(Ethan)
Eu me sentia inteiramente agitado, e por pouco eu quase perdi o controle na frente de Ella e aqueles humanos desprezíveis. Se eu me transformasse, eu não ia conseguir me conter e acabaria com todos eles e eu não saberia como lidar com essa mulher que mexe tanto comigo.
O toque da sua mão na minha é como descarga elétrica, ela tremia deliberadamente pela adrenalina e pelo medo. Eu conseguia sentir o aroma doce que ela emana, o seu medo tem um cheiro adocicado.
É como um convite que só os lobos poderiam entender: doce e tentador, uma mistura de mel silvestre com uma pitada de baunilha, envolto em algo floral, talvez lilás, mas era único. Cada vez que ele se aproximava, o aroma crescia, se intensificava, e o lobo dentro de mim se sente enredado, atraído por uma força que parecia mais antiga que o próprio tempo. É um perfume que nenhum humano seria capaz de captar, mas para mim, é inebriante e sedutor, impossível de ignorar.
Eu odiei sentir o cheiro de outro macho nela, parece que usava alguma peça dele sobre seu corpo pequeno. E eu sabia que ela sentia frio, retirei a minha jaqueta e coloquei sobre seus ombros, ela me olhou espantada e piscou rapidamente seus cílios, mas aceitou de bom grado.
Eu dirigia pelas estradas escuras, os olhos focados à frente, mas minha mente estava em Ella. O perigo que ela enfrentou me deixava agitado, o lobo dentro de mim inquieto, querendo proteger, reivindicar. Cada segundo ao lado dela parecia intensificar essa necessidade, essa sensação de algo mais profundo, algo que eu tentava suprimir, mas que estava se enraizando em cada fibra do meu ser.
Eu finalmente parei em uma casa de campo isolada, cercada de árvores densas e onde eu sabia que estaríamos a salvo. Era meu refúgio, um lugar onde eu me escondia quando a pressão da alcateia se tornava insuportável. Ela me olhou com uma expressão incerta, mas confiou em mim, entrando na cabana.
Lá dentro, o calor do fogo iluminava o ambiente e seu rosto, e, por um momento, tudo que eu queria era envolvê-la com meus braços, absorver cada detalhe da sua expressão e protegê-la de qualquer ameaça. Respirei fundo, tentando manter o foco, mas a proximidade dela acendia algo feroz em mim, uma espécie de possessão, de um desejo impossível de ignorar.
— Você está bem? — perguntei, minha voz mais rouca do que pretendia.
Ella assentiu, mas percebi seu tremor. Cada mínima reação dela parecia aumentar a força dessa necessidade, um chamado primitivo dentro de mim.
— Foi uma noite... complicada, — murmurou, olhando para o chão. Eu me aproximei, tentando conter meu instinto de tocar seu rosto, de tranquilizá-la com mais do que palavras.
— Ella, eu preciso que você saiba que pode confiar em mim — eu disse, tentando manter a voz calma. O lobo em mim queria mais do que palavras, queria marcar território, proteger... Ela despertava algo indomável que não sentia há tempos.
Eu me sentei ao lado dela, sentindo a onda quente do cio começando a tomar conta. Mas precisava entender o que ela estava enfrentando, o que estava por trás daquela tristeza em seus olhos. Com delicadeza, perguntei:
— O que está acontecendo com seu pai? Quero ajudar, mas preciso entender.
Ella hesitou por um instante, depois começou a falar. Ouvi sua história, cada palavra dela perfurando a barreira que eu tentava erguer entre nós. Ela falava do pai e das despesas médicas, de como lutava sozinha para manter as contas pagas, cada parte da história deixando minha necessidade de protegê-la ainda mais intensa. Era isso. O motivo pelo qual eu queria tanto que ela confiasse em mim.
Quando terminou, minha decisão estava tomada. Olhei nos olhos dela, sentindo o calor crescer em meu peito, o desejo de oferecer algo, qualquer coisa para aliviar sua carga.
— Eu posso te ajudar, Ella. — Minha voz saiu mais grave do que eu esperava. Seus olhos encontraram os meus, curiosos, atentos. — E talvez você possa me ajudar em troca.
Ela parecia confusa, e tomei um momento para reunir as palavras certas.
— Eu preciso de alguém que finja ser minha... minha parceira. Isso me protegeria de certos problemas com os quais estou lidando. Em troca, eu poderia ajudar com o que você precisar. Cobrir as despesas médicas, aliviar essa carga.
Eu esperava que ela hesitasse ou que risse, mas, ao invés disso, ela apenas me olhou em silêncio. A proximidade, a tensão e o perfume suave dela estavam intensificando tudo. Senti meu lobo rosnar internamente, exigindo mais, querendo marcar minha presença, mas segurei firme.
— Pense nisso, — eu disse, tentando suprimir o calor que subia em mim, mas meus olhos provavelmente traíram o que eu realmente sentia. Ela era mais do que uma solução para meus problemas; ela era o começo de algo que eu nunca quis admitir que precisava.
Eu estava excitado, ela estava quieta olhando as chamas da lareira crepitando. E eu a observava atentamente, cada mínimo detalhe de seu rosto. Meu pau estava duro, e eu sem forças para conter o desejo de tomá-la ali mesmo. Eu precisava de um pouco de ar, ar puro sem o cheiro de sua presença.
(Ethan)Ao sair da casa mais tarde, sabendo que ela estava em segurança, o desejo ainda queimava em mim. Eu sabia que aquela noite mudaria tudo.Depois de garantir que Ella estava segura e descansando na cabana, senti o peso da transformação tomar conta de mim. Eu precisava da caçada, do ar livre, do frescor da noite para aliviar o calor crescente, a tensão insuportável que eu sentia desde que a vi sob a luz do bar.Saí para a escuridão, deixando a cabana para trás. Cada músculo do meu corpo parecia vibrar com a necessidade de liberdade, de extravasar a energia que Ella, sem saber, alimentava. Sob a luz pálida da lua, me permiti soltar as rédeas, transformando-me no lobo que eu realmente era.A transição foi rápida e poderosa; em segundos, minhas garras tocaram o chão frio da floresta, meu olfato ampliado captando tudo ao meu redor com uma nitidez enlouquecedora. O vento soprava, e, mesmo a quilômetros de distância, o cheiro de Ella ainda pairava, doce e tentador. Um rosnado escapou de
(Ella)Acordei com o corpo afundado numa cama que definitivamente não era a minha. A coberta suave, o travesseiro macio e o quarto silencioso me fizeram hesitar antes de abrir os olhos por completo. Será que... será que ele me trouxe até aqui?Levantei um pouco a cabeça e meus olhos o encontraram: Ethan estava deitado no chão, acima de um tapete de pelos espessos, sem camisa. Sua respiração era ritmada, calma. O peito largo subia e descia devagar, o rosto sereno e a pele que refletia a luz suave do amanhecer. Fiquei olhando por mais tempo do que gostaria de admitir, hipnotizada.O abdome bem definido, mostrava os gominhos bem tonificados. Ele estava somente com uma calça de moletom e um volume consideravelmente grande estava ali, eu enguli em seco, imaginando como seria vê-lo totalmente nu.O calor subiu ao meu rosto, e sacudi a cabeça, me obrigando a desviar os olhos. Com todo o cuidado, levantei, passei por ele de mansinho, mas pude sentir um calor inumano irradiar dele, com pressa
(Ella) Fiquei em silêncio por um longo tempo, o peso das palavras de Ethan ainda ecoando em minha mente. Eu sabia que ele estava esperando por uma resposta, mas eu simplesmente não conseguia processar tudo o que estava acontecendo. Eu precisava de mais tempo para organizar os pensamentos, para entender se aquilo tudo era real ou apenas um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.Sem dizer nada, me levantei da mesa e comecei a tirar a louça, tentando me distrair, encontrar algum tipo de normalidade no simples ato de lavar os pratos. Mas, não importava o que eu fizesse, a presença de Ethan era esmagadora. Ele me seguiu com o olhar, como se estivesse observando cada movimento meu. Seus olhos não saíam de mim, e eu sentia cada segundo de sua atenção como se fosse uma pressão constante.O calor subiu pelo meu corpo de forma inesperada. Como se ele estivesse mais perto de mim, mesmo sem me tocar. Uma onda de desejo misturada com confusão tomou conta de mim, e tudo o que eu consegui fazer
(Ethan)Eu observava Ella sair pela porta da cabana, seus passos silenciosos, mas com um peso que só ela poderia carregar. Ela estava decidida, mas eu não sabia se aquilo era bom ou ruim. Parte de mim queria que ela ficasse. A outra sabia que não poderia. Eu tinha minha própria guerra para lutar.Não tive muito tempo para pensar, pois o som da porta sendo aberta novamente me tirou da minha concentração. Era Caelan. Ele entrou, parecendo sério, mais do que o normal, o que não era comum para ele.— Ethan, temos um problema — Caelan disse, a voz grave.Eu franzi a testa, sentindo uma onda de preocupação tomar conta de mim. Sempre que Caelan falava assim, significava que algo grande estava acontecendo. Eu já sabia que a paz na alcateia estava prestes a ser quebrada de algum jeito, mas o que ele me disse em seguida foi além de qualquer coisa
(Ethan)Eu estava com raiva. Não de Lucian, pelo menos não de forma simples, mas do que ele representava. A raiva crescia em mim a cada quilômetro que percorria em direção ao local onde Dália estava — ou onde eu imaginava que ela estaria. Caelan ainda falava ao meu lado, mas minha mente estava longe. Não havia mais espaço para conversas descontraídas ou promessas vazias.Eu sabia o que Lucian queria. Ele precisava de Dália, mas não por amor. Ele precisava dela para se afirmar como o alfa definitivo da alcateia. No fundo, eu entendia. Ele não era o primogênito, era o caçula, e o que ele mais temia era ser renegado. Mas o que eu não suportava era saber que ele faria qualquer coisa para conseguir o que queria, até mesmo usar Dália como um peão nesse jogo de poder.— Você tem que entender, Ethan,— Caelan
(Ella) Eu estava no meio de mais uma noite cansativa de trabalho, já com a mente decidida sobre o que eu queria. Aceitar o acordo de Ethan parecia a melhor solução, o único caminho que eu podia seguir. A verdade era que, por mais que a ideia me assustasse, a proximidade dele me consumia de uma forma que eu não podia controlar. Eu queria estar perto dele, sentir sua presença forte, olhar para ele e... apenas absorver a sua beleza masculina, a intensidade dos seus olhos, a força que ele emanava. No meio de um pedido de bebida, meu celular vibrou sobre o balcão. Uma mensagem anônima apareceu, sem qualquer aviso prévio. Minha mão hesitou ao pegar o aparelho. Quando eu olhei para a tela, meu estômago revirou. A foto que apareceu era minha, claramente tirada quando eu saí do Uber em frente à minha casa. O recado deixado pela pessoa me fez sentir como se o ar tivesse sumido de meus pulmões: "Vou terminar o que comecei ontem à noite. Sei todos os seus passos." Meu corpo ficou rígido,
(Ethan)Eu ainda podia ouvir o eco de minhas próprias palavras, um juramento silencioso que me fiz desde o momento em que parti: Dália não iria sofrer pelas escolhas que fiz. Salvar a mulher que até então, era minha prometida era mais do que uma promessa quebrada — era uma questão de honra, algo que um verdadeiro alfa faria. E, enquanto eu a buscava, um incômodo insistente me consumia: se eu não fosse capaz de protegê-la, que tipo de líder, ou de lobo, eu seria?Quando finalmente chegamos à floresta, a cena diante de mim parecia uma imagem tirada de um pesadelo. Tudo já estava preparado, cada detalhe do ritual bem planejado. Mas Dália... não a vi em lugar algum. Os sons da festividade enchiam o ar: gargalhadas, vozes altas, brindes. Ali, entre risos que não me incluíam, vi Lucian e o pai de Dália, Bastien Varkov, conversando e bebendo como se fossem velhos amigos. Enquanto eles celebravam minha ausência, eu permanecia escondido, observando.— Vou achá-la, — Caelan sussurrou ao meu lad
(Ella)A música alta e o cheiro de álcool se misturavam, fazendo com que o ambiente do bar parecesse ainda mais claustrofóbico do que de costume. O calor das pessoas amontoadas perto do palco improvisado e ao redor do balcão só contribuía para minha exaustão. Eu sentia cada segundo arrastando-se como uma tortura, enquanto tentava disfarçar o cansaço e a irritação.Mack estava mais descontrolado do que nunca, enchendo o próprio copo de whisky como se ele não fosse o dono do lugar. A cada gole, sua voz ficava mais alta, as palavras mais emboladas. Eu tentava evitá-lo, passando o mais rápido possível ao lado do balcão, mas ele era impossível de ignorar. Gritava com o funcionário, despejando reclamações, e murmurava algo para si mesmo sobre Jack. Ele insistia em repetir que ela não passava de uma vagabunda que só o usava.Observei de canto de olho os clientes que, ao invés de se divertirem, agora observavam a cena, sussurrando uns com os outros. Sen