Lili
Olhando as ruas noturnas movimentadas e cheias de crianças fantasiadas espalhadas por todos os lados me fascina de alguma forma. Algumas estão sozinhas, outras acompanhadas de um adulto e tem até algumas que andam em dupla. Cada uma carregando as suas deliciosas cestinhas cheias de guloseimas. Apesar de termos crescido a alegria de Alice em relação ao Halloween ainda é a mesma. Às vezes me pergunto se ela realmente cresceu ou se apenas perdeu no tempo? A noite está tão linda! Penso fitando o extenso céu escuro povoado de minúsculas estrelas sob as nossas cabeças e para completar a sua elegância, tem uma lua gorda e amarelada iluminando a sua escuridão. Estamos caminhando pelas calçadas despreocupadamente, encantadas com todo esse movimento e fascinadas com os enfeites típicos da festa na frente das casas. Algumas abóboras gigantes com uma cara horrenda nos jardins, teias de aranha penduradas nos galhos das árvores, uma bruxa assustadora em posição de ataque, mostrando as largas unhas negras em uma esquina. Rio quando algumas crianças fazem sons assustadores incorporando os seus personagens e Alice rir animada, me fazendo ri da sua alegria. A liberdade realmente tem um sabor adocicado comparável ao mel atrativo e pegajoso. Sim, ela tem um gostinho de quero mais e é em momentos como esse que eu paro para pensar em como seria a minha vida se os meus pais estivessem vivos? Com certeza eu teria mil e um motivos para sorrir e teria alguém para falar das minhas descobertas, do meu dia a dia. Talvez tivéssemos passeios em família, algo bem divertido... e talvez eu não fosse essa pessoa tão séria e tão desconfiada da vida. Com certeza não seria uma vida tão vazia como essa que tenho agora. Solto um suspiro desanimado. O lado ruim é que eu não teria conhecido a minha amiga.— Está ouvindo isso? — Alice me desperta dos meus devaneios, só então paro para prestar atenção nos sons que a rua nos oferece. É o som de uma música muito agitada, talvez de alguma festa. Penso. — Lion On, adoro essa música! — Ela sibila tão empolga e sem pensar duas vezes me puxa na direção do som, nos distanciando demais do internato.— Alice, não... — Tento protestar, fazê-la parar, mas ela simplesmente não para. Quer dizer, ela até para mas bem em frente a uma enorme e exuberante casa luxuosa, com um amplo e belo jardim na frente. Os enfeites do Halloween aqui são bem mais chamativos e atrativos. Morcegos, aranhas grandes e peludas, e a passarela que leva até a entrada da casa está ladeada por enormes abóboras acesas. É nitidamente um convite a participar da festividade. Os olhos de Alice chegam a brilhar de tão ávidos. Eles olham para todos os lados ao mesmo tempo. A sua boca está aberta, escancarando um sorriso com um misto de espanto e de encanto. Percebo muitos carros estacionados ao longo da rua comprida e alguns convidados espalhados do lado de fora, mas a multidão mesmo pode ser vista dentro da casa através das enormes janelas de vidros transparentes. Ficamos paradas feito duas patetas por algum tempo apenas admirando todo o conjunto da festa animada e observando o movimento de muitos jovens bebendo e dançando animados. Céus, eles estão tão envolvidos em sua alegria que chegam a gritar e girar em seu próprio eixo. Get Low começa a tocar tão alto que eu juro, dá pra sentir o chão estremecer debaixo dos meus pés. A moçada toda se agita jogam os braços para o alto e gritam junto a melodia repetidas vezes; How! How! How! — Vamos lá dentro? — O convite presunçoso da minha amiga vem carregado de empolgação e isso me faz tirar os olhos da mansão ricamente elegante e eu a encaro.— Mas é claro que não! — rebato sem titubear. Ela rola os olhos e junta as mãos como se fizesse uma prece.— Ah, por favor, Lili! — Alice implora, porém, ela não esperar a minha resposta e corre rápida em direção da entrada da mansão. Reviro os olhos impacientes. O que ela pensa que está fazendo, droga?!— Alice, não! — Tento impedi-la e corro em sua direção. A filha da mãe nem se dá ao trabalho de olhar para trás e antes que eu consiga alcançá-la, ela entra na casa e eu fico do lado de fora sem saber exatamente o que fazer. Com um suspiro resignado decido penetrar a festa e confesso que chega a ser impaciente o que vejo aqui. A casa é toda coberta de luxo, é possível ver isso em meio a toda essa bagunça de garrafas, copos e de restos de comida largados nos pratos de plásticos, espalhados por todos os lugares. Os quadros nas paredes pintados a olho, algumas esculturas e tem até um belo móvel exibindo os caros cristais. Alguns casais aventuram-se se beijando e praticamente se despindo em cima do sofá aveludado, outros estão atracados na escadaria coberta com um belo carpete cor de chumbo. Droga, e a Alice, onde ela se meteu? Me pergunto ainda andando pela casa no aperto e empurra-empurra dos jovens. Passo longos minutos andando a esmo, sentindo-me meio que perdida no meio dos jovens bêbados e barulhentos, porém, não a vejo em lugar nenhum. Como ela conseguiu desaparecer desse jeito, meu Deus? Em uma varanda estico-me ao máximo que posso para tentar ver além da aglomeração, mas é quase impossível ver qualquer coisa aqui. Bufo irritada. Alice não podia ter feito isso comigo! Ralho mentalmente e decido ir para o outro lado da casa, onde tem uma piscina gigante de água azulada, também lotada de gente na maioria casais se beijando e praticamente transando lá dentro. Como eles conseguem fazer isso? Sério, estou pasma! Tem até algumas garotas sem a parte de cima de seus biquínis e alguns rapazes... bom eles... deixa pra lá! Respiro fundo. É melhor eu sair ligo daqui, com certeza aquela maluca não está mais aqui. Na entrada lateral da casa esbarro fortemente em uma parede de músculos alta e forte que quase me leva ao chão, porém, as suas mãos firmes me seguram rápido e ele automaticamente leva um par de olhos negros e brilhantes direto para a minha boca. Ofego e sinto minhas bochechas queimarem imediatamente. Contudo, me solto do seu agarre, recompondo-me o mais rápido possível.— Eu não te conheço, bonitinha, é convidada de alguém? — Ele pergunta com uma voz grave e arrastada e esse som chega a ecoar dentro dos meus ouvidos. A princípio apenas balbucio em busca de uma resposta.— Ah, não... eu só... é... — gaguejo e respiro fundo. — Viu uma garota mais ou menos da minha altura, de cabelos negros e compridos por aí? Ela tem uma linda maquiagem de fada brilhante no rosto — inquiro mudando o seu foco. Ele sorri, é um sorriso branco e de dentes perfeitos, além de sarcástico e perverso. Suspiro.— Não sei se percebeu, bonitinha — Ele faz um gesto com o indicador, esperando que eu me apresente.— Ricci. Lilian Ricci. — Me apresento.— Lilian, é um lindo nome! Então, é festa é a fantasia e as garotas aqui ou estão usando máscaras ou algum tipo de maquiagem — ralha debochado. Fecho os meus olhos segurando a minha impaciência para não lhe dar uma resposta à altura. No entanto, olho ao nosso redor. Sabe o que é pior? Ele tem toda razão. — Que tal você relaxar um pouco e beber alguma coisa? — sugere atraindo a minha atenção para si outra vez. — A sua amiga deve estar se divertindo com alguém por aí. — O encaro com firmeza e faço um não com a cabeça.— Não, eu preciso encontrá-la. Com licença! — peço áspera e praticamente o empurro para trá-lo do meu caminho, passando por ele em seguida. Entretanto, escuto o som da sua risada atrás de mim, mas a ignoro completamente adentrando a casa outra vez. Ok, estou começando a ficar aflita. Alice simplesmente evaporou dentro desse lugar e para piorar a situação o enorme e antigo relógio de madeira na parede está marcando meia noite e meia.Deus, o que eu faço?Preciso voltar para o internato e preciso fazer isso antes que percebam a nossa ausência. Olho para o topo da escadaria e me sinto tentada a procurá-la no segundo andar. Não, Alice jamais faria isso, certo? Com certeza ela deve estar me procurando como uma louca no meio dessa muvuca toda e como não me encontrou, se apavorou e voltou para o internato. É isso, ela voltou para lá e deve estar tão aflita quanto me esperando. Saio a passos largos de dentro da mansão e quando alcanço finalmente a calçada corro pela rua quase que vazia de volta para a escola. Quando me aproximo do muro levo as mãos aos joelhos e tento acalmar a minha respiração ofegante e pesada, só então afasto as folhagens e logo escuto o rangido do portão velho. Passo por ele com cautela e quando o fecho tenho o cuidado de ajeitar a rameira encobrindo o portão outra vez. Os passos seguintes são lentos e procuro olhar para todas as direções para ter certeza de que não serei vista por algum funcionário.Que ela esteja lá! Que ela esteja lá! Que ela esteja lá! Começo a repetir uma mandinga.Com sorte Alice estará dormindo em sua cama quentinha, mas a aflição me define quando finalmente adentro o dormitório e encontro a sua cama vazia. Merda, Alice não está aqui e não está em nenhum lugar também! Constato com o coração quase saindo pela boca e o meu estômago se embrulhando de nervoso. Pego o meu travesseiro e o dela, os ajeito em cima do seu colchão, cubro os dois com um lençol e espero ganhar tempo com isso. Em seguida me jogo debaixo da minha coberta, mas não consigo pregar os olhos, eles estão fixos nas janelas que mostram o dia começando a nascer. Em algumas horas parte do internato inteiro estará acordado e eu não sei o que será de mim... de nós duas. Céus, quando descobrirem que Alice não está aqui. O céu acinzentado já começa a ganhar algumas nuvens brancas quando percebo um vulto entrar no quarto esquivando-se nas sombras, até alcançar a cama da minha amiga. Imediatamente eu ergo o meu corpo e encaro uma Alice levemente ofegante e sorridente.— Onde você estava sua maluca?! — A pergunta tem um tom baixo e arrastado, porém, não esconde a minha irritação e frustração pelo que ela fez. A filha da mãe não me responde, ela apenas ri levando uma mão a boca. — Você está bêbada?! — Rasgo uma indagação exasperada. Alice leva o indicador a boca e faz um som arrastado me pedindo silêncio.— A gente conversa em algumas horas, amiga. Agora precisamos dormir um pouco se não, não vamos conseguir assistir aula. — Ela retruca com um tom de confidencia.— Alice você não pode... —Tento rebater, mas ela só se livra dos travesseiros e se j**a na cama, me dando as costas e logo uma camada fina e macia de lençol branco a envolve. Isso só pode ser uma brincadeira. Bufo mentalmente. Alice você tem muito o que me explicar. Penso aborrecida. Então volto a me deitar na minha cama explodindo por dentro de raiva e não pense que foi fácil pegar no sono com todo esse acúmulo de adrenalina percorrendo o meu corpo, porque não foi!Lili— Lilian, acorda! — A voz de Alice me desperta baixinho na sala de aula. Sinto a cabeça pesar e os olhos queimam com a luz do dia que invade a ampla sala. Droga, estou super cansada! Observo a professora Lisy Gregory sair da sua cadeira acolchoada e pegar alguns envelopes pardos em seus braços. Ela caminha para o centro da sala, no entanto, ela me avalia com seu ar de superioridade.— Meninas, teremos uma prova surpresa hoje e quando acabarem encerraremos a nossa aula — avisa enquanto passa de cadeira em cadeira com passos lentos e decisivos, deixando em cada mesa um envelope lacrado. Incomodada, eu me ajeito em minha cadeira e levo as mãos aos meus olhos, esfregando-os para despertar melhor. Não posso me dar ao luxo de perder pontuação nessa prova, essa escola é muito rigorosa com os nossos boletins e se tiramos uma nota vermelha isso implica a presença do nosso tutor, no meu caso, Julie minha madrasta. Não a tenho visto desde que me jogou nesse lugar e não pretendo vê-la tão ced
Lili— Foram quatro copos ao todo — diz com uma naturalidade espantosa.— Alice, pelo amor de Deus! — esbravejo. Ela olha ao nosso redor e eu faço o mesmo. Algumas meninas passeiam pelo jardim conversando amenidades, outras estão aproveitando o tempo livre para ler um livro. Coisa que eu e Alice costumamos fazer se não fosse esse impasse. Ela me pede para falar baixo e eu bufo audivelmente. — Ok, acabou? — pergunto ainda irritada, mas para o meu desespero ela faz um não com a cabeça.— Então, eu e o Dante dançamos uma ou duas músicas lentas. Ain, bem coladinhos! Lili, ele me dizia coisas delicadas no ouvido e nós... nós nos beijamos... e foi o melhor beijo da minha vida! Um beijo doce e delicado, quente e envolvente tudo ao mesmo tempo, e foi tão lindo! Eu me senti igualzinha aquelas mocinhas de livro de romances, sabe? Deu para sentir aquele calor no corpo, o coração acelerado no peito, a conhecida falta de ar e aquela pegada forte das suas mãos na minha pele febril. E quando percebi
LiliUm mês e meio depois ...— Como está se sentindo? — pergunto baixinho quando me aproximo da cama estreita da enfermaria do internato. Essa é a terceira vez que Alice passa mal e eu não sei exatamente o porquê. Só sei que me dói vê-la nesse estado. Seu corpo amolecido, sua respiração alterada, os olhos fundos e a pele pálida. Suspiro frustrada quando vejo um soro no seu braço direito.— Está passando. — Ela diz quase sem forças. À noite passada ela não conseguiu comer direito e durante a madrugada pôs a vomitar por pelo menos umas três vezes seguidas. O resultado é exatamente esse bem aqui na minha frente. Fiquei muito aflita pôs não me permitiram acompanhá-la de perto e só agora, quase cinco horas depois me deixaram vê-la. Seguro a sua mão na minha. Ela está tão gelada e isso me preocupa ainda mais.— O que o médico disse? — Procuro saber assim que a enfermeira se afasta para o outro lado da sala.— Fizeram alguns exames, mas ainda não me falaram sobre os resultados. — Ela faz sil
LiliNo dia seguinte ao abrir os meus olhos, abro também um sorriso feliz e satisfeito ao encontrar Alice dormindo tranquila em sua cama. Não sei exatamente quando ela veio parar no dormitório, mas fico feliz que não esteja mais na enfermaria. Eu sei que deveria deixá-la dormir mais e descansar, a final, ela precisa reunir forças para o por vir, mas eu preciso saber o que fazer e não conseguirei voltar a dormir se não fizer isso agora. Portanto, com uma respiração baixa me levanto com cuidado para não fazer barulho e olho ao nosso redor para ter certeza de que todas ainda estão dormindo. Solto o ar opresso pela boca devagarinho e me aproximo dela, ajoelhando-me ao lado da sua cama e toco levemente no seu braço, chamando-a com um sussurro extremamente baixo.— Alice? Alice, acorda!— Hã? —Ela abre uma brecha de olhos e me encara fazendo o meu sorriso simplesmente se alarga. — Como você está? — Procuro saber. — Um pouco sonolenta, deve ser por causa dos medicamentos. Mas estou bem melho
Dante. Escuto a risada alta do Max reverberar por todo ambiente, fazendo a minha cabeça latejar violentamente e consequentemente solto um gemido de dor, me forçando a sentar no sofá retrátil da sala. Os meus olhos pesam de sono e é difícil abri-los. Não sei exatamente quando adormeci, tão pouco o que rolou depois das três da manhã. Só sei de uma coisa, foi a festa mais fodástica que eu já fiz na vida. Pudera, né? Estou me despedindo da minha vida fácil para encarar uma vida séria no futuro. E que venha a faculdade de administração de empresas e depois dela serei o dono da porra toda, o rei do pedaço! É isso aí, serei o mais jovem presidente da TL Travel Lawyers e serei o melhor que aquela empresa já teve um dia. Sim, sou ambicioso e muito, pois desejo alcançar o meu lugar ao sol e não quero qualquer lugarzinho não, eu quero O LUGAR. — Que festa hein, cara, que festa! Hu, essa entrou para a história! — Max comenta exacerbado me arrancando dos meus pensamentos. Forço-me a levantar do s
Dante.— Vê lá hein, Max, não vai aprontar com os meus pais por perto! — ralho com um tom de advertência, caminhando até o aparador de cristal que fica no hall da casa e pego a minha carteira.— Qual é, Dante, parece que não me conhece! — Ele resmunga, inclinando-se um pouco para o meu lado. — Eu sei ser discreto e eu não vou perder de azarar as patricinhas do baile, né? — Me pego sorrindo.— Eu também não, mas não quero problemas com o meu velho — resmungo de volta quando saímos de casa e de cara encontramos o luxuoso Ranger Rover negro blindado estacionado bem em frente a porta de saída. Do lado de fora, David o segurança particular do meu pai já nos aguarda. Max entra pela porta traseira e eu faço o mesmo logo em seguida. A nossa frente uma tela negra separa o motorista e o segurança de nós dois, assim podemos conversar mais à vontade. O carro logo ganha movimento e o Max começa a preparar uma bebida para nós dois. Contudo, assim que o carro passa pelos portões de ferro, noto-o para
Lili.Algumas horas depois...— Senhorita Flores, a diretora deseja vê-la. — Uma das freiras do internato informa. Depois da conversa nada proveitosa com o tal Dante, viemos direto para o internato. Alice se manteve no mais completo silêncio desde então e eu confesso que não estou gostando nada disso. Achei que voltaríamos com uma Alice mais radiante e ao invés disso ela está completamente arrasada, e isso está acabando comigo. Minha amiga tira a sua cabeça do meu colo e seca algumas lágrimas em seguida. Ela ajeita a saia do uniforme e puxa a respiração fazendo um sim com a cabeça, e quando começa a andar ao lado da moça eu me ponho de pé e me prontifico ao seu lado.— Irei com você — digo segurando a sua mão.— Você não pode, Ricci, a diretoria deixou bem claro, apenas a Senhorita Flores irá para a sua sala.— Então me impeça! — rebato baixo e entre dentes praticamente rebocando Alice direto para a direção do internato. Ao abrir a porta, Alice aperta a minha mão, pois além da senhora
Lili — Só uma coisa, vô. — Alice finalmente diz algo. — Por que não irei para casa? — Ele franze a testa, mas com uma feição bem rígida.— Porque eu sou um homem muito visado, Alice, aclamado na alta sociedade. Eu jamais permitiria que descobrissem que você trará ao mundo um bastardo. Agora saia daqui! — ordena com um tom áspero e frio. Meu coração se quebra quando vejo Alice encher mais uma vez os olhos de lágrimas e em seguida ela sai correndo da sala. Contudo, corro atrás dela, mas só a alcanço dentro do dormitório e permito que chore no meu ombro por longos minutos.*** Os dias aqui na fazenda têm sido como um mar de rosas para nós duas. Após a saída do senhor Flores da fazenda e depois de ouvir o choro da Alice por horas, eu finalmente consegui acalmá-la e decidi que iríamos aproveitar cada minuto prazeroso nesse lugar. Hoje é o nosso terceiro dia aqui e são exatamente seis e meia da manhã. Alice ainda está dormindo, ela tem sentido bastante sono esses dias. Mary, a cozinheira d