Capítulo 02

(Ella)

Eu sentia um frio horrendo e acordo assustada. Ainda está escuro lá fora e me lembrei que ainda estava no trailer do Jared. Ele tinha puxado a coberta toda para ele e estava deitado de costas para mim e o seu ronco não me deixava nem ao menos pensar direito.

Rolei na cama e tentei puxar um pedaço da coberta para me aquecer, mas foi em vão, ele puxa novamente para si e resmunga algo aleatório. Me levanto e apanho uma blusa de frio, visto-a e me deito para tentar descansar um pouco.

Não são nem seis horas e meu alarme desperta me fazendo dar um sobressalto da cama. Jared se levanta enraivecido e me fuzila com olhos ameaçadores.

— Desliga essa merda, Ella. Toda vez que vem pra cá, essa porra me acorda antes da hora. — Ele se deita novamente e me encara.

— Se quiser eu não venho mais. Foi você que me pediu para passar a noite com você. — Tiro a sua blusa de frio e começo a trocar minhas roupas.

— Não foi isso que eu quis dizer. — Ele se aproxima e olha fixamente para meu corpo somente de lingerie. — Ei, onde você vai gata? — Ele me puxa, fazendo-me sentar no seu colo a contragosto.

— Eu te disse ontem que ia passar no hospital para ver a situação do meu pai hoje. — Tento sair dos seus braços, mas ele me segura contra ele.

— Aquele velho ainda está bem vivo, ele pode esperar um pouco. — Ele sussurra através do meu pescoço, dando beijos em minha pele.

— Jared não fala assim do meu pai. Já disse que não gosto disso. — Viro meu rosto para o lado, rejeitando-o.  

— Tá bom, Ella. Mas, porra você não pode ir de tarde? — Sua mão acaricia o interno de minha coxa. — Fica mais um pouco comigo gata! Acordei cheio de tesão.

— Não dá, ok. Hoje eu pego mais cedo no bar. Ultimamente o Mack não sai do meu pé. — Saio de seu colo e começo a me vestir.

— Esse seu patrão é um bosta mesmo, cada dia mais você sai mais tarde daquela merda de bar de quinta. — Ele se j**a para trás obviamente frustrado.

— Ainda bem que você sabe que estou saindo tarde do bar. Você como meu namorado deveria ir me buscar.

— Ah, gata. Você sabe que não posso faltar aos treinos e depois sempre os caras fazem uma resenha em algum lugar.

— Tudo bem, Jared. Seus amigos são mais importantes que eu agora. — Começo a vasculhar o quarto atrás de meus pertences e minha bolsa.

— Isso que você chama de trabalho é mais importante para você do que eu.

— É meu trabalho que paga as despesas do meu pai no hospital, o quarto onde eu durmo e te ajuda de vez em quando. — Franzo o cenho, indignada.

— Falando nisso... meu pai não vai conseguir mandar minha mesada a tempo esse mês. Pode adiantar alguns dólares para eu pagar umas contas. Darei um jeito para pagar a mensalidade do mês.

— Tá falando sério, Jared? — Cruzo os meus braços.

— Estou sim. Você está passando mais tempo aqui no trailer do que naquele moquifo que você paga.

Trinquei minha mandíbula e um ódio subiu pelo meu corpo. Eu sai andando, deixando ele falando sozinho. Acho minha bolsa acima da mesa, misturada ao meio de várias caixas de pizzas e comida japonesa. Eu apanho as embalagens e jogo-as dentro de uma sacola, ponho minha bolsa nas costas e abro a porta para sair.

— Eu não acredito que você me deixou mesmo falando sozinho. — Ele diz altivamente, vindo atrás de mim. — Você vai mesmo embora? — Sua mão aperta meu braço, segurando-me no lugar.

Eu puxo agressivamente meu braço e me viro para ele.

— Eu estou cansada de você. E sim eu vou embora, eu tenho mais o que fazer.

— Você não serve para nada mesmo. Nem para fazer eu gozar, está servindo. Vai, então vai. — Ele diz me desafiando.

Eu ajeito minha bolsa nas costas, ergo a cabeça e viro para frente.

— Onde você pensa que vai com a minha jaqueta? Ela é de marca. — Jared grita, sua voz carregada de raiva, porém eu não paro.

— Fica como pagamento por todos os dólares que me deve. — Falo, sem querer olhar para trás. Não tenho mais paciência para ele ou suas atitudes idiotas.

Ouço o som dos seus passos atrás de mim, mas não me importo. Eu já vi o suficiente. Tudo que ele fez, suas promessas vazias... não valem mais nada.

Quando chego à lixeira, jogo a sacola com o lixo e sigo em direção à rua. A manhã está tranquila, o que me dá um pouco de paz, mas uma sensação de vazio começa a se formar no meu peito. Como eu me deixei a chegar nesta situação. Como me deixei enganar por tanto tempo.

— Oi, Ella. Bom dia! — Brad me cumprimenta, parado na esquina, olhando a cena com uma expressão confusa, mas com um sorriso simpático no rosto.

— Oi. — Respondo de forma fria, sem parar. Não tenho mais saco para conversinhas agora. Tenho que ir logo para hospital, estou ansiosa para saber o diagnóstico de meu pai. E ele precisa de mim agora mais do que nunca.

Brad me observa enquanto eu continuo a caminhada, entretanto não se atreve a me seguir. Ele sabe que, quando estou assim, nada pode me distrair. Apenas sigo em frente, determinada, e tento não pensar muito no que aconteceu dentro do trailer. Nada disso vale a pena.

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