Lili.Algumas horas depois...— Senhorita Flores, a diretora deseja vê-la. — Uma das freiras do internato informa. Depois da conversa nada proveitosa com o tal Dante, viemos direto para o internato. Alice se manteve no mais completo silêncio desde então e eu confesso que não estou gostando nada disso. Achei que voltaríamos com uma Alice mais radiante e ao invés disso ela está completamente arrasada, e isso está acabando comigo. Minha amiga tira a sua cabeça do meu colo e seca algumas lágrimas em seguida. Ela ajeita a saia do uniforme e puxa a respiração fazendo um sim com a cabeça, e quando começa a andar ao lado da moça eu me ponho de pé e me prontifico ao seu lado.— Irei com você — digo segurando a sua mão.— Você não pode, Ricci, a diretoria deixou bem claro, apenas a Senhorita Flores irá para a sua sala.— Então me impeça! — rebato baixo e entre dentes praticamente rebocando Alice direto para a direção do internato. Ao abrir a porta, Alice aperta a minha mão, pois além da senhora
Lili — Só uma coisa, vô. — Alice finalmente diz algo. — Por que não irei para casa? — Ele franze a testa, mas com uma feição bem rígida.— Porque eu sou um homem muito visado, Alice, aclamado na alta sociedade. Eu jamais permitiria que descobrissem que você trará ao mundo um bastardo. Agora saia daqui! — ordena com um tom áspero e frio. Meu coração se quebra quando vejo Alice encher mais uma vez os olhos de lágrimas e em seguida ela sai correndo da sala. Contudo, corro atrás dela, mas só a alcanço dentro do dormitório e permito que chore no meu ombro por longos minutos.*** Os dias aqui na fazenda têm sido como um mar de rosas para nós duas. Após a saída do senhor Flores da fazenda e depois de ouvir o choro da Alice por horas, eu finalmente consegui acalmá-la e decidi que iríamos aproveitar cada minuto prazeroso nesse lugar. Hoje é o nosso terceiro dia aqui e são exatamente seis e meia da manhã. Alice ainda está dormindo, ela tem sentido bastante sono esses dias. Mary, a cozinheira d
LiliDe verdade, não temos do que reclamar. Trocar o colégio interno por uma fazendo no meio do nada foi realmente a nossa melhor escolha, pois temos tido momentos únicos e felizes aqui. Contudo, tempo correu rápido demais em alguns sentidos, ele parece ter pressa em chegar a algum lugar, porém, em outros parece ter parado completamente. Se não fosse a barriga protuberante da minha amiga eu diria que o ponteiro do relógio sequer saiu do lugar. Vocês me conhecem e sabem que não sou de aromatizar as coisas, mas nesse caso, parece que estamos presas dentro de um conto de fadas. Sério, aqui os pássaros cantam felizes o tempo todo, as borboletas voam soltas sempre que querem, tem muita paz, muita calmaria e principalmente, Alice teve uma gravidez tranquila apesar dos poucos recursos que temos. Sim, uma médica paga pelo seu avô vem uma vez no mês para consultá-la. Ela mede, pesa, aplica as vacinas, passa algumas receitas e aconselha. Fora isso não tenho preocupações a não ser no que vestir n
Lili Algumas horas depois...Abro os meus olhos encontrando a familiar janela do quarto onde eu e Alice dormimos. Lá fora já está escuro e atordoada me sento na cama, esfregando os meus olhos.— Que bom que você acordou! — Escuto a voz de Mary, a cozinheira da casa. Contudo, procuro por Alice em sua cama, mas ela está vazia. Então me lembro dos últimos acontecimentos e firo para a senhora em pé na minha frente.— O que aconteceu?— Você ficou muito agitada e gritava enlouquecida, então tivemos que conte-la com um calmante. — Respiro fundo.— Que horas são?— Quase sete da noite. — Levo as mãos ao meu rosto, o esfrego e puxo a respiração.— Onde está Alice? — pergunto com pesar.— Na capela. — Levanto-me imediatamente da cama estreita e sigo para a porta sem dizer nada.— Aonde você vai, menina? — Mary pergunta vindo atrás de mim.— Onde está o senhor Flores? — inquiro ignorando o seu questionamento.— Está na capela com a neta. — Ela diz me fazendo parar bruscamente. Eu a olho e sigo
Lili— De quem é esse bebê, Lilian? — Ela pergunta.— Nick, leve essas malas para o quarto da minha neta. — Escuto o meu avô dizer. — Meu Deus, querida, estávamos preocupados com você! — Ele diz vindo até mim e me abraça, beijando o meu rosto.— Ligamos para o internato messes últimas meses, mas eles não nos deixavam falar com você, querida. Vovó explica.— Chegamos a pensar que Julie deu ordens para não nos passar as ligações. — Vovô completa.— Na verdade, fui eu que não quis atender ninguém — digo me acomodando no sofá e eles fazem o mesmo.— Porque fez isso, querida? — Dou de ombros.— Por causa dela. — Seus olhos voltam a fitá-la. Eles parecem bem perdidos agora.— De quem é esse bebê, minha filha? — Vovó interpele e eu suspiro baixinho.— Ela é minha filha, vovó. — Ambos franzem as testas.— Mas como?— É uma longa história e eu pretendo contar pra vocês, mas agora ela precisa ser trocada e precisa comer algo. Eu estou cansada, a viagem foi muito longa. Mas, pra começo eu só prec
Lili Quatro anos depois...Um salão tão grande quanto os meus olhos conseguem vislumbrar, uma variedade de mesas com suas louças arrumadas sobre elas e pequenos arranjos florais dão um toque requintado, o amarelo e o lilás se misturam em cada parede e detalhe da decoração, e as pessoas felizes começam a entrar preenchendo esse lugar. Eu consegui, finalmente consegui! Penso vibrante, quando um slide começa a expor as imagens de cada formando em um telão e um sorriso grande, e satisfeito se abre no meu rosto quando o meu nome aparece no topo da lista. Alice estaria orgulhosa de mim, eu sei que sim. É inevitável pensar nela nesse momento pois ambas sonhamos com esse dia, planejamos cada detalhe dele. A nostalgia tenta me preencher, mas a fasto com um suspiro e abanar de mãos. — Nossa, estou muito nervosa! Alguém comenta atrás de mim, na fila de jovens que assim como eu será o destaque dessa noite. De onde estou consigo ver o palco, onde o reitor da universidade em breve anunciará o me
Lili — A-Alice? — Tento falar qualquer coisa, mas ela sai correndo da sala direto para as escadas. — Alice, filha? — A chamo e corro atrás dela. No entanto, quando alcanço o corredor escuto a porta do seu quarto bater com força. — Droga! — Levo a mão a maçaneta e giro, mas a porta está trancada por dentro. — Alice, filha, abre a porta, por favor! — peço frustrada. — Não! Você é uma mentirosa! — Ela grita e pelo som da sua voz sei que está chorando. — Alice, deixa a mamãe explicar, por favor! — Praticamente imploro. Então escuto os seus soluços e me deixo escorregar pela madeira, até me sentar largada no chão. — Eu a amo muito! — Começo a dizer. — A mamãe só queria te proteger, mantê-la longe disso tudo. Acredite amor, o seu pai não vale a pena — interpelo. A porta do quarto se abre e Alice me encara, porém, ela ainda parece irritada. — Você não devia ter escondido isso de mim. — Eu sei, meu amor, me desculpa! Olha só, eu não queria falar mal dele, mas Dante fez a sua mãe sofrer mu
Lili Lili Dentro do táxi percebo a agitação de Alice ao olhar pela janela de vidro transparente. Devo mencionar que o centro de Manhattan é realmente algo surpreendente e em agitado também. O barulho dos carros, o trânsito congestionado, o vai e vem das pessoas com pressa de chegar em algum lugar, a agitação das lojas. São quase cinco e meia da tarde e tudo ainda está em polvorosa por aqui. O carro para em frente a uma casa e eu tiro uma note de cinquenta da minha carteira, entendendo-a para motorista em seguida. Saio de dentro do táxi com a minha filha do lado e o taxista me ajuda com as malas as levando para a varanda da casa que aluguei antes de vir para cá. — Obrigada, Senhor! — digo assim que ele larga as malas no canto da porta. — Por nada e sejam bem-vindas a Manhattan! — Ele diz e nos dar as costas. No mesmo instante eu solto um suspiro audível, encaro a porta larga de madeira pintada de branco, levo a chave até ela e giro ouvindo o som familiar da fechadura se abrindo. E a