LiliO que dizer para eles? Desculpa pela demora, é que eu os culpei a minha vida inteira?Oh droga, eu não sei como fazer isso! A verdade é que desde a sua morte eu não senti a necessidade de visitá-los ou de dizer qualquer palavra para eles. O meu coração estava dolorido demais e por anos eu me senti abandonada por eles, embora eu soubesse que eles não tinham culpa alguma disso. Eu estava com raiva, muita raiva mesmo. Raiva de tê-los roubado de mim tão cedo, de saber que eu nunca mais os veria, ou que ouviria os sons das suas vozes outra vez. Eu me senti sozinha por tanto tempo que me forcei a crescer forte e decidida, e assim prometi para mim mesma que lutaria apenas por mim. Contudo, descobrir sobre as causas das suas mortes me deu um novo norte e por algum motivo sinto a necessidade de estar perto deles outra vez.Enquanto caminho pelo gramado verdejante do cemitério os meus olhos se fixam no túmulo que se projeta pouco a pouco na minha frente, então aperto as flores nos meus br
Lili— Mamãe, olha como eu estou linda! Alice fala espalhafatosa, entrando repentina no meu quarto e corre para os meus braços. E sim, a minha garotinha está realmente muito linda com esse vestido de alcinhas e tules brancos. Uma delicada coroa de fores miúdas enfeitam os cabelos acobreados que estão soltos e exibem cachos largos. Vovó entra logo em seguida segurando a sua cestinha de vime cheia de pétalas. Aproveito o momento para beijar a minha filhota em um abraço bem gostoso e levemente apertado.— Você está mesmo muito linda, filha! — sibilo colocando-a de volta no chão.Enfim, o grande momento chegou e eu não podia estar mais ansiosa por isso. Eu quis participar dos mínimos detalhes, mas fui impedida de fazer tal coisa e ao invés disso passei a maior parte do dia com Alice em passeios e brincadeiras bem divertidas. Entretanto, no meio da tarde fui praticamente sequestrada por Samantha e só retornei no final da tarde maquiada e pronta para me casar. E agora estou trancada no me
LiliTrês meses depois...— Bom dia, minha esposa linda! — Dante diz entrando dentro do nosso quarto como sempre eu sei que está segurando uma bandeja de café da manhã com uma rosa vermelha bem no centro dela. E como sempre, abro um par de olhos preguiçosos, soltando um gemido igualmente preguiçoso e respiro fundo para absorver o perfume gostoso do nosso desjejum.Contudo, algo diferente acontece e agitada eu me sento no meio da cama, levando uma mão a boca. Meu marido me lança um olhar preocupado e cuidadosamente ele larga a bandeja em cima do colchão.— Você está bem? Está... pálida!Bem? Não, eu não estou bem! O meu corpo está suando demasiadamente e está gelado ao mesmo tempo, o meu estômago embrulhado e eu quero... eu preciso correr para o banheiro.Calma, Lili, só respira devagar que tudo isso desaparece! Digo para mim mesma.— Eu estou bem!— Tem certeza? — Faço sim com a cabeça.— Acho que exagerei no vinho da noite passada.— Nossa, Lili, você está gelada! — sibila assim que
LiliSete anos depois...— Quando sairmos daqui vamos para bem longe de todos. E vamos ser garçonetes. — Ela ri. — Vamos alugar uma casinha, pagar os nossos estudos e ficar muito ricas. Depois, vamos comprar uma casa na praia e quem sabe eu encontro um macho alfa para me casar?— Macho alfa? Meu Deus, Alice, o que você tem na cabeça?! — O som da sua risada se espalha no ar. Ela é bem contagiante e me faz rir também. Contudo, ela deita a sua cabeça no meu colo e fica séria em seguida. — Eu nunca vou te abandonar. Seremos amigas para sempre.— Como irmãs. — Completo.— Velhinhas e caquéticas. — Mais risadas.Eu conquistei tudo o que você queria, amiga. Me formei, comprei uma casa na praia e exatamente agora tem um macho alfa brincando com os nossos filhos na areia molhada. Jamais me esquecerei de você, Alice, tão pouco das suas loucuras, do som da sua risada, das suas travessuras.E falando em travessuras. Elas me levaram a ele.Eu sei que prometi vingança e arrancar aquele troço no me
A campainha começa a tocar no momento que eu chego no centro da minha sala de visitas. Largo a mochila de Alice em cima do sofá e vou atender a porta no mesmo instante, e para a minha surpresa encontro o Dante Travel em pé no corredor do hotel. Contudo, o homem me lança um olhar indecifrável que me inquieta.— Dante? — questiono, porém, ele faz um movimento inesperado aproximando-se e me puxa bruscamente para perto do seu corpo. Inevitavelmente ofego e me pergunto por que estou permitindo isso, mas não contrato, até porque os seus lábios tocam os meus famintos, devoradores, me tirando a capacidade de pensar, de falar qualquer coisa. No entanto, me pego segurando firme em seus ombros, apertando-os com força, sentindo cada músculo rígido por cima do terno caro e permito que a sua língua invada a minha boca, iniciando um duelo gostoso com a minha. É como uma dança sensual, possessiva e quente. Imediatamente o seu corpo começa a se movimentar com uma agilidade incrível e eu escuto a porta
Lili.Dezessete anos antes...Morar em um internato não é algo confortável principalmente para uma criança que conheceu de perto o calor dos seus familiares e você deve estar se perguntando como eu vim parar nesse lugar. Bom, o meu fim não foi diferente de muitas dessas garotas que vieram parar aqui. Para começar a minha história, eu perdi a minha mãe em um grave acidente de carro quando tinha apenas dois anos de idade e por um bom tempo éramos apenas o meu pai e eu vivendo em perfeita harmonia, no único lugar onde eu podia sentir o caloroso do amor dos meus pais. Até um certo dia ele conhecer a Júlia Clarck. Uma linda e provocante mulher, provida de uma elegância que deixava qualquer homem jogado aos seus pés. Contudo, infelizmente ela escolheu o meu pai para ser o seu marido. Donovan Ricci era bem jovem na época e além de muito rico, ele também era cobiçado pelas mulheres do estado de Massachusetts, porém, não demorou muito para eles se casassem e ela vir morar conosco. Então eu pens
LiliAlgumas horas...Passamos o dia fazendo as atividades do cotidiano do internato. Eu, concentrada e Alice em polvorosa movida por uma ansiedade que ela não consegue esconder. À noite como sempre após o jantar todas as meninas vão para os seus devidos dormitórios e nós dividimos o nosso quarto com mais duas garotas. É um cômodo bem amplo com suas enormes janelas de madeira e vidros transparentes, que nos dão as belas visões das montanhas atrás de uma imensa floresta. E falando em nossas colegas de quarto, não se preocupem, elas não são empecilho para as nossas escapulidas, a final elas são boas de cama, se é que me entendem. O plano é o seguinte; vamos aguardá-las adormecerem, trocaremos de roupa e voltaremos para as nossas camas prontas e arrumadas para sair, e aguardar a hora que as irmãs se recolham. Debaixo da cama de Alice tem uma mochila com as nossas fantasias e o básico para uma maquiagem. Por fim, quando tudo estiver no mais completo silêncio, sairemos por uma das entradas
Lili Olhando as ruas noturnas movimentadas e cheias de crianças fantasiadas espalhadas por todos os lados me fascina de alguma forma. Algumas estão sozinhas, outras acompanhadas de um adulto e tem até algumas que andam em dupla. Cada uma carregando as suas deliciosas cestinhas cheias de guloseimas. Apesar de termos crescido a alegria de Alice em relação ao Halloween ainda é a mesma. Às vezes me pergunto se ela realmente cresceu ou se apenas perdeu no tempo? A noite está tão linda! Penso fitando o extenso céu escuro povoado de minúsculas estrelas sob as nossas cabeças e para completar a sua elegância, tem uma lua gorda e amarelada iluminando a sua escuridão. Estamos caminhando pelas calçadas despreocupadamente, encantadas com todo esse movimento e fascinadas com os enfeites típicos da festa na frente das casas. Algumas abóboras gigantes com uma cara horrenda nos jardins, teias de aranha penduradas nos galhos das árvores, uma bruxa assustadora em posição de ataque, mostrando as largas u