Dante À noite... Como havia previsto o jantar foi um saco. Eu precisava sorrir o tempo todo, fazer expressões de carinho o tempo todo, dar beijos em minha noiva em público e confesso que nem consegui jantar direito. Uma hora e meia depois, resolvemos sair do restaurante e eu juro que estava contando os segundos para entrar naquele carro e sumir dali. — Ora vamos, amor, só mais um beijinho! — Kimberly insiste assim que chegamos à calçada e para a mina felicidade, o carro estaciona bem na nossa frente. Eu devia ter feito a porra de um contrato sobre exposições em público, por que eu não fiz isso? Sabe a pior parte? Eu estava quase cedendo aos seus caprichos persistentes quando um ser minúsculo abraçou fortemente a minha perna direita e não quis largar mais. Os olhinhos negros me encaram com um brilho especial, e eles pareciam felizes. Observado bem, onde eu já vi esse olhar antes? — Mas o que é isso?! — Desperto com o berro ensandecido da minha noiva. — O que essa pirralha maluca pen
Dante Não demora para eu estacionar o carro em frente ao endereço indicado por Lourency e através da janela analiso a casa que não é de todo ruim. Ela não é muito grande, mas também não é pequena. Tem um jeito aconchegante e familiar, e esse bairro parece tranquilo. Daqui dá pra ver algumas crianças brincando despreocupadas nas calçadas e alguns vizinhos que conversam em frente a algumas portas. Volto a observar a casa por alguns minutos, mas não vejo nenhum movimento lá dentro. Fito o relógio em meu pulso. Droga, em poucas horas tenho que ir para a empresa! Penso e solto o ar audivelmente. Pego o jornal e resolvo sair do carro para confrontar de vez essa situação inusitada. Contudo, ao aproximar-se da porta, puxo a respiração pelo menos três vezes antes de tocar a campainha e aguardo que alguém a abra pra mim. Para a minha surpresa, a porta se abre e uma garotinha ainda usando pijama de flanelas surge na minha frente. Ela me abre um sorriso infantil, mas são os olhos escuros e brilha
Dante — Que merda do caralho, Dante! Se não fosse você me contando essa história maluca, eu jamais acreditaria. — Max gargalhar praticamente se debruçando na cadeira. — Quem diria que o Senhor Dante Travel Júnior iria dar um vacilo desses? Pai, cara? — Mais gargalhadas. Reviro os olhos pra ele. — Deixa de ser idiota, Maxwell, eu não sou pai de ninguém! — resmungo. — E presta atenção hein, a Kimberly não pode saber de nada. — Ele faz um gesto como se passasse um zíper na boca. A verdade é que confio no meu amigo de olhos vendados, mas a ameaça da Lilian está me deixando de cabelos em pé. Durante o resto da manhã tento me concentrar no meu trabalho, porém, não está sendo nada fácil, pois a voz da garota ainda está zunindo alto dentro dos meus ouvidos. ... Você não sabe quem eu sou, mas eu sei muito bem quem é você. ... Ela é sua filha! Por Deus, ela falou aquilo com tanta verdade e convicção! Não pode ser, não posso ser o pai, certo? Saio da empresa antes de terminar o expediente p
Lili Durante todos esses anos eu se quer pensei em rapazes. Dediquei a minha vida em estudar e em ser uma boa mãe para Alice. Então paquerar era irrelevante E beijar na boca? Isso não me fazia falta alguma. Não até agora. Sentir Dante Travel tão perto e tão ofensivo, pronto para o ataque me deixou desarmada e eu só conseguia pensar em uma coisa... Eu preciso fugir do seu domínio, porém, ele foi mais rápido do que eu, e em uma fração de segundos senti os seus lábios impulsivos tomar os meus. O meu subconsciente me dizia para fugir dali, empurrá-lo para bem longe de mim e mantê-lo distante. E eu tentei, juro que tentei! Contudo, fui surpreendida pelo perfume amadeirado e envolvente que emanava do seu corpo quente e quando percebi, já foi. A sua língua atrevida invadiu a minha boca e o seu sabor se misturou ao meu. Foi quando ouvi... Droga, eu gemi baixinho em meio ao beijo roubado e quase morri quando ele o parou, e eu encontrei o par de olhos negros que me encaravam com diversão. — Se
— Então, é só você e a Alice quem mora aqui? — Continua com a sua m*****a especulação. Bufo segurando a raiva e resolvo responder-lhe. — Sim. Viemos para essa cidade quando ela descobriu a sua existência. — O olho rapidamente e volto a me concentrar no café, embora não haja muito o que fazer a não ser esperar que a cafeteira termine o seu trabalho. — Como sabe que eu sou o pai da menina? Quer dizer, como tem tanta certeza? — A cafeteira avisa que o café está pronto e eu me ocupo em pegar duas xícaras e o pote com os torrões de açúcar. Levo tudo para o balcão e continuo em pé do outro lado de frente para ele. — Se vamos falar sobre esse assunto, então vamos começar do início — rebato, enquanto lhe sirvo uma xícara de café e outra para mim. — É justo. — Ele diz acrescentando alguns torrões no seu café e mexe em seguida com uma colherinha, então finalmente olho nos seus olhos. — Eu e Alice morávamos em um internato naquela época e ficava a poucos metros da sua casa. Era halloween e a
Dante Que porra você pensa que está fazendo, Dante, roubar um beijo assim de uma garota como Ricci? Foda é saber que o meu corpo inteiro gostou e que o seu gosto ainda está no meu paladar. Ela não tem o direito de mexer assim comigo, a mais não tem mesmo! Bufo irritado com as sensações que porra, chegam a me deixar ansioso. Entro no carro e ligo para um grande amigo do meu pai e médico da família há anos, o doutor Stevan Price, além de ser de minha inteira confiança. Enquanto aguardo na linha meus pensamentos vão para o maldito beijo. Merda, e aquele perfume suave, doce e estupidamente feminino? A maciez da sua pele nas palmas das minhas mãos. Me pego fechando os olhos e sinto como se ela tivesse bem aqui do meu lado. A sua respiração ofegante, o seu hálito quente, o leve tremular nos lábios... — Senhor Travel? — Desperto imediatamente quando escuto a voz do médico me pego soltando um suspiro frustrado. Merda! —Ah... — Limpo a garganta e me ajeito no banco do carro. — Doutor Price?
Dante — O que pensa que vai fazer, Senhorita Moore? — questiono, roçando a ponta do meu nariz contra a pele do seu pescoço e bem próximo do seu ouvido. A princípio ela luta para se soltar, porém, eu não permito. — Temos um contrato assinado por você, lembra? — Eu vou quebrá-lo, mas você não terá a sua empresa de volta! — Rio por dentro. Kimberly parece uma criança mimada que acabou de ser contrariada. — Sério? Temos um contrato de doze longos meses, querida. Se você o quebrar terá de me pagar uma fortuna rescisória e eu terei a minha empresa de volta do mesmo jeito. Melhor ficar quietinha e receber a sua parte, concorda? Ambos estamos ganhando com isso, Kimberly e você não pode negar. — Me larga, Dante! — Ela faz força, mas a mantenho no mesmo lugar. — Eu sei o que vocês estão pensando. Que eu pareço a porra de um troglodita, que sou machista, um cafajeste ou algo assim. Mas eu nunca escondi nada de você e nem de ninguém, sempre deixei bem claro o que pensava desse casamento e me
Lili Voltamos ao ponto inicial. Lembra daquele maldito sonho? Aquele do início dessa história em que o cafajeste do pai da minha filha me tomou com extrema liberdade? Aquele que me fez miar feito uma gata no cio? Esse sonho. Pois é, ele me rendeu um belo banho de água tão fria quanto gelo e por conta disso o meu corpo inteiro está tremendo de frio, e claro que me amaldiçoei por me permitir ter um sonho erótico com vocês sabem quem. Ai que inferno de homem! Quem lhe deu tamanha liberdade de invadir assim os meus sonhos? Quem?! Quem?! Quem?! Bufo bem alto, desligando o chuveiro que em nada aplacou o meu corpo febril e fui imediatamente para o quarto. Hoje é o meu primeiro dia na empresa Beaumont Digital Accounting e não posso me dar ao luxo de chegar atrasada. Assim que saio do cômodo me apresso em pôr uma roupa e ir para a cozinha preparar um café da manhã rápido e um lanche para Alice. No curto caminho um pensamento preenche a minha mente. — Espero que ele não se atreva a fazer isso