— Licença, senhor Montenegro, posso entrar? — pergunta Camila, responsável pelo RH da empresa.
— Sim, pode sim. — Abre a porta e se aproxima da minha mesa. Estou exausto depois de uma negociação que acabei de fazer para um cliente. — Pode falar, Camila.— Trouxe o currículo para o Senhor dar uma olhada. É para vaga de secretária executiva — ela informa, me entregando o currículo.— Humm... Tomara que não seja igual à última que tive que mandar embora, ficava mais no celular do que fazia o seu trabalho. Aquela incompetente esqueceu de me avisar do julgamento de um cliente? A sorte que lembrei e cheguei em cima da hora, se não fosse isso estaria ferrado! — acrescento, irritado, enquanto analiso o currículo.— Sim, entendo — responde, sem olhar pra mim.— Interessante. Fez graduação e pós-graduação meses depois... Gostei disso, mas aqui não está falando da sua experiência? — pergunto para ela, ainda com o papel na minha mão.— Fiz uma entrevista, conversamos e ela nunca trabalhou, aqui vai ser seu primeiro trabalho nessa área. — levanto a sobrancelha.— Espera aí. Essa garota não tem experiência? — dou um pulo na cadeira, aponto para merda do papel. — Porra, Camila! O que deu na sua cabeça? Eu não tenho paciência para explicar como ela deve fazer seu trabalho! — jogo o currículo na mesa. Estou puto da vida, vou até o frigobar e pego a minha garrafa d'água, bato com força a porta do frigobar.— Calma, Senhor Montenegro. O currículo dela é bom, excelente pra falar a verdade, melhor que das outras. O senhor viu o currículo e também gostou? — balanço a cabeça para um lado e para o outro, enquanto sorvo a água.Volto para a minha mesa e coloco a garrafa d'água sobre a mesa. Nesse exato momento a Elena entra na sala.— Que gritaria é essa Bruno? — questiona.— Pergunta para Camila, ela quer contratar uma secretária executiva sem experiência? — digo, sentando na minha mesa.— Ela tem um ótimo currículo, Elena, dá uma olhada? — pega o currículo da mesa e mostra para Elena.— Uau. Tenho que dizer que é bom currículo, tirando a parte da experiência. — Se vira e fita para Camila. — Você acha que vale a pena ela trabalhar aqui? Ela vai ter que aguentar essa mala de chefe. — Aponta para mim, zoando.— Ei? Olha como fala, mocinha! — advirto. Camila leva a mão no rosto para disfarçar o riso. — Elena Montenegro, não é porque é minha irmã pode falar assim. — ela balança os ombros me ignorando.— E aí, Camila? — pergunta Elena.— Acho que devíamos dar uma chance, o currículo é muito bom. Eu posso assumir a responsabilidade de explicar como funcionam as coisas aqui na empresa — Camila comenta.— Estou com a Camila, podemos fazer uma experiência? E outra a Camila não é de se enganar, então confio nela. — olha para ela e sorri. E volta olhar para minha direção.— O que diz? — olho para minha irmã e depois para Camila, dou uma bela bufada.— Ok, ok. Fui vencido por vocês duas. Camila avisa a essa garota para começar na segunda-feira. — As duas comemoram, ela olha o relógio e aperta o passo para ligar para a tal garota.— Camila? — levanto da mesa e a chamo.— Sim, Senhor Montenegro? — está com a mão na maçaneta da porta.— Avisa para não se atrasar, odeio atrasos — digo, firmemente. Ela assente e a libero para sair. Minha irmã se aproxima da mesa encostando.— Eu sei que você tem um coração aí dentro — diz, tocando com a ponta do dedo no meu peito.— Mas é claro, senão não estaria vivo. — Ela sorri. — Mas fala por que veio aqui na minha sala?— Nossa, já estava esquecendo, com essa confusão toda. — Dá uma pausa. — A Sheila está te chamando?— Por que ela não me ligou?— Ela ligou, mas acho que você não atendeu? — tiro o celular do bolso da calça. Vejo várias chamadas não atendidas. Merda! — Ela está na sala dela? — pergunto para minha irmãzinha.— Acho que sim, maninho. — guardo o celular no bolso e vou para lá, nem me despeço da Elena. Assim que chego à sala ela está acompanhada com um homem alto e moreno, vestido com um terno preto.— Pode entrar, Bruno. Esse é Wirley Lacerda, o cliente que você fez um acordo ontem, se lembra? — aproximo-me deles, me viro ficando de frente para ele e o cumprimento apertando a sua mão.— Sim, claro. O que quer? Acho que ficou tudo resolvido ontem. — coloco a mão no bolso da calça e o fito.— Mudei de ideia sobre o acordo. Quero tudo! — o homem informa.— Deixe-me ver se entendi, você mudou de ideia? — olho para ele e depois para Sheila, que fica em silêncio. Caminho até a poltrona e me sento. — O senhor não pode mudar de ideia depois que o acordo foi assinado. Por que essa mudança?— Eu que levantei aquela empresa para chegar onde chegou, trabalhei muito duro e meu irmão vai ficar com a metade? Não! Mudei de ideia e quero que ele fique sem nada — declara, ferozmente. Ergo meu braço até a minha sobrancelha e começo a coçar. Inacreditável! Inacreditável! Então me levanto da poltrona.— Como disse não tem como "mudar de ideia", além do acordo está assinado... — Dou uma olhada para meu relógio, logo abaixo o braço. — Há uma hora caiu o meu pagamento e não tem como desfazer isso. — Sorrio.— Caiu nada. Para de me enrolar! — protesta, vindo pra cima de mim.— Então, o que é isso? — Pego o meu celular e mostro a transferência.Fica surpreso, dá um passo para trás e olha em direção a Sheila que balança a cabeça concordando com o que eu disse. Ele sai da sala puto da vida. Ela se aproxima.— Já caiu o dinheiro? — Olho para ela e solto um sorriso largo.— Claro que não. Só vai cair na segunda-feira. — Me fita, não acreditando.— Mas e a transferência que você mostrou para ele? — pergunta, indicando para o meu aparelho que está no meu bolso.— Ahh, isso aqui. Foi de um acordo entre funcionário e o chefe que o demitiu por roubo — digo com suavidade.— Você não tem jeito. — leva sua mão no meu ombro. Logo coloca sua mão no meu queixo, virando-me para ela. — O que seria de mim sem você.— Acho que estaria completamente perdida. — digo, olhando nos seus olhos. — Vamos para casa, mãe? Ou tem mais alguma coisa para eu resolver? — Ela balança a cabeça que não, vai até a sua mesa pegando sua bolsa e saímos da sala, no caminho passamos na sala da minha irmã e saímos do prédio. E juntos seguimos para casa, com as mulheres da minha vida.Merda. Merda. Saio do banho correndo, nem deu tempo de secar o cabelo. Merda de novo. Calma, Raquel. Respira fundo, vai dar tempo. Não estou tão atrasada assim. Aproximo-me da minha escrivaninha, ligo a tela do celular para ver a hora. Faltam dez minutos, merda! Merda!Jogo o celular na cama, vou para o meu closet para ver logo essa roupa. Bora, Raquel! Não vai ficar indecisa agora, né? Coloco uma calça social preta, pego uma blusa de cetim rosa claro colocando dentro da calça para parecer séria – tentar ao menos –, agora está faltando o sapato, acho que scarpin cairia bem, mas cadê esse sapato?Droga. Esse quarto está uma bagunça, quando chegar do trabalho vou dar uma geral, parece aqueles quartos daqueles solteirões que a gente assiste nos filmes. Procuro embaixo da cama e nada. Cadê esses benditos sapatos? Então paro no meio do quarto e tento lembrar onde eu deixei pela última vez? É isso.Corro pra sala, vou para estante do lado esquerdo... Achei! Ufa, que bom. Depois eu penso com
O homem para ao meu lado, me fita por um momento. Dá para ver o seu rosto, parece cansado e com um pouco de barba que faz o quê? Uma semana sem fazer aquela barba, ao que parece? E aqueles olhos? São verdes que me deixa completamente rendida a ele, fico até sem fôlego.— Tinha que ser uma mulher mesmo pra fazer isso! — protesta, sua voz alta me tira dos meus devaneios. Continuo encarando-o. — Aposto que estava falando no celular.— O quê? Como ousa falar assim comigo? — Pego a minha bolsa que está banco do carona e saio do carro, ele dá um passo para trás quando saio do veículo. — Escuta aqui, seu filhinho de papai! — Ele levanta a sobrancelha. — Eu dirijo muito bem, ouviu? — brado, apontando o celular pra ele, me deixou muito irritada. Se aproxima e olha para a tela do telefone.— Acho que tem alguém na linha. — diz, indicando para o telefone. Olho para tela e noto que é a minha amiga Patrícia que ainda está na linha. Merda.— Alô? Patrícia? Está me ouvindo? — sussurro, virando de co
Acabo de estacionar quando estou saindo do carro, meu celular toca. Porra, quem está me ligando? Pego o telefone no bolso da calça. É a Letícia. Que diabos ela quer?— Fala, que tenho muita coisa pra resolver. Não tenho tempo para bater papo! — digo, encostando no couro do meu carro.— Nossa, que mau humor, hein? Queria saber se vamos jantar hoje? — pergunta, dou uma bela bufada.Não estou a fim de encontrá-la, tenho que resolver essa negociação de um cliente, que não está me deixando dormir à noite.Letícia é gata e uma ótima companhia, faz seis meses que estamos assim. Agora ela acha que devemos dar o próximo passo? Fala sério? Gosto muito da minha liberdade, sem mulher grudenta no meu lado. Está tão bom a nossa relação: nos vemos final de semana, transamos, sairmos e transamos de novo, volto para o minha empresa e ela para o seu trabalho como promotora.— Bruno? Bruno, está me ouvindo?— Sim, Letícia! — respondo, olho pelo vidro fumê um pálio branco dando volta para estacionar.É s
Me diz por que não devo mandá-la para o RH agora mesmo, depois das coisas que me disse? — Encaro-a que está sentada na cadeira. Ela olha para o lado, mexendo no cabelo. Está pensativa. — Ei? A senhorita ouviu o que eu disse?— Claro que ouvi, não sou surda não? — responde, olhando para minha direção. — Você... — Levanto a sobrancelha e ela se corrige. — Quer dizer, o senhor fica aí falando e não me deixa falar... — Abaixa a cabeça, cruzo os braços na altura do peito.― Então fale, estou ouvindo. — Ela levanta a cabeça e me fita. Nossa, como ela é linda essa morena.― Primeiro, sobre a batida do seu carro foi um acidente. Sinto muito mesmo. — Levanta-se da cadeira vindo na minha direção encostando no meu braço. Dou uma encarada, ela se afasta. ― Desculpa... E segundo... Sobre lhe ter chamado de um idiota engomadinho... — A corto.― Não esqueça que mostrou o dedo do meio para minha pessoa lá no estacionamento, no elevador? — Ergo a mão lembrando. Ela engole a seco.― Então... Tirando is
Saí daquela sala e fui para a minha mesa. Pelo menos nessa confusão toda não fui mandada pra casa. Me sento na minha cadeira, coloco a minha bolsa na gaveta da mesa, em seguida dou uma olhada no computador. Quando estava dando olhada, sai aquela morena da sala do "meu chefe".Está bem chateada. Logo ele sai da sala também e vem na minha direção. Meu Deus! Esse homem é muito lindo, começo sentir minhas pernas ficar bambas. Olha que estou sentada. Para na minha frente, está segurando seu paletó e a gravata.— Vou dar uma saída. Vou me trocar de roupa, se o cliente ligar, avise que vou demorar um pouco pois tive… — Para de falar e me fita. Aqueles olhos verdes me encarando, me deixa tonta. Raquel, se controla mulher! Você tem namorado! — Ah, não preciso dizer que a senhorita sabe muito bem! — Balanço a cabeça concordando. Estava saindo, lembra-se de alguma coisa e volta, indo para minha mesa.— Já ia esquecendo… Prepare a carta de contrato. — Ele disse, fico o observando. — O que foi? N
Estava indo para o elevador decido passar na sala da minha irmã para dizer que Wirley vai pegar o pro bono. A porta está encostada, afasto e entro, ela está debruçada na mesa chorando. Isso tudo por causa de um pro bono? Por quê?— Elena? – Ela me olha assustada, em seguida enxuga as lágrimas.— O que está fazendo aqui? Não tem um encontro com um cliente? — Disse com irritação, com a voz embargada pelo choro.— Vim aqui ver como você está, mas estou vendo que não está nada bem. — Puxo a cadeira para me sentar e cruzo as pernas olhando para ela.— Nossa, quem vê pensa que é um irmão muito atencioso… Só que não. — Se ajeita na cadeira, arruma os papéis sobre a mesa.— Para de fazer drama, está parecendo a nossa mãe. Você sabe muito bem que te amo e faço um possível, e o impossível pra te fazer feliz. — Digo, jogando a minha pasta na cadeira ao lado que estava embaixo do meu braço. Ela me fita, cruza os braços sobre a mesa.— Então por que não quis pegar o pro bono? — Questiona.— Estou
Acabamos de chegar no restaurante que o Wirley indicou, fica localizado em Botafogo, aqui no Rio. Ele foi muito legal comigo no caminho, conversamos muito que até tínhamos esquecidos do tempo.Fomos logo entrando ele foi falar com a moça da recepção e por sorte conseguimos uma mesa, não estava cheio o restaurante. Como cavalheiro que é, puxa a cadeira para eu sentar, coloco a minha bolsa na cadeira, depois ele se sentou ficando de frente para mim.Como ele é bonito, mas não mexe comigo como o meu chefe. Não posso pensar essas coisas. Tenho namorado. Chega o garçom trazendo os cardápios.— Sejam bem vindos ao La villa. Vão querer alguma bebida? – Indaga o garçom, me encara.— Pode pedir, não tenho noção nenhuma desse negócio. – Sussurro, inclinando para frente para ele ouvir. Balança a cabeça e volta olhar para o garçom.— Vamos querer suco de laranja, pode trazer, enquanto olhamos o cardápio. – Ele disse, o garçom anota o que o Wirley disse e sai. Fito não acreditando no que ele pediu
— O que está fazendo? — Pergunto, ela está levantando a manga da minha blusa.— MEU DEUS! AQUELE BABACA FEZ ISSO? — Ela me olha em choque quando ver o roxo do meu braço.. Me afastei dela e abaixo a manga da minha blusa. — Raquel, você tem que ir para delegacia e dar queixa desse idiota. – Vou até a pia e encosto, começo a beber o café.— Dar queixa do Bruno? Que absurdo! Foi um acidente. — Terminei de beber o café, coloco a caneca dentro da pia, vou para o meu quarto para pegar a minha bolsa. ela vem atrás de mim. — Ele se desculpou por ter feito isso. E outra, ele fez isso porque sai para almoçar com o Wirley. Eu provoquei isso.— Não acredito nisso. — Leva a mão no rosto, depois volta olhar para mim. — Mulher acorda! Você foi a vítima e quem é culpado ele! — Me puxa para sentarmos na cama. Olho para o lado. Fico pensando se ela está certa? Não foi culpa minha, porque me sinto como se fosse? Sacudo a cabeça para afastar esses pensamentos. Estou confusa.— Agora tenho que ir trabalhar