Capítulo 05

(Ella)

A noite estava quieta, mas minha mente fervilhava. Fechei os olhos tentando relaxar, e, de repente, senti o calor de mãos firmes e protetoras segurando minha cintura. Era estranho, quase impossível, mas eu sentia cada detalhe: a respiração dele próxima à minha orelha, o toque de seus dedos, o peso do seu corpo junto ao meu. Ethan. Mesmo sem entender, eu sabia que era ele.

Meu coração disparava, e, sem conseguir resistir, entreguei-me ao sonho, permitindo-me desfrutar daquela sensação proibida. Ele murmurava algo que eu não compreendia completamente, mas sua voz era como um eco, reverberando de maneira profunda e sedutora. De repente, seus lábios estavam nos meus, e um arrepio me percorreu inteira, deixando-me vulnerável e entregue.

Era como se eu pudesse vê-lo na minha frente, sua presença dominante e marcante. Seu porte físico é forte, resultado de muito esforço e treinamento na academia. Ele é alto, parece ter 1,90 de altura, e facilmente ele me pegou no colo, colocando-me sobre a bancada do bar.

Eu encarei seus olhos azuis escuros, profundos e misteriosos como o oceano a noite. Olhos atentos que parece sempre estar atentos a todos os detalhes e agora eles estavam voltados para meu corpo. Suas mãos apertam com força minha cintura, e eu fecho meus olhos sentindo a deliciosa sensação de seu toque.

Levo minhas mãos em seus cabelos, eles são escuros como a noite, espesso e ligeiramente ondulado, caindo despretensiosamente ao redor de seu rosto e pescoço, mas sempre com um toque de desordem controlada. Ele tem uma barba rala e bem cuidada, o que adiciona um ar de maturidade e sofisticação ao seu rosto anguloso, marcado por um maxilar forte.

Seus olhos penetrantes me encaram, quase que selvagemente, e sua mão rasga a alça de minha regata. Com sua postura dominante e confiante do que ele faz, ele me beija ferozmente, roçando com força os lábios nos meus.

Acordei sobressaltada, com o coração martelando no peito e a respiração descompassada. Sentei-me na cama, tentando entender o que estava acontecendo. Por que alguém que eu mal conhecia estava me afetando tanto? Olhei para o relógio; era cedo, mas a insônia tomou conta de mim. Levantei-me e me vesti, tentando afastar a lembrança daquele sonho, mas o calor persistia na minha pele, e a imagem de Ethan, intensa e envolvente, se recusava a sair da minha mente.

Mais tarde, tomei coragem para ligar ao banco. Sentei-me à mesa da cozinha, o telefone pressionado contra meu ouvido enquanto aguardava. As vozes automáticas me deixavam ansiosa, e quando, finalmente, fui atendida, expliquei meu pedido: uma extensão no prazo do empréstimo. Contei ao atendente sobre meu pai e sobre as dificuldades financeiras, tentando fazer com que ele entendesse a urgência da situação.

Mas a resposta foi fria e insensível. Sem novas garantias ou um aumento significativo na entrada, eles não poderiam conceder uma extensão. A rigidez das palavras do atendente perfurou o pouco otimismo que eu ainda tinha, e quando desliguei, sentia-me menor, como se o peso do mundo estivesse sobre meus ombros.

O trabalho no bar, naquele dia, foi um pesadelo. As gorjetas mal cobriam o que eu precisava, e, mesmo tentando me focar, minha mente continuava dividida entre o sonho com Ethan e as minhas preocupações com o banco. A cada minuto, a pressão parecia aumentar. Ao tentar recolher uma bandeja, minha mão tremeu, e ela caiu ao chão. O som dos copos e pratos quebrando foi o suficiente para que todos me olhassem.

Mack, que nunca perdia uma oportunidade de implicar, aproximou-se com seu olhar rude.

— Sabe que vou descontar isso do seu salário, né? — disse ele, cruzando os braços e me encarando.

Engoli em seco, mordendo o lábio para não revidar. O que poderia dizer? Ele estava certo. Tudo que eu podia fazer era balançar a cabeça e murmurar um “sim”, mesmo sabendo o quanto aquele desconto me custaria.

— Espero que você consiga se concentrar pelo menos por uma noite — ele continuou, deixando clara a frustração.

As palavras dele doeram, ecoando na minha mente. Com um peso esmagador no peito, continuei o turno, tentando não quebrar mais nada, mas sentindo que a qualquer momento, algo dentro de mim também poderia se partir.

Já passava das nove da noite quando Mack se aproximou, com aquele ar rude e impaciente.

— Jack foi embora. Vou precisar que você cubra a saída dela de novo. — Ele disse sem ao menos perguntar se eu podia ou queria.

Suspirei, mas apenas assenti. Mais uma noite cobrindo turno extra, mas quem sou eu para reclamar? Afinal, as despesas do hospital não se pagam sozinhas. A cada copo que eu lavava e bandeja que carregava, o pensamento do meu pai me vinha à mente, me lembrando do porquê eu suportava isso tudo.

Cerca de uma hora depois, meu celular vibrou no bolso. Era Brad, e, pelo tom animado, pude imaginar que já estava em alguma festa.

— Ella! Jared me falou que está arrependido e quer que você venha. Se quiser eu posso mandar a localização.

Revirei os olhos, ciente do que significava um “convite” vindo de Jared, ainda assim, respondi sem muita certeza:

— Vou tentar chegar, Brad, mas vou sair tarde. A festa só vai até meia-noite, certo?

Brad riu, a voz alta e abafada pela música ao fundo.

— Relaxa, garota! A festa só começa pra valer à meia-noite. Dá tempo de sobra!

Eu não sabia o que esperar daquela festa, mas depois de mais duas horas de trabalho, o cansaço me venceu. Eu sabia que Jared só queria mais uma noite de sexo, e eu precisava ir lá para colocar um fim definitivo nessa relação. Fechei o bar, peguei minhas coisas e segui em direção à localização enviada por Brad.

Quando cheguei, o som alto das risadas e da música era como um soco nos ouvidos. Encontrei Brad perto da entrada, que já me estendeu um copo de cerveja, sorrindo de maneira até simpática.

— Só pra relaxar, Ella! Depois do dia que teve, você merece.

Agradeci e tomei um gole, tentando relaxar. Mas, ao olhar em volta para procurar Jared, um frio se espalhou pelo meu corpo. Do outro lado do salão, vi-o com uma garota mais nova, bem mais nova. Eles estavam próximos, risos sussurrados e olhares que não deixavam dúvida: Jared estava me traindo, ali mesmo, sem o mínimo de consideração.

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