Lili Olhando as ruas noturnas movimentadas e cheias de crianças fantasiadas espalhadas por todos os lados me fascina de alguma forma. Algumas estão sozinhas, outras acompanhadas de um adulto e tem até algumas que andam em dupla. Cada uma carregando as suas deliciosas cestinhas cheias de guloseimas. Apesar de termos crescido a alegria de Alice em relação ao Halloween ainda é a mesma. Às vezes me pergunto se ela realmente cresceu ou se apenas perdeu no tempo? A noite está tão linda! Penso fitando o extenso céu escuro povoado de minúsculas estrelas sob as nossas cabeças e para completar a sua elegância, tem uma lua gorda e amarelada iluminando a sua escuridão. Estamos caminhando pelas calçadas despreocupadamente, encantadas com todo esse movimento e fascinadas com os enfeites típicos da festa na frente das casas. Algumas abóboras gigantes com uma cara horrenda nos jardins, teias de aranha penduradas nos galhos das árvores, uma bruxa assustadora em posição de ataque, mostrando as largas u
Lili— Lilian, acorda! — A voz de Alice me desperta baixinho na sala de aula. Sinto a cabeça pesar e os olhos queimam com a luz do dia que invade a ampla sala. Droga, estou super cansada! Observo a professora Lisy Gregory sair da sua cadeira acolchoada e pegar alguns envelopes pardos em seus braços. Ela caminha para o centro da sala, no entanto, ela me avalia com seu ar de superioridade.— Meninas, teremos uma prova surpresa hoje e quando acabarem encerraremos a nossa aula — avisa enquanto passa de cadeira em cadeira com passos lentos e decisivos, deixando em cada mesa um envelope lacrado. Incomodada, eu me ajeito em minha cadeira e levo as mãos aos meus olhos, esfregando-os para despertar melhor. Não posso me dar ao luxo de perder pontuação nessa prova, essa escola é muito rigorosa com os nossos boletins e se tiramos uma nota vermelha isso implica a presença do nosso tutor, no meu caso, Julie minha madrasta. Não a tenho visto desde que me jogou nesse lugar e não pretendo vê-la tão ced
Lili— Foram quatro copos ao todo — diz com uma naturalidade espantosa.— Alice, pelo amor de Deus! — esbravejo. Ela olha ao nosso redor e eu faço o mesmo. Algumas meninas passeiam pelo jardim conversando amenidades, outras estão aproveitando o tempo livre para ler um livro. Coisa que eu e Alice costumamos fazer se não fosse esse impasse. Ela me pede para falar baixo e eu bufo audivelmente. — Ok, acabou? — pergunto ainda irritada, mas para o meu desespero ela faz um não com a cabeça.— Então, eu e o Dante dançamos uma ou duas músicas lentas. Ain, bem coladinhos! Lili, ele me dizia coisas delicadas no ouvido e nós... nós nos beijamos... e foi o melhor beijo da minha vida! Um beijo doce e delicado, quente e envolvente tudo ao mesmo tempo, e foi tão lindo! Eu me senti igualzinha aquelas mocinhas de livro de romances, sabe? Deu para sentir aquele calor no corpo, o coração acelerado no peito, a conhecida falta de ar e aquela pegada forte das suas mãos na minha pele febril. E quando percebi
LiliUm mês e meio depois ...— Como está se sentindo? — pergunto baixinho quando me aproximo da cama estreita da enfermaria do internato. Essa é a terceira vez que Alice passa mal e eu não sei exatamente o porquê. Só sei que me dói vê-la nesse estado. Seu corpo amolecido, sua respiração alterada, os olhos fundos e a pele pálida. Suspiro frustrada quando vejo um soro no seu braço direito.— Está passando. — Ela diz quase sem forças. À noite passada ela não conseguiu comer direito e durante a madrugada pôs a vomitar por pelo menos umas três vezes seguidas. O resultado é exatamente esse bem aqui na minha frente. Fiquei muito aflita pôs não me permitiram acompanhá-la de perto e só agora, quase cinco horas depois me deixaram vê-la. Seguro a sua mão na minha. Ela está tão gelada e isso me preocupa ainda mais.— O que o médico disse? — Procuro saber assim que a enfermeira se afasta para o outro lado da sala.— Fizeram alguns exames, mas ainda não me falaram sobre os resultados. — Ela faz sil
LiliNo dia seguinte ao abrir os meus olhos, abro também um sorriso feliz e satisfeito ao encontrar Alice dormindo tranquila em sua cama. Não sei exatamente quando ela veio parar no dormitório, mas fico feliz que não esteja mais na enfermaria. Eu sei que deveria deixá-la dormir mais e descansar, a final, ela precisa reunir forças para o por vir, mas eu preciso saber o que fazer e não conseguirei voltar a dormir se não fizer isso agora. Portanto, com uma respiração baixa me levanto com cuidado para não fazer barulho e olho ao nosso redor para ter certeza de que todas ainda estão dormindo. Solto o ar opresso pela boca devagarinho e me aproximo dela, ajoelhando-me ao lado da sua cama e toco levemente no seu braço, chamando-a com um sussurro extremamente baixo.— Alice? Alice, acorda!— Hã? —Ela abre uma brecha de olhos e me encara fazendo o meu sorriso simplesmente se alarga. — Como você está? — Procuro saber. — Um pouco sonolenta, deve ser por causa dos medicamentos. Mas estou bem melho
Dante. Escuto a risada alta do Max reverberar por todo ambiente, fazendo a minha cabeça latejar violentamente e consequentemente solto um gemido de dor, me forçando a sentar no sofá retrátil da sala. Os meus olhos pesam de sono e é difícil abri-los. Não sei exatamente quando adormeci, tão pouco o que rolou depois das três da manhã. Só sei de uma coisa, foi a festa mais fodástica que eu já fiz na vida. Pudera, né? Estou me despedindo da minha vida fácil para encarar uma vida séria no futuro. E que venha a faculdade de administração de empresas e depois dela serei o dono da porra toda, o rei do pedaço! É isso aí, serei o mais jovem presidente da TL Travel Lawyers e serei o melhor que aquela empresa já teve um dia. Sim, sou ambicioso e muito, pois desejo alcançar o meu lugar ao sol e não quero qualquer lugarzinho não, eu quero O LUGAR. — Que festa hein, cara, que festa! Hu, essa entrou para a história! — Max comenta exacerbado me arrancando dos meus pensamentos. Forço-me a levantar do s
Dante.— Vê lá hein, Max, não vai aprontar com os meus pais por perto! — ralho com um tom de advertência, caminhando até o aparador de cristal que fica no hall da casa e pego a minha carteira.— Qual é, Dante, parece que não me conhece! — Ele resmunga, inclinando-se um pouco para o meu lado. — Eu sei ser discreto e eu não vou perder de azarar as patricinhas do baile, né? — Me pego sorrindo.— Eu também não, mas não quero problemas com o meu velho — resmungo de volta quando saímos de casa e de cara encontramos o luxuoso Ranger Rover negro blindado estacionado bem em frente a porta de saída. Do lado de fora, David o segurança particular do meu pai já nos aguarda. Max entra pela porta traseira e eu faço o mesmo logo em seguida. A nossa frente uma tela negra separa o motorista e o segurança de nós dois, assim podemos conversar mais à vontade. O carro logo ganha movimento e o Max começa a preparar uma bebida para nós dois. Contudo, assim que o carro passa pelos portões de ferro, noto-o para
Lili.Algumas horas depois...— Senhorita Flores, a diretora deseja vê-la. — Uma das freiras do internato informa. Depois da conversa nada proveitosa com o tal Dante, viemos direto para o internato. Alice se manteve no mais completo silêncio desde então e eu confesso que não estou gostando nada disso. Achei que voltaríamos com uma Alice mais radiante e ao invés disso ela está completamente arrasada, e isso está acabando comigo. Minha amiga tira a sua cabeça do meu colo e seca algumas lágrimas em seguida. Ela ajeita a saia do uniforme e puxa a respiração fazendo um sim com a cabeça, e quando começa a andar ao lado da moça eu me ponho de pé e me prontifico ao seu lado.— Irei com você — digo segurando a sua mão.— Você não pode, Ricci, a diretoria deixou bem claro, apenas a Senhorita Flores irá para a sua sala.— Então me impeça! — rebato baixo e entre dentes praticamente rebocando Alice direto para a direção do internato. Ao abrir a porta, Alice aperta a minha mão, pois além da senhora