Capítulo 01

(Ethan)

Aquelas palavras ressoavam em minha cabeça mais do que poderia imaginar. Eu me sentia tão confuso com tudo a minha volta, sentindo-me tão vulnerável, é como se meu animal interior tivesse medo, algo no qual jamais idealizei imaginar. Papai morreu a tanto pouco tempo, o ritual era na próxima lua vermelha. Como primogénito eu andei ao seu lado, preparando-me para me transformar no próximo alfa.

Alcancei uma bagagem de mão e soquei violentamente um montante de dólares dentro dela. Eu não tinha muito tempo, o conselho já havia se decidido sobre meu exílio e até aquele momento eu não entendia como tudo aconteceu tão rápido.

Passos se faziam presentes junto há um aroma inconfundível de frescor. Eu já sabia que se tratava de Dália. Ela entrou rapidamente e fechou a porta atrás de si. O olhar dela é de espanto e eu pude ouvir seus batimentos acelerados.

— Amor eu não consegui chegar na reunião a tempo. O que seu irmão disse é verdade? — Ela choramingou e abraçou-me apertado.

— Sim, Dália. Eu fui expulso. Você recebeu meu recado? Conseguiu pegar o que eu a pedi? — Olhei para suas mãos buscando o que eu a havia solicitado.

— Amor eu... — Ela abaixou a cabeça culposamente. — Somente consegui pegar dois pergaminhos. Os livros eu... não tive tempo de pegá-los e agora lá está totalmente vigiado.

Respiro profundamente frustrado com ela, Dália nunca conseguia fazer nada que prestasse. Eu não conseguia suportar mais essas pequenas falhas dela, como ela queria ser a parceira de um líder, se não estava a altura de tal?

— Ethan, meu amor... não fique bravo comigo. Eu fiz o que podia no momento.

Eu rugi agressivamente para ela, pois com a situação eu sentia uma ira imensa. Ela me encarou vergonhosamente e rebaixou a cabeça. Agarrei ela pela cintura e tomei um beijo totalmente forte, colocando-a contra a parede. Joguei minhas frustrações nela, apertando-a contra mim. Minha língua buscando a dela sem remediações.

“Ele sabe disso idiota! Se o pegarmos agora, o conselho já disse que podemos matá-lo.”

Parei imediatamente o beijo e atentei para ouvi-los ao lado de fora com minha audição ampliada.

— Ethan eu... — Dália começa a falar e eu cubro sua boca pedindo silêncio.

— Eu não poderei levá-la, Dália. — Me afastei pegando a mala com o dinheiro.

— Mas eu sou sua prometida, meu pai me repudiará se não cumprirmos nossa união. Eles... — Ela encolheu-se com medo.

— Eles não farão nada com você. Se eu levá-la, iremos nos atrasar e você poderá morrer. Eu não posso fugir de duas alcatéias ao mesmo tempo. Prometo a você que se eu não voltar, arrumarei um contato seguro para você voltar para seu pai.  

— Mas eu te amo e não quero voltar. — Ela me agarra com força, colocando os braços em volta do meu torso.

Eu a afasto rapidamente e abro a porta, entreouvindo atentamente os membros revoltosos do lado de fora. Olhei mais uma vez para Dália, chorando sentada ao chão, com a cabeça entre as mãos. Somente disse sinto muito e parti sem olhar para trás.

A noite estava mais quente que eu imaginava, ou era o calor da raiva que estava saindo de dentro do meu corpo. Peguei uma rota a pé até a garagem principal, onde pegaria uma SUV para poder dar o fora daqui. Olhei rapidamente para o céu, lua crescente. Se fosse para fugir teria que ser rápido, eu não teria forças para um confronto em massa.

Arranquei os cadeados do grande galpão da garagem, e encontrei a SUV. Ela seria perfeita e silenciosa para minha fuga. Empunhei um soco na janela de vidro, estilhaçando-a em pedaços.

— Olha o que temos aqui pessoal! — Larguei a bolsa no chão e virei-me em total alerta. Empunhei minhas mãos em punhos. — O grande Ethan Silvershadow fugindo. — Ele b**e palmas ironicamente.

— Eu não quero ferir vocês, então se afastem agora! — Dei passos largos na direção deles, sem pavor.

— Você não é mais nada, é um idiota e um bem burro mesmo. Deveria ter ido embora quando teve chance. — Ele avança para cima e em um impulso eu o jogo para longe.

Os outros dois membros vem para cima sem pestanejar, eu desvio do primeiro golpe, devolvendo um soco certeiro do rosto de um deles. Um deles acerta um soco em meu olho esquerdo o que me desnorteia momentaneamente. Sacudo a cabeça rapidamente, buscando novamente meus sentidos.

Alguém me pega por trás dando-me um enforca leão, usando minha força eu quase escapo, mas mais um par de mãos me contém. Foi aí que ouvi um estrondo de ossos quebrando e o alívio de meu pescoço foi imediato. Caelan estava ali ajudando-me a levantar do chão.

— Não achou que ia embora sem mim, não é chefe? — Ele riu enquanto preparava-se para enfrentar o restante dos membros ao meu lado.

Eu olho para  Caelan, meu grande amigo de infância. Com o meu peito arfante e com os olhos cheios de algo que me recuso a reconhecer como medo.

— Você não precisa fazer isso. — Murmuro, enquanto ele segura meu braço me mantendo em pé.

Ele solta uma risada rouca, mas o brilho dos olhos não somem. — Alguém precisa cuidar de você, chefe. Seu pai iria gostar que fosse alguém de confiança.

— Se fizer isso não tem volta Caelan. Você será dado como traidor e sua sentença será a morte.

— Não se preocupe, eu sei o que estou fazendo.

Apenas eu dou aceno com a cabeça em agradecimento, não há espaço para sentimentalismos — não agora.

Jamais desejei machucar ou ferir meus membros, eles eram meus irmãos. No entanto, era um instinto de sobrevivência, foi necessário. Após contê-los, nos os acorrentamos, no local do canil. Saltamos apressadamente para dentro da SUV, acelero ainda ouvindo o gritos e grunhidos dos membros da alcatéia crescendo e se distanciando, enquanto atravessamos a trilha de terra.

As árvores passam rapidamente pela janela, sombras indistintas sob a luz fraca da lua crescente. Minha mente está a mil, a adrenalina pulsando em meu sangue, mas perguntas martelam em minha mente: “E se eu nunca voltar? O que será do legado de meu pai?”

O motor ruge altamente quando piso mais forte no acelerador. Aperto minhas mãos ensanguentadas ao volante, e ao meu lado, Caelan lança um último olhar pelo retrovisor a me notar enraivecido e em silêncio. Já não dava para ver rastros da alcatéia.

— Não pense nisso, Ethan. O que importa é sobreviver.

Mordo a mandíbula, fixando o olhar na estrada a frente. Daríamos um jeito nisso tudo. Não há volta. Não posso falhar agora. E Caelan estava certo, o importante era sobrevivermos. É tudo que resta para lobos exilados.  

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