(Ella)
A noite estava quieta, mas minha mente fervilhava. Fechei os olhos tentando relaxar, e, de repente, senti o calor de mãos firmes e protetoras segurando minha cintura. Era estranho, quase impossível, mas eu sentia cada detalhe: a respiração dele próxima à minha orelha, o toque de seus dedos, o peso do seu corpo junto ao meu. Ethan. Mesmo sem entender, eu sabia que era ele.
Meu coração disparava, e, sem conseguir resistir, entreguei-me ao sonho, permitindo-me desfrutar daquela sensação proibida. Ele murmurava algo que eu não compreendia completamente, mas sua voz era como um eco, reverberando de maneira profunda e sedutora. De repente, seus lábios estavam nos meus, e um arrepio me percorreu inteira, deixando-me vulnerável e entregue.
Era como se eu pudesse vê-lo na minha frente, sua presença dominante e marcante. Seu porte físico é forte, resultado de muito esforço e treinamento na academia. Ele é alto, parece ter 1,90 de altura, e facilmente ele me pegou no colo, colocando-me sobre a bancada do bar.
Eu encarei seus olhos azuis escuros, profundos e misteriosos como o oceano a noite. Olhos atentos que parece sempre estar atentos a todos os detalhes e agora eles estavam voltados para meu corpo. Suas mãos apertam com força minha cintura, e eu fecho meus olhos sentindo a deliciosa sensação de seu toque.
Levo minhas mãos em seus cabelos, eles são escuros como a noite, espesso e ligeiramente ondulado, caindo despretensiosamente ao redor de seu rosto e pescoço, mas sempre com um toque de desordem controlada. Ele tem uma barba rala e bem cuidada, o que adiciona um ar de maturidade e sofisticação ao seu rosto anguloso, marcado por um maxilar forte.
Seus olhos penetrantes me encaram, quase que selvagemente, e sua mão rasga a alça de minha regata. Com sua postura dominante e confiante do que ele faz, ele me beija ferozmente, roçando com força os lábios nos meus.
Acordei sobressaltada, com o coração martelando no peito e a respiração descompassada. Sentei-me na cama, tentando entender o que estava acontecendo. Por que alguém que eu mal conhecia estava me afetando tanto? Olhei para o relógio; era cedo, mas a insônia tomou conta de mim. Levantei-me e me vesti, tentando afastar a lembrança daquele sonho, mas o calor persistia na minha pele, e a imagem de Ethan, intensa e envolvente, se recusava a sair da minha mente.
Mais tarde, tomei coragem para ligar ao banco. Sentei-me à mesa da cozinha, o telefone pressionado contra meu ouvido enquanto aguardava. As vozes automáticas me deixavam ansiosa, e quando, finalmente, fui atendida, expliquei meu pedido: uma extensão no prazo do empréstimo. Contei ao atendente sobre meu pai e sobre as dificuldades financeiras, tentando fazer com que ele entendesse a urgência da situação.
Mas a resposta foi fria e insensível. Sem novas garantias ou um aumento significativo na entrada, eles não poderiam conceder uma extensão. A rigidez das palavras do atendente perfurou o pouco otimismo que eu ainda tinha, e quando desliguei, sentia-me menor, como se o peso do mundo estivesse sobre meus ombros.
O trabalho no bar, naquele dia, foi um pesadelo. As gorjetas mal cobriam o que eu precisava, e, mesmo tentando me focar, minha mente continuava dividida entre o sonho com Ethan e as minhas preocupações com o banco. A cada minuto, a pressão parecia aumentar. Ao tentar recolher uma bandeja, minha mão tremeu, e ela caiu ao chão. O som dos copos e pratos quebrando foi o suficiente para que todos me olhassem.
Mack, que nunca perdia uma oportunidade de implicar, aproximou-se com seu olhar rude.
— Sabe que vou descontar isso do seu salário, né? — disse ele, cruzando os braços e me encarando.
Engoli em seco, mordendo o lábio para não revidar. O que poderia dizer? Ele estava certo. Tudo que eu podia fazer era balançar a cabeça e murmurar um “sim”, mesmo sabendo o quanto aquele desconto me custaria.
— Espero que você consiga se concentrar pelo menos por uma noite — ele continuou, deixando clara a frustração.
As palavras dele doeram, ecoando na minha mente. Com um peso esmagador no peito, continuei o turno, tentando não quebrar mais nada, mas sentindo que a qualquer momento, algo dentro de mim também poderia se partir.
Já passava das nove da noite quando Mack se aproximou, com aquele ar rude e impaciente.
— Jack foi embora. Vou precisar que você cubra a saída dela de novo. — Ele disse sem ao menos perguntar se eu podia ou queria.
Suspirei, mas apenas assenti. Mais uma noite cobrindo turno extra, mas quem sou eu para reclamar? Afinal, as despesas do hospital não se pagam sozinhas. A cada copo que eu lavava e bandeja que carregava, o pensamento do meu pai me vinha à mente, me lembrando do porquê eu suportava isso tudo.
Cerca de uma hora depois, meu celular vibrou no bolso. Era Brad, e, pelo tom animado, pude imaginar que já estava em alguma festa.
— Ella! Jared me falou que está arrependido e quer que você venha. Se quiser eu posso mandar a localização.
Revirei os olhos, ciente do que significava um “convite” vindo de Jared, ainda assim, respondi sem muita certeza:
— Vou tentar chegar, Brad, mas vou sair tarde. A festa só vai até meia-noite, certo?
Brad riu, a voz alta e abafada pela música ao fundo.
— Relaxa, garota! A festa só começa pra valer à meia-noite. Dá tempo de sobra!
Eu não sabia o que esperar daquela festa, mas depois de mais duas horas de trabalho, o cansaço me venceu. Eu sabia que Jared só queria mais uma noite de sexo, e eu precisava ir lá para colocar um fim definitivo nessa relação. Fechei o bar, peguei minhas coisas e segui em direção à localização enviada por Brad.
Quando cheguei, o som alto das risadas e da música era como um soco nos ouvidos. Encontrei Brad perto da entrada, que já me estendeu um copo de cerveja, sorrindo de maneira até simpática.
— Só pra relaxar, Ella! Depois do dia que teve, você merece.
Agradeci e tomei um gole, tentando relaxar. Mas, ao olhar em volta para procurar Jared, um frio se espalhou pelo meu corpo. Do outro lado do salão, vi-o com uma garota mais nova, bem mais nova. Eles estavam próximos, risos sussurrados e olhares que não deixavam dúvida: Jared estava me traindo, ali mesmo, sem o mínimo de consideração.
(Ella)O choque se transformou em raiva. Cruzei o salão rapidamente, ignorando o olhar surpreso da garota e o sorriso debochado dele— Poxa, gata. Vamos lá em cima rapidinho. Tenho certeza que você vai amar. — Ele beijou castamente os lábios da garota, que pareceu não se incomodar.— Então, é assim, Jared? Me faz vir aqui só pra ver você com outra? — Minhas palavras saíram firmes, ainda que eu sentisse o coração martelar no peito.Ele deu de ombros, nem um pouco arrependido.— Relaxa, Ella. Você sabia que não ia durar. — Ele não me olhou, traçou um dedo no rosto da garota, me ignorando completamente.— Quem é ela? Sua namorada? — A garota se afastou, incomodada.— Não, ela é só uma vagabunda que eu comia de vez em quando.Aquelas palavras foram a gota d’água. Não esperei mais nada. Levantei minha mão e espalmei fortemente na cara dele. Arranquei sua blusa de frio e joguei nos braços da garota. Eu estava com ódio por ter vindo nessa merda de festa. Virei as costas e comecei a andar em
(Ethan)Eu me sentia inteiramente agitado, e por pouco eu quase perdi o controle na frente de Ella e aqueles humanos desprezíveis. Se eu me transformasse, eu não ia conseguir me conter e acabaria com todos eles e eu não saberia como lidar com essa mulher que mexe tanto comigo.O toque da sua mão na minha é como descarga elétrica, ela tremia deliberadamente pela adrenalina e pelo medo. Eu conseguia sentir o aroma doce que ela emana, o seu medo tem um cheiro adocicado. É como um convite que só os lobos poderiam entender: doce e tentador, uma mistura de mel silvestre com uma pitada de baunilha, envolto em algo floral, talvez lilás, mas era único. Cada vez que ele se aproximava, o aroma crescia, se intensificava, e o lobo dentro de mim se sente enredado, atraído por uma força que parecia mais antiga que o próprio tempo. É um perfume que nenhum humano seria capaz de captar, mas para mim, é inebriante e sedutor, impossível de ignorar.Eu odiei sentir o cheiro de outro macho nela, parece q
(Ethan)Ao sair da casa mais tarde, sabendo que ela estava em segurança, o desejo ainda queimava em mim. Eu sabia que aquela noite mudaria tudo.Depois de garantir que Ella estava segura e descansando na cabana, senti o peso da transformação tomar conta de mim. Eu precisava da caçada, do ar livre, do frescor da noite para aliviar o calor crescente, a tensão insuportável que eu sentia desde que a vi sob a luz do bar.Saí para a escuridão, deixando a cabana para trás. Cada músculo do meu corpo parecia vibrar com a necessidade de liberdade, de extravasar a energia que Ella, sem saber, alimentava. Sob a luz pálida da lua, me permiti soltar as rédeas, transformando-me no lobo que eu realmente era.A transição foi rápida e poderosa; em segundos, minhas garras tocaram o chão frio da floresta, meu olfato ampliado captando tudo ao meu re
(Ella)Acordei com o corpo afundado numa cama que definitivamente não era a minha. A coberta suave, o travesseiro macio e o quarto silencioso me fizeram hesitar antes de abrir os olhos por completo. Será que... será que ele me trouxe até aqui?Levantei um pouco a cabeça e meus olhos o encontraram: Ethan estava deitado no chão, acima de um tapete de pelos espessos, sem camisa. Sua respiração era ritmada, calma. O peito largo subia e descia devagar, o rosto sereno e a pele que refletia a luz suave do amanhecer. Fiquei olhando por mais tempo do que gostaria de admitir, hipnotizada.O abdome bem definido, mostrava os gominhos bem tonificados. Ele estava somente com uma calça de moletom e um volume consideravelmente grande estava ali, eu enguli em seco, imaginando como seria vê-lo totalmente nu.O calor subiu ao meu rosto, e sacudi a cabeça, me obrigando a desviar os olhos. Com todo o cuidado, levantei, passei por ele de mansinho, mas pude sentir um calor inumano irradiar dele, com pressa
(Ella) Fiquei em silêncio por um longo tempo, o peso das palavras de Ethan ainda ecoando em minha mente. Eu sabia que ele estava esperando por uma resposta, mas eu simplesmente não conseguia processar tudo o que estava acontecendo. Eu precisava de mais tempo para organizar os pensamentos, para entender se aquilo tudo era real ou apenas um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.Sem dizer nada, me levantei da mesa e comecei a tirar a louça, tentando me distrair, encontrar algum tipo de normalidade no simples ato de lavar os pratos. Mas, não importava o que eu fizesse, a presença de Ethan era esmagadora. Ele me seguiu com o olhar, como se estivesse observando cada movimento meu. Seus olhos não saíam de mim, e eu sentia cada segundo de sua atenção como se fosse uma pressão constante.O calor subiu pelo meu corpo de forma inesperada. Como se ele estivesse mais perto de mim, mesmo sem me tocar. Uma onda de desejo misturada com confusão tomou conta de mim, e tudo o que eu consegui fazer
(Ethan)Eu observava Ella sair pela porta da cabana, seus passos silenciosos, mas com um peso que só ela poderia carregar. Ela estava decidida, mas eu não sabia se aquilo era bom ou ruim. Parte de mim queria que ela ficasse. A outra sabia que não poderia. Eu tinha minha própria guerra para lutar.Não tive muito tempo para pensar, pois o som da porta sendo aberta novamente me tirou da minha concentração. Era Caelan. Ele entrou, parecendo sério, mais do que o normal, o que não era comum para ele.— Ethan, temos um problema — Caelan disse, a voz grave.Eu franzi a testa, sentindo uma onda de preocupação tomar conta de mim. Sempre que Caelan falava assim, significava que algo grande estava acontecendo. Eu já sabia que a paz na alcateia estava prestes a ser quebrada de algum jeito, mas o que ele me disse em seguida foi além de qualquer coisa
(Ethan)Eu estava com raiva. Não de Lucian, pelo menos não de forma simples, mas do que ele representava. A raiva crescia em mim a cada quilômetro que percorria em direção ao local onde Dália estava — ou onde eu imaginava que ela estaria. Caelan ainda falava ao meu lado, mas minha mente estava longe. Não havia mais espaço para conversas descontraídas ou promessas vazias.Eu sabia o que Lucian queria. Ele precisava de Dália, mas não por amor. Ele precisava dela para se afirmar como o alfa definitivo da alcateia. No fundo, eu entendia. Ele não era o primogênito, era o caçula, e o que ele mais temia era ser renegado. Mas o que eu não suportava era saber que ele faria qualquer coisa para conseguir o que queria, até mesmo usar Dália como um peão nesse jogo de poder.— Você tem que entender, Ethan,— Caelan
(Ella)Eu estava no meio de mais uma noite cansativa de trabalho, já com a mente decidida sobre o que eu queria. Aceitar o acordo de Ethan parecia a melhor solução, o único caminho que eu podia seguir. A verdade era que, por mais que a ideia me assustasse, a proximidade dele me consumia de uma forma que eu não podia controlar. Eu queria estar perto dele, sentir sua presença forte, olhar para ele e... apenas absorver a sua beleza masculina, a intensidade dos seus olhos, a força que ele emanava.No meio de um pedido de bebida, meu celular vibrou sobre o balcão. Uma mensagem anônima apareceu, sem qualquer aviso prévio. Minha mão hesitou ao pegar o aparelho. Quando eu olhei para a tela, meu estômago revirou.A foto que apareceu era minha, claramente tirada quando eu saí do Uber em frente à minha casa. O recado deixado pela pessoa me fez sentir como se o ar tivesse sumido de meus pulmões: "Vou terminar o que comecei ontem à noite. Sei todos os seus passos." Meu corpo ficou rígido, e o med