Início / Romance / Medusa / Capítulo 4 - Ecos Da Minha Consciência
Capítulo 4 - Ecos Da Minha Consciência

Joguei meu corpo na cama, enfiei os fones no ouvido, coloquei a playlist no aleatório e a música "Nós 2 - Jade Baraldo" começou a tocar bem baixinho. Fechei os olhos, respirei fundo e deixei a batida da música me envolver. Minha mente atravessou as paredes de tijolos e visitou o quarto da Sarah, me imaginei batendo na porta, ela abrindo vestindo apenas um hobby transparente, dei um passo para frente ficando a centímetros do seu rosto. Ela levantou os olhos me devorando silenciosamente, mordeu o lábio inferior como se tentasse controlar seus desejos, enfiei a mão dentro de seu hobby, deslizei os dedos nas suas costas e a puxei contra meu corpo, toquei seus lábios com um beijo apaixonado. Ela abriu o hobby e o deixou se desmanchar no chão, levantou o rosto e soltou um gemido abafado enquando meus lábios deslizavam por seu pescoço, desci as mãos desenhando as curvas de sua bunda e a empurrei sobre a cama. Tirei minha blusa jogando para trás, subi na cama sobre ela, toquei seu seio com meus lábios, ela empurrou minha cabeça para baixo. Deslizei meus lábios por sua barriga até sua virilha, passei a língua por cima da calcinha e ela soltou um gemido, deslizei minha mão por seu corpo até o seio acariciando gentilmente. Puxei sua calcinha vermelha para baixo e encostei meus labios como se beijasse sua boca. De repente ouvi um barulho alto que me tirou de meu devaneio, uma batida na porta, tirei os fones e acendi a luz. A maçaneta da porta se movia como se alguém tentasse desesperadamente abrir. Saltei da cama, enfiei a chave no trinco, girei e puxei a porta. Camila caiu ao chão e bateu o lado direito do rosto. 

-Você está bem? - perguntei. 

Ela não respondeu, enfiei a cabeça no corredor procurando por Chance. 

-Onde está seu namorado idiota? - perguntei. 

Virei o corpo dela deixando seu rosto virado para cima, me inclinei, encostei o ouvido em sua boca e respirei aliviada. Enfiei os braços pelas axilas dela e arrastei seu corpo para trás. Empurrei a porta que se trancou ao bater. Puxei o corpo dela até a cama, levantei seu troco sobre o lençol, depois puxei o quadril e por fim os pés. Desci o zíper das botas de couro e retirei de seus pés, puxei o cobertor sobre seu corpo. Percebi que um líquido esbranquiçado escorria no canto de sua boca, agarrei uma blusa azul que estava pendurada na cabeceira da cama e coloquei em baixo de sua boca. Abri o armário, apanhei uma toalha e um saco plástico, caminhei até a cama, puxei seu corpo a virando de lado. Esperei até que terminasse de vomitar e joguei a blusa suja dentro da sacola, dobrei a toalha e enfiei em baixo de seu rosto. Puxei a cortina da janela a fechando, limpei seu rosto com lenço umidecido e quando me afastei percebi uma mancha roxa em seu peito. Me inclinei, puxei a blusa para baixo com a ponta do dedo indicador, a mancha era maior do que eu tinha visto e se estendia até o pescoço. Apertei a sobrancelha e arrastei os olhos para seu rosto. 

-Como você se machucou desse jeito? - perguntei. 

Apanhei a sacola e sai do quarto, desci as escadas até o banheiro, lavei a blusa na pia mas não consegui tirar o cheiro azedo. Joguei a sacola no lixo e desci até a lavanderia, joguei a blusa na máquina de lavar, coloquei sabão em pó da maquina e esperei o ciclo terminar. Depois joguei a blusa na secadora, enfiei uma moeda na máquina e aguardei. Assim que o ciclo terminou, dobrei a blusa, subi as escadas até o refeitório, comprei uma garrafa de água e um chocolate com amendoim. Subi as escadas, empurrei a porta do quarto e Camila ainda estava inconsciente. Pendurei a blusa na cabeceira, coloquei a garrafa de água e o chocolate na mesa próximo a Camila, abri minha mala e pequei um copo de plástico e uma cartela de aspirina efervescente. Deitei na minha cama e passei mais uma noite acordada, preocupada com a Camila e pensando na Sarah. Assim que o dia clareou fui até a cafeteria, bebi um capuccino e um muffin de mirtilo, comprei um lanche natural e uma garrafa de suco de laranja. Voltei ao quarto, Camila estava acordando, ainda sonolenta. 

-Bom dia 

-Bom dia - ela respondeu. 

Abri a garrafa de água, entornei no copo, joguei dois comprimidos de aspirina. 

-Bebe, vai ajudar com a dor de cabeça. 

Camila empurrou o tronco para cima se sentando, apanhou o copo e esperou o comprimido dissolver. Entreguei um comprimido branco. 

-Isso é para o enjoo. 

Camila jogou o comprimido na boca e bebeu a água com a aspirina de uma vez. 

-Trouxe um lanche natural e um suco de laranja - eu disse entregando a sacola de papel - tenta comer. 

Camila virou o rosto sentindo o cheiro do amaciante na blusa. 

-Você lavou minha blusa? 

-Sim - respondi. 

-Por quê? 

-Você vomitou nela - respondi. 

-Ah, desculpe por isso. 

-Sem problemas, você se lembra como chegou aqui? - perguntei. 

-Chance me trouxe. 

-Não, você chegou aqui sozinha - comentei. 

Ela me lançou um olhar confuso, passou os olhos ao redor como se buscasse as lembranças que lhe faltava.

-Você se lembra de ter brigado com alguém ou caído? - perguntei. 

-Não, por que? 

Apontei para a mancha roxa, ela desceu o rosto, puxou a blusa com a ponta dos dedos e sua feição mudou, sua pele esbranquiçou, seus olhos se arregalaram como se lembrasse de algo ruim. 

-Você se lembra? - perguntei. 

-Não. 

Sua resposta foi rápida de mais, como se não quisesse me dar corda para manter a conversa. Ela sabia o que tinha acontecido, mas não estava a vontade para falar. 

-Eu vou ler na praça, se precisar, pode me m****r uma mensagem - eu disse me afastando.

Camila moveu o rosto positivamente, abriu a embalagem do lanche e começou a comer. Desci as escadas, segui a rua até uma longa escada, caminhei até o centro da praça, me sentei em baixo de uma árvore, apoiei o notebook nos joelhos, coloquei o fone de ouvido para abafar o som e comecei a ler. 

-Oi Mack. 

Levantei o rosto e Alice estava diante de mim com um largo sorriso. 

-Oi - respondi. 

-Encontrei o vídeo, se você quiser ver. 

-Qual vídeo? - perguntei. 

-Da Sarah. 

-Me desculpe, mas não quero ver esse vídeo - comentei. 

-Você precisa ver, talvez te ajude a ver quem a Sarah realmente é. 

Apanhei o celular, deslizei o dedo na tela e respirei fundo me preparando para o que estava prestes a ver. A tela estava escura e ao fundo o som de alguém vomitando. 

-Você é muito viado cara - disse uma voz conhecida. 

-Chance - Sussurrei. 

-Para Cara - uma outra voz respondeu - Não posso fazer isso, é desumano. 

Chance gargalhou, de repente a tela do celular clareou e duas pessoas surgiram, uma garota nua deitada com o rosto voltado para cima, com os joelhos dobrados e as pernas separadas. Um garoto estava em cima dela, movendo seu corpo violentamente contra o corpo dela. Chance se aproximou revelando o rosto do garoto. 

-Daniel - Sussurrei. 

Chance desceu o celular e se aproximou do rosto da Sarah que estava de olhos abertos mas não parecia estar totalmente consciente. Daniel apoiou a mão no colchão ao lado do ombro da Sarah que agarrou seu braço com as unhas. Sarah levantou o queixo para cima empurrando sua cabeça para trás, uma veia saltou de seu pescoço como se estivesse segurando um gemido ou sentindo dor e apertou os dentes com forca. Ela soltou um gemido abafado, Alice puxou o celular das minhas mãos por um impulso. 

-Viu, ela é promíscua e estava adorando dar para o Daniel. 

Eu não tive a mesma perspectiva que Alice, não consegui ver a intenção da Sarah em nenhum momento. Ela parecia estar paralisada, sem reação, e agarrou o braço do Daniel com as unhas como se tentasse machucá-lo. Senti meu estômago revirar, minhas mãos ficaram geladas, meu rosto queimou, senti a raiva se misturar em minha corrente sanguínea, desejei matar Daniel e Chance. 

-Eu tenho ir - eu disse ficando sobre os pés. 

Caminhei em direção ao dormitório, empurrei a porta do quarto e lancei um olhar furioso para Camila que estava estava na cama mexendo no celular. 

-Onde está o inútil do seu namorado? 

-Não sei - Cama respondeu - o que houve?

-Ele é um abusador escroto - gritei. 

Camila saltou da cama e empurrou a porta. 

-Não conta pra ninguém - disse ela com as mãos em meu peito. 

-Como eu não vou falar? Ele é nojento. 

-Não - ela respondeu - Ele nunca tinha levantado a mão para mim antes, ele não é um cara ruim, só estava bêbado. 

Definitivamente não estamos falando da mesma coisa. 

-Ele te bateu? - perguntei. 

-Ué, não é disso que você está falando? 

-Sim - respondi desfazendo minha feição assustada. 

-Eu te agradeço por ter cuidado de mim, você fez mais por mim do que o Chance ou a Zuri. Eu nunca vou esquecer isso, mas você precisa me prometer que não vai contar para ninguém, por favor. 

Balancei a cabeça de forma positiva e joguei meu corpo sobre a cama, esfregue as mãos no rosto tentando afastar o mau estar, apertei o travesseiro contra o rosto e dei um grito abafado, senti as lágrimas deslizaram em meu rosto como em uma cachoeira. Enfiei o fone no ouvido e estava tocando a música "Eco - Jade Baraldo", abracei o travesseiro e chorei como uma criança perdida, solucei por entre a melodia, minha mente saltou de mim e se expalhou por entre as nuvens. Eu tentava afastar o gemido da Sarah e as palavras da Camila mas parecia uma tatuagem infiltrada em minha pele. Virei o rosto e Camila estava de joelhos com as mãos no rosto, saltei da cama, abracei seu corpo a apertando como se empurrasse sua dor para as paredes. Ela puxava o ar como se estivesse em uma crise de pânico. 

-Vai ficar tudo bem - Sussurrei. 

Camila soltou o corpo apoiando a cabeça em meu peito, eu apertei meus braços ao redor de seu corpo. Nos ficamos por horas sentadas no chão, com a música repetindo e nos envolvendo. Naquele momento nosso quarto se tornou um abrigo contra tudo. 

-O que vamos fazer? - Camila perguntou. 

-Eu não sei - Sussurrei apertando seu corpo - Mas sinto que tudo vai ficar bem. 

-Tomara. 

-É - Sussurrei - tomara. 


Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo