(Ella)
Eu sentia um frio horrendo e acordo assustada. Ainda está escuro lá fora e me lembrei que ainda estava no trailer do Jared. Ele tinha puxado a coberta toda para ele e estava deitado de costas para mim e o seu ronco não me deixava nem ao menos pensar direito.
Rolei na cama e tentei puxar um pedaço da coberta para me aquecer, mas foi em vão, ele puxa novamente para si e resmunga algo aleatório. Me levanto e apanho uma blusa de frio, visto-a e me deito para tentar descansar um pouco.
Não são nem seis horas e meu alarme desperta me fazendo dar um sobressalto da cama. Jared se levanta enraivecido e me fuzila com olhos ameaçadores.
— Desliga essa merda, Ella. Toda vez que vem pra cá, essa porra me acorda antes da hora. — Ele se deita novamente e me encara.
— Se quiser eu não venho mais. Foi você que me pediu para passar a noite com você. — Tiro a sua blusa de frio e começo a trocar minhas roupas.
— Não foi isso que eu quis dizer. — Ele se aproxima e olha fixamente para meu corpo somente de lingerie. — Ei, onde você vai gata? — Ele me puxa, fazendo-me sentar no seu colo a contragosto.
— Eu te disse ontem que ia passar no hospital para ver a situação do meu pai hoje. — Tento sair dos seus braços, mas ele me segura contra ele.
— Aquele velho ainda está bem vivo, ele pode esperar um pouco. — Ele sussurra através do meu pescoço, dando beijos em minha pele.
— Jared não fala assim do meu pai. Já disse que não gosto disso. — Viro meu rosto para o lado, rejeitando-o.
— Tá bom, Ella. Mas, porra você não pode ir de tarde? — Sua mão acaricia o interno de minha coxa. — Fica mais um pouco comigo gata! Acordei cheio de tesão.
— Não dá, ok. Hoje eu pego mais cedo no bar. Ultimamente o Mack não sai do meu pé. — Saio de seu colo e começo a me vestir.
— Esse seu patrão é um bosta mesmo, cada dia mais você sai mais tarde daquela merda de bar de quinta. — Ele se j**a para trás obviamente frustrado.
— Ainda bem que você sabe que estou saindo tarde do bar. Você como meu namorado deveria ir me buscar.
— Ah, gata. Você sabe que não posso faltar aos treinos e depois sempre os caras fazem uma resenha em algum lugar.
— Tudo bem, Jared. Seus amigos são mais importantes que eu agora. — Começo a vasculhar o quarto atrás de meus pertences e minha bolsa.
— Isso que você chama de trabalho é mais importante para você do que eu.
— É meu trabalho que paga as despesas do meu pai no hospital, o quarto onde eu durmo e te ajuda de vez em quando. — Franzo o cenho, indignada.
— Falando nisso... meu pai não vai conseguir mandar minha mesada a tempo esse mês. Pode adiantar alguns dólares para eu pagar umas contas. Darei um jeito para pagar a mensalidade do mês.
— Tá falando sério, Jared? — Cruzo os meus braços.
— Estou sim. Você está passando mais tempo aqui no trailer do que naquele moquifo que você paga.
Trinquei minha mandíbula e um ódio subiu pelo meu corpo. Eu sai andando, deixando ele falando sozinho. Acho minha bolsa acima da mesa, misturada ao meio de várias caixas de pizzas e comida japonesa. Eu apanho as embalagens e jogo-as dentro de uma sacola, ponho minha bolsa nas costas e abro a porta para sair.
— Eu não acredito que você me deixou mesmo falando sozinho. — Ele diz altivamente, vindo atrás de mim. — Você vai mesmo embora? — Sua mão aperta meu braço, segurando-me no lugar.
Eu puxo agressivamente meu braço e me viro para ele.
— Eu estou cansada de você. E sim eu vou embora, eu tenho mais o que fazer.
— Você não serve para nada mesmo. Nem para fazer eu gozar, está servindo. Vai, então vai. — Ele diz me desafiando.
Eu ajeito minha bolsa nas costas, ergo a cabeça e viro para frente.
— Onde você pensa que vai com a minha jaqueta? Ela é de marca. — Jared grita, sua voz carregada de raiva, porém eu não paro.
— Fica como pagamento por todos os dólares que me deve. — Falo, sem querer olhar para trás. Não tenho mais paciência para ele ou suas atitudes idiotas.
Ouço o som dos seus passos atrás de mim, mas não me importo. Eu já vi o suficiente. Tudo que ele fez, suas promessas vazias... não valem mais nada.
Quando chego à lixeira, jogo a sacola com o lixo e sigo em direção à rua. A manhã está tranquila, o que me dá um pouco de paz, mas uma sensação de vazio começa a se formar no meu peito. Como eu me deixei a chegar nesta situação. Como me deixei enganar por tanto tempo.
— Oi, Ella. Bom dia! — Brad me cumprimenta, parado na esquina, olhando a cena com uma expressão confusa, mas com um sorriso simpático no rosto.
— Oi. — Respondo de forma fria, sem parar. Não tenho mais saco para conversinhas agora. Tenho que ir logo para hospital, estou ansiosa para saber o diagnóstico de meu pai. E ele precisa de mim agora mais do que nunca.
Brad me observa enquanto eu continuo a caminhada, entretanto não se atreve a me seguir. Ele sabe que, quando estou assim, nada pode me distrair. Apenas sigo em frente, determinada, e tento não pensar muito no que aconteceu dentro do trailer. Nada disso vale a pena.
(Ella)Ao entrar para o hospital, o médico que está cuidado do quadro do meu pai, já está a minha espera no consultório. O Dr. Carter é um ótimo médico, mesmo eu atrasando alguns pagamentos, ele sempre soube compreender a minha situação.Entro no consultório, com o peso da ansiedade em cada passo. O cheiro de desinfetante me deixa levemente tonta e mesmo com a blusa de frio de Jared, ainda sinto o ar gelado do ar condicionado. A frieza do ambiente só aumenta a sensação de desesperança. O Dr. me recebe com um olhar grave e gesticula para eu me sentar. O que virá com certeza não será nada bom.— Então, Ella, fizemos os todos os exames necessários. O diagnóstico não é bom... — O doutor começa, tirando os óculos e olhando para mim olhar sério. Ele não precisa falar muito, eu já sei que são péssimas notícias.— O que ele tem doutor? — A ansiedade da minha voz é evidente. O médico hesita por um momento, antes de soltar as palavras que eu tanto temia.— Ele tem câncer nos pâncreas, Ella. Est
(Ethan)A noite estava fria, mas o ar estava limpo. Eu não costumava andar por aquele lado da cidade. Sempre havia evitado os bares do centro, o cheiro de álcool misturado ao perfume barato das mulheres e à fumaça de cigarro. Mas algo me fez parar naquela noite. O instinto, talvez. Ou a sensação de que algo estava prestes a acontecer, como se o universo estivesse preparando uma tempestade.Eu estava caminhando por uma rua vazia, os passos pesados, quando passei em frente ao bar. A porta estava entreaberta, e o som abafado de conversas e risadas escapava de dentro. Algo me puxou para lá. Não sabia o que exatamente, mas parecia certo, como se estivesse sendo guiado por algo além de mim mesmo.Eu posso ouvir tudo — até os passos ecoando contra o chão de madeira do bar, sua respiração irregular, o som suave da sua pulseira batendo contra o braço. Cada detalhe parece mais nítido, mais real. Sua voz, a maneira como ela responde ao patrão… é como se eu estivesse no centro de seu mundo, ouvind
(Ella) A noite estava quieta, mas minha mente fervilhava. Fechei os olhos tentando relaxar, e, de repente, senti o calor de mãos firmes e protetoras segurando minha cintura. Era estranho, quase impossível, mas eu sentia cada detalhe: a respiração dele próxima à minha orelha, o toque de seus dedos, o peso do seu corpo junto ao meu. Ethan. Mesmo sem entender, eu sabia que era ele.Meu coração disparava, e, sem conseguir resistir, entreguei-me ao sonho, permitindo-me desfrutar daquela sensação proibida. Ele murmurava algo que eu não compreendia completamente, mas sua voz era como um eco, reverberando de maneira profunda e sedutora. De repente, seus lábios estavam nos meus, e um arrepio me percorreu inteira, deixando-me vulnerável e entregue.Era como se eu pudesse vê-lo na minha frente, sua presença dominante e marcante. Seu porte físico é forte, resultado de muito esforço e treinamento na academia. Ele é alto, parece ter 1,90 de altura, e facilmente ele me pegou no colo, colocando-me s
(Ella)O choque se transformou em raiva. Cruzei o salão rapidamente, ignorando o olhar surpreso da garota e o sorriso debochado dele— Poxa, gata. Vamos lá em cima rapidinho. Tenho certeza que você vai amar. — Ele beijou castamente os lábios da garota, que pareceu não se incomodar.— Então, é assim, Jared? Me faz vir aqui só pra ver você com outra? — Minhas palavras saíram firmes, ainda que eu sentisse o coração martelar no peito.Ele deu de ombros, nem um pouco arrependido.— Relaxa, Ella. Você sabia que não ia durar. — Ele não me olhou, traçou um dedo no rosto da garota, me ignorando completamente.— Quem é ela? Sua namorada? — A garota se afastou, incomodada.— Não, ela é só uma vagabunda que eu comia de vez em quando.Aquelas palavras foram a gota d’água. Não esperei mais nada. Levantei minha mão e espalmei fortemente na cara dele. Arranquei sua blusa de frio e joguei nos braços da garota. Eu estava com ódio por ter vindo nessa merda de festa. Virei as costas e comecei a andar em
(Ethan)Eu me sentia inteiramente agitado, e por pouco eu quase perdi o controle na frente de Ella e aqueles humanos desprezíveis. Se eu me transformasse, eu não ia conseguir me conter e acabaria com todos eles e eu não saberia como lidar com essa mulher que mexe tanto comigo.O toque da sua mão na minha é como descarga elétrica, ela tremia deliberadamente pela adrenalina e pelo medo. Eu conseguia sentir o aroma doce que ela emana, o seu medo tem um cheiro adocicado. É como um convite que só os lobos poderiam entender: doce e tentador, uma mistura de mel silvestre com uma pitada de baunilha, envolto em algo floral, talvez lilás, mas era único. Cada vez que ele se aproximava, o aroma crescia, se intensificava, e o lobo dentro de mim se sente enredado, atraído por uma força que parecia mais antiga que o próprio tempo. É um perfume que nenhum humano seria capaz de captar, mas para mim, é inebriante e sedutor, impossível de ignorar.Eu odiei sentir o cheiro de outro macho nela, parece q
(Ethan)Ao sair da casa mais tarde, sabendo que ela estava em segurança, o desejo ainda queimava em mim. Eu sabia que aquela noite mudaria tudo.Depois de garantir que Ella estava segura e descansando na cabana, senti o peso da transformação tomar conta de mim. Eu precisava da caçada, do ar livre, do frescor da noite para aliviar o calor crescente, a tensão insuportável que eu sentia desde que a vi sob a luz do bar.Saí para a escuridão, deixando a cabana para trás. Cada músculo do meu corpo parecia vibrar com a necessidade de liberdade, de extravasar a energia que Ella, sem saber, alimentava. Sob a luz pálida da lua, me permiti soltar as rédeas, transformando-me no lobo que eu realmente era.A transição foi rápida e poderosa; em segundos, minhas garras tocaram o chão frio da floresta, meu olfato ampliado captando tudo ao meu redor com uma nitidez enlouquecedora. O vento soprava, e, mesmo a quilômetros de distância, o cheiro de Ella ainda pairava, doce e tentador. Um rosnado escapou de
(Ella)Acordei com o corpo afundado numa cama que definitivamente não era a minha. A coberta suave, o travesseiro macio e o quarto silencioso me fizeram hesitar antes de abrir os olhos por completo. Será que... será que ele me trouxe até aqui?Levantei um pouco a cabeça e meus olhos o encontraram: Ethan estava deitado no chão, acima de um tapete de pelos espessos, sem camisa. Sua respiração era ritmada, calma. O peito largo subia e descia devagar, o rosto sereno e a pele que refletia a luz suave do amanhecer. Fiquei olhando por mais tempo do que gostaria de admitir, hipnotizada.O abdome bem definido, mostrava os gominhos bem tonificados. Ele estava somente com uma calça de moletom e um volume consideravelmente grande estava ali, eu enguli em seco, imaginando como seria vê-lo totalmente nu.O calor subiu ao meu rosto, e sacudi a cabeça, me obrigando a desviar os olhos. Com todo o cuidado, levantei, passei por ele de mansinho, mas pude sentir um calor inumano irradiar dele, com pressa
(Ella) Fiquei em silêncio por um longo tempo, o peso das palavras de Ethan ainda ecoando em minha mente. Eu sabia que ele estava esperando por uma resposta, mas eu simplesmente não conseguia processar tudo o que estava acontecendo. Eu precisava de mais tempo para organizar os pensamentos, para entender se aquilo tudo era real ou apenas um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.Sem dizer nada, me levantei da mesa e comecei a tirar a louça, tentando me distrair, encontrar algum tipo de normalidade no simples ato de lavar os pratos. Mas, não importava o que eu fizesse, a presença de Ethan era esmagadora. Ele me seguiu com o olhar, como se estivesse observando cada movimento meu. Seus olhos não saíam de mim, e eu sentia cada segundo de sua atenção como se fosse uma pressão constante.O calor subiu pelo meu corpo de forma inesperada. Como se ele estivesse mais perto de mim, mesmo sem me tocar. Uma onda de desejo misturada com confusão tomou conta de mim, e tudo o que eu consegui fazer