(Ethan)
Aquelas palavras ressoavam em minha cabeça mais do que poderia imaginar. Eu me sentia tão confuso com tudo a minha volta, sentindo-me tão vulnerável, é como se meu animal interior tivesse medo, algo no qual jamais idealizei imaginar. Papai morreu a tanto pouco tempo, o ritual era na próxima lua vermelha. Como primogénito eu andei ao seu lado, preparando-me para me transformar no próximo alfa.
Alcancei uma bagagem de mão e soquei violentamente um montante de dólares dentro dela. Eu não tinha muito tempo, o conselho já havia se decidido sobre meu exílio e até aquele momento eu não entendia como tudo aconteceu tão rápido.
Passos se faziam presentes junto há um aroma inconfundível de frescor. Eu já sabia que se tratava de Dália. Ela entrou rapidamente e fechou a porta atrás de si. O olhar dela é de espanto e eu pude ouvir seus batimentos acelerados.
— Amor eu não consegui chegar na reunião a tempo. O que seu irmão disse é verdade? — Ela choramingou e abraçou-me apertado.
— Sim, Dália. Eu fui expulso. Você recebeu meu recado? Conseguiu pegar o que eu a pedi? — Olhei para suas mãos buscando o que eu a havia solicitado.
— Amor eu... — Ela abaixou a cabeça culposamente. — Somente consegui pegar dois pergaminhos. Os livros eu... não tive tempo de pegá-los e agora lá está totalmente vigiado.
Respiro profundamente frustrado com ela, Dália nunca conseguia fazer nada que prestasse. Eu não conseguia suportar mais essas pequenas falhas dela, como ela queria ser a parceira de um líder, se não estava a altura de tal?
— Ethan, meu amor... não fique bravo comigo. Eu fiz o que podia no momento.
Eu rugi agressivamente para ela, pois com a situação eu sentia uma ira imensa. Ela me encarou vergonhosamente e rebaixou a cabeça. Agarrei ela pela cintura e tomei um beijo totalmente forte, colocando-a contra a parede. Joguei minhas frustrações nela, apertando-a contra mim. Minha língua buscando a dela sem remediações.
“Ele sabe disso idiota! Se o pegarmos agora, o conselho já disse que podemos matá-lo.”
Parei imediatamente o beijo e atentei para ouvi-los ao lado de fora com minha audição ampliada.
— Ethan eu... — Dália começa a falar e eu cubro sua boca pedindo silêncio.
— Eu não poderei levá-la, Dália. — Me afastei pegando a mala com o dinheiro.
— Mas eu sou sua prometida, meu pai me repudiará se não cumprirmos nossa união. Eles... — Ela encolheu-se com medo.
— Eles não farão nada com você. Se eu levá-la, iremos nos atrasar e você poderá morrer. Eu não posso fugir de duas alcatéias ao mesmo tempo. Prometo a você que se eu não voltar, arrumarei um contato seguro para você voltar para seu pai.
— Mas eu te amo e não quero voltar. — Ela me agarra com força, colocando os braços em volta do meu torso.
Eu a afasto rapidamente e abro a porta, entreouvindo atentamente os membros revoltosos do lado de fora. Olhei mais uma vez para Dália, chorando sentada ao chão, com a cabeça entre as mãos. Somente disse sinto muito e parti sem olhar para trás.
A noite estava mais quente que eu imaginava, ou era o calor da raiva que estava saindo de dentro do meu corpo. Peguei uma rota a pé até a garagem principal, onde pegaria uma SUV para poder dar o fora daqui. Olhei rapidamente para o céu, lua crescente. Se fosse para fugir teria que ser rápido, eu não teria forças para um confronto em massa.
Arranquei os cadeados do grande galpão da garagem, e encontrei a SUV. Ela seria perfeita e silenciosa para minha fuga. Empunhei um soco na janela de vidro, estilhaçando-a em pedaços.
— Olha o que temos aqui pessoal! — Larguei a bolsa no chão e virei-me em total alerta. Empunhei minhas mãos em punhos. — O grande Ethan Silvershadow fugindo. — Ele b**e palmas ironicamente.
— Eu não quero ferir vocês, então se afastem agora! — Dei passos largos na direção deles, sem pavor.
— Você não é mais nada, é um idiota e um bem burro mesmo. Deveria ter ido embora quando teve chance. — Ele avança para cima e em um impulso eu o jogo para longe.
Os outros dois membros vem para cima sem pestanejar, eu desvio do primeiro golpe, devolvendo um soco certeiro do rosto de um deles. Um deles acerta um soco em meu olho esquerdo o que me desnorteia momentaneamente. Sacudo a cabeça rapidamente, buscando novamente meus sentidos.
Alguém me pega por trás dando-me um enforca leão, usando minha força eu quase escapo, mas mais um par de mãos me contém. Foi aí que ouvi um estrondo de ossos quebrando e o alívio de meu pescoço foi imediato. Caelan estava ali ajudando-me a levantar do chão.
— Não achou que ia embora sem mim, não é chefe? — Ele riu enquanto preparava-se para enfrentar o restante dos membros ao meu lado.
Eu olho para Caelan, meu grande amigo de infância. Com o meu peito arfante e com os olhos cheios de algo que me recuso a reconhecer como medo.
— Você não precisa fazer isso. — Murmuro, enquanto ele segura meu braço me mantendo em pé.
Ele solta uma risada rouca, mas o brilho dos olhos não somem. — Alguém precisa cuidar de você, chefe. Seu pai iria gostar que fosse alguém de confiança.
— Se fizer isso não tem volta Caelan. Você será dado como traidor e sua sentença será a morte.
— Não se preocupe, eu sei o que estou fazendo.
Apenas eu dou aceno com a cabeça em agradecimento, não há espaço para sentimentalismos — não agora.
Jamais desejei machucar ou ferir meus membros, eles eram meus irmãos. No entanto, era um instinto de sobrevivência, foi necessário. Após contê-los, nos os acorrentamos, no local do canil. Saltamos apressadamente para dentro da SUV, acelero ainda ouvindo o gritos e grunhidos dos membros da alcatéia crescendo e se distanciando, enquanto atravessamos a trilha de terra.
As árvores passam rapidamente pela janela, sombras indistintas sob a luz fraca da lua crescente. Minha mente está a mil, a adrenalina pulsando em meu sangue, mas perguntas martelam em minha mente: “E se eu nunca voltar? O que será do legado de meu pai?”
O motor ruge altamente quando piso mais forte no acelerador. Aperto minhas mãos ensanguentadas ao volante, e ao meu lado, Caelan lança um último olhar pelo retrovisor a me notar enraivecido e em silêncio. Já não dava para ver rastros da alcatéia.
— Não pense nisso, Ethan. O que importa é sobreviver.
Mordo a mandíbula, fixando o olhar na estrada a frente. Daríamos um jeito nisso tudo. Não há volta. Não posso falhar agora. E Caelan estava certo, o importante era sobrevivermos. É tudo que resta para lobos exilados.
(Ella)Eu sentia um frio horrendo e acordo assustada. Ainda está escuro lá fora e me lembrei que ainda estava no trailer do Jared. Ele tinha puxado a coberta toda para ele e estava deitado de costas para mim e o seu ronco não me deixava nem ao menos pensar direito.Rolei na cama e tentei puxar um pedaço da coberta para me aquecer, mas foi em vão, ele puxa novamente para si e resmunga algo aleatório. Me levanto e apanho uma blusa de frio, visto-a e me deito para tentar descansar um pouco.Não são nem seis horas e meu alarme desperta me fazendo dar um sobressalto da cama. Jared se levanta enraivecido e me fuzila com olhos ameaçadores.— Desliga essa merda, Ella. Toda vez que vem pra cá, essa porra me acorda antes da hora. — Ele se deita novamente e me encara.— Se quiser eu não venho mais. Foi você que me pediu para passar a noite com você. — Tiro a sua blusa de frio e começo a trocar minhas roupas.— Não foi isso que eu quis dizer. — Ele se aproxima e olha fixamente para meu corpo some
(Ella)Ao entrar para o hospital, o médico que está cuidado do quadro do meu pai, já está a minha espera no consultório. O Dr. Carter é um ótimo médico, mesmo eu atrasando alguns pagamentos, ele sempre soube compreender a minha situação.Entro no consultório, com o peso da ansiedade em cada passo. O cheiro de desinfetante me deixa levemente tonta e mesmo com a blusa de frio de Jared, ainda sinto o ar gelado do ar condicionado. A frieza do ambiente só aumenta a sensação de desesperança. O Dr. me recebe com um olhar grave e gesticula para eu me sentar. O que virá com certeza não será nada bom.— Então, Ella, fizemos os todos os exames necessários. O diagnóstico não é bom... — O doutor começa, tirando os óculos e olhando para mim olhar sério. Ele não precisa falar muito, eu já sei que são péssimas notícias.— O que ele tem doutor? — A ansiedade da minha voz é evidente. O médico hesita por um momento, antes de soltar as palavras que eu tanto temia.— Ele tem câncer nos pâncreas, Ella. Est
(Ethan)A noite estava fria, mas o ar estava limpo. Eu não costumava andar por aquele lado da cidade. Sempre havia evitado os bares do centro, o cheiro de álcool misturado ao perfume barato das mulheres e à fumaça de cigarro. Mas algo me fez parar naquela noite. O instinto, talvez. Ou a sensação de que algo estava prestes a acontecer, como se o universo estivesse preparando uma tempestade.Eu estava caminhando por uma rua vazia, os passos pesados, quando passei em frente ao bar. A porta estava entreaberta, e o som abafado de conversas e risadas escapava de dentro. Algo me puxou para lá. Não sabia o que exatamente, mas parecia certo, como se estivesse sendo guiado por algo além de mim mesmo.Eu posso ouvir tudo — até os passos ecoando contra o chão de madeira do bar, sua respiração irregular, o som suave da sua pulseira batendo contra o braço. Cada detalhe parece mais nítido, mais real. Sua voz, a maneira como ela responde ao patrão… é como se eu estivesse no centro de seu mundo, ouvind
(Ella) A noite estava quieta, mas minha mente fervilhava. Fechei os olhos tentando relaxar, e, de repente, senti o calor de mãos firmes e protetoras segurando minha cintura. Era estranho, quase impossível, mas eu sentia cada detalhe: a respiração dele próxima à minha orelha, o toque de seus dedos, o peso do seu corpo junto ao meu. Ethan. Mesmo sem entender, eu sabia que era ele.Meu coração disparava, e, sem conseguir resistir, entreguei-me ao sonho, permitindo-me desfrutar daquela sensação proibida. Ele murmurava algo que eu não compreendia completamente, mas sua voz era como um eco, reverberando de maneira profunda e sedutora. De repente, seus lábios estavam nos meus, e um arrepio me percorreu inteira, deixando-me vulnerável e entregue.Era como se eu pudesse vê-lo na minha frente, sua presença dominante e marcante. Seu porte físico é forte, resultado de muito esforço e treinamento na academia. Ele é alto, parece ter 1,90 de altura, e facilmente ele me pegou no colo, colocando-me s
(Ella)O choque se transformou em raiva. Cruzei o salão rapidamente, ignorando o olhar surpreso da garota e o sorriso debochado dele— Poxa, gata. Vamos lá em cima rapidinho. Tenho certeza que você vai amar. — Ele beijou castamente os lábios da garota, que pareceu não se incomodar.— Então, é assim, Jared? Me faz vir aqui só pra ver você com outra? — Minhas palavras saíram firmes, ainda que eu sentisse o coração martelar no peito.Ele deu de ombros, nem um pouco arrependido.— Relaxa, Ella. Você sabia que não ia durar. — Ele não me olhou, traçou um dedo no rosto da garota, me ignorando completamente.— Quem é ela? Sua namorada? — A garota se afastou, incomodada.— Não, ela é só uma vagabunda que eu comia de vez em quando.Aquelas palavras foram a gota d’água. Não esperei mais nada. Levantei minha mão e espalmei fortemente na cara dele. Arranquei sua blusa de frio e joguei nos braços da garota. Eu estava com ódio por ter vindo nessa merda de festa. Virei as costas e comecei a andar em
(Ethan)Eu me sentia inteiramente agitado, e por pouco eu quase perdi o controle na frente de Ella e aqueles humanos desprezíveis. Se eu me transformasse, eu não ia conseguir me conter e acabaria com todos eles e eu não saberia como lidar com essa mulher que mexe tanto comigo.O toque da sua mão na minha é como descarga elétrica, ela tremia deliberadamente pela adrenalina e pelo medo. Eu conseguia sentir o aroma doce que ela emana, o seu medo tem um cheiro adocicado. É como um convite que só os lobos poderiam entender: doce e tentador, uma mistura de mel silvestre com uma pitada de baunilha, envolto em algo floral, talvez lilás, mas era único. Cada vez que ele se aproximava, o aroma crescia, se intensificava, e o lobo dentro de mim se sente enredado, atraído por uma força que parecia mais antiga que o próprio tempo. É um perfume que nenhum humano seria capaz de captar, mas para mim, é inebriante e sedutor, impossível de ignorar.Eu odiei sentir o cheiro de outro macho nela, parece q
(Ethan)Ao sair da casa mais tarde, sabendo que ela estava em segurança, o desejo ainda queimava em mim. Eu sabia que aquela noite mudaria tudo.Depois de garantir que Ella estava segura e descansando na cabana, senti o peso da transformação tomar conta de mim. Eu precisava da caçada, do ar livre, do frescor da noite para aliviar o calor crescente, a tensão insuportável que eu sentia desde que a vi sob a luz do bar.Saí para a escuridão, deixando a cabana para trás. Cada músculo do meu corpo parecia vibrar com a necessidade de liberdade, de extravasar a energia que Ella, sem saber, alimentava. Sob a luz pálida da lua, me permiti soltar as rédeas, transformando-me no lobo que eu realmente era.A transição foi rápida e poderosa; em segundos, minhas garras tocaram o chão frio da floresta, meu olfato ampliado captando tudo ao meu redor com uma nitidez enlouquecedora. O vento soprava, e, mesmo a quilômetros de distância, o cheiro de Ella ainda pairava, doce e tentador. Um rosnado escapou de
(Ella)Acordei com o corpo afundado numa cama que definitivamente não era a minha. A coberta suave, o travesseiro macio e o quarto silencioso me fizeram hesitar antes de abrir os olhos por completo. Será que... será que ele me trouxe até aqui?Levantei um pouco a cabeça e meus olhos o encontraram: Ethan estava deitado no chão, acima de um tapete de pelos espessos, sem camisa. Sua respiração era ritmada, calma. O peito largo subia e descia devagar, o rosto sereno e a pele que refletia a luz suave do amanhecer. Fiquei olhando por mais tempo do que gostaria de admitir, hipnotizada.O abdome bem definido, mostrava os gominhos bem tonificados. Ele estava somente com uma calça de moletom e um volume consideravelmente grande estava ali, eu enguli em seco, imaginando como seria vê-lo totalmente nu.O calor subiu ao meu rosto, e sacudi a cabeça, me obrigando a desviar os olhos. Com todo o cuidado, levantei, passei por ele de mansinho, mas pude sentir um calor inumano irradiar dele, com pressa