Enquanto esperava pelo jantar tive tempo de estudar minha situação com Benjamin. Eu era a testemunha ocular, também fui vítima. Segundo as leis eu tinha o direito de permanecer em segurança, dada às provas os culpados seriam presos. Isso porque eu tenho a lista com todos os nomes e endereços, bem como contas e outras coisas.-Sim, mas para tudo isso você precisa de uma testemunha, e nada melhor do que o James. Se não quiser falar com ele....-Não quero! -Respondi.-Que seja. Eu posso falar, pelo menos com a Helen. -De novo aquele nome. -O quanto antes, melhor.Meu pai chegou acompanhado da mulher, o que me deu um misto de raiva com ciúmes, ela não era feia, mas também não tinha nada de especial. Era morena e gordinha, não muito alta, mas era simpática até de mais. Meu pai sentou e ela sentou ao lado dele.-Crianças a Helena vai sentar e jantar conosco essa noite. -Ele sorriu para ela. Quase tive um ataque de nojo.-Espero que estejam se sentindo bem aqui. Sei que não é um dos melhores
-Como estou? - Dei uma volta para o meu pai.-Já disse Marjorie, você está bem. Agora para de tremer e toca a campainha.Toquei a compainha e um pouco depois ouvi passos apressados em direção à porta. A mulher que abriu não era nada parecida com a Rita de antigamente. Tinha os mesmos olhos bondosos, o rosto comprido e fino, mas era mais magra e triste, carregava um fardo, e bem pesado.-Marjorie?- Ela me encarou.- Rita! - Me joguei nos braços dela. Mesmo chateada.- Ei pequena, você está uma mulher linda. - Me afastei para ela me olhar. -Venham, entrem.Quando parti para Londres ela morava em uma casa grande e luxuosa, agora porém eu me encontrei dentro de um apartamento pequeno com vista para a rua abarrotada de gente no centro do Rio. Rita adotou a simplicidade, belo e necessário. Não que o apartamento fosse feio, dava para ver que duas pessoas se viravam facilmente ali.- Ele ficou muito chateado sabe. Meu filho não veio, ficou preso no hospital, e você querida, que pena. - Rita n
O sol já estava se pondo quando um táxi parou na frente do parque, e por ele desceu meu melhor amigo. Benjamin parecia um pouco irritado, veio na minha direção e parou para observar o pequeno Nicolas que empinava um pipa sozinho.- Não tinha lugar mais longe não? -Benjamin sentou na grama comigo.-Não é tão longe Ben, o parque fica a meia hora do hotel.- Segurei uma risada. -Acho o serviço de táxi daqui um tanto quanto estranho. Eu tive que mostrar o endereço para o homem, mas não podia falar nada que ele ria. -Benjamin estava pensativo. -Deixa pra lá. - Me fala como foi a sua noite com a Helen.- Olhei para ele.- Marjorie. Me desculpa, eu... É, não sei como.... - Tá tudo bem Benjamin, eu fico feliz por vocês. Gosto dela. - Pequena, eu não sei como agir com ela. Pra ser sincero eu não sei como me sinto. Eu sei que gosto de você, só não sei como definir esse sentimento. Quero te proteger quando estamos junto, mas me sinto bem com ela, não tenho tanto medo que alguma coisa aconteça.
Os três me observavam com curiosidade. Abaixei a cabeça e esperei o momento de vergonha passar. A verdade? Não sabia o quê fazer. Tinha raiva, muita, e deixar ele me amedrontar seria a minha ruína. Esperei até pouco a pouco cada um voltar em si.-Vai lá. E acaba com ele. -Helen era a única que pensava em vingança? -Não! Se ele quiser, ele que venha. Não vai confiar nele Marjorie. Lembra o que ele fez quando te viu arrumando as coisas? Claro. Eu apanhei feito gente grande, e me arrastei até o carro, quando meu pai me viu queria entrar, mas Rita correu até nós e disse que aquela seria a hora de partir e voltar estruturada.-Eu vou sim até lá, e saber o quanto ele lembra de mim. - Arrumei minha roupa e levantei.Sob os olhares cautelosos dos meus amigos caminhei lentamente até Davi. Ergui o rosto e sorri desafiadoramente. Quando estava à uns bons passos encostei o dedo médio no balcão e fui arrastando até ele. Era divertido ver a cara do Davi, ele mudou um pouco. Bem como a barba ral
-Agora pode me soltar. -Tentei me afastar. -Só depois da gente conversar. E não diga que não vem, porque eu saio te arrastando à força, e com essa roupa tenho certeza que ninguém vai te ajudar. -James deu um tranco em mim.-Você está querendo dizer que eu pareço uma...-Não disse nada até agora, mas se não me ajudar eu falo. James conseguia ser sarcástico mesmo tendo a vida em perigo. Eu por outro lado estava com os nervos à flor da pele, tentando não demonstrar, é claro. -Eu estou com o meu carro, então teremos que ir separados. -É mesmo? Porque seu amigo saiu para dar uns amassos na minha irmã e levaram o carro que eu gentilmente aluguei. Então, vamos no seu. -James passou por mim.Antes de sair com o carro vi Davi entrar no dele, o último do estacionamento. Ele acenou para mim e arrancou. James havia ligado o rádio e estava de olhos fechados com um sorriso no rosto.*******-Porque me trouxe aqui? - Tirei as sandálias. -Eu precisava de um lugar só para nós dois. E pensei nesse
Então meu tempo estava contado. Estávamos todos voltando para o hotel correndo o mais rápido possível. James era o único com sangue no olho. Porque Ben eu e meu pai estamos literalmente com o cool na mão. Eu já tinha fugido uma vez, mas tomar coragem e fazer de novo era outra coisa. - Escuta. - Meu pai parou no meio do caminho. - Onde estão as provas?As provas estavam comigo. Na minha mala, e agora estariam nas mão deles. Fiquei imaginando minha mala aberta, minhas calcinhas jogadas para todo mundo ver, e olha que algumas não estavam em tão bom estado assim.- Estavam no meu quarto, até Ben pegar. - Respondi.- Nós quase morremos por causa das provas.. - Ben falou.Nós ele e a Helen.- Resolvemos colocar em um lugar mais... Seguro... - Helen falou.- Porque ? - Parei para encarar meu amigo. Mas e resposta veio da Helen, e deixou todos nós calados.- Porque eu já fui casada com o Andreas. E sei quando ele está no meu caminho. E quer saber? Aquele dia na boate quando James estava com
Oito anos atrás...— Onde pensa que vai com essa roupa?Davi entrou no quarto e me olhou. — Eu vou levar o Nicolas para o meu pai ver. – Passei por ele.Mas Davi segurou firme meu braço e falou bem baixo.— Essa roupa está escandalosa de mais. – Ele me apertou mais ainda. – Seu pai nunca vem aqui. Você também não vai lá, se ele gostasse tanto de você tinha arcado com toda essa despesa. Eu estava de calça jeans e camiseta de alça, a calça ficava um pouco apertada, mas as garotas que ele conhecia e dizia ser só amizade andavam pior. Além do mais Nicolas não era nenhuma despesa, pelo menos para ele.Nossa relação era estranha. Depois que o flagrei com a garota dentro da casa da mãe dele, nós só fazíamos o papel de pai e mãe, pelo menos no papel mesmo. Por vezes ele dormia no meio certinho da cama, e eu tinha que dormir sentada. Ou quando Nicolas chorava ele me fazia sair de casa de madrugada e ficar andando pelo jardim até Rita abrir a porta, ou Nicolas dormir. Davi tinha aprendido a me
— Estamos sendo seguidos. – Helen gritou.- De novo pra variar. -James tencionou sacar a arma, mas deu uma olhada para Nicolas.Rita segurava Nicolas com força, estava tremendo muito e tentando fechar os olhinhos dele.— Não vó. Que saco! – Nicolas tentava se libertar dela.Helen me deu uma olhada estranha, levantou a sobrancelha, eu não sabia conversar com ela por gestos, se fosse Ben, seria mais fácil por dois motivos, ele praticamente conversava com as expressões faciais. Segundo, se eu tivesse dificuldade de entender, ele falava na cara. Mais a frente paramos no transito, faltava tão pouco, o carrão preto ficou um pouco atrás. Helen encostou o carro, pegou as coisas e saiu correndo feito louca, James pegou Nicolas praticamente no colo. Eu estava mais para barata tonta, e não conseguia correr sem praticamente sentir o beijo da bala na minha coluna. Corremos feito loucos, por fim chegamos ao mesmo hangar. E dessa vez havia um bom número de carros de polícia.— Mas o que? – Aponte