Camila empurrou a porta e entrou sorrindo, apanhou o copo de café da Alice e bebeu um gole.
-Zuri vai chegar daqui a pouco - disse Camila apoiando o copo na mesa - Vai pegar seu biquíni.
Alice saltou da cama, se inclinou e me deu um beijo suave, apanhou o copo de café e saiu do quarto. Camila me lançou um olhar malicioso.
-Você é lésbica - Disse Camila com uma feição de espanto - E está com a Alice.
-Sim.
-Aquele abraço que nós demos é de amizade, tá? - Camila perguntou.
-Tá bom.
-Apenas estou esclarecendo para que não haja nenhum conflito de interesses - disse Camila.
-Não se preocupe, você não faz meu tipo.
-Que bom - Camila suspirou - Qual é seu tipo?
-O tipo que gosta de mulher.
-Ah, sim, isso é importante. - disse Camila com um sorriso tímido.
-Ser heterossexual não te faz querer transar com todos os homens que você conhece. Você tem suas preferências.
-Sim - Camila concordou.
-Ser homossexual é parecido, eu me atraio por mulheres, mas não tenho vontade de transar com todas as mulheres que conheço, também tenho minhas preferências.
-Não sente atração por suas amigas? - Camila perguntou.
-Não, só a Alice.
-A propósito, não crie espectativas com a Alice - disse Camila enfiando o biquíni na mochila - ela é bonita, inteligente, gentil e tem seu charme, mas tem uma alma livre, vai fugir assim que sentir que você está se apegando. Nao tem relação com a sexualidade, acho que é trauma de algum relacionamento do passado.
-Obrigada pela dica.
-Agora pega seu biquíni, vamos para praia.
-Me desculpa mas, estou com dor de cabeça, acho que vou ficar por aqui.
-Toma uma aspirina - disse Camila - É uma tradição, todo mundo vai.
-Eu sei, mas prefiro ficar.
-Quer que eu fique com você? - Camila perguntou - Ou a Alice?
-Não, vão se divertir.
Camila me lançou um sorriso gentil, jogou a mochila nos ombros, apanhou o casaco e saiu pela porta correndo. Ouvi o carro da Zuri se aproximar, estava com o som alto e tocava a música "Aquela - Anaju". Inclinei o corpo e através da janela assisti Camila saltar para dentro de uma range rover evoque preta com teto branco e vidros fumê. As meninas deram um grito para os meninos que passaram em um Audi e-tron Performance azul e saíram em alta velocidade em direção a estrada. Apanhei o notebook, desci as escadas, atravessei a porta e muitos carros passaram por mim, eles levam muito a sério essa tradição. Desci a rua, atravessei a praça e me sentei na grama ao lado de uma árvore. Apoiei as costas no tronco, coloquei o notebook sobre os joelhos, puxei a tela para cima, escolhi um filme de comédia e apertei o play. Meu rosto desceu lentamente em um cochilo subto, arregalei os olhos empurrando o rosto apra cima. Levei as mãos ao rosto e esfregue os olhos, estava na hora do almoço. Desci a tela do notebook, apoiei as mãos no chão ficando sobre os pés, bati as mãos na calça para limpar a terra e grama. Caminhei até o refeitório e me surpreendi pois estáva fechado.
-Eles levam muito a sério essa tradição estranha - Sussurrei.
Dei as costas, caminhei sobre a grama, subi a escada e desci a rua até o café que também estava fechado.
-Merda - Sussurrei.
Virei o rosto passando os olhos ao redor, vou ter que recorrer aos chocolates e refrigerantes das máquinas. Bati as maos no bolso.
-Merda - Sussurrei.
Estou sem moedas, enfiei as mãos nos bolsos, joguei meus olhos para o chão e caminhei em direção a meu dormitório. Levantei o rosto e Sarah estava sentada em um banco de pedra próximo da escada da praça, como não tinha visto ela? Virei o corpo para trás e voltei a descer a rua, o que eu deveria fazer? Não tem nada lá embaixo, preciso ir para o quarto pegar as moedas. Virei o corpo novamente e voltei a subir a rua, Sarah sentiu minha presença e levantou o rosto. Empurrei o canto dos lábios e lancei um meio sorriso, meu corpo esfriou, minhas pernas amoleceram, como se eu estivesse esquecido como se caminha. Passei por ela o mais rápido que consegui, então me ocorreu que talvez ela conheça algum restaurante que esteja aberto hoje. Virei o corpo para ela e sorri gentilmente.
-Oi.
-Oi - Sarah espondeu confusa.
-Você conhece algum restaurante que esteja aberto hoje?
Sarah jogou os olhos para cima como se procurasse na memória.
-Conheço um restaurante japonês - disse Sarah - Serve?
-Sim.
-O endereço e o número do telefone estão no meu celular - disse Sarah - no dormitório.
-Ah, tudo bem.
-Eu vou lá pegar - disse Sarah ficando sobre os pés.
-Posso te acompanhar?
Sarah balançou a cabeça de forma positiva, subimos a rua, entramos em um prédio antigo, subimos três lances de escada, atravessamos um longo corredor, nos aproximamos do quarto número 33. Sarah enfiou a chave no trinco e girou, empurrou a maçaneta para baixo, empurrou a porta e entrou. Fiquei na dúvida se poderia entrar, apenas esperei na porta. Sarah se inclinou sobre a mesa, escreveu em uma folha de caderno, virou o corpo e estendeu a mão com o papel entre o dedo indicador e o médio. Dei alguns passos para frente, puxei o papel da sua mão e a agradeci. Dei as costas e caminhei para o corredor. Agarrei a maçaneta e antes de puxar a porta senti um impulso.
-Já almoçou? - perguntei.
-Não.
-Quer ir lá comer? - perguntei.
-Melhor não.
-Tudo bem - Sussurrei.
Puxei a porta a fechando, joguei meus olhos para o chão e continuei parada pensando no motivo que ainda me faz insistir. De repente ela puxou a porta, abri a mão soltando a maçaneta. Sarah me lançou um olhar confuso.
-Desculpe - Sussurrei - Já estou indo.
Dei as costas e atravessei o corredor.
-Espera - Sarah gritou se aproximando - Eu vou com você.
Lancei um sorriso tímido, descemos a escada, caminhamos até o estacionamento, Sarah se aproximou de um hb 20 sedan branco com vidros fumê, abriu a porta e saltou para dentro. Puxei a porta do passageiro, me inclinei e entrei delicadamente, o cheiro adocicado dela invadiu minhas narinas e me deu uma sensação gostosa de paz. Assim que Sarah deu a partida do carro, o som ligou e começou a tocar a música "Perigo - Jade Baraldo", virei o rosto e assisti ela virar o volante com apenas a mão esquerda enquanto o carro se afastava do prédio, não sei se foi o ar condicionado, mas senti meu corpo se arrepiar. O caminho até o restaurante foi longo, assim que a música terminou, começou a tocar "Pouca pausa - Clau, Cortesia da Casa, Haikaiss", joguei meus olhos para a janela e sorri com a letra da música, parecia um tapa na cara da Sarah, ela suspirou e virou o botão do volume deixando a música bem baixinha. Apertei minhas mãos esfregando os dedos, meu corpo esfriou se arrepiando.
-Eu gosto dessa música - Sussurrei.
-É bonita.
Lancei um sorriso malicioso, Sarah me lançou um olhar tímido e seu rosto ficou corado. Ela gosta de mim. Estacionamos na frente do restaurante, saltamos do carro, atravessamos a porta e nos sentamos a mesa. O som tocava a música "Pra quem duvidou - Quebrada Queer, Apuke". O garçom se aproximou, pedimos o barco de sushi, ele sorriu e se afastou. Lancei um sorriso gentil.
-Lembra quando a gente comprava Sushi e fingiamos ser ricas - comentei - a gente nem gostava de sushi.
-Ah, eu gostava.
-Não gostava - Sussurrei.
-Verdade, não gostava.
O garçom se aproximou, apoiou um copo de cerveja diante de mim e um copo de suco de laranja diante da Sarah.
-Como seu pai está? - perguntei.
-Ele morreu dois anos depois que você foi embora.
-Sinto muito - comentei.
-Obrigada.
-Você mudou de cidade? - perguntei.
-Não, fui morar com a minha avó.
-Vocês começaram a se dar bem? - perguntei.
-Não.
A vó de Sarah é uma idosa peculiar, sempre com um cigarro nos lábios e um maço no sutiã, um copo de cerveja entre os dedos e um pacote de erva nos bolsos. Roupas dois números menores que seu corpo, longo decote e com as pernas sempre a mostra. Voz rouca de quem fuma a muito tempo, dedos e dentes amarelados, olhos fundos, cabelos desgrenhados e um cheiro de fumo persistente. Estatura baixa, sobrepeso e uma força absurda. Minha mente me levou aos treze anos, Sarah não foi a escola então eu e Zuri fomos a casa de sua Vó. Batemos na porta mas ninguém atendeu, demos a volta no terreno até a janela do quarto onde a Sarah costumava ficar. Subi sobre um galão de ferro, puxei a janela para cima e epiei por entre a cortina. Senti alguém agarrar a gola da minha blusa e me puxar para cima.
-O que pensa que está fazendo?
-Nada Senhora Rita - respondi amedrontada.
-Por quê está olhando pela janela?
-Estou preocupada com a Sarah - respondi.
Rita me arrastou e me lançou sobre uma cerca de arame farpado que pareceu me abraçar e se enrolar em meu corpo. Quando voltei para casa, disse para meus pais que tinha caído de bicicleta, e nunca contei a verdade para Sarah. De repente me percebi novamente no restaurante, levantei os olhos e Sarah parecia admirar minhas expressões faciais.
-Sua Vó é uma mulher única - comentei.
-Agora ela vai a igreja e se tornou uma fanática inconsequente.
-Parou de fumar, beber e usar drogas? - perguntei.
-Não, mas agora ela se preocupa em esconder os vícios e finge ser uma devota santa e livre.
Lancei um sorriso sarcástico, o garçom trouxe o barco de Sushi.
-Obrigada - Sussurrei.
Ele balançou o rosto e se afastou.
-Antes de morrer, meu pai me deu uma foto da minha mãe e disse seu nome - disse Sarah escolhendo o sushi.
-Como é o nome dela?
-Lindsay Armstrong - Sarah respondeu.
-Escocesa, faz todo sentido.
Sarah me lançou um sorriso divertido demonstrando entender a relação que eu fiz entre a Escócia e cabelos ruivos. No som começou a tomar a música "Só o amor - Preta Gil, Glória Groover" que pareceu nos envolver.
-Você a procurou? - perguntei.
-Sim, ela é dentista, está casada com um dermatologista e tem um casal de filhos de aproximadamente dez anos.
-Que notícia boa - comentei - Você falou com ela?
-Não.
-Por quê? - perguntei.
-Eu não sabia o que dizer. Fiquei sem graça de aparecer de repente e dizer, "Oi mãe, lembra de mim? Sou a filha que você abandonou há quinze anos atrás."
Apertei os lábios e empurrei a sobrancelha para direita para cima. No som a música mudou e começou a tocar "Resiliência - Tribo da Periferia". Sarah lançou seus olhos para a parede de vidro do restaurante.
-Nos finais de semana, ela leva as crianças e o cachorro para um parque, faz piquenique e brinca com eles até entardecer - disse Sarah com os olhos fixos no vidro.
Ela parecia ver sua mãe brincar com as crianças diante de seus olhos, o reflexo do vidro parecia distorcido por um defeito na parede. Seus olhos lacrimejaram e uma única lágrima deslizou por seu rosto tocando suavemente suas sardas formando uma linha fina de ressentimento.
-Ela pode ter um motivo plausível para justificar a atitude que teve - comentei.
Sarah levou a mão no rosto e secou a lágrima.
-Está tarde, melhor voltarmos - Disse ela jogando uma nota de cem na mesa.
Saímos do restaurante e entramos no carro. No som tocava a música "Fica - Anavitoria", lancei meus olhos para fora da janela, meus desejos mergulhavam por entre as palavras da música e se desmanchavam no ar como pétalas se espalhando ao vento. Sarah estacionou diante do meu prédio, apertei o botão do cinto que se soltou. A música do som mudou e começou a tocar "Brasa - Jade Baraldo".
-Quer subir? - perguntei.
-Melhor não.
Me inclinei sobre ela, toquei meus labios no seu rosto suavemente, levei minha mão até seu queixo e puxei seu rosto até seus lábios tocarem os meus. Empurrei a mão para sua nuca, por entre os fios de cabelo e apertei seu rosto contra o meu, meus lábios se movem numa melodia quente, saboreando seus lábios macios e adocicados, deslizei minha língua sobre sua língua tímida. Senti seu corpo esquentar, sua respiração ficar pesada, seus lábios dançavam com os meus, sua língua acariciou a minha com força. Desci minha mão por seu ombro, deslizei por sua blusa até as costas puxando seu corpo contra o meu. Enfiei a mão em baixo da sua blusa verde musgo e acariciei suas costas com a ponta dos dedos. Puxei a mão até seu seio e empurrei o sutiã para cima com a ponta dos dedos, esfregue a palma da mão no mamilo e apertei seu seio pequeno e lindo. Desci meu lábios por sua pele até seu pescoço, beijei suavemente e continuei descendo até seu seio direito, toquei a ponta da lingua em seu mamilo que estava endurecido, ela soltou um gemido abafado. Esfregue a língua em seu seio desenhando suas linhas, o saboreando, sugando o mamilo e o beijando. Ela deixou o corpo descer abrindo as pernas para mim, desci os lábios beijando sua barriga e deslizando a língua por uma cicatriz próxima do umbigo. Abri o botão da sua calça jeans preta, desci o zíper gentilmente e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ela me empurrou para trás.
-Para - ela Sussurrou como se não pudesse respirar.
-Está tudo bem?
-Sim - disse Sarah enquanto fechava a calça - Preciso ir.
Ela parecia assustada, com os olhos arregalados voltados para frente, as mãos trêmulas e respiração ofegante. Me inclinei e dei um beijo em seu rosto, empurrei a porta do carro.
-Foi muito bom passar o dia com você - comentei.
Ela manteve os olhos longe de mim, saltei do carro e assisti Sarah se afastar. Subi as escadas com a música "Pouca Pausa - Clau, Cortesia da Casa, Haikaiss" ecoando em minha cabeça. Sorri lembrando de seu corpo reagindo com desejo ao meu beijo.
-Ela me quer - Sussurrei.
Deixei meu corpo cair na cama, um sorriso bobo atravessou meu rosto e não queria se desfazer. Aquele beijo foi diferente, intenso, quente, saboroso, macio e parece que me transportou para um mundo onde só nós existiamos. Parece que despertou alguma coisa dentro de mim, uma sensação de prazer e felicidade, meu coração acelerado, meu peito parece que expandiu, eu ainda sentia seus lábios nos meus, seu corpo quente colando no meu, seu cheiro doce e sensual, sua respiração ofegante e seu gemido abafado fazia meu corpo arrepiar. Eu precisava beijar seus lábios de novo, precisava sentir seu desejo e o sabor do seu prazer.
-Ela vai ser minha - Sussurrei - para sempre.
Dormi muito bem durante a noite, acordei animada e ansiosa tanto para ver a Sarah quando para meu primeiro dia de aula. Saltei da cama antes do celular despertar, vesti a roupa que eu mais gosto, passei perfume, enfiei a carteira e o notebook na mochila e desci as escadas pulando os degraus. Atravessei a porta e me surpreendi, a rua estava lotada de estudante caminhando em direção ao prédio da universidade, desci a rua até o banco de pedra próximo a escada da praça e aguardei. Sarah surgiu entre a multidão, saltei do banco e me aproximei com um sorriso apaixonado.-Oi.-Oi - Sarah Sussurrou.Ela apertou os lábios e me lançou uma expressão fria, separei os braços e apertei a sobrancelha confusa. Ela passou por mim se encolhendo dentro do casaco, eu corri e saltei diante dela.-O que aconteceu? - perguntei.-Voltamos para a realidade.-Do que você está falando? - perguntei.Sarah arrastou os olhos para
Abri os olhos lentamente, estava deitada em uma cama com o rosto voltado para cima, paredes brancas, alguns aparelhos acoplados a parede soltando um ruído agudo. Meu corpo estava pesado, com frio e levemente dolorido. Levantei a cabeça com dificuldade, minhas mãos estavam enfaixadas com sinais de sangue. Meu braço esquerdo estava enfaixado desde a ponta do dedo até o cotovelo. Virei o rosto e minha mãe estava sentada em uma poltrona de couro preta, apoiada em uma grande janela com grades que permitiam a entrada da luz do dia. Minha mãe estava com o rosto inclinado para baixo e os olhos fechados. De repente uma mulher entrou no quarto, com uniforme verde, com uma bandeja nas mãos e algumas seringas. Ela me lançou um sorriso gentil como se estivesse feliz em me ver.-Olá.-Oi - respondi.-Você está sentindo dor?-Não - respondi.Ela enfiou a agulha no suporte do soro e jogou um líquido amarelado a substância.-Iss
Não sei por quanto tempo dormi, mas quando abri os olhos Sarah ainda estava sentada na poltrona, com os braços cruzados sobre o peito, o rosto um pouco inclinado para baixo e os olhos fixos no meu rosto. Seu olhar parecia distante, acima de nós, por entre as lembranças claramente difíceis, uma expressão de sofrimento estampava seu rosto delicado. De repente desviou o olhar.-Está tudo bem? - perguntei.-Sim.Sua voz estremeceu, suas mãos agarraram o braço da poltrona, seus dedos afundaram o couro, seus olhos se arrastavam no chão para longe do meu rosto como um rato fugindo de um gato feroz. Sua pele como seda deu lugar a um tom de rosa claro, uma gota de suor deslizou por sua testa e explodiu na gola de sua blusa preta, seus olhos arregalados percorriam a linha do piso em direção a porta. Ela passou a lingua suavemente por entre os lábios, e mordiscou seu lábio inferior enquanto apertava a sobrancelha.-O que está te incomodando? - pe
Me escondi no quarto do hotel por uma semana, para me recuperar física e emocionalmente, ou apenas tentar lidar com as dores da carne e do peito. Minhas feridas estavam cicatrizando lentamente, as dores aos poucos se tornaram suportáveis, minhas mãos se fechavam com dificuldade, mas o hospital se tornou uma lembrança distante. Minha mãe precisava retornar para nossa cidade, por questões de trabalho, já que é a melhor dentista da cidade. Frustrada por não conseguir me convencer a retornar, decidiu me acompanhar para a universidade e conferir pessoalmente minha adaptação. Fomos direto até a sala da coordenação, nos sentamos diante de uma mesa de madeira envernizada. A Cordenadora é uma mulher de meia idade, cabelos loiros na altura dos ombros, pele clara com marcas de expressão, olhos grandes esverdeados, óculos redondo apoiado na ponta do nariz, blaser de linho cinza, camisa social branca, maquiagem discreta e longos brincos de ouro. Ela se inclinou e apoiou os cotovelos e antebraços
Virei o rosto e avistei Zuri com um grupo de amigas no topo da escada, saltei da mesa e caminhei lentamente até o grupo.-Preciso falar com você em particular.Zuri balançou a cabeça de forma positiva, deu as costas para o grupo e desceu as escadas em silêncio. Sentei sobre a mesa de pedra e Zuri sentou-se a meu lado.-Você se lembra que está me devendo um favor, não é? - perguntei.-Você prometeu que nunca mais tocaria no assunto.-Esperava não precisar chegar a esse ponto - comentei.-O que você quer? Dinheiro? Drogas? Sexo?-Eu quero que você reverta o estrago que fez com aquele vídeo - respondi.Zuri me lançou um olhar confuso.-Faça o vídeo desaparecer - eu disse com voz firme - e faça as pessoas respeitarem a Sarah.-Como?-Use sua influência - respondi.-Eu te dei tudo Mack, dei amigos, festas, popularidade, até uma namorada.
O sol pincelou o horizonte de laranja como em um lindo quadro, a noite puxou seu véu negro e se curvou ao esplendor do novo dia. Saltei da cama, tomei um longo banho, vesti as roupas com as cores da universidade, passei perfume e corri até o quarto da Sarah. Bati na porta com o dedo indicador dobrado, Sarah abriu a porta e me lançou um sorriso animado, estava radiante, com calça jeans azul marinho, blusa de moletom com zíper no peito, cabelos presos com elástico e uma bolsa de couro preta.-Bom dia-Bom dia - ela respondeu com uma voz suave.Agarrei sua mão e a puxei para o corredor, descemos as escadas, atravessamos a porta principal e saltamos para a rua, por entre a multidão. Hoje é dia de campeonato de futebol, por essa razão não teremos aula mas todos somos obrigados a assistir o jogo. O time oficial da universidade vai enfrentar o time de uma universidade Alemã, a qual eu não consigo pronunciar o nome. Descemos a rua lentamente seguindo os g
A noite demorou a passar, a cada segundo minha mente mergulhava na expressão confusa de Sarah, parecia um iceberg, onde eu conhecia apenas a ponta fora da água, mas o corpo maior em baixo da água é um grande mistério. De repente ouvi duas batidas tímidas na porta, foi tão baixo que achei que foi o efeito da noite em claro. Então a batida surgiu novamente, agora mais alta. Saltei da cama, girei a chave no trinco e puxei a porta, Sarah surgiu diante de mim, com um sorriso tímido, segurando dois copos descartáveis e a sacola de papel da cafeteria.-Está com fome?-Sim - respondi.Sarah deu um passo a frente, apoiou os copos e a sacola na mesa, sentou-se na cadeira.-Trouxe capuccino e um muffin de banana para você.-Obrigada - comentei - Vou tomar um banho e já volto.Desci a escada pulando os degraus, entrei no banheiro, tomei um banho rápido, escovei os dentes, passei perfume, vesti calça jeans e uma blusa com o
Passamos a tarde toda brincando nas águas do lago, mas ainda sentia dores nas costas e nas mãos, então decidi sair antes de anoitecer. Subi as escadas, tirei o biquíni, tomei um banho rápido, vesti o moletom pois estava esfriando, tomei um analgésico e desci para ajudar na cozinha. Phelipe me lançou um sorriso largo e animado, mas recusou minha ajuda, como é um chefe que está prestes a se formar em gastronomia, tem suas preferências na cozinha. Sentei no banco próximo a ilha no centro da cozinha, Phelipe me serviu uma taça de vinho tinto.-Você está bem?-Sim - respondi - estou me recuperando de algumas facadas.-Nossa, mas quem te esfaqueou?-Chance - respondi.Phelipe arregalou os olhos, parecia realmente surpreso com a informação.-Sinto muito por sua amiga.-Obrigada - respondi.O silêncio se deitou sobre nós como uma névoa densa, Phelipe deu as costas e se preocupou com o jantar, eu