque se transformou em raiva. Cruzei o salão rapidamente, ignorando o olhar surpreso da garota e o sorriso debochado dele
— Poxa, gata. Vamos lá em cima rapidinho. Tenho certeza que você vai amar. — Ele beijou castamente os lábios da garota, que pareceu não se incomodar.
— Então, é assim, Jared? Me faz vir aqui só pra ver você com outra? — Minhas palavras saíram firmes, ainda que eu sentisse o coração martelar no peito.
Ele deu de ombros, nem um pouco arrependido.
— Relaxa, Ella. Você sabia que não ia durar. — Ele não me olhou, traçou um dedo no rosto da garota, me ignorando completamente.
— Quem é ela? Sua namorada? — A garota se afastou, incomodada.
— Não, ela é só uma vagabunda que eu comia de vez em quando.
Aquelas palavras foram a gota d’água. Não esperei mais nada. Levantei minha mão e espalmei fortemente na cara dele. Arranquei sua blusa de frio e joguei nos braços da garota. Eu estava com ódio por ter vindo nessa merda de festa. Virei as costas e comecei a andar em direção à porta. Brad, que percebeu a situação, veio atrás de mim.
— Ella, quer que eu te leve em casa? Vamos, não precisa ir sozinha.
Olhei para ele com frieza, sentindo a traição queimando por dentro.
— Não, Brad. Sei que você sabia de tudo e pelo visto estava acontecendo a bastante tempo, não é? Obrigada, mas eu estou bem sozinha.
Com isso, saí da festa, o vento frio da noite me envolvendo enquanto eu me afastava do barulho e das risadas. Caminhei rapidamente pela rua deserta, mas logo percebi passos atrás de mim. O coração começou a bater mais rápido, e uma sensação de alerta tomou conta de mim.
— Ei, olha o que temos aqui. — A voz era familiar e nada bem-vinda. — Ella, por que a pressa gatinha?
Virei-me e vi alguns amigos de Jared, rostos que eu reconhecia de outras festas. Eles estavam rindo, com um olhar perigoso no rosto. Pareciam bêbados e um pavor tomou conta de mim.
— Deixa ela em paz, cara, só queremos conversar um pouco — outro deles disse, se aproximando, e a malícia em seus olhos era evidente.
Meu estômago revirou, e dei um passo para trás, sentindo o coração acelerar com o medo que começava a crescer. Tentei caminhar na direção oposta, mas eles bloquearam o caminho, rodeando-me.
— A namorada do Jared... — Um deles comentou em desdém, colocando uma mão em meu ombro. — Gostosa, sempre gostosa.
— Não sei... ele sempre dizia que ela é bem fria na cama. — O primeiro que me abordou, responde rindo.
— Podemos descobrir isso agora. Eu sempre disse para ele que tinha vontade de comer ela.
Aquelas palavras me fizeram entrar em pânico, e ao me arredar para trás me debato contra um deles. Senti algo pontudo em minhas costas e me arrepiei por inteiro. Ao ameaçar dar um grito, um deles força a mão em minha boca, e os sons somente saem abafados.
Senti as mãos sobre minha pele, rasgando minhas roupas e comecei a me debater violentamente.
— Seja boazinha, acabaremos rápido se for obediente.
Eu chutei ferozmente e eles agarram as minhas pernas. Eu fechei meus olhos, com as lágrimas varrendo minhas bochechas. Somente, escutei um rosnado alto, que fez todos pararem e ficar em silêncio. Parecia o som de um animal selvagem. Eu abri meus olhos e vi uma sombra emergir do escuro, movendo-se com uma rapidez assustadora. Era Ethan.
Ele me tirou dos braços deles e me colocou próximo dele. Ethan se colocou entre mim e os homens, com uma expressão que misturava fúria e controle absoluto. O olhar dele atravessou cada um deles, e, por um momento, o silêncio pairou, pesado.
— Eu sugiro que vocês vão embora — disse Ethan, sua voz firme e baixa, mas carregada de ameaça.
Um dos homens riu, mas sem a confiança de antes.
— Quem é você pra dizer isso?
Ethan deu um passo à frente, o suficiente para que todos recuassem, mesmo que tentassem disfarçar o medo.
— Não vou repetir e se eu começar nem um de vocês sairá vivo daqui — ele disse, com um tom que parecia cortar o ar.
Os amigos de Jared hesitaram, mas, um a um, eles começaram a se afastar. Alguns olharam para mim uma última vez antes de desaparecerem na escuridão, mas eu não consegui me mover. Ainda estava presa na sensação de medo e adrenalina.
Quando todos se foram, Ethan se virou, e nossos olhares se encontraram. Eu não sabia o que dizer; as palavras sumiram da minha boca. Mas, naquele momento, algo dentro de mim dizia que, por mais que eu não entendesse a presença dele na minha vida, eu podia confiar nele.
Ethan estendeu a mão, quase de forma protetora, e eu finalmente deixei o fôlego escapar.
— Vamos sair daqui, Ella.
Apenas assenti, deixando que ele me guiasse pela noite, meu coração ainda acelerado, mas agora por um motivo bem diferente.
(Ethan)Eu me sentia inteiramente agitado, e por pouco eu quase perdi o controle na frente de Ella e aqueles humanos desprezíveis. Se eu me transformasse, eu não ia conseguir me conter e acabaria com todos eles e eu não saberia como lidar com essa mulher que mexe tanto comigo.O toque da sua mão na minha é como descarga elétrica, ela tremia deliberadamente pela adrenalina e pelo medo. Eu conseguia sentir o aroma doce que ela emana, o seu medo tem um cheiro adocicado. É como um convite que só os lobos poderiam entender: doce e tentador, uma mistura de mel silvestre com uma pitada de baunilha, envolto em algo floral, talvez lilás, mas era único. Cada vez que ele se aproximava, o aroma crescia, se intensificava, e o lobo dentro de mim se sente enredado, atraído por uma força que parecia mais antiga que o próprio tempo. É um perfume que nenhum humano seria capaz de captar, mas para mim, é inebriante e sedutor, impossível de ignorar.Eu odiei sentir o cheiro de outro macho nela, parece q
(Ethan)Ao sair da casa mais tarde, sabendo que ela estava em segurança, o desejo ainda queimava em mim. Eu sabia que aquela noite mudaria tudo.Depois de garantir que Ella estava segura e descansando na cabana, senti o peso da transformação tomar conta de mim. Eu precisava da caçada, do ar livre, do frescor da noite para aliviar o calor crescente, a tensão insuportável que eu sentia desde que a vi sob a luz do bar.Saí para a escuridão, deixando a cabana para trás. Cada músculo do meu corpo parecia vibrar com a necessidade de liberdade, de extravasar a energia que Ella, sem saber, alimentava. Sob a luz pálida da lua, me permiti soltar as rédeas, transformando-me no lobo que eu realmente era.A transição foi rápida e poderosa; em segundos, minhas garras tocaram o chão frio da floresta, meu olfato ampliado captando tudo ao meu re
(Ella)Acordei com o corpo afundado numa cama que definitivamente não era a minha. A coberta suave, o travesseiro macio e o quarto silencioso me fizeram hesitar antes de abrir os olhos por completo. Será que... será que ele me trouxe até aqui?Levantei um pouco a cabeça e meus olhos o encontraram: Ethan estava deitado no chão, acima de um tapete de pelos espessos, sem camisa. Sua respiração era ritmada, calma. O peito largo subia e descia devagar, o rosto sereno e a pele que refletia a luz suave do amanhecer. Fiquei olhando por mais tempo do que gostaria de admitir, hipnotizada.O abdome bem definido, mostrava os gominhos bem tonificados. Ele estava somente com uma calça de moletom e um volume consideravelmente grande estava ali, eu enguli em seco, imaginando como seria vê-lo totalmente nu.O calor subiu ao meu rosto, e sacudi a cabeça, me obrigando a desviar os olhos. Com todo o cuidado, levantei, passei por ele de mansinho, mas pude sentir um calor inumano irradiar dele, com pressa
(Ella) Fiquei em silêncio por um longo tempo, o peso das palavras de Ethan ainda ecoando em minha mente. Eu sabia que ele estava esperando por uma resposta, mas eu simplesmente não conseguia processar tudo o que estava acontecendo. Eu precisava de mais tempo para organizar os pensamentos, para entender se aquilo tudo era real ou apenas um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.Sem dizer nada, me levantei da mesa e comecei a tirar a louça, tentando me distrair, encontrar algum tipo de normalidade no simples ato de lavar os pratos. Mas, não importava o que eu fizesse, a presença de Ethan era esmagadora. Ele me seguiu com o olhar, como se estivesse observando cada movimento meu. Seus olhos não saíam de mim, e eu sentia cada segundo de sua atenção como se fosse uma pressão constante.O calor subiu pelo meu corpo de forma inesperada. Como se ele estivesse mais perto de mim, mesmo sem me tocar. Uma onda de desejo misturada com confusão tomou conta de mim, e tudo o que eu consegui fazer
(Ethan)Eu observava Ella sair pela porta da cabana, seus passos silenciosos, mas com um peso que só ela poderia carregar. Ela estava decidida, mas eu não sabia se aquilo era bom ou ruim. Parte de mim queria que ela ficasse. A outra sabia que não poderia. Eu tinha minha própria guerra para lutar.Não tive muito tempo para pensar, pois o som da porta sendo aberta novamente me tirou da minha concentração. Era Caelan. Ele entrou, parecendo sério, mais do que o normal, o que não era comum para ele.— Ethan, temos um problema — Caelan disse, a voz grave.Eu franzi a testa, sentindo uma onda de preocupação tomar conta de mim. Sempre que Caelan falava assim, significava que algo grande estava acontecendo. Eu já sabia que a paz na alcateia estava prestes a ser quebrada de algum jeito, mas o que ele me disse em seguida foi além de qualquer coisa
(Ethan)Eu estava com raiva. Não de Lucian, pelo menos não de forma simples, mas do que ele representava. A raiva crescia em mim a cada quilômetro que percorria em direção ao local onde Dália estava — ou onde eu imaginava que ela estaria. Caelan ainda falava ao meu lado, mas minha mente estava longe. Não havia mais espaço para conversas descontraídas ou promessas vazias.Eu sabia o que Lucian queria. Ele precisava de Dália, mas não por amor. Ele precisava dela para se afirmar como o alfa definitivo da alcateia. No fundo, eu entendia. Ele não era o primogênito, era o caçula, e o que ele mais temia era ser renegado. Mas o que eu não suportava era saber que ele faria qualquer coisa para conseguir o que queria, até mesmo usar Dália como um peão nesse jogo de poder.— Você tem que entender, Ethan,— Caelan
(Ella)Eu estava no meio de mais uma noite cansativa de trabalho, já com a mente decidida sobre o que eu queria. Aceitar o acordo de Ethan parecia a melhor solução, o único caminho que eu podia seguir. A verdade era que, por mais que a ideia me assustasse, a proximidade dele me consumia de uma forma que eu não podia controlar. Eu queria estar perto dele, sentir sua presença forte, olhar para ele e... apenas absorver a sua beleza masculina, a intensidade dos seus olhos, a força que ele emanava.No meio de um pedido de bebida, meu celular vibrou sobre o balcão. Uma mensagem anônima apareceu, sem qualquer aviso prévio. Minha mão hesitou ao pegar o aparelho. Quando eu olhei para a tela, meu estômago revirou.A foto que apareceu era minha, claramente tirada quando eu saí do Uber em frente à minha casa. O recado deixado pela pessoa me fez sentir como se o ar tivesse sumido de meus pulmões: "Vou terminar o que comecei ontem à noite. Sei todos os seus passos." Meu corpo ficou rígido, e o med
(Ethan)Eu ainda podia ouvir o eco de minhas próprias palavras, um juramento silencioso que me fiz desde o momento em que parti: Dália não iria sofrer pelas escolhas que fiz. Salvar a mulher que até então, era minha prometida era mais do que uma promessa quebrada — era uma questão de honra, algo que um verdadeiro alfa faria. E, enquanto eu a buscava, um incômodo insistente me consumia: se eu não fosse capaz de protegê-la, que tipo de líder, ou de lobo, eu seria?Quando finalmente chegamos à floresta, a cena diante de mim parecia uma imagem tirada de um pesadelo. Tudo já estava preparado, cada detalhe do ritual bem planejado. Mas Dália... não a vi em lugar algum. Os sons da festividade enchiam o ar: gargalhadas, vozes altas, brindes. Ali, entre risos que não me incluíam, vi Lucian e o pai de Dália, Bastien Varkov, conversando e bebendo como se fossem velhos amigos. Enquanto eles celebravam minha ausência, eu permanecia escondido, observando.— Vou achá-la, — Caelan sussurrou ao meu lad