No som a música "Ginga - Iza com participação especial Ricon Sapiência", tocava no último volume. Alice dançava diante de mim, movendo seu corpo suavemente com a batida da música, sensualizando sem ser vulgar. Eu joguei um sorriso malicioso, meus olhos passeavam por suas curvas e fazia minha mente deslizar por seu corpo. De repente uma garota bateu o ombro no meu peito perdendo o equilíbrio, seu corpo desceu como se perdesse a consciência. Inclinei meu corpo para baixo e agarrei a blusa da garota puxando seu corpo para cima.
-Carson? - perguntei.
Ela jogou seus olhos vazios para meu rosto, como se não estivesse totalmente consciente. Empurrei o corpo dela para trás sobre uma cadeira, ela levantou o rosto e passou os olhos ao redor como se não soubesse onde está.
-Carson - gritei sobre seu rosto.
Ela não reagiu, estava totalmente aeria.
-Fica aqui, vou pegar uma garrafa de água - Sussurrei.
Dei as costas e caminhei até a mesa de vidro, agarrei uma garrafa de água e virei o corpo, mas Carson não estava na cadeira. Arrastei os olhos ao redor, por entre as pessoas dançando mas não a encontrei.
-Mack, eu vou para o dormitório do Chance tá? - disse Camila - Alice vai te levar para o dormitório.
-Você viu a Carson? - perguntei.
-Quem?
-Nada, deixa para lá - respondi.
Camila me deu um abraço e desapareceu na multidão, Alice se aproximou dançando com um sorriso malicioso, me puxou pelo braço e esfregou seu corpo no meu, mas eu continuava procurando Carson. Joguei os olhos para a mesa de vidro que estava vazia, Zuri e Daniel também tinham desaparecido.
-Quer ir embora? - Alice perguntou.
-Sim.
Alice agarrou minha mão e me puxou, atravessamos os bêbados dançarinos, passamos pela porta de vidro, atravessamos a sala, ela empurrou a porta da frente e me esperou passar. Descemos alguns degraus e caminhamos até um carro branco com vidros fumê, puxei a porta e saltei para dentro do carro. Assim que Alice deu partida, no som começou a tocar a música "Imprevisível - Tribo da Periferia", joguei meus olhos para a janela e observei meu reflexo vazio me encarando de volta. De repente meu reflexo estremeceu como se estivesse dentro da água e uma pedra caísse no centro e jogasse uma gota para cima, e se transformou no rosto da Sarah. O reflexo me jogou um olhar assustado, como um pedido de ajuda silencioso. Inclinei meu rosto para baixo e enfreguei os olhos, devo estar muito bêbada. Alice estacionou na frente do dormitório, puxou o freio de mão, tirou o cinto de segurança e se inclinou sobre mim, tocou meus lábios em um beijo quente, meu corpo se arrepiou. Ela se afastou e sorriu enquanto eu desmanchava minha feição assustada.
-Dorme bem - disse ela.
Lancei um sorriso tímido e saltei do carro, subi as escadas tentando organizar as ideias, empurrei a porta do quarto e lancei meu corpo na cama, entrelacei os dedos na nuca e joguei meus olhos no teto. A música ecoava na minha cabeça, os lábios macios de Alice pareciam ainda tocar os meus, o olhar perdido de Carson costurava meus pensamentos e se desfazia no rosto da Sarah. Passei a noite desviando das lembranças e me escondendo dos pensamentos, nada mais fazia sentido. Assim que o sol lançou seus raios por entre a fresta da janela, saltei da cama, desci as escadas, caminhei pelas ruas até encontrar uma cafeteria. Pedi um capuccino e um muffin de banana, sentei a mesa encostada na janela, joguei meus olhos para a rua e assisti as gotas de água explodir no chão. Enfiei o fone no ouvido e coloquei a playlist no aleatório, começou a tocar a música "Espaço - Day Limns". A chuva aumentou a intensidade, se tornou uma cortina e deslizou na janela. De repente Sarah surgiu entre as gotas de chuva, puxou a porta e se lançou para dentro da cafeteria, fechou o guarda chuva e se inclinou sobre o balcão. Levantou o braço e apontou com o dedo indicador para o café com caramelo no menu preso na parede, o atendente balançou a cabeça de forma positiva, ela desceu o braço e apontou para o maffin de banana dentro do balcão de vidro. O atendente deu as costas e foi preparar o café, Sarah enfiou a mão no bolso, tirou uma nota de cinquenta e jogou sob o balcão. A porta da cafeteria se abriu permitindo a entrava do vento que empurrou os cachos ruivos sobre seu rosto, ela virou o corpo em direção ao vento para que o mesmo empurrasse seu cabelo para trás. A música mudou e começou a tocar "Jurei que não ia falar de amor - Day Limns". Sarah virou o rosto e me olhou diretamente, sua feição mudou, parecia estar assustada. O Atendente a chamou e entregou um copo descartável e uma sacola de papel, Sarah voltou seus olhos para mim e atravessou a porta. Enfiei a mão no bolso, joguei uma nota de vinte na mesa e corri atrás dela. Por entre as gotas da chuva e atravessando a rajada do vento.
-Sarah - gritei.
Ela virou o corpo e seu casaco bege se abriu com o vento, ela vestia uma blusa preta, cachecol marrom e jeans azul marinho.
-Oi
-Oi - ela respondeu.
-Quer tomar um café mais tarde?
-Desculpa - disse ela me dando as costas.
-Um refrigerante ou uma cerveja.
Ela virou o corpo e me lançou um olhar furioso.
-Não Mack, eu não quero beber nada.
-Me desculpa por ter confundindo as datas.
-Deixa isso para lá - disse ela.
-Por quê está agindo assim?
-A melhor coisa que você faz é ficar longe de mim - disse ela - Você tem uma vida perfeita, a Zuri vai te fazer popular e vai ter quem você quiser.
-Eu não quero essas coisas.
-Fica longe de mim Mack, para o seu próprio bem.
A música "Finais mentem - Day Limns" começou a tocar nos fones, inclinei a cabeça para baixo, enfiei a mão no bolso e apanhei o pingente. Entendi o braço com o punho fechado, ela abriu a mão e eu deixei o pingente cair em sua mão. Ela arrastou seus olhos do pingente para meu rosto. Dei as costas, enfiei as mãos nos bolso e caminhei para o meu dormitório deixando a chuva me molhar.
-Eu só quero você - Sussurrei.
Joguei meu corpo na cama, enfiei os fones no ouvido, coloquei a playlist no aleatório e a música "Nós 2 - Jade Baraldo" começou a tocar bem baixinho. Fechei os olhos, respirei fundo e deixei a batida da música me envolver. Minha mente atravessou as paredes de tijolos e visitou o quarto da Sarah, me imaginei batendo na porta, ela abrindo vestindo apenas um hobby transparente, dei um passo para frente ficando a centímetros do seu rosto. Ela levantou os olhos me devorando silenciosamente, mordeu o lábio inferior como se tentasse controlar seus desejos, enfiei a mão dentro de seu hobby, deslizei os dedos nas suas costas e a puxei contra meu corpo, toquei seus lábios com um beijo apaixonado. Ela abriu o hobby e o deixou se desmanchar no chão, levantou o rosto e soltou um gemido abafado enquando meus lábios deslizavam por seu pescoço, desci as mãos desenhando as curvas de sua bunda e a empurrei sobre a cama. Tirei minha blusa jogando para trás, subi na cama sobre ela, toquei seu seio com
Joguei meu corpo na cama, lancei meus olhos para o teto, senti uma pontada no topo da cabeça que se estendeu para a testa. Camila se sentou na cama dela em silêncio, esfregou a palma das mãos na calça. Virei o rosto para ela.-Está tudo bem? - perguntei.Camila balançou a cabeça de forma positiva. O celular dela acendeu a tela, ela virou o rosto e soltou um suspiro desanimado.-Você precisa denunciá-lo - comentei.-Não posso.-Por quê? - perguntei.-Ele é o melhor amigo do Daniel.-É daí? - perguntei.-Se eu fizer qualquer coisa contra o Chance - Camila fez uma pausa - Daniel vai fazer da minha vida um inferno.-Você prefere apanhar? - perguntei.-Eu prefiro que ninguém saiba o que aconteceu.-Se você não denunciá-lo, vai fazer ele ac
Camila empurrou a porta e entrou sorrindo, apanhou o copo de café da Alice e bebeu um gole.-Zuri vai chegar daqui a pouco - disse Camila apoiando o copo na mesa - Vai pegar seu biquíni.Alice saltou da cama, se inclinou e me deu um beijo suave, apanhou o copo de café e saiu do quarto. Camila me lançou um olhar malicioso.-Você é lésbica - Disse Camila com uma feição de espanto - E está com a Alice.-Sim.-Aquele abraço que nós demos é de amizade, tá? - Camila perguntou.-Tá bom.-Apenas estou esclarecendo para que não haja nenhum conflito de interesses - disse Camila.-Não se preocupe, você não faz meu tipo.-Que bom - Camila suspirou - Qual é seu tipo?-O tipo que gosta de mulher.-Ah, sim, isso é importante. - disse Camila com um sorriso tímido.-Ser heterossexual não te faz querer transar com todos os homens que você conhece. Você tem su
Dormi muito bem durante a noite, acordei animada e ansiosa tanto para ver a Sarah quando para meu primeiro dia de aula. Saltei da cama antes do celular despertar, vesti a roupa que eu mais gosto, passei perfume, enfiei a carteira e o notebook na mochila e desci as escadas pulando os degraus. Atravessei a porta e me surpreendi, a rua estava lotada de estudante caminhando em direção ao prédio da universidade, desci a rua até o banco de pedra próximo a escada da praça e aguardei. Sarah surgiu entre a multidão, saltei do banco e me aproximei com um sorriso apaixonado.-Oi.-Oi - Sarah Sussurrou.Ela apertou os lábios e me lançou uma expressão fria, separei os braços e apertei a sobrancelha confusa. Ela passou por mim se encolhendo dentro do casaco, eu corri e saltei diante dela.-O que aconteceu? - perguntei.-Voltamos para a realidade.-Do que você está falando? - perguntei.Sarah arrastou os olhos para
Abri os olhos lentamente, estava deitada em uma cama com o rosto voltado para cima, paredes brancas, alguns aparelhos acoplados a parede soltando um ruído agudo. Meu corpo estava pesado, com frio e levemente dolorido. Levantei a cabeça com dificuldade, minhas mãos estavam enfaixadas com sinais de sangue. Meu braço esquerdo estava enfaixado desde a ponta do dedo até o cotovelo. Virei o rosto e minha mãe estava sentada em uma poltrona de couro preta, apoiada em uma grande janela com grades que permitiam a entrada da luz do dia. Minha mãe estava com o rosto inclinado para baixo e os olhos fechados. De repente uma mulher entrou no quarto, com uniforme verde, com uma bandeja nas mãos e algumas seringas. Ela me lançou um sorriso gentil como se estivesse feliz em me ver.-Olá.-Oi - respondi.-Você está sentindo dor?-Não - respondi.Ela enfiou a agulha no suporte do soro e jogou um líquido amarelado a substância.-Iss
Não sei por quanto tempo dormi, mas quando abri os olhos Sarah ainda estava sentada na poltrona, com os braços cruzados sobre o peito, o rosto um pouco inclinado para baixo e os olhos fixos no meu rosto. Seu olhar parecia distante, acima de nós, por entre as lembranças claramente difíceis, uma expressão de sofrimento estampava seu rosto delicado. De repente desviou o olhar.-Está tudo bem? - perguntei.-Sim.Sua voz estremeceu, suas mãos agarraram o braço da poltrona, seus dedos afundaram o couro, seus olhos se arrastavam no chão para longe do meu rosto como um rato fugindo de um gato feroz. Sua pele como seda deu lugar a um tom de rosa claro, uma gota de suor deslizou por sua testa e explodiu na gola de sua blusa preta, seus olhos arregalados percorriam a linha do piso em direção a porta. Ela passou a lingua suavemente por entre os lábios, e mordiscou seu lábio inferior enquanto apertava a sobrancelha.-O que está te incomodando? - pe
Me escondi no quarto do hotel por uma semana, para me recuperar física e emocionalmente, ou apenas tentar lidar com as dores da carne e do peito. Minhas feridas estavam cicatrizando lentamente, as dores aos poucos se tornaram suportáveis, minhas mãos se fechavam com dificuldade, mas o hospital se tornou uma lembrança distante. Minha mãe precisava retornar para nossa cidade, por questões de trabalho, já que é a melhor dentista da cidade. Frustrada por não conseguir me convencer a retornar, decidiu me acompanhar para a universidade e conferir pessoalmente minha adaptação. Fomos direto até a sala da coordenação, nos sentamos diante de uma mesa de madeira envernizada. A Cordenadora é uma mulher de meia idade, cabelos loiros na altura dos ombros, pele clara com marcas de expressão, olhos grandes esverdeados, óculos redondo apoiado na ponta do nariz, blaser de linho cinza, camisa social branca, maquiagem discreta e longos brincos de ouro. Ela se inclinou e apoiou os cotovelos e antebraços
Virei o rosto e avistei Zuri com um grupo de amigas no topo da escada, saltei da mesa e caminhei lentamente até o grupo.-Preciso falar com você em particular.Zuri balançou a cabeça de forma positiva, deu as costas para o grupo e desceu as escadas em silêncio. Sentei sobre a mesa de pedra e Zuri sentou-se a meu lado.-Você se lembra que está me devendo um favor, não é? - perguntei.-Você prometeu que nunca mais tocaria no assunto.-Esperava não precisar chegar a esse ponto - comentei.-O que você quer? Dinheiro? Drogas? Sexo?-Eu quero que você reverta o estrago que fez com aquele vídeo - respondi.Zuri me lançou um olhar confuso.-Faça o vídeo desaparecer - eu disse com voz firme - e faça as pessoas respeitarem a Sarah.-Como?-Use sua influência - respondi.-Eu te dei tudo Mack, dei amigos, festas, popularidade, até uma namorada.