Lili Algumas horas depois...Abro os meus olhos encontrando a familiar janela do quarto onde eu e Alice dormimos. Lá fora já está escuro e atordoada me sento na cama, esfregando os meus olhos.— Que bom que você acordou! — Escuto a voz de Mary, a cozinheira da casa. Contudo, procuro por Alice em sua cama, mas ela está vazia. Então me lembro dos últimos acontecimentos e firo para a senhora em pé na minha frente.— O que aconteceu?— Você ficou muito agitada e gritava enlouquecida, então tivemos que conte-la com um calmante. — Respiro fundo.— Que horas são?— Quase sete da noite. — Levo as mãos ao meu rosto, o esfrego e puxo a respiração.— Onde está Alice? — pergunto com pesar.— Na capela. — Levanto-me imediatamente da cama estreita e sigo para a porta sem dizer nada.— Aonde você vai, menina? — Mary pergunta vindo atrás de mim.— Onde está o senhor Flores? — inquiro ignorando o seu questionamento.— Está na capela com a neta. — Ela diz me fazendo parar bruscamente. Eu a olho e sigo
Lili— De quem é esse bebê, Lilian? — Ela pergunta.— Nick, leve essas malas para o quarto da minha neta. — Escuto o meu avô dizer. — Meu Deus, querida, estávamos preocupados com você! — Ele diz vindo até mim e me abraça, beijando o meu rosto.— Ligamos para o internato messes últimas meses, mas eles não nos deixavam falar com você, querida. Vovó explica.— Chegamos a pensar que Julie deu ordens para não nos passar as ligações. — Vovô completa.— Na verdade, fui eu que não quis atender ninguém — digo me acomodando no sofá e eles fazem o mesmo.— Porque fez isso, querida? — Dou de ombros.— Por causa dela. — Seus olhos voltam a fitá-la. Eles parecem bem perdidos agora.— De quem é esse bebê, minha filha? — Vovó interpele e eu suspiro baixinho.— Ela é minha filha, vovó. — Ambos franzem as testas.— Mas como?— É uma longa história e eu pretendo contar pra vocês, mas agora ela precisa ser trocada e precisa comer algo. Eu estou cansada, a viagem foi muito longa. Mas, pra começo eu só prec
Lili Quatro anos depois...Um salão tão grande quanto os meus olhos conseguem vislumbrar, uma variedade de mesas com suas louças arrumadas sobre elas e pequenos arranjos florais dão um toque requintado, o amarelo e o lilás se misturam em cada parede e detalhe da decoração, e as pessoas felizes começam a entrar preenchendo esse lugar. Eu consegui, finalmente consegui! Penso vibrante, quando um slide começa a expor as imagens de cada formando em um telão e um sorriso grande, e satisfeito se abre no meu rosto quando o meu nome aparece no topo da lista. Alice estaria orgulhosa de mim, eu sei que sim. É inevitável pensar nela nesse momento pois ambas sonhamos com esse dia, planejamos cada detalhe dele. A nostalgia tenta me preencher, mas a fasto com um suspiro e abanar de mãos. — Nossa, estou muito nervosa! Alguém comenta atrás de mim, na fila de jovens que assim como eu será o destaque dessa noite. De onde estou consigo ver o palco, onde o reitor da universidade em breve anunciará o me
Lili — A-Alice? — Tento falar qualquer coisa, mas ela sai correndo da sala direto para as escadas. — Alice, filha? — A chamo e corro atrás dela. No entanto, quando alcanço o corredor escuto a porta do seu quarto bater com força. — Droga! — Levo a mão a maçaneta e giro, mas a porta está trancada por dentro. — Alice, filha, abre a porta, por favor! — peço frustrada. — Não! Você é uma mentirosa! — Ela grita e pelo som da sua voz sei que está chorando. — Alice, deixa a mamãe explicar, por favor! — Praticamente imploro. Então escuto os seus soluços e me deixo escorregar pela madeira, até me sentar largada no chão. — Eu a amo muito! — Começo a dizer. — A mamãe só queria te proteger, mantê-la longe disso tudo. Acredite amor, o seu pai não vale a pena — interpelo. A porta do quarto se abre e Alice me encara, porém, ela ainda parece irritada. — Você não devia ter escondido isso de mim. — Eu sei, meu amor, me desculpa! Olha só, eu não queria falar mal dele, mas Dante fez a sua mãe sofrer mu
Lili Lili Dentro do táxi percebo a agitação de Alice ao olhar pela janela de vidro transparente. Devo mencionar que o centro de Manhattan é realmente algo surpreendente e em agitado também. O barulho dos carros, o trânsito congestionado, o vai e vem das pessoas com pressa de chegar em algum lugar, a agitação das lojas. São quase cinco e meia da tarde e tudo ainda está em polvorosa por aqui. O carro para em frente a uma casa e eu tiro uma note de cinquenta da minha carteira, entendendo-a para motorista em seguida. Saio de dentro do táxi com a minha filha do lado e o taxista me ajuda com as malas as levando para a varanda da casa que aluguei antes de vir para cá. — Obrigada, Senhor! — digo assim que ele larga as malas no canto da porta. — Por nada e sejam bem-vindas a Manhattan! — Ele diz e nos dar as costas. No mesmo instante eu solto um suspiro audível, encaro a porta larga de madeira pintada de branco, levo a chave até ela e giro ouvindo o som familiar da fechadura se abrindo. E a
Lili — Lilian? Vimos a sua mensagem, mas não aguentei de tanta ansiedade. Como Alice reagiu a nova casa? — Meu sorriso se amplia. — Ela está encantada, vovó. Tem um jardim nos fundos da casa que é um encanto. — Começo a tagarelar sobre os detalhes da casa nova, deixando a Senhora Clare fascinada com cada descrição. Contudo, foi ela quem me ajudou na avaliação e escolha, já que é a primeira vez que alugo um imóvel na vida. Mas ver a casa ao vivo e em cores dá uma sensação exultante. Bem melhor do que quando a vi pelas fotos na tela de um computador. — E onde ela está agora? — inquire com curiosidade. — Trocando de roupa. Nós vamos dar uma voltinha e conhecer um pouco de Manhattan. — Isso é muito bom, querida! Tire algumas fotos e nos mande, estamos ansiosos para ver alguns detalhes. — Ela pede com a empolgação de uma criança. — Claro que sim, vovó. E o vovô, como ele está? — Ainda está se adaptando ao silêncio da casa. — Respiro fundo. — Eu sei que não fica muito perto de vocês,
Dante Alguma vez na vida você já se sentiu preso, ou algemado, obrigado a fazer aquilo que você não quer? É exatamente assim que estou me sentindo agora. Hoje faz vinte e cinco dias que o meu pai faleceu de uma parada cardíaca que o levou bruscamente e exatamente hoje, descobri o motivo dessa consequente fatalidade. Estamos falidos, literalmente sem nada. As empresas Travel estão em completa decadência. Não foi com isso que eu sonhei e definitivamente não foi assim que planejei o meu futuro. Era para eu terminar a faculdade e assumir as empresas como o atual presidente e ser o dono da porra toda, mas infelizmente o senhor Dante Travel – o meu pai me deu uma rasteira filha da puta. — É a nossa única solução, Dante. — A voz da minha mãe soa com uma convicção assustadora, parando o seu vai e vem pela enorme sala de estar, fixando os seus grandes olhos verdes em mim. Suspiro profundamente. Essa solução parece a porra de uma pegadinha do destino. Minha mãe quer um tipo de sociedade que no
Dante — Claro, querido! Mas não demore, você tem algo a fazer aqui. — Mamãe solta uma indireta. Eu assinto e soltando um pigarro saio em direção da adega que fica na parte inferior da casa. Caralho, a minha própria mãe me armou uma armadilha e o pior é que eu não posso me livrar dessa. Preciso fazer esse sacrifício para salvar as empresas Travel, preciso reerguê-la e ter o poder em minhas mãos outra vez, porque definitivamente não posso deixar o legado da minha família ir ao chão dessa maneira. Assim que adentro a adega me disponho a olhar para as garrafas. Contudo, escuto a porta se abrir atrás de mim e uma loira alta, e estonteante passar por ela. Kimberly olha ao seu redor, seus olhos ávidos passeiam pelas estantes de garrafas importadas e quando o seu tour termina, eles grudam em mim. A mulher se aproxima sorrateira e quando chega perto estende a sua mão, tocando o meu peitoral por cima da camisa social, porém, eu estanco ao ver o anel de família em seu dedo. Aturdido, procuro os